Homilia Segunda-Feira da IV Quaresma | Ano C

Admiração e fé

Segunda-feira –  IV Quaresma – C – Is 65,17-21; Sl 29; Jo 4,43-54

Apesar de “Que o profeta não é honrado em sua própria casa” (Jo 4,44), aconteceu algo muito belo no dia de hoje: “os galileus o receberam, tendo visto tudo o que ele fizera em Jerusalém” (Jo 4,45). Diante dessa abertura do coração daquelas pessoas, Jesus realiza um milagre: estando ele em Caná, cura um rapaz que se encontra em Cafarnaum, precisamente isso, cura o menino de longe a pedido do pai do rapaz que vem ao encontro de Jesus como última esperança.

Quer dizer que uma atitude positiva das pessoas para com Jesus e a fé de um pai que recorre a Jesus com esperança, faz acontecer grandes coisas? É isso mesmo. Certamente, Deus pode tudo, mas ele quer que nós andemos junto com ele, deseja que exista sintonia entre ele e nós. A ideia é que cada um de nós esteja conectado à internet de Deus e que saibamos a senha para passar para os outros.

Indico duas vias para que essa conexão seja boa: admiração e fé. Quando não se admira Deus e sua obra, dificilmente a pessoa se abrirá voluntariamente à ação do Senhor em sua própria vida. Algo semelhante se diga da fé, sem a qual é impossível agradar a Deus (Hb 11,6). A admiração é fruto de enxergar todas as coisas como efeitos de uma causa suprema, Deus; é algo, portanto, mais natural, mais filosófico. E, contudo, diante das realidades da graça, cabe admiração ainda mais intensa. Tudo isso leva ao agradecimento e à petição. Quanto à fé, trata-se de uma virtude teologal infundida em nós sem nós, com a qual nos entregamos a Deus, dando o nosso assentimento a tudo o que ele nos revelou porque ele nos revelou. Como se trata de uma virtude sobrenatural, significa que o próprio Deus já se deixou atrair por nós e, no entanto, ao encontrar no núcleo da nossa alma o seu Filho e o seu Espírito, o Pai fica ainda mais atraído por nós e, de fato, habita em nós.

Admire as obras de Deus, das maiores, como o Universo, às mais pequenas, como essas flores aparentemente inúteis nas quais se você as toca elas se desfazem. Deus é muito bom e quer que tenhamos um coração bom, fruto de um olhar simples para a sua criação e de uma visão elevada pela virtude da fé.

Assim como o pai foi ao encontro de Jesus para ajudar o seu filho, também nós, seremos quais pais e mestres para os nossos amigos. Vamos ajudá-los. Caso algum deles esteja fora de casa ou dela afastado pelo pecado mortal, vamos pedir a Jesus que eles voltem a morar em casa, em família, na Igreja. Aqui, sim, se é feliz! E, se algum dia nós mesmos estivermos mortos pelo pecado, peçamos ao Senhor que nos conceda um amigo, uma pessoa que, carinhosa e teimosamente, nos conduza novamente ao coração de Deus.

Padre Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta

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