Segunda-feira da 1ª semana do Advento, 04/12/2023 – Mt 8,5-11
- Graça de Deus não é abertura antropológica
Jesus disse que o oficial romano tinha fé, mesmo que não fosse judeu nem cristão. Era um homem bom porque, de alguma maneira, Deus já o estava ajudando a ter uma fé habitual, pois esse oficial teve a alegria de ser encontrado por Jesus. Se bem que a Escritura diz que oficial aproximou-se de Jesus (Mt 8,5), interiormente Jesus tinha se aproximado daquele oficial há muito tempo. Sempre é o dom gracioso de Deus que precede, acompanha e sustenta o nosso ato de fé.
De fato, é possível, portanto, ter uma fé atual, antes da conversão e recepção dos sacramentos, e uma fé habitual, depois da conversão e do sacramento do batismo. Algumas almas, porém, pelo desejo intenso da graça, como ação do próprio Deus nessas almas, podem ter inclusive a fé habitual antes do batismo sacramental, mesmo sem o saberem. É o que nós, católicos, chamamos de “batismo de desejo”, no qual se produz o efeito do batismo sem o próprio batismo sacramental. Em previsão do batismo, a alma desejosa já vive no campo da graça de maneira habitual.
É belo ver como Deus age nas almas, em previsão dos sacramentos. Desta forma, pode haver muitas pessoas que não conhecem a Deus, mas que, de alguma maneira misteriosa, já foi atingida por sua graça, sendo salvos por ele, pertencendo à Terra graciosa da Igreja, da barca de Pedro, fora da qual não há salvação. Tudo isso pode acontecer sem que a pessoa que deseja implicitamente o batismo o saiba. Certamente, essas afirmações tradicionais nada tem a ver com a nefasta teoria dos cristãos anônimos, que afasta as almas da conversão e a Igreja das missões. O batismo de desejo, possível apenas nas pessoas que já tem a idade da razão, é uma ação de Deus na alma e não uma abertura da alma às categorias transcendentais dos modernos hereges.
Pe. Françoá Costa
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