Homilia Quinta-feira XXVI Semana do Tempo Comum | Ano C

Quinta-feira, 29/09/2022 – Jo 1,47-51

Festa dos Santos Arcanjos

O calendário litúrgico da Igreja Católica celebra duas festas angélicas, no dia 29 de setembro, a festa dos três arcanjos – S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael – e, no dia 2 de outubro, os anjos da guarda. Quem são eles? Talvez o Concílio da Igreja que mais se dedicou a explicar a doutrina sobre os anjos foi o Concílio de Latrão IV, no ano 1215. Nele se afirmou, num contexto de profissão da fé, que os anjos foram criados por Deus desde o início do tempo. No caso dos demônios, o Concílio nos diz que foram anjos bons no começo, mas que depois se fizeram maus e se tornaram demônios. Logicamente, houve pronunciamentos magisteriais sobre os anjos antes dessa data, por exemplo, o Papa Zacarias, no ano 745, rejeitou os vários nomes dos anjos, ficando somente com os de Miguel, Gabriel e Rafael porque a Sagrada Escritura só fala desses três. O Concílio de Aix-la-Chapelle, no ano 789, fez a mesma coisa.

O que nos diz a Bíblia sobre os anjos? Bastante. Os dicionários bíblicos dedicam a esse tema várias páginas. Em resumo: anjo vem da palavra grega “angelos”, que serviu para traduzir a palavra hebraica “mal’ak”, que – de maneira geral – significa “mensageiro”. Eles são filhos de Deus (Jó 1,6; 2,1), são protetores dos homens (Sl 90,11), moram nos céus (Mt 28,2), são de natureza espiritual (1 Re 22,19-21; Dn 3,86; Hb 1,14). Há anjos bons e anjos maus (Zc 3,1). Existem serafins (Is 6), querubins (Gn 3,24; Ex 25,22; Ez 10,1-20), tronos, dominações, potestades e principados (Cl 1,16), virtudes (Ef 1,21), arcanjos (1 Ts 4,15-16; Judas 9), anjos que cuidam dos indivíduos (Tb 5; Sl 90,11; Dn 3,49s; Mt 18,10). Nos Evangelhos também se lê que eles contemplam o rosto de Deus (Mt 22,30; 18,10) e se alegram pela conversão daqueles que estavam afastados de Deus (Lc 15,10), dizem ainda que eles levaram o corpo de Lázaro ao seio de Abraão (Lc 16,22) e que, estando o céu aberto, pode-se ver anjos ao serviço de Jesus Cristo (Jo 1,51).

Gabriel significa “Deus é força” e aparece em Dn 8,16; 9,21; Lc 1,19.26; São Gabriel é o anjo das boas notícias. Miguel significa “Quem como Deus?” e aparece em Dn 10,13.22; 12,1; Jud 9; Ap 12,7; São Miguel é o padroeiro de toda a Igreja; Rafael – “Deus cura” – aparece em Tb 3,25; São Rafael é o da cura e dos cuidados que manifestam o amor de Deus por nós. A distinção mais divulgada de uma hierarquia entre os anjos aparece no livro “De coelesti hierarquia” – Sobre a hierarquia celeste – atribuído a Dionísio, o Areopagita, entre os séculos IV e V. Nessa obra, os anjos são distribuídos em três ordens, cada ordem formado por três coros, num total de nove coros angélicos: serafins, querubins e tronos fazem parte da primeira hierarquia; dominações, virtudes e potestades, formam a segunda hierarquia dos anjos; os principados, os arcanjos e os anjos estariam na terceira. Todos esses anjos têm – como resume o teólogo francês J. Daniélou – duas funções: louvar a Trindade Santíssima e guardar e defender tudo o que é de Deus. Somos de Deus e os anjos cuidam de nós.

Pe. Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta

Facebook
Twitter
LinkedIn

Biblioteca Presbíteros