O Simpósio do Clero de Portugal, as iniciativas regionais e locais e o encontro de Bento XVI com o clero, durante a visita a Portugal, marcam a história do Ano Sacerdotal, que termina na próxima Sexta-feira, dia 11 de Junho.
Para D. António Francisco dos Santos, que acolheu a convocação do Ano Sacerdotal “com surpresa”, a mensagem que o Papa dirigiu aos padres de Portugal, na tarde do dia 12 de Maio, em Fátima, sintetiza as conclusões e os desafios que emergem de um ano Pastoral centrado na figura do padre.
Em entrevista ao Programa ECCLESIA, o Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios aponta como primeiro desafio deixado pelo Papa Bento XVI o da fidelidade e da lealdade.
Uma mensagem “necessária, oportuna e permanente” é como classifica D. António Francisco dos Santos o convite do Papa.
“O Santo Padre foi ao encontro da vida real de cada um de nós sacerdotes, deixando-nos um apelo a que não nos deixemos vencer pela rotina e pelo desânimo, mas que vivamos o fascínio de uma vida dada e renovada diariamente como no dia da nossa ordenação”, afirma.
Padres não são gestores
O Papa pediu também aos sacerdotes que não se dispersem por actividades que “não são consentâneas” com o essencial do ministério sacerdotal.
“É muito oportuno fazê-lo para que a vida dos sacerdotes não se disperse e não se perturbe com actividades que devem ser assumidas pelos leigos e que podem ser realizadas com muita eficiência e competência pelos leigos, libertando os sacerdotes para o essencial do seu ministério e da sua missão”, indica o Bispo de Aveiro.
Exemplos disso são, para D. António Francisco dos Santos, actividades de gestão de centros sociais: “Nós temos conselhos económicos, conselhos diocesanos de pastoral que assumem tantas actividades e que estão despertos, acolhedores, atentos e disponíveis para essa missão e muitas vezes, pelo hábito e pela tradição com que sempre realizamos esse trabalho, continuamos a assumi-lo como se fosse imprescindível ser realizado pelos sacerdotes. E não é!”
Neste momento temos de ser corajosos e lúcidos e determinados a procurar centrarmo-nos no essencial”. O Sacerdote precisa de estar disponível para o acompanhamento espiritual, para o que é essencial da sua missão”.
Para o Bispo de Aveiro, os padres devem “compreender que os leigos têm espaços que ainda não ocuparam na Igreja e que é necessário que o assumam. E rapidamente!”
“O sacerdote tem de ter tempo privilegiado para a oração, para o acompanhamento espiritual, para celebrar os sacramentos, para caminhar com o povo de Deus”.
D. António Francisco dos Santos aponta como prioridade no planeamento da vida dos sacerdotes não estarem tão ocupados e tão dispersos com actividades que outros membros da comunidade em que o padre está inserido podem assumir ”por inteiro e com eficiência”.
Concretizar intuições
O Ano Sacerdotal “serviu para pôr em prática muitas intuições pastorais que íamos tendo ao longo do tempo”.
Aos analisar um Ano – que D. António Francisco dos Santos diz não ter o direito de avaliar, mas de agradecer – o Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios assume que a realização deste projecto proposto pelo Papa constituiu uma oportunidade de encontro, de reflexão e de valorização da vocação sacerdotal.
A necessidade de realizar trabalho em rede, em equipa entre os sacerdotes é uma das intuições que sai reforçada com o Ano Sacerdotal, confirmada pelas mensagens dirigidas aos sacerdotes por Bento XVI, em Fátima.
“Têm de surgir iniciativas em equipa sacerdotal”. Para D. António Francisco dos Santos, esse é “o caminho do futuro da Igreja”. “Temos decididamente de dar passos nesse sentido”.
“É necessário que cada sacerdote sinta no outro sacerdote um irmão. Nós sabemo-lo, sentimo-lo, mas é necessário vivê-lo na proximidade, no tempo que lhes damos, na disponibilidade e na partilha”, refere o Bispo de Aveiro.
“O Santo Padre apontou-nos caminhos que é urgente que saibamos percorrer”, acrescenta.
A formação contínua está também entre os desafios propostos pelo Papa e sentidos ao longo do Ano Sacerdotal.
As iniciativas levadas a cabo contribuíram, segundo D. António Francisco dos Santos, para “fazer sentir que os sacerdotes, para lá o tempo do seminário, precisam de uma formação permanente, que faz uma formação contínua”.
Iniciativas nacionais e sobretudo as locais proporcionaram uma mobilização do “povo sacerdotal, que é toda a Igreja, para uma oração mais intensa pelos sacerdotes e também para suscitar novas vocações”.
A realização do Ano Sacerdotal foi também um contributo para que, diante da decisão vocacional, seja colocada em consideração também a opção sacerdotal. Para D. António Francisco dos Santos, não estão em causa mudanças no perfil do sacerdote, que refere a entrega total, a disponibilidade permanente e a doação de vida como as características que identificam o ser padre hoje.
O Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios considera o Ano Sacerdotal “uma bênção”. “Constituiu uma oportunidade da descoberta e da beleza da vocação sacerdotal”, refere.
“Agradeço ao Santo Padre Bento XVI este projecto que nos deu”. Esse sinal será expresso pela sua presença, em Roma, no Encontro Mundial de Sacerdotes, que assinala o encerramento do Ano Sacerdotal.
Fonte: Agência Ecclesia