O testemunho cristão constrói a civilização do amor.

Padre Wagner Augusto Moraes dos Santos é vigário na Paróquia Santos Anjos e assistente eclesiástico da Pastoral da Educação na Arquidiocese do Rio de Janeiro. Com bolsa de estudo da Associação Presbíteros, começou o doutorado na Universidade de Navarra (Espanha) em 2019 e retornou para o Brasil em setembro de 2021. Sua tese de doutoramento, que tem por título “A família na civilização do amor”, será publicada em livro ainda em 2022. Nesta entrevista, o padre Wagner fala sobre seus estudos e a importância da formação intelectual dos seminaristas e padres.

Padre Wagner Augusto Moraes dos Santos

Qual é o tema dos seus estudos e como o senhor chegou a ele?

Meu tema de estudo foi a função da família na construção da civilização do amor. A principal razão foi um convite feito em 2017 pela Congregação para a Educação Católica a todos os educadores cristãos para que tomassem parte na construção dessa civilização. Diante dessa proposta, quis descobrir o que a família poderia fazer nesse sentido, que tipo de ações seriam importantes para possibilitar a construção desse ideal católico no âmbito da família e a partir dele.

A sociedade como um todo parece repleta de divisões e disputas a respeito de muitas questões. Como os sacerdotes e os cristãos como um todo podem responder a esses conflitos, que muitas vezes se dão entre membros da mesma família?

Os sacerdotes devem responder a esse problema primeiramente com a oração, que é essencial. Depois, podem dar conselhos às pessoas no sentido de amenizar os conflitos. Na sociedade atual, em que a internet muitas vezes se torna um lugar de violência, uma coisa que todos podemos fazer é procurar santificar nossas relações sociais. Essa é a grande conclusão que tirei dos meus estudos. Para construir a civilização do amor, é preciso santificar as relações sociais. Ainda que o outro não tenha a mesma religião ou pense muito diferente. Quando um cristão age santamente com o outro, ele santifica a relação, porque age movido pelo dom do Espírito. Esse é o caminho para acabar com os conflitos, mesmo dentro da família. É o testemunho cristão admirável, a vida cristã sincera, que constrói a civilização do amor, não as armas, as guerras e as brigas.

Para construir a civilização do amor, é preciso santificar as relações sociais. Ainda que o outro não tenha a mesma religião ou pense muito diferente.

Qual é o impacto positivo que um sacerdote com formação humana e intelectual pode produzir na comunidade a que ele serve?

Os impactos são inúmeros. A oportunidade de ter recebido essa formação intelectual tem me ajudado muito nos trabalhos pastorais desde o meu retorno. O tempo de estudo, meditação e contemplação, somado à convivência com pessoas de outros países, me ajuda muito nas confissões, nas celebrações, na hora de preparar as homilias e auxiliar as pessoas da paróquia. Mas, além de toda essa utilidade prática e externa, a formação intelectual tem outra dimensão: à medida que o sacerdote se desenvolve intelectualmente, ele tem a oportunidade de se alegrar mais ainda com os bens que celebra. Esse aumento da alegria na vida sacerdotal, gerado pelo entendimento mais profundo da verdade celebrada, tem um impacto positivo muito grande na vida de todos os que têm a oportunidade de aprofundar os estudos.

Qual foi a importância da Associação Presbíteros na sua trajetória?

A Associação Presbíteros foi de uma importância crucial. Graças a ela, tive a oportunidade de fazer meus estudos na Universidade de Navarra, na Espanha, onde além de ter acesso a uma biblioteca maravilhosa para a minha pesquisa, pude desfrutar por dois anos de uma excelente convivência com outros sacerdotes. De outra maneira, teria sido impossível concluir uma tese de doutorado com tanta rapidez. Sou muito grato à Associação Presbíteros e fiz questão de agradecê-la na minha tese por tudo que fez e faz por mim.

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