Que Jesus trouxe ao mundo!?
Estamos próximos ao Natal e muitos cristãos estão afogados nas preocupações com presentes e festas. O pior é que parece que tem que ser assim, afinal, não podemos parecer estranhos! Porém, junto dos legítimos desejos de boas festas e presentes, corremos a grave tentação de esquecermos o significado e o sentido da festa.
Fiquemos atentos, vigilantes! Que em nome da festa, dos presentes e da reunião com a família e os amigos não esqueçamos qual deveria ser o principal motivo: um Menino foi-nos dado, e Ele é Deus e Salvador, única esperança para cada um de nós, razão da alegria de viver. A tentação forte é esquecer Jesus.
Que Jesus nos trouxe? Deus se fez homem, veio ao mundo para nos salvar! Para muitos, Jesus não é importante, no Natal, porque não trouxe a festa, pois nós a preparamos; e não trouxe os presentes, pois isso é com o Papai Noel e com o décimo terceiro salário. Ele nos trouxe Deus: agora conhecemos o seu rosto, agora podemos chamar por Ele. Agora conhecemos o caminho que devemos percorrer neste mundo. Jesus trouxe assim a verdade sobre o nosso fim e a nossa origem. Parece pouco para nós, por isso não nos maravilhamos com o Menino que nasce em Belém. Preferimos maravilhar-nos com os presentes e as festas. Mas, no Natal, é Deus que vem a nós como um dom gratuito, um presente que não poderíamos esperar e nem ao menos imaginar.
No Quarto Domingo do Advento, entra em cena Maria. Seu Filho é o Deus conosco e já se faz presente, ainda de modo velado; mas, real, no seio da Virgem, que concebeu, por obra do Espírito Santo (Mt 1, 18 – 24). São José é apresentado como “homem justo” (Mt 1,19), fiel à lei de Deus, disponível a cumprir a sua vontade. Por isso, entra no Mistério da Encarnação, depois que um Anjo do Senhor, aparecendo-lhe em sonho, anuncia-lhe: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 20-21). Tendo abandonado o pensamento de repudiar Maria em segredo, José a toma consigo, porque agora os seus olhos veem nela a obra de Deus.
Santo Ambrósio comenta que “em José se verificaram a amabilidade e a figura do justo, para tornar mais digna a sua qualidade de testemunha. Ele não teria podido contaminar o templo do Espírito Santo, a Mãe do Senhor, o seio fecundado pelo Mistério”. Mesmo que se tenha sentido perturbado, José age “como lhe tinha ordenado o Anjo do Senhor”, na certeza de fazer o que é justo. Também, dando o nome de “Jesus” Àquele Menino que rege todo o Universo, ele se coloca na esteira dos servos humildes e fiéis, semelhante aos anjos e aos profetas, semelhante aos mártires e aos apóstolos – como cantam antigos hinos orientais. São José anuncia os prodígios do Senhor, testemunhando a Virgindade de Maria, a ação gratuita de Deus, e guardando a vida terrena do Messias. Veneremos, portanto, o Pai legal de Jesus (cf. Catecismo da Igreja Católica, 5320), porque, nele se delineia o homem novo, que olha com confiança e coragem para o futuro, não segue o próprio projeto, mas confia-se totalmente à misericórdia infinita d’Aquele que realiza as profecias e inaugura o tempo da salvação.
Ao descrever a genealogia de Jesus, Mateus demonstra que é verdadeiro homem, filho de Davi, filho de Abraão; ao narrar o Seu nascimento de Maria Virgem, que foi mãe por virtude do Espírito Santo, afirma que é verdadeiro Deus; e, finalmente, ao citar o profeta Isaias, declara que Ele é o Salvador prometido pelos profetas, o Emanuel, o Deus conosco.
Nossa Senhora fomenta, na alma, a alegria, porque, quando procuramos a sua intimidade, leva-nos a Cristo. Ela é Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada, todas as gerações (Lc 1,48).
Dentro de poucos dias, veremos Jesus reclinado, numa manjedoura, o que é uma prova da misericórdia e do amor de Deus. Poderemos dizer: “Nesta noite de Natal, tudo para dentro de mim. Estar diante dEle; não há nada mais do que Ele, na branca imensidão. Não diz nada, mas está aí… Ele é o Deus, amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-lO? Como perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam poucos dias para que vejamos, no presépio, Aquele que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou estar próximo e, depois, mostrou presente entre os homens.
A espera jubilosa, característica dos dias que precedem o Santo Natal, é, certamente, a atitude fundamental do cristão, que deseja viver, fecundamente, o renovado encontro com Aquele que vem habitar no meio de nós: Jesus Cristo, o Filho de Deus que se fez homem. Voltemos a encontrar esta disposição do coração, fazendo-a nossa, naqueles que foram os primeiros a receber a vinda do Messias: Zacarias e Isabel, os pastores, o povo simples, e, especialmente, Maria e José, que sentiram, pessoalmente, a trepidação, mas, sobretudo, a alegria pelo Mistério deste Nascimento.
Desde o presépio de Belém, até o momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo proclama uma mensagem de esperança. Ele é a garantia plena de que alcançaremos os bens prometidos. Olhamos para a gruta de Belém, “em vigilante espera”, e compreendemos que somente com Ele poderemos aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
“Eis que vem o Senhor todo poderoso: será chamado Emanuel, Deus-conosco”. Nestes dias, repetimos, frequentemente, estas palavras. No tempo da liturgia, que volta a atualizar o Mistério, já está às portas, Aquele que vem nos salvar do pecado e da morte, Aquele que, depois da desobediência de Adão e Eva, reabraça-nos e abre-nos, de par em par, a entrada para a vida verdadeira. Explica-o Santo Irineu, no seu tratado “Contra as Heresias”, quando afirma: “O próprio Filho de Deus assumiu “uma carne semelhante à do pecado” (Rm 8, 3) para condenar o pecado e, depois de o ter condenado, para excluí-lo completamente do gênero humano. Chamou o homem à semelhança consigo mesmo, tornou-o imitador de Deus, iniciou-o no caminho indicado pelo Pai, para que pudesse ver Deus e conferiu-lhe como dom o próprio Pai” (lll, 20, 2-3).
Nas festas que celebramos, por ocasião do Natal, lutemos com todas as nossas forças, agora e sempre, contra o desânimo na vida espiritual, o consumismo exagerado, e a preocupação, quase exclusiva, pelos bens materiais. Na medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a alternativa que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já conhecemos; isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para nós se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste, em boa parte, em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em seu seio.
Na noite do mundo, deixemo-nos surpreender e iluminar, de novo, por este gesto de Deus, que é totalmente inesperado: Deus faz-se Menino. Deixemo-nos surpreender, iluminar pela Estrela que inundou o Universo de alegria. Chegando a nós, que o Menino Jesus não nos encontre despreparados, comprometidos só em tornar mais bonita a realidade exterior. A atenção que prestamos para tornar mais resplandecentes as nossas ruas e as nossas casas, nos leve, ainda mais, a predispor o nosso espírito para encontrar Aquele que virá visitar-nos, que é a verdadeira beleza e a verdadeira luz. Portanto, purifiquemos a nossa consciência e a nossa vida daquilo que é contrário a esta vinda: pensamentos, palavras, atitudes e gestos, impelindo-nos a fazer o bem e a contribuir para realizar neste nosso mundo a paz e a justiça para cada homem e, assim, ir ao encontro do Senhor.
Sinal característico do tempo de Natal é o presépio que é expressão da nossa expectativa, que Deus se aproxima de nós, que Jesus se aproxima de nós, mas é também expressão de ação de graças Àquele que decidiu compartilhar a nossa condição humana, na pobreza e na simplicidade. Que os corações das crianças e dos adultos possam ainda surpreender-se diante do Presépio!
A devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos destinados. Maria é, verdadeiramente, “porto dos que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de Ligório). Nestes dias, que precedem o Natal e sempre, peçamos-Lhe a graça de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o Messias, anunciado pelos Profetas. “Ela precede com a sua luz o Povo de Deus peregrinante, como sinal de esperança certa e de consolo, até que chegue o dia do Senhor (2Pd 3, 10)”.
Hoje, bem próximos do Natal de Jesus, ainda temos tempo de preparar o nascimento do Senhor. Que pena se deixarmos, novamente, Jesus passar, por termos medo de complicações, medo de sermos mais santos, de nos confessarmos, de mudar de vida, de parar de aceitar os defeitos e pecados como normais e imutáveis. Que pena se deixarmos Jesus passar por estarmos muito preocupados com os presentes, a festa, os problemas ou o ano novo.
Estamos celebrando o quarto domingo do Advento, enquanto se fazem os preparativos para a festa de Natal. Talvez, até agora, tenhamos pensado em muitas coisas, mas será que já preparamos o lugar para acolher José e Maria? Será que já nos preocupamos com o lugar do nascimento de Jesus? O Senhor, hoje, quer nascer, no nosso coração, na nossa alma, na nossa vida. Peçamos a ajuda de Maria e de José.
Que a Virgem Maria e São José nos ajudem a viver o Mistério do Natal com renovada gratidão ao Senhor. No meio das atividades frenéticas dos nossos dias, este tempo conceda-nos um pouco de calma e de alegria, e faça-nos ver, diretamente, a bondade do nosso Deus, que se faz Menino para nos salvar e dar renovada coragem e nova luz ao nosso caminho. Estes são os votos de um Santo e Feliz Natal para todos os que estão lendo este texto e para os seus familiares!

