Homilia do Padre André Buchmann – XVIII Domingo do Tempo Comum – Ano B

Ser como Cristo!

Homilia – 05.VIII.018.
XVIII. Domingo do Tempo Ordinário
“…estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos” (Jo 6,26).

Idéias principais: O Sacerdote é outro Cristo. Qual deve ser o Modelo para o Padre? O Sacerdote deve ser um profeta.

I. O Sacerdote é outro Cristo

Todos somos outros Cristos, pois no nosso Batismo fomos configurados à Pessoa do Salvador que é Sacerdote, Profeta e Rei. Portanto, todos formamos um povo sacerdotal, profético e régio. Somos todos Sacerdotes, Profetas e Reis, pelo primeiro Sacramento que recebemos, ou seja, o Batismo. E foi o próprio Cristo quem instituiu este Sacramento de Salvação, fazendo-Se batizar por João no Jordão.
Mas ele quis que alguns estivessem ainda mais configurados Consigo pelo Sacerdócio Ministerial.
Todos somos configurados, identificados com Cristo pelo Sacerdócio Comum dado no Batismo. Os Sacerdotes, pelo Sacramento da Ordem, recebem o Sacerdócio Ministerial e agem em Nome e na Pessoa do Cristo Cabeça da Igreja.
O Sacerdote é configurado a Cristo Cabeça da Igreja sacramentalmente e isso não se discute. Mas ele não deixa de estar no meio do mundo. E o mundo pode influenciá-lo com coisas muito boas e, ainda, com coisas muito ruins.
O Padre deve ser para o mundo fermento, sal e luz. Deve estar no mundo sem ser mundano.
O Padre mundano pode até ter certa importância, atrair multidões, ser aplaudido, porém, qual é o conteúdo que deixa? Qual é o bom odor de Cristo que impregna nas pessoas?
Assim como Cristo se destacou pela Sua bondade, pela Sua altíssima caridade, mas também pela Sua grande capacidade de dizer a verdade, o Sacerdote deve ser aquele que se destaca pelo serviço ao Povo de Deus.
O Padre deve ser aquele que está sempre pronto a ouvir, a atender confissões, a aconselhar. Não deve demonstrar o tempo todo que está com pressa, que está correndo, que sempre tem o que fazer, pois deste modo as pessoas começam a pensar que o incomodam, uma vez que tem sua agenda sempre tão apertada.
O Sacerdote, como o Cristo, deve ser alegre e acolhedor. Cristo estava sempre rodeado de crianças, adultos, pobres, ricos, doentes, sadios, enfim era aberto a todos. O Padre, tendo Cristo por Mestre e Senhor, deve acolher a todos. Por mais que tenha facilidade em tratar determinadas categorias de pessoas deve ter na consciência que todos precisam dele: os pobres, mas também os ricos, os cultos, os ignorantes, o homens e as mulheres, as crianças, também os jovens e os idosos, enfim, todos.
O Padre, especialmente hoje em dia, tem de ter a moderação e a prudência de saber descansar para servir bem. Padre não é super-herói, não é máquina. Tem de saber parar, rezar, dizer não, tem de ter horários.
A ópera “Il Barbiere di Siviglia” conta a vida de um barbeiro chamado Figaro que em seu próprio dizer era o “factótum della città”. “Figaro qua, Figaro là, Figado su, Figaro giù”, todos já cantarolamos este trecho. Num desabafo extremo, misturado com certa vaidade, Figaro canta: “Uno alla volta, uno alla volta, per carità”: um de cada vez, por caridade!
Os barbeiros, antigamente, eram uma espécie de factótum: cortavam cabelo, faziam barba, mas também perucas, além de arrancar dentes, fazer sangrias, receitar remédios e tantas outras coisas.
O Padre não pode e nem deve ser um barbeiro ao estilo antigo: um faz tudo. Claro que tem de colocar os seus dons a serviço, mas o seu primordial serviço à humanidade é ser outro Cristo, imagem de Cristo.
Os Sacerdotes estamos neste mundo não para sermos cantores, artistas, comerciantes, assistentes sociais, políticos, e sim Padres com P maiúsculo.

II. Qual deve ser o Modelo para o Sacerdote?

Se o Modelo para o Padre é Cristo, então ele está no caminho certo!
Não desprezando ninguém, ele deve ter por Modelo dos Modelos o Cristo. Para todos os cristãos deve ser assim, mas para o Padre mais ainda.
Para tanto, ele deve estar muito familiarizado com o Cristo pela leitura diária e atenta do Evangelho. Se não conhecer a vida de Cristo, como poderá amá-Lo e tê-Lo como Modelo?
A conversação do Padre deve sempre girar em torno de Cristo: ora falando sobre Ele, ora falando como Ele.
O centro da vida do Padre não deve ser ele mesmo, mas o Cristo.
Hoje os fiéis estão se identificando com certas atividades que alguns Sacerdotes desempenham, e passam a criticar os que não exercem estes mesmos afazeres. O Padre, em primeiro lugar, deve ser Padre e não artista de televisão. Deve ser Padre e parecer Padre e não um homem de fama cinematográfica. O Padre pode ser santo, mesmo se for desafinado. Não há necessidade de ser cantor.
Claro que deve inserir-se em todos os meios que possibilitem a mensagem de Cristo chegar mais longe: televisão, rádio, internet, mas sempre como Padre e nunca como um boyzinho, um galã ou outra maneira de ser alheia ao Sacerdócio Ministerial.

III. O Sacerdote deve ser um Profeta.

É comum também, atualmente, as pessoas se aproximarem do Sacerdote na medida em que ele oferece vantagens. Enquanto o Sacerdote elogiar, agradar, visitar a família, aceitar convites para almoço ele é um Santo. Entretanto, à primeira vez que der um conselho, que sugerir a mudança de um defeito, passará – no conceito da pessoa – de um santo a um demônio.
O Padre não pode ter medo de ser um Profeta. Logicamente não precisa ser azedo. Tem de ter a prudência e a psicologia de saber elogiar as qualidades antes de sugerir as mudanças, mas também tem de ter a coragem de falar a verdade, mesmo quando a conseqüência seja desagradar.
Não foi isso que Jesus fez e que vemos no Evangelho de hoje?: “…estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos” (Jo 6,26).
Que os Padres falem mais do Céu, das virtudes, dos Sacramentos, das verdades da fé, da castidade, da prática religiosa, da educação cristã das crianças, que defendam o Matrimônio indissolúvel e que sejam Jesus Cristo em sua conduta.
Que os cristãos vejam no Padre o Cristo e não somente alguém que possa oferecer-lhes uma vantagem. E que colaborem, com seu testemunho, a fim de que o Padre seja santo.
Maria Santíssima, Mãe dos Sacerdotes, olhe pelos Padres do mundo inteiro, sobretudo os que se encontram em dificuldades.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Pe. André Luís Buchmann de Andrade

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