Homilia Segunda-feira da X Semana do Tempo Comum | Ano A

Segunda-feira da 10ª semana do Tempo Comum, 12/06/2023 – Mt 5,1-12

  • Pedagogo da felicidade

Impressiona-nos vivamente que o Senhor relacione a felicidade daquelas multidões (cfr. Mt 5,1) com a pobreza, o choro, a mansidão, a fome e a sede de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, a pacificidade, a perseguição sofrida e a calúnia padecida. Para os ouvidos mundanos, essas expressões não podem causar mais que rejeição! E, não obstante, são esses os trabalhos que conduzem a felicidade, como dizia o bispo de Hipona. Sem dúvida, é importante entender que Jesus não está pregando uma vida miserável, triste, sem nenhum prazer, sem garra e sem perspectiva. Vou ser sincero: eu também rejeitaria um cristianismo assim! Se o mártir visse somente os sofrimentos e a morte, não seria feliz. Para a testemunha da fé, os tormentos são suportados por amor a Deus e também por causa da recompensa, do prêmio, do céu!

Jesus é o grande pedagogo! Afirma, para atrair os seus discípulos, que terão cem vezes mais aquilo que eles renunciarem. Com essa perspectiva, fica até fácil pedir a renúncia ao próprio eu (pobreza de espírito), pois seremos cem vezes mais nós mesmos, realmente viveremos de acordo com a nossa dignidade; o choro do esforço, pois assim não viveremos como seres adocicados e moles cuja felicidade se encontra na posição horizontal sobre um sofá macio (que pobreza de perspectiva!); a fome e a sede de justiça que nos faz ter uma vontade cem vezes mais firme para lutar pela felicidade dos outros, caminho de liberdade interior; a misericórdia que nos dá uma coragem centuplicada; a pureza de coração que nos faz cem vezes mais nobres porque dizemos “não” ao animal que está dentro de nós, preferimos viver como seres humanos; os pacíficos que estão dispostos a lutar cem vezes porque sabem que a paz é resultado da guerra que nos fazemos a nós mesmos contra as nossas más inclinações; a perseguição que nos faz cem vezes mais perspicazes para saber viver nesse mundo com a esperteza dos filhos de Deus e não ser bobos de ficar para trás em coisas nas quais deveríamos ser os primeiros; na calúnia sofrida que nos enterrará no húmus da humildade e nos fará andar centuplicadamente em verdade. E, depois, o descanso, a vida eterna, a vida sem fim, sempre, para sempre.

Pe. Françoá Costa

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