Na Oitava do Natal, primeiro dia de janeiro, a Igreja celebra a Virgem Maria chamando-a de “Mãe de Deus”. Este título é antiquíssimo. Com toda certeza, já no século III, os cristãos designavam assim a Toda Santa Virgem Maria.
Proclamar que a Virgem é Mãe de Deus é asseverar que realmente em Jesus há uma só pessoa divina, a segunda da Santíssima Trindade que, no ventre de Maria, assumiu realmente a nossa natureza humana. Este título foi confirmado oficialmente pelo Concílio de Éfeso, em 431, que combateu a heresia de Nestório. Este afirmava que Nossa Senhora seria somente Mãe do homem Jesus, como se no nosso Salvador houvesse duas pessoas, uma humana e outra divina! Mas, não! Em Jesus há um só eu, uma só pessoa, um só sujeito: o Filho eterno do eterno Pai. Ele, sendo de natureza divina, assumiu também a natureza humana, de modo que no ventre da Virgem, Deus-Filho humanizou-se realmente, assumindo o que é humano para salvar o humano!
Eis a fé do Concílio, expressa nestas palavras: “Confessamos que Nosso Senhor Jesus Cristo é Filho Unigênito de Deus, perfeito Deus e perfeito homem, com alma racional e corpo, nascido do Pai antes de todos os séculos, segundo a divindade e, nos últimos tempos, por nós e para a nossa salvação, nascido de Maria Virgem segundo a humanidade; consubstancial ao Pai segundo a divindade e consubstancial a nós segundo a humanidade: assim foi feita a união das duas naturezas. Por isso, confessamos um só Cristo, um só Filho, um só Senhor. Segundo esta união sem confusão, confessamos que a Santa Virgem é Mãe de Deus porque Deus-Verbo se encarnou e se fez homem, e uniu a si, desde o instante de sua concepção, o templo que dela havia tomado”.
A Virgem Santíssima é, pois, verdadeiramente Mãe de Deus-Filho feito homem. São João afirma que aquele que não confessa que Jesus, o Filho, veio realmente numa carne humana, é o anticristo (cf. 1Jo 4,3). A Virgem Maria, logicamente, assume o papel de adversária do anticristo, porque, como Mãe de Deus, exprime da maneira mais clara possível a verdade da Encarnação do Filho de Deus!
Com nossos irmãos orientais, cantamos com alegria: “Verdadeiramente é digno bendizer-te, ó Mãe de Deus! Bem-aventurada, imaculada para sempre, Mãe do nosso Deus! Mais venerável que os Querubins e incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins! Tu, que conservando tua integridade, deste à luz o Verbo de Deus! Tu és na verdade Mãe de Deus! Nós te glorificamos!”
Esta é a fé verdadeira. Quem dela se afasta, afasta-se da verdade de Cristo, sempre presente na sua Igreja pela garantia do Santo Espírito (cf. Mt 16,18; Jo 14,25s; 16,12-14; 1Tm 3,15).
Que os dias de nossa vida sejam abençoados pelas preces da Toda Santa Sempre Virgem Mãe de Deus!
Dom Henrique Soares da Costa