Introdução
Celebramos a Festa da Apresentação do Senhor no Templo e da Purificação de Nossa Senhora estava prescrita no Livro da Lei.
A vinda do Messias ao Templo de Jerusalém estava profetizada pelo profeta Malaquias, proclamado na Liturgia da Palavra de hoje.
Esta celebração da liturgia é também conhecida como a «Festa da Candelária», devido à procissão de velas que se realiza neste dia, principalmente na Igreja de Jerusalém e nas de tradição eslava. Este rito das velas tem origem nas palavras de Simeão referindo-se ao Menino, «Luz para iluminar a nações e glória de Israel, teu povo.» (Lc 2. 32)
É, portanto, a festa da Luz, com um certo sabor pascal, antecipando o brilho desta luz que brilhará sem ocaso na manhã da Ressurreição do Senhor.
São Cirilo de Alexandria exorta-nos a que «celebremos o mistério deste dia com lâmpadas flamejantes.».
Jesus é a Luz do mundo que ilumina a todos que e ainda caminham nas trevas. Ele é a fonte e princípio da luz eterna que faz brilhar no coração de seus filhos a Esperança da eternidade feliz.
BÊNÇÃO E PROCISSÃO DAS VELAS
Primeira forma: PROCISSÃO
1. À hora marcada, reúnem-se os fiéis numa igreja secundária ou noutro local apropriado, fora da igreja para a qual se dirigirá a procissão. Os fiéis têm nas mãos as velas apagadas.
2. O sacerdote aproxima-se, acompanhado dos ministros, revestido com paramentos brancos como para a Missa. Em vez da casula pode levar o pluvial, que deporá no fim da procissão.
3. Enquanto se acendem as velas, canta-se a antífona: o Senhor virá com poder e iluminará os olhos dos seus servos, Aleluia, ou outro cântico apropriado.
4. O sacerdote saúda a assembleia como habitualmente e em seguida faz uma breve admonição para exortar os fiéis a celebrarem activa e conscientemente este rito festivo. Para isso, pode dizer estas palavras ou outras semelhantes:
Caríssimos irmãos:
Celebrámos com muita alegria, há quarenta dias, a solenidade do Natal do Senhor.
Hoje é o santo dia em que Jesus foi apresentado no templo por Maria e José. Exteriormente cumpria as prescrições da lei, mas na realidade vinha ao encontro do seu povo fiel.
Aqueles dois santos velhos, Simeão e Ana, tinham vindo ao templo sob a inspiração do Espírito Santo; iluminados pelo Espírito, reconheceram o Senhor e anunciavam-no a todos com entusiasmo.
Também nós, aqui reunidos pelo Espírito Santo, caminhemos para a casa do Senhor ao encontro de Cristo. Aí O encontraremos e O reconheceremos na fracção do pão, enquanto aguardamos a sua vinda gloriosa.
5. Terminada a admonição, o sacerdote procede à bênção das velas, dizendo de mãos juntas:
Oremos:
Senhor nosso Deus, fonte e origem de toda a luz, que neste dia mostrastes ao Santo velho Simeão a luz que veio para se revelar às nações, humildemente Vos suplicamos: santificai com a vossa bênção estas velas e ouvi a oração do vosso povo que se reuniu para as levar solenemente em honra do vosso nome, de modo que, seguindo sempre o caminho da virtude, chegue um dia à luz que jamais se extingue. Por Nosso Senhor…
Ou então:
Oremos:
Senhor Deus, fonte e origem da luz eterna, infundi no coração dos fiéis a claridade da luz que não tem ocaso, para que todos nós, iluminados no vosso templo santo pelo esplendor destas luzes, mereçamos chegar um dia à luz da vossa glória. Por Nosso Senhor…
E asperge as velas com água benta sem dizer nada.
6. Seguidamente, o sacerdote recebe a vela que está preparada para ele e dá início à procissão, dizendo:
Caminhemos em paz ao encontro de Cristo.
7. Durante a procissão, canta-se a seguinte antífona com o respectivo cântico, ou outro cântico apropriado:
Antífona: Luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo.
Agora, Senhor, segundo a vossa palavra,
deixareis ir em paz o vosso servo.
Antífona: Luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo.
Os meus olhos viram a salvação
que oferecestes a todos os povos.
Antífona: Luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo.
8. Ao entrar a procissão na igreja, canta-se a antífona de entrada da Missa. O sacerdote, depois de chegar ao altar, faz a devida reverência e, se parecer oportuno, incensa-o. Depois vai para a sua sede; ali, depõe o pluvial (se foi usado na procissão) e veste a casula.
Segue-se o canto do Glória, depois do qual, como de costume, diz a Oração Colecta. A Missa continua na forma habitual.
Segunda forma: ENTRADA SOLENE
9. Os fiéis reúnem-se na igreja com as velas na mão. O sacerdote, revestido de paramentos brancos, acompanhado dos ministros e de uma representação da assembleia, dirige-se para o lugar mais conveniente, à porta da igreja ou dentro dela, onde ao menos uma grande parte dos fiéis possa ver facilmente o rito e participar nele.
10. Quando o sacerdote tiver chegado ao lugar destinado para a bênção das velas, acendem-se as velas, enquanto se canta a antífona O Senhor virá com poder, ou outro cântico apropriado.
11. Em seguida, o sacerdote, depois da saudação e da admonição, procede à bênção das velas, como acima se indica (nn. 4-5). Segue-se a procissão em direcção ao altar, durante a qual se canta a antífona própria ou um cântico apropriado (nn. 6-7). Para a Missa, observe-se o que está indicado no n. 8.
RITOS INICIAIS
Salmo 47, 10-11
ANTÍFONA DE ENTRADA (quando não houver canto): Recordamos, Senhor, a vossa misericórdia no meio do vosso templo. Toda a terra proclama o louvor do vosso nome, porque sois justo e santo, Senhor nosso Deus.
Diz-se (ou canta-se) o Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
Quarenta dias depois do Natal, celebramos o mistério da Apresentação do Menino Jesus no Templo, como primogénito daquela Família abençoada.
Humildemente, Nossa Senhora submete-se ao rito da purificação legal, Ela que era e será a sempre virgem e sem mácula de pecado.
Revistamo-nos no espírito de generoso ofertório, unindo-nos ao Coração Imaculado de Maria e ofereçamo-nos também nos braços da Mãe, em união com Jesus.
Entremos em espírito no Templo de Jerusalém no momento em que Jesus é levado nos braços de Sua Mãe e deixemo-nos invadir pela alegria que inundou os corações de Simeão e Ana.
Acto penitencial (quando não se faz a procissão de velas)
Reconheçamos humildemente que precisamos de purificação, de conversão interior, pelas nossas muitas resistências à graça, pelas infidelidades de cada.
Manifestemos o nosso arrependimento e desejo de emenda e vida.
ORAÇÃO COLECTA: Deus eterno e omnipotente, humildemente Vos suplicamos que, assim como o vosso Filho Unigénito foi neste dia apresentado no templo, revestido da natureza humana, assim também, de alma purificada, nos apresentemos diante de Vós. Por Nosso Senhor…
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: O profeta Malaquias anuncia profeticamente a vinda do Messias ao Templo de Jerusalém. Vem purificar o culto da Antiga Aliança, consumindo, como fogo, tudo o que está carcomido e sem vida.
Malaquias 3, 1-4
2Assim fala o Senhor Deus: «Vou enviar o meu mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim. Imediatamente entrará no seu templo o Senhor a quem buscais, o Anjo da Aliança por quem suspirais. Ele aí vem – diz o Senhor do Universo –. 2Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda, quem resistirá quando Ele aparecer? Ele é como o fogo do fundidor e como a lixívia dos lavandeiros. 3Sentar-Se-á para fundir e purificar: purificará os filhos de Levi, como se purifica o ouro e a prata, e eles serão para o Senhor os que apresentam a oblação segundo a justiça. 4Então a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora.
A leitura é um pequeno extracto da passagem (2, 17 – 3, 5) relativa aos tempos escatológicos – o dia do Senhor –, em que se dará uma radical purificação do sacerdócio («os filhos de Levi», v. 3).
1 «Anjo da Aliança». Ele é o próprio Senhor «por quem suspirais». A profecia teve o seu pleno cumprimento em Jesus Cristo, o Filho de Deus enviado à terra. A vinda deste «Anjo da Aliança» será preparada por um «mensageiro», que, segundo a interpretação dada em Mt 11, 10, é João Baptista, o Precursor. Daqui o facto de na Liturgia se dar o titulo de Santo Anjo a Cristo.
Tenha-se em conta que, por vezes, no Antigo Testamento, se designa com o nome de Anjo o próprio Deus que se manifesta: assim em Gn 16, 7.13 e Ex 3, 2, etc.. Nestes casos, «anjo» não tem o sentido corrente de enviado de Deus, mas o de presença ou manifestação visível de Deus.
Salmo Responsorial
Salmo 23 (24), 7.8.9.10 (R. 10b)
Monição: O salmo que a Liturgia nos convida a cantar é um cântico de aclamação ao Senhor do Universo que visita o Seu Povo reunido no Templo. É tal o deslumbramento com que se apresenta, que o Povo não cessa de exclamar: «Quem é esse rei da glória?»
Aclamemo-l’O nós também, felizes com a Sua visita confortante, dando-nos a certeza de que o processo da Redenção já está em marcha.
Refrão: O SENHOR DO UNIVERSO É O REI DA GLÓRIA.
Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor forte e poderoso,
o Senhor poderoso nas batalhas.
Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor dos Exércitos,
é Ele o Rei da glória.
Aclamação ao Evangelho
Lc 2, 32
Monição: Vamos escutar a primeira entrada de Jesus no Templo pelas mãos de Maria. Aclamemo-l’O. É o nosso Salvador.
ALELUIA
Luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo.
Evangelho *
* O texto entre parêntesis pertence à forma longa e pode ser omitido.
Forma longa: São Lucas 2, 22-40 Forma breve: São Lucas 2, 22-32
22Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, 23como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», 24e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. 25Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo estava nele. 26O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor 27e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, 28Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: 29«Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, 30porque os meus olhos viram a vossa salvação, 31que pusestes ao alcance de todos os povos: 32luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo».
[33O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. 34Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição – 35e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». 36Havia também uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada 37e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. 38Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. 40Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.]
A ida de Maria a Jerusalém para cumprir a lei da purificação das parturientes (Lv 12) serve de ocasião para que José e Maria procedam a um gesto que não estava propriamente prescrito pela Lei. Apresentar ali o Menino ao Senhor, é um gesto de oferta que mostra que Ele não lhes pertence e que se sentem meros depositários dum tesoiro de infinito valor. Pode também ver-se o sentido de imitação do gesto de Ana, mãe de Samuel (Sam 1, 11.22-28). Mas se a lei não preceituava a «apresentação», obrigava ao resgate do primogénito varão (não pertencente à tribo de Levi). Segundo Ex 13, o primogénito animal devia ser oferecido em sacrifício, ao passo que o primogénito humano devia ser resgatado, tudo isto em reconhecimento pelos primogénitos dos israelitas não terem sido sacrificados juntamente com os dos egípcios. O preço do resgate eram 5 siclos do santuário. Cada siclo de prata, no padrão do santuário, constava de vinte grãos com o peso total de 11,4 gramas. S. Lucas não fala deste resgate de 57 gramas de prata, que podia ser pago a qualquer sacerdote em qualquer parte da nação judaica; o evangelista apenas faz uma referência genérica ao cumprimento da Lei (v. 23; cf. Ex 13, 2.12-13).
24 A lei da purificação atingia toda a parturiente, a qual contraía impureza legal durante 7 dias, se dava à luz um rapaz, (Ex 12, 28, mas a jurisprudência judaica já tinha acrescentado mais 33 dias, um total de 40) e durante 14 dias, se tinha uma menina (tinha subido na época para 80 dias). No fim desse tempo, devia ser declarada pura mediante a oferta no templo duma rês menor (podia ser um cordeiro) e duma pomba ou rola. Quando a mãe não dispunha de meios para oferecer uma rês menor, podia oferecer um par de pombas ou rolas, como aqui se refere.
Tenha-se em conta que a «impureza legal ou ritual» não incluía a noção de pecado, ou de impureza moral. De modo particular todas as coisas relativas à transmissão da vida, mesmo no caso de serem moralmente boas, como a maternidade e o uso legítimo do matrimónio, ou moralmente indiferentes, como a menstruação e a polução nocturna, tornavam a pessoa impura, isto é, inapta para o culto de Deus Santo. A razão disto estava no carácter sagrado da vida e da sua transmissão. Parece que tudo isto implicava alguma perda de vitalidade, que devia ser reparada mediante certos ritos, para de novo poder entrar em comunhão com Deus, a plenitude e a fonte da vida. Estas leis tinham uma finalidade eminentemente didáctica: o povo de Israel era um povo santo, especialmente dedicado a Deus e ao seu culto, e em comunhão com Ele (cf. Ex 19, 5-6; Lv 19, 2). Todas as normas de pureza ritual faziam-no tomar constantemente consciência das suas relações particularíssimas com Deus e do sentido cultual da sua vida diária. A verdade é que a frequência e abundância dos ritos nem sempre foi alicerçada num coração dedicado a Deus, tendo degenerado no formalismo religioso tão denunciado pelos profetas e por Jesus Cristo (cf. Is 29, 13; Mt 15, 7-9).
Em face disto, o rito da Purificação de Maria, não pressupõe a aparência sequer de qualquer imperfeição moral ou legal da parte da SSª Virgem, como se poderia pensar. O gesto de Maria aparece como uma singular lição de naturalidade, de obediência e de pureza, cumprindo uma lei a que não estava sujeita, por ser a aeiparthénos, a sempre Virgem; Maria, a tão privilegiada, não quer para si um regime de excepção e privilégio.
25 «Simeão», de quem não temos mais notícias (em parte nenhuma se diz que era velho), aparece como um dos «piedosos» do judaísmo que esperava não um messias revolucionário (como os zelotas), mas o verdadeiro Salvador – «a consolação de Israel». Apesar do que se diz no v. 34, não parece ser sacerdote, não estando no serviço do templo, mas tendo vindo lá «movido pelo Espírito» (v. 27). Há quem o considere filho do grande rabino Hillel e pai do célebre Gamaliel I (Vacari; cf. Act 5, 34; 22, 3), mas sem provas convincentes.
33 A naturalidade com que S. Lucas chama a S. José «pai de Jesus» não implica qualquer contradição com o que antes afirmou em 1, 26-38. Aqui visa o poder e missão paterna, de modo nenhum a ascendência carnal.
35 «Assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Estas palavras ligam-se a «sinal de contradição». É que, diante de Jesus, não há lugar para a neutralidade: a sua pessoa, a sua obra e a sua mensagem fazem com que os homens revelem o seu interior, tomando uma atitude pró ou contra; a aceitação e a fé será, para muitos, motivo de salvação, ou «ressurgimento espiritual» (de que «se levantem»), ao passo que a rejeição culpável será motivo de que muitos se condenem (de que «muitos caiam»).
36-37 Põe-se em relevo a sua longa viuvez, como algo digno de veneração.
38 Não se afasta do Templo: hipérbole para indicar a frequência diária.
39 Este v. corresponde a Mt 2, 23, mas Lucas não relata aqui a fuga para o Egipto.
40 A Teologia explicita que «o Menino crescia», não só na manifestação da sabedoria, mas também no conhecimento experimental.
Sugestões para a homilia
A purificação legal e o dom da maternidade
Segundo a Lei de Moisés, quarenta dias depois do nascimento – quando se tratava duma criança do sexo masculino –, os pais dirigiam-se ao Templo de Jerusalém para que a mãe, por um rito próprio, recebesse a purificação legal.
Este preceito não se baseava na suposição de que houvesse qualquer pecado na geração e parto dos filhos. A maternidade significava uma pausa na vida de cada dia e, por este rito, com as forças já restabelecidas, a mãe voltava à sua vida normal.
Maria e José apresentam-se ali com o coração a transbordar de júbilo e agradecimento, vestidos de festa, de acordo com a sua condição social, mas anónimos, com toda a simplicidade.
Se não fora o Espírito Santo iluminar os dois veneráveis anciãos, a ida da Sagrada Família ao Templo teria passado despercebida, aparecendo como mais um casal jovem que ia agradecer ao Senhor o dom de um filho.
A fecundidade é um dom de Deus que deve ser administrado com generosidade por aqueles que o Senhor chama à vocação do matrimónio.
São os dois esposos, em diálogo com Deus, que se decidem a acolher os filhos, tendo sempre diante dos olhos que o Senhor lhes pede generosidade nesta missão, para que o Céu tenha o maior número possível de bem aventurados.
A apresentação do Senhor e o dom dos filhos
Os pais ofertavam ao Senhor o filho primogénito em recordação preservação da morte dos primogénitos israelitas, na saída do Egipto e faziam um resgate simbólico, mas não eram obrigados a levá-los ao Templo.
O Senhor dispôs tudo para que Jesus fosse apresentado no Templo de Jerusalém, cumprindo o que havia sido anunciado. José e Maria tiveram de viajar de Nazaré para Belém antes do nascimento do Salvador, onde permaneceram mais do que o que estava previsto, de modo que o Menino veio à luz do dia ali.
Como Jerusalém e Belém fica perto, tornou-se fácil apresentá-l’O, depois de uma caminhada de cerca de cinco quilómetros.
Ao olhar para todas estas «coincidências», somos levados a pensar que Deus faz tudo com perfeição, mesmo quando nos parece que as coisas deveriam seguir outro caminho.
Este mistério da vida de Jesus recorda-nos que os filhos são propriedade de Deus e não dos pais e muito menos do Estado.
Mas é por um acto de confiança infinita que o Pai do Céu confia ao casal o maior tesouro que tem na terra, chamando-os a gerar e guardar uma vida humana que tem princípio neste acto de amor, mas que há-de continuar por toda a eternidade.
Os pais são verdadeiramente tesoureiros de Deus e recebem do Alto a missão de preparar os filhos para se sentarem eternamente à mesa da felicidade de Deus.
Mais do que uma carreira brilhante na terra, os pais hão-de ajudá-los a conquistar a santidade pessoal, para uma eternidade feliz, na comunhão com a Santíssima Trindade.
Por isso, alguns pais têm o belo gesto de consagrar a nossa Senhora os filhos, depois de os terem levado à fonte baptismal.
A alegria do encontro com Jesus
Simeão e Ana exultam de alegria, pela realização do sonho de não partirem para a eternidade sem terem visto o Redentor do mundo.
O encontro com Jesus é sempre uma fonte de alegria.
Foi assim no encontro de Maria e Isabel, em Ain Karim. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e o menino João Baptista exultou de alegria no seu seio.
Maria entoou um canto de alegria e gratidão que recordamos todos os dias ao rezar ou cantar o Magnificat.
Encheu-se de alegria a samaritana depois de ter dialogado longamente com Jesus, desconfiada, primeiro, e depois, exultante.
Rejubilou de alegria Zaqueu quando o Divino Mestre Se foi hospedar em sua casa, levando-o a uma generosidade e alegria com que o próprio nunca sonhara.
Somos invadidos, também nós, pela alegria, quando nos aproximamos do Senhor com verdadeiras disposições de fé e de amor.
Tenhamos, a coragem para Lhe dizer, felizes, como Simeão, depois de O recebermos na Comunhão Eucarística: «Agora, Senhor, podeis deixar partir o Vosso servo em paz»? Tenho tudo o que desejava e já não procuro outra felicidade.
Oração Universal
Irmãos e irmãs:
Neste dia em que celebramos a festa
da apresentação de Jesus no Templo,
para ser, por Maria, ofertado ao Pai,
façamos subir a nossa humilde oração
por nós e por todas as pessoas da terra,
pedindo a Nossa Senhora a sua mediação.
Oremos (cantando):
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
1. Pelo Santo Padre, Bispos e Presbíteros,
para que inundem o mundo com a luz da fé,
oremos, irmãos.
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
2. Pela santa Igreja de Cristo no mundo,
para que nela brilhe a luz a Redenção,
oremos, irmãos.
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
3. Pelos governantes das nações da terra,
para que Deus os ilumine nesta missão,
oremos, irmãos.
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
4. Por todas as mães da nossa comunidade,
para que o Senhor as cumule de bênçãos,
oremos, irmãos.
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
5. Pelos pais e mães de família da Igreja,
para que recebam com alegria os filhos,
oremos, irmãos.
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
6. Pelos jovens da nossa comunidade eclesial,
para que o Senhor os guie na sua vocação,
oremos, irmãos.
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
7. Pelos que já partiram para a eternidade,
para que sejam acolhidos na luz da glória
oremos, irmãos.
Acolhei, Senhor, a oferta da nossa vida.
Senhor que entre as vocações da Vossa Igreja,
nos recordais as vocações dos Consagrados:
enchei de graças os que um dia chamastes,
para que Vos sirvam com virginal fidelidade
e Vos contemplem um dia na glória do Paraíso.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA EUCARÍSTICA
INTRODUÇÃO
Depois do acolhimento da Palavra de Deus, uma longa viagem nos espera, para a realizar na vida.
O Senhor vai preparar, nesta parte da Santa Missa, o Alimento Divino que sustentará as nossa forças nos caminhos da vida.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Senhor, que na vossa bondade quisestes que o vosso Filho Unigénito Se oferecesse a Vós como Cordeiro sem mancha pela vida do mundo, fazei que Vos seja agradável a oblação da vossa Igreja em festa. Por Nosso Senhor…
Prefácio
Cristo, luz das nações
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte. Hoje o vosso Filho, eterno como Vós, é apresentado no templo e proclamado pelo Espírito Santo glória de Israel e luz das nações. Por isso, vamos com alegria ao encontro do Salvador e com os Anjos e os Santos proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz:
SANTO
Monição da Comunhão
O mesmo Jesus que Maria e José levaram ao templo de Jerusalém e Simeão levantou nos seus braços cansados, oferece-Se agora a cada um de nós como Alimento.
Agradeçamos esta divina disponibilidade, e procuremos recebê-lo na graça de Deus, com fé, amor e devoção.
Lc 2, 30-31
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Os meus olhos viram a salvação que oferecestes a todos os povos.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Deus de bondade, que respondestes à esperança do Santo Simeão, confirmai em nós a obra da vossa graça: assim como lhe destes a alegria de receber em seus braços, antes de morrer, a Cristo vosso Filho, concedei que também nós, fortalecidos por estes sacramentos, caminhemos ao encontro do Senhor e alcancemos a vida eterna. Por Nosso Senhor…
RITOS FINAIS
Monição final
Caminhemos nesta semana e sempre guiados pela Luz que nos vem da doutrina e vida é Jesus Cristo.
Ajudemos todos os que O procuram a encontrá-lo no amor, no trabalho e nas preocupações de cada dia.
Celebração e Homilia: FERNANDO SILVA
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Homilias Feriais: NUNO ROMÃO