ERA NECESSÁRIO TANTO SOFRIMENTO?
Todos temos pousado muitas vezes o olhar sobre imagens de Cristo crucificado. Todos nós, cristãos, já meditamos nas dores que dilaceraram o corpo e a alma do Senhor. E é natural que nos tenhamos perguntado: “Por que a Cruz, por que essa Cruz terrível? Era necessário tanto sofrimento do Filho de Deus para a redenção da humanidade?”
A resposta é: “Não”. Todos os teólogos, todos os exegetas, todos os santos, dizem-nos que teria bastado o menor ato amoroso de Cristo, dotado de valor infinito – por ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem -, para reparar por todos os pecados do mundo. Diante da Cruz de Cristo, estamos, pois, num “território de Deus”, que a lógica humana é incapaz de penetrar plenamente. Aos santos, esse abismo causava vertigens, vertigens amorosas, por certo, como contam que acontecia com São Francisco de Assis, extasiado diante de um crucifixo:
Era prudente esse amor, meu Salvador,
Que te fez descer até à terra? […]
Esse amor teu que me endoidece assim
Roubou-te a tua Sabedoria.
Esse amor que me faz desfalecer
Roubou-te a tua Onipotência.
O Poverello de Assis ficava santamente desvairado ao contemplar a loucura de Deus de que fala São Paulo, que está acima da sabedoria dos homens 1.
Embora nós não “entendamos” essa loucura, vamos procurar ouvir a Deus – só Ele pode nos dar a resposta – e assim poderemos vislumbrar, pelo menos, três grandes verdades sobre a Cruz de Cristo, que estão inseparavelmente unidas, de tal modo que é difícil falar de uma delas sem mencionar as outras duas:
– O Filho de Deus sofreu e morreu na Cruz para nos salvar.
– O sofrimento e a morte de Cristo na Cruz foram um ato indescritível do amor de Deus.
– Na Cruz, este amor de Deus transformou o sofrimento em vida e redenção.
UM MISTÉRIO DE SALVAÇÃO
Na profissão de fé cristã, afirmamos solenemente que Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, por nós homens e pela nossa salvação, desceu dos Céus, encarnou-se no seio da Virgem Maria e se fez homem, por nós foi crucificado, padeceu e foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus 2…
É uma verdade da nossa fé que São Paulo considerava básica, fundamental: Transmiti-vos, em primeiro lugar – escreve aos de Corinto – o que eu mesmo recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados… (1 Cor 15, 1). É uma verdade constantemente proclamada no Novo Testamento 3.
Repisemos – agora usando palavras de São Tomás de Aquino – que “essa verdade, isto é, que Cristo morreu por nós, é de tal modo difícil, que a nossa inteligência pode apenas apreendê-la, mas de modo algum descobri-la por si mesma […]. A graça e o amor de Deus para conosco são tão grandes, que Ele fez por nós mais do que podemos compreender” 4.
É assim mesmo. Mas, embora não compreendamos esse mistério, captamos um pouco dele; e esse pouco, mesmo sendo imperfeito, é uma forte luz para nós. Uma vez que sabemos – porque Deus o revelou – que Ele escolheu a Cruz para nos salvar, podemos entrever alguma coisa dos motivos, das “razões” dessa escolha divina, guiados pelo que o próprio Deus nos manifesta.
A primeira “razão” que se ilumina é a seguinte: só Cristo, como Filho Unigênito – Deus e homem – podia tomar sobre si os pecados de todos os homens com “um amor para com o Pai que superasse o mal de todos os pecados” 5, com um amor infinitamente maior que a maldade. Não só quis, por assim dizer, pagar o preço suficiente pelos nossos pecados (teria bastado uma gota do seu sangue), mas submergir todo o pecado, todo o mal do mundo – passado, presente e futuro – na plenitude do seu amor, imenso como um oceano sem limites, e autenticado pela prova de fogo do sofrimento.
Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco – diz São João, o Apóstolo –: em que enviou o seu Filho unigênito ao mundo, para que por Ele vivamos […]. Nisto conhecemos o amor: Ele [Jesus] deu a sua vida por nós […]. Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas pelos de todo o mundo (1 Jo 4, 9; 3, 16 e 2, 2).
Podemos, deste modo, dizer que Jesus na Cruz é o “abraço amoroso de Deus” que envolve, protege e salva os seus filhos perdidos, manchados e feridos de morte pelo pecado. Cristo, que veio salvar o que estava perdido (cf. Lc 19, 10), interpõe-se entre os nossos pecados e o castigo que mereciam; por assim dizer, deixa que se arremessem ferozmente contra Ele todos os crimes, todos os males, todas as perversidades de todos os homens, e assume-os como se fossem próprios, para expiá-los (cf. 2 Cor 5,21). O pecado parece derrubar, destruir, aniquilar Jesus, mas é Ele quem o vence pelo amor, lavando-o com o seu sangue. Depois, triunfante, ressuscitará para a nossa justificação (Rom 4, 25), derramará copiosamente a graça do Espírito Santo nos nossos corações (cf. Rom 5, 5), e abrir-nos-á as portas da felicidade eterna.
Foi Ele – profetizara Isaías – que carregou sobre si as nossas enfermidades e carregou com as nossas dores […]. Por nossas iniqüidades é que foi ferido, por nossos pecados é que foi torturado. O castigo que nos havia de trazer a paz caiu sobre ele, e por suas chagas fomos curados (Is 53, 4-5).
“Para transmitir ao homem o rosto do Pai – diz João Paulo II -, Jesus teve não apenas de assumir o rosto do homem, mas de tomar também o «rosto» do pecado: Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós para que nos tornássemos nele justiça de Deus (2 Cor 5, 21)” 6.
A CRUZ ATINGE AS RAÍZES DO MAL
Demos mais um passo. Também podemos perceber, em segundo lugar, que é precisamente por meio da Cruz que Deus “atinge as raízes do mal, que se embrenham na história do homem e das almas humanas” 7.
Qual foi, e continua a ser, a raiz primeira do mal, do pecado? O orgulho, o egoísmo. O pecado dos nossos primeiros pais foi – revela-nos a Bíblia – um pecado de orgulho e de desobediência (cf. Gên 3, 1 e segs.). Todos os nossos pecados, no fundo, consistem nisso mesmo: em virar as costas a Deus, em desobedecer ao que o seu amor nos pede e voltar-nos para nós mesmos, como se fôssemos o centro de tudo – sereis como deuses (Gên 3, 5) -, movidos pelo egocentrismo orgulhoso e cobiçoso.
Essa foi a raiz do pecado. E a raiz da entrega de Cristo na Cruz, qual foi? São Paulo dá-nos a resposta: foi a humildade e a obediência do Filho de Deus. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até à morte, e morte de Cruz (Fil 2, 8). Com o seu amor salvador, Cristo foi até ao fundo do mal e aplicou-lhe, como médico divino, o remédio na própria raiz. Ao orgulho, princípio de todo o pecado (Ecl 10, 15), aplicou o remédio da sua humildade: um Deus-homem que se humilha. À desobediência, aplicou o remédio da obediência: um Deus-homem que cumpre a vontade do Pai até à morte, até à Cruz.
Com expressão que faz pensar, a Carta aos Hebreus afirma que Cristo, apesar de Filho de Deus, aprendeu a obedecer por aquilo que sofreu, e, uma vez atingida a perfeição, tornou-se, para todos os que lhe obedecem, fonte de salvação eterna (Hebr 5, 8-9). Enquanto homem, Cristo fez a experiência da obediência humana. No desafio da Cruz, lutou por unir a sua vontade à do Pai. Essa obediência fê-lo atingir a perfeição do sacrifício redentor com que reparou a desobediência de Adão e as nossas desobediências. Assim como, pela desobediência de um só [Adão], muitos se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só [Cristo], muitos se tornaram justos (Rom 5, 19).
UM MISTÉRIO DE AMOR
Cristo, ao sofrer, faz a vontade do Pai, acabamos de vê-lo. Com isso, estamos prontos para assomar o olhar a mais uma abertura que nos permitirá alcançar de Deus novas luzes sobre o mistério da Cruz.
No Horto das Oliveiras, antes de padecer a Paixão, Cristo reza ao Pai: Abá, Pai! Tudo te é possível; afasta de mim este cálice. Contudo, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres (Mc 14, 34-36).
Jesus é homem, e sente profunda repugnância pelo sofrimento. Mas o coração de Cristo encerra todo o Amor – todo o Amor divino num coração humano – e por isso quer acima de tudo o que o Pai quer, que é a nossa salvação. A palavra querer tem aqui a dupla riqueza de sentido que possui na nossa língua. Por um lado, significa o ato íntimo da vontade livre, não forçada; por outro, expressa o bem-querer, o ato de amor. Ambos os sentidos estão presentes na alma de Cristo.
Cristo quis a Cruz, livremente. Desejou-a com ardor: Com um batismo de sangue tenho que ser batizado, e como trago o coração apertado até que ele se realize! (Lc 12, 50). A Cruz não caiu de repente sobre Ele, como uma árvore que se atravessa inesperadamente no caminho. Ele amou-a livremente, ofereceu-se a ela, abraçou-a. “Com que amor se abraça – comenta São Josemaria Escrivá – ao lenho que Lhe há de dar a morte!” 8
O seu Sacrifício redentor foi, pois, plenamente voluntário. A Cruz foi o seu altar, e Jesus encaminhou-se para ela como Sacerdote, a fim de se oferecer a si mesmo como Vítima (cfr. Hebr 7, 27). Cristo amou-nos e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor (Ef 5, 1).
“A morte do Salvador – diz São Francisco de Sales – foi rigoroso holocausto que Ele próprio ofereceu ao Pai para a nossa redenção; ainda que as dores e padecimentos da sua paixão tenham sido tão graves e fortes que qualquer outro mortal teria sucumbido a eles, a Jesus não lhe teriam dado morte se Ele não o tivesse consentido, e se o fogo do seu amor infinito não tivesse consumido a sua vida. Ele foi, pois, sacrificador de si mesmo; ofereceu-se ao Pai e imolou-se no amor” 9.
Para que não tivéssemos disso a menor dúvida, pouco antes da Paixão Jesus disse de modo explícito ao povo, em Jerusalém, que o seu sacrifício era um ato de doação: Eu dou a minha vida […]. Ninguém a tira de mim; sou eu que a dou por mim mesmo (Jo 10, 17-18). E, na Última Ceia, atualizando já antecipadamente o mistério da Paixão – que deixou perenemente presente no mistério da Eucaristia -, deu-nos o seu Corpo e Sangue: o meu corpo, que vai ser entregue por vós; o meu sangue, que vai ser derramado por vós (Lc 22, 19-20).
Vemos, pois, que Deus ama a Cruz porque nos ama a nós; e é mediante a Cruz que quer manifestar-nos patentemente a infinita grandeza do seu amor.
“Cristo sofre e morre por amor – escreve Javier Echevarría -. O Pai envia o Filho para que, ao entregar a sua vida, dê testemunho definitivo do amor, e flua dEle, da Cruz, o Espírito Santo que tornará possível a nossa fé e, com esse dom divino, a salvação […]. Deus é o Deus do amor e da vida: um Deus que vence o pecado, o desamor e a morte que do desamor deriva, precisamente com o seu Amor, e nos faz renascer dessa forma para uma vida nova que não terá fim” 10.
MISTÉRIO DE AMOR SEM FIM
Vamos dar outro passo na nossa reflexão. E começaremos pelas palavras que São João usa para sintetizar o que aconteceu na Última Ceia e na Paixão de Jesus: Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13, 1).
Amar até o fim significa que, no caminho da sua entrega por nós na Cruz, Jesus seguiu todas as etapas, sem deixar uma só, e chegou até o final. As penúltimas palavras que pronunciou na Cruz foram: Tudo está consumado (Jo 19, 30), antes de clamar: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! (Lc 23, 46).
Mas amar até o fim também significa que Cristo, na Cruz, nos amou sem limite algum, sem recuo algum, sem poupar-se em nada, até ao máximo extremo.
Nada limitou o seu amor. Não se deteve em barreiras, não o arredou nenhuma dor, nenhum sacrifício, nenhum horror. Acima do seu bem-estar, da sua honra, da sua vida, colocou a salvação dos que amava, de cada um de nós.
Já pensamos no que é um amor ilimitado? Um amor que não depende de nada, nem exige nada, para se dar por inteiro? O amor de Cristo começa sem que nós o tenhamos amado, não é retribuição, é puro dom; e chega até ao extremo ainda que nós não correspondamos, melhor dizendo, no meio de uma brutal falta de correspondência. Nisto consiste o amor – esclarece São João –: não em termos nós amado a Deus, mas em que Ele nos amou primeiro e enviou o seu Filho para expiar os nossos pecados (1 Jo 4, 10).
A meditação da Paixão, neste sentido, é transparente. Nenhum sofrimento físico aparta Jesus da Cruz. Basta que contemplemos – como numa seqüência rápida de planos cinematográficos – Jesus preso, amarrado, arrastado indignamente, esbofeteado, açoitado até a sua carne se converter numa pura chaga, coroado de espinhos, esfolado e esmagado sob o peso da Cruz, cravado com pregos ao madeiro, torturado pela dor, pela sede, pelo esgotamento… Nada o detém na sua entrega amorosa.
Podemos projetar também – em flashes consecutivos – a seqüência dos seus sofrimentos morais, e perceber que tampouco conseguiram afastá-lo de chegar até ao fim. É caluniado, ridicularizado, julgado iniquamente, condenado injustamente; alvo de dolorosa ingratidão, de hedionda traição; é ferido pela infidelidade, pela falta de correspondência dos que amava e escolhera como Apóstolos; é atingido pelas troças mais grosseiras, pelos insultos mais ferinos, por escarros e tapas no rosto… Nada o faz recuar, nem sequer a última humilhação, pois não o deixaram morrer em paz, e desrespeitaram com zombarias e insultos os últimos instantes da sua agonia. Os que passavam perto da Cruz sacudiam a cabeça e diziam: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele: “Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e creremos nele; confiou em Deus, que Deus o livre agora, se o ama…” (Mt 27, 39-43).
Esta doação sem limites de Cristo é o Amor que nos salva, o caminho que Ele quis escolher para nos livrar do mal, afogando-o em si – no seu Amor – como num abismo. Ao mesmo tempo, é um contínuo apelo ao nosso amor. “Quem não amará o seu Coração tão ferido? – perguntava São Boaventura -. Quem não retribuirá o amor com amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o nosso Ferido, a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração. Peçamos que se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor e feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente” 11.
O SOFRIMENTO TRANSFIGURADO
O inefável Amor de Cristo na Cruz ilumina uma dimensão importante, única, do amor cristão, que é, justamente, uma das maiores luzes do mistério da Cruz.
João Paulo II põe em relevo essa luz com as seguintes palavras, ricas em profunddidade: “Por obra de Cristo, o sentido do sofrimento mudou radicalmente […]. É necessário descobrir nele a potência redentora, salvadora, do amor. O mal do sofrimento, no mistério da redenção de Cristo, fica superado e de todas as maneiras transformado: converte-se na força para a libertação do mal, para a vitória do bem.
“À luz desta verdade – prossegue o Papa -, todos os que sofrem podem sentir-se chamados a participar da obra da redenção realizada por meio da Cruz. Participar da Cruz de Cristo significa acreditar na potência salvífica do sacrifício que todos os fiéis podem oferecer junto com o Redentor” 12.
Cristo não suprimiu o sofrimento: assumiu-o, fê-lo seu. Não eliminou o sofrimento, mas transfigurou-o em meio e expressão de amor e de redenção. Deixou-o no mundo, não como um lastro mortal, mas como uma fonte de vida e de alegria.
Ao lermos estas palavras, que recolhem os fulgores da verdade cristã, talvez sintamos de a vertigem e o desconcerto que se experimentam ante o mistério.
Se for assim, olhemos de novo para Cristo e tenhamos presente que – como ensina a Igreja – “o Filho de Deus, pela sua Encarnação, se uniu de certo modo a cada homem” 13, a cada um de nós. Dizer isto não é exagero nem retórica; pelo contrário, nós, os cristãos, podemos afirmar, com alegre convicção, que Cristo está unido aos nossos sofrimentos como se fossem seus. Ele sofre conosco, une a nossa dor à sua dor na Cruz, e quer ajudar-nos a transformar os nossos padecimentos – dando-lhes o mesmo sentido que aos dEle – num tesouro de amor, de graça, de salvação, de gozo (cf. Rom 8, 17-18).
Por isso, quando sentirmos o peso do sofrimento, e talvez nos perguntemos: “Por que Deus, que é bom, me deixa sofrer assim?”, fitemos Jesus na Cruz e digamos: “O meu Deus não é um Deus longínquo, que contempla fria ou indiferentemente as dores dos homens. Não está olimpicamente fechado na sua glória bem-aventurada, para lá das estrelas. Se fosse assim, seria difícil não nos sentirmos confusos, desolados e até revoltados. Mas não, o meu Deus é Jesus Cristo, é nEle que eu creio. E Cristo compartilhou conosco todas as nossas dores, quis conhecê-las todas, quis prová-las todas. Ele sabe. Ele me entende. Ele me acompanha. No sofrimento, Ele está, mais do que nunca, perto de mim. No sofrimento, eu posso estar, mais do que nunca, unido a Ele”.
Então, ao encararmos o abismo da Dor – sobretudo quando o nosso sofrimento for mais intenso -, em vez de vermos um buraco negro ameaçador, contemplaremos o rosto de Cristo, e perceberemos que nos olha com ternura, nos anima e – sorrindo – nos faz entender, como aos discípulos após a Ressurreição, que o sofrimento por Ele transfigurado é a porta que – juntamente com Ele – nos conduz para o Amor eterno, para a Alegria, para a Glória (cfr. Lc 24, 26).
Então, nenhum sofrimento nos parecerá grande demais, e poderemos dizer com São Paulo que a nossa leve e momentânea tribulação prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória (2 Cor 4, 17); encontraremos a paz na dor, e proclamaremos com alegria: Tenho como coisa certa que os sofrimentos do tempo presente nada são, em comparação com a glória que se há de revelar em nós (Rom 8, 18).
(Adaptação de um trecho do livro de F. Faus: A sabedoria da Cruz)
1 1 Cor 1,25
2 Símbolo Niceno-Constantinopolitano
3 Ver, p.e., Rom 4,25; Gál 1,4; Ef 1,7; 1 Pe 3,18; 1 Jo 1,7; 1 Jo 2,2; Apoc 1,5, etc, etc.
4 Exposição sobre o Credo, Presença, Rio e Janeiro 1975, pág. 44
5 João Paulo II, Carta Apostólica Salvifici doloris, n. 17
6 João Paulo II, Carta Apostólica Novo millennio ineunte, n. 25
7 Ibidem, n. 16
8 Via Sacra, II estação
9 Tratado do Amor de Deus, 10,17
10 Itinerarios de vida cristiana, Ed. Planeta, Barcelona 2001, págs. 172 1 174
11 Vitis mystica, 3,11
12 Alocução da quarta-feira, 9.11.1998
13 Concílio Vaticano II, Const. Pastoral Gaudium et spes, n. 22