Homilia do Dom Henrique Soares da Costa – Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus – Ano C

Caríssimos em Cristo!

Certamente, o pensamento mais presente neste hoje, é o do início de mais um ano, que é sempre, para nós, cristãos, Ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo; mais um ano entre a primeira e a segunda Vinda do Senhor nosso Salvador. Precisamente, por este motivo, a primeira leitura da Missa invocou a bênção e a paz sobre nós: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a Sua Face e Se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o Seu Rosto e te dê a paz!” Três vezes foi pronunciado o Nome do Senhor! Começamos bem o ano, este Novo Ano! Mas, nunca esqueçamos quem é este Senhor: é o Menino que nos nasceu, o Filho que nos foi dado e que, precisamente, hoje, oito dias após o Seu admirável nascimento, recebeu o nome de Jesus, que significa Deus salva! Eis: em Jesus, Deus nos salva com a verdadeira paz, paz que brota da comunhão com o Senhor! Que Ele inunde, com Sua doce paz, os dias deste Novo Ano! Mas, hoje, é também a Oitava do Santo Natal, dia no qual a Igreja volta-se para a Virgem que gerou em seu seio e deu à luz o verdadeiro Deus, feito homem. Chegou a plenitude dos tempos e “Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher”, aquela mesma que os pastores encontraram velando o “Recém-nascido, deitado na manjedoura”. Somos gratos à Virgem Santa e, contemplando o seu filhinho, reconhecemos Nele o Deus perfeito e a proclamamos verdadeiramente Mãe de Deus: “Salve, ó Santa Mãe de Deus! Vós destes à luz o Rei que governa o Céu e a terra pelos séculos eternos!’ – assim canta a Igreja hoje, saudando a Toda Santa Virgem Maria. Como exclamava São Gregório Nazianzeno, grande Bispo e doutor da Igreja, no século IV: “Nós proclamamos, em sentido absoluto, que a Santa Virgem é, própria e verdadeiramente, Mãe de Deus”. Nossos irmãos orientais, de rito bizantino, no Natal, cantam assim: “Ó Cristo, que podemos oferecer-vos como dom por vos terdes manifestado sobre a terra na nossa humanidade? Com efeito, cada uma das Vossas criaturas exprime a sua ação de graças, e a Vós traz: os Anjos, o seu cântico; o Céu, uma estrela; os Magos, os seus dons; os Pastores, a admiração; a terra, uma gruta; o deserto, uma manjedoura; e nós, uma Virgem Mãe!” Eis, pois, caríssimos irmãos, nosso presente ao Salvador: a mais bela flor de nossa raça, a mais bendita entre as mulheres, o mais belo membro da Igreja, a Virgem Maria! Comprometamo-nos, então, a viver os dias do Novo Ano, com as mesmas atitudes de Nossa Senhora! Primeiro, uma atitude de fé: ela escutou a Palavra, ela creu de todo o coração. Foi mulher totalmente aberta ao seu Senhor. Que neste tempo novo que, hoje inicia, saibamos, também nós, viver de fé; mesmo quando tudo parecer escuro, mesmo nos dias difíceis, mesmo nos momentos de pranto e nossa inteligência não conseguir compreender nem nossa vista conseguir enxergar os passos do Senhor. Em segundo lugar, uma atitude de disponibilidade à missão. Nossa Senhora não se furtou ao convite do Senhor, não se acomodou numa vida centrada nos seus próprios interesses: fez-se serva, fez-se disponível, fez-se ministra do plano salvífico do Senhor em nosso favor. Do mesmo modo, saibamos nós discernir o que o Senhor nos vai pedir e, sem medo, sem mesquinho fechamento, digamos-Lhe “sim”, mesmo quando tal resposta for difícil e sofrida! Mas, tudo isso será impossível sem uma terceira atitude que devemos aprender da Mãe de Deus: aquela de escuta silenciosa e contemplativa. O Evangelho nos dá conta de que Maria “guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração!” Eis! A Virgem rezava, a Virgem pensava nos acontecimentos à luz de Deus, na presença silenciosa do Senhor, procurando entender o sentido profundo do que acontecia ao seu redor. Somente quem faz assim pode ver sempre Deus em todas as coisas e em todas as circunstâncias… Caríssimos, certamente, haveremos de sorrir e chorar nestes dias do Novo Ano. Que lágrimas e sorrisos, vitórias e derrotas, abraços e separações, sejam vividos na luz do Senhor, do Menino que brilhou como Luz nas nossas trevas e que, Nele, encontremos sempre a Paz. Para tanto, em cada dia deste Novo pedaço de tempo a que chamamos ano, valha-nos as preces da Toda Santa Mãe de Deus! Amém 

Dom Henrique Soares da Costa

 

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