Homilia Sexta-feira XXVI Semana do Tempo Comum | Ano C

Sexta-feira, 30/09/2022 – Lc 10,13-16

São Jerônimo e a Bíblia

É muito oportuno que o texto do Evangelho de hoje comece com os “ai”, vejamos: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!” (Lc 10,13), pois mostram a indignação de Jesus, juntamente com a pena que ele sente dessas cidades impenitentes. Certamente é oportuno ver as coisas desde essa perspectiva do nosso Mestre, Jesus, mas também desde a ótica de um discípulo seu, Jerônimo (347-420), uma das mentes mais brilhantes que já passaram pelos séculos católicos, mas quiçá um dos homens mais irritados que a Igreja já conheceu. As irritações de São Jerônimo eram fruto do seu zelo, não de falta caráter bem formado. Ser zeloso para a glória de Deus faz a alma sentir pena para com os impenitentes que endurecem seus corações e diante das inverdades que seduzem as mentes.

Jerônimo era de família nobre e foi batizado aos 18 anos. Estudou muito os idiomas e a literatura clássica. Ele sabia hebraico, grego e latim e, portanto, estava preparado para traduzir a Bíblia desde o hebraico e o grego, línguas originais das Escrituras Sagradas, para o latim, língua falada na época. Sua tradução, por ser popular, foi chamada de “vulgata” por causa do “vulgo”, do povo, do comum; foi uma tradução para que as pessoas do seu tempo tivessem acesso mais fácil aos textos sagrados. Ele era amigo do Papa São Dâmaso, de São Gregório Nazianzeno, São Basílio, São Gregório de Nissa, Santo Eustáquio, Santa Paula; porém quase ficou inimigo de Santo Agostinho, entretanto tudo se esclareceu a tempo. O próprio Agostinho chegou a escrever sobre a obra de Jerônimo: “Li dois escritos vossos que me caíram nas mãos, e achei-os tão ricos e plenos que não quereria, para aproveitar em meus estudos, se não poder estar sempre a vosso lado”. (El Santo de Cada Día, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1955, tomo V, p. 307). São Jerônimo interceda por nós para que Jesus não tenha que dizer “ai” algum sobre nós.

Pe. Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta

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