Homilia Sexta-feira da XXII Semana do Tempo Comum | Ano A

Sexta-feira da 22ª semana do Tempo Comum – 08/09/2023 – Mt 1,18-23

Festa da Natividade de Nossa Senhora

  • Nasceu uma donzela

Em Mt 1,23 cita-se o texto de Is 7,14: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel”. O contexto da passagem veterotestamentária é a situação de Acaz, rei de Judá, e de seu povo, cercados por outros reis que lhes fazem guerra; nesse ambiente de batalha, o rei e o povo de Judá ficaram inquietos “como se agitam as árvores do bosque impelidas pelo vento” (Is 7,2). Deus intervém e envia Isaías a falar ao rei Acaz com o intuito de infundir-lhe a esperança da vitória contra os inimigos: “Toma as tuas precauções, mas conserva a calma e não tenhas medo nem vacile o teu coração” (Is 7,4). Isaías lhe diz que os inimigos de Judá fracassarão e pede que Acaz acredite nas palavras que lhe são dirigidas. Mais ainda, “se não o crerdes, não vos mantereis firmes” (Is 7,9).

Como já se sabe, a linguagem profética é obscura e revela velando, por isso será preciso entender o mistério ou sinal da virgem grávida que dará à luz o Emanuel, que significa, Deus conosco (cf. Is 7,14). Nesse sentido, a literalidade do sinal e do texto se expressa no tempo, isto é, Acaz terá a vitória em alguns anos, isto é, “antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is 7,16). De fato, na nossa interpretação terá existido uma ‘almah’, que significa donzela, virgem ou casada recentemente, que deu à luz a um menino que foi chamado Emanuel. Sendo assim, o sinal está mais posto no menino do que na donzela, pois em poucos anos Acaz obteria a vitória, isto é, no tempo anterior a que o menino chegasse à idade da razão.

E, contudo, a profecia não ficou apenas no tempo de Isaías e de Acaz, mas ela mesma, nos seus fatos, era ‘týpos’ (figura) para o futuro da definitiva realização da profecia. Por isso o Evangelho pode aplicar essa profecia a Maria, a donzela virgem, e a Jesus Cristo, o Emanuel (Deus conosco), que é o tema de Mt 1,22-23. Não deixa de ser interessante que a versão dos Setenta traduza donzela por virgem, apontando assim para um testemunho da espera messiânica. Não foi, portanto, a Igreja que traduziu donzela por virgem, mas a própria tradição judaica uns 200 anos antes de Cristo. E, de fato, Maria é a Virgem, que seria concebida e nasceria em determinado momento para dar esperança não somente ao Povo de Israel, mas a toda a humanidade. Hoje celebramos o aniversário de Nossa Senhora, mas o presente é nosso, pois ela nos guarda no amor do Coração de Jesus.

Pe. Françoá Costa

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