Homilia do Padre Françoá Costa – XVI Domingo do Tempo Comum |Ano A

Domingo 16º do Tempo Comum, 23/07/2023

Sb 12,13.16-19; Sl 85; Rm 8,26-27; Mt 13,24-43

  • Palavra e anti-palavras

            Se bem é verdade que Jesus interprete o campo no qual se semeia a semente como sendo o mundo (Mt 13,38), também é verdade que ele deixa claro que a semente é a Palavra de Deus e que o campo é o coração do homem (Mt 13,18-19), este pequeno mundo que cada um de nós é. Nesta nova parábola, Jesus continua a comparar o coração do homem com o campo no qual é semeado não somente a Palavra de Deus mas também o joio das péssimas doutrinas. Assim como Jesus é o semeador da Palavra, o diabo é semeador dos erros perversos. O coração do homem já estava cheio de coisas boas por causa da criação de Deus, porém cheio de coisas más por causa dos seus próprios pecados; desde o ponto de vista sobrenatural, o mesmo coração está cheio da Palavra de Deus semeada lá por Jesus Cristo no sacramento do batismo, porém povoado de coisas ruins como fruto das consequências do pecado original e das feridas dos pecados pessoais.

            Como Jesus Cristo aconselha, uma vez que o mal já foi semeado, o melhor é deixar que tudo vá crescendo junto até que se possa distinguir uma coisa da outra. É o que fazemos com as crianças: elas fazem pequenas maldades com muita frequência, mas não são conscientes; por isso somos muito tolerantes com elas. Quando a criança, porém, atinge a idade da razão, fazemos de tudo para que deixe os seus maus pensamentos, pela boa educação, e pare de realizar maldades, tendo em conta a graça de Deus e sua luta pessoal. Cada um de nós espera que, finalmente, pelo menos até chegarmos ao final do nosso processo de maturidade humana e cristã, possamos ter o trigo de Deus em nós de maneira clara e distinta, a tal ponto que estejamos tão assemelhados a este trigo, que é a Palavra de Deus, que possamos ser colhidos com ele. O Pai eterno quer o seu Filho, que é a Palavra de Deus semeada no mundo, junto a si; por isso, nós, os cristãos que nos identificamos com o Verbo encarnado, que é Jesus Cristo feito homem, vamos com Jesus Cristo, ao encontro do Pai.

            Uma última observação: os ceifeiros são os anjos (Mt 13,39): eles nos recolherão no celeiro de Deus (Mt 13,30). Desta feita, aconselho que todos tenham amizade com os santos Anjos, maxime com o seu Anjo da Guarda. Eles preservam a boa doutrina em nossos corações e recolhem o trigo para Deus; ao recolhê-lo também recolhem-nos para o Pai. Não à toa, São Miguel Arcanjo protege a Igreja na sua missão de, em Jesus Cristo, semear a Palavra de Deus pelo mundo.

Pe. Françoá Costa

Instagram: @padrefcosta

Facebook
Twitter
LinkedIn

Biblioteca Presbíteros