Roteiro Homilético – XV Domingo do Tempo Comum – Ano A

RITOS INICIAIS

Salmo 16, 15

ANTÍFONA DE ENTRADA: Eu venho, Senhor, à vossa presença: ficarei saciado ao contemplar a vossa glória.

Introdução ao espírito da Celebração

O domingo é o dia do Senhor. Não podemos deixá-lo profanar. Sabemos como ele está a ser absorvido pela prática do desporto e por outros incentivos à distracção. Tais factos criam o perigo de desviar da participação na Eucaristia.

Para que a Missa seja vivida e devidamente participada é preciso tomar consciência da sua importância na nossa vida cristã.

A liturgia deste domingo permite-nos perceber o valor, bem como os frutos da Palavra de Deus. Reflectindo sobre este tema, devíamos encontrar maneira de tornar mais viva e mais rica em frutos a liturgia da Palavra que celebramos todos os domingos.

ORAÇÃO COLECTA: Senhor nosso Deus, que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade para poderem voltar ao bom caminho, concedei a quantos se declaram cristãos que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome, sigam fielmente as exigências da sua fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: Este pequeno trecho lembra-nos que não é inútil anunciar a Palavra, mesmo que os efeitos se não vejam. A seu tempo dará fruto.

Isaías 55, 10-11

Eis o que diz o Senhor: 10«Assim como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer,11assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão».

Esta leitura, tirada do final do Segundo Isaías, foi escolhida em função do Evangelho de hoje (Mt 13, 1-23). Deus acaba de anunciar, através do profeta, todos os bens que tem preparados para os repatriados no seu regresso do exílio de Babilónia. A «palavra que sai da minha boca» (v. 11) é o anúncio do Profeta, como personificado; esta palavra não é uma mera palavra de ânimo, mas é dotada de eficácia e terá pleno cumprimento; para quem é o Todo-Poderoso, o dizer equivale ao fazer: Deus disse e tudo foi feito, como se lê no 1º capítulo do Génesis.

Salmo Responsorial

Sl 64 (65), 10abcd.10e-11.12-13.14 (R. Lc 8, 8)

Monição: Repetindo o pensamento da leitura proclamada, este salmo compraz-se em descrever a acção do Senhor na natureza através da água que dá vida à terra.

Refrão: A SEMENTE CAIU EM BOA TERRA E DEU MUITO FRUTO.

Visitastes a terra e a regastes,

enchendo-a de fertilidade.

As fontes do céu transbordam em água

e fazeis brotar o trigo.

Assim preparais a terra;

regais os seus sulcos e aplanais as leivas,

Vós a inundais de chuva

e abençoais as sementes.

Coroastes o ano com os vossos benefícios,

por onde passastes brotou a abundância.

Vicejam as pastagens do deserto

e os outeiros vestem-se de festa.

Os prados cobrem-se de rebanhos

e os vales enchem-se de trigo.

Tudo canta e grita de alegria.

Segunda Leitura

Monição: A liberdade é um dom de Deus, um direito que todos ciosamente guardamos. Mas há liberdade e liberdade. Só vale a liberdade dos filhos de Deus, fora com a liberdade que é sinónimo de libertinagem.

Romanos 8, 18-23

Irmãos: 18Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não tem comparação com a glória que se há-de manifestar em nós. 19Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. 20Elas estão sujeitas à vã situação do mundo, não por sua vontade, mas por vontade d’Aquele que as submeteu, com a esperança de que as mesmas criaturas 21sejam também libertadas da corrupção que escraviza, para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. 22Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. 23E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo.

Temos vindo nestes domingos a respigar alguns dos mais expressivos textos da epístola aos Romanos. Este é um dos textos de difícil interpretação, sobre a qual não há pleno acordo entre os exegetas.

19 «As criaturas esperam ansiosamente…» S. Paulo, lançando mão duma empolgante prosopopeia, associa o conjunto das criaturas irracionais à esperança e anelos do homem redimido por Cristo.

20 «Elas estão sujeitas à vã situação do mundo» (à letra, «à vaidade»). Esta situação vã do mundo é a obra da criação sujeita à destruição, podendo ver-se aqui uma alusão a Gn 3, 17, o rompimento da harmonia da criação como consequência do pecado do homem. Esta situação da criação deve-se «a quem a sujeitou», mas o original grego não explicita o sujeito (a tradução litúrgica traduziu por Deus); podemos pensar ou no mau uso que os homens fazem das criaturas, que o homem tem o poder de dominar (cf. Gn 1, 28-29), ou então em que Deus, após o pecado, dispôs a natureza de forma esta punir o homem pecador, a quem ela naturalmente devia servir (cf. Gn 3, 17-19). Em ambos os casos, temos a harmonia inicial da criação transtornada, devido ao pecado.

21 «As mesmas criaturas seriam também libertadas da corrupção que escraviza» (à letra, da escravidão da corrupção). A que libertação se refere o texto sagrado não se pode saber com certeza. Designará a glorificação dos corpos depois da ressurreição, a qual redundará em glória para toda a natureza irracional, uma vez que o homem «mikrokósmos», é uma síntese de todo o Universo? Ou aludirá a uma restauração física de todo o Universo, coisa que não parece estar na perspectiva paulina, mas que se poderia deduzir de Apoc 21, 1 e 2 Pe 3, 13, entendendo à letra estes textos simbólicos, pertencentes ao género apocalíptico? Pode tratar-se simplesmente da referência à libertação da maldição que o pecado trouxe às criaturas (cf. Gn 3, 17-19], sem se explicitar mais. Seja como for, podemos fazer uma leitura espiritual deste misterioso texto do modo seguinte: na medida em que os filhos de Deus santificarem o mundo, isto é, todas as realidades terrenas, ordenando-as segundo o espírito do Evangelho, nessa medida estão a libertá-las da escravidão do pecado, pois deixam de ser objecto do mau uso que delas faz o homem pecador; e, desta maneira, também elas participam da salvação: «para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus» (no original grego não há verbo nenhum), isto é, participam da «gloriosa liberdade dos filhos de Deus», à letra, «da liberdade da glória dos filhos de Deus», uma glória que liberta, em paralelismo com a «corrupção que escraviza», de que se fala no v. 21.

22-23 «Toda a criatura tem gemido e tem sofrido as dores da maternidade» O Apóstolo usa uma arrojada prosopopeia para apresentar toda a criação a suspirar juntamente com os cristãos, que já são filhos de Deus (v. 15), mas que esperam a plenitude desta filiação na vida eterna (cf. 1 Cor 13, 12; 1 Jo 3, 2).

Aclamação ao Evangelho

Rom 8, 18-23

Monição: A palavra do Senhor é espírito e vida. Se a soubermos acolher, ele produzirá em nós fruto de vida eterna.

ALELUIA

A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo.

Quem O encontra viverá eternamente.

Evangelho*

* O texto entre parêntesis pertence à forma longa e pode ser omitido.

Forma longa: São Mateus 13, 1-23 Forma breve: São Mateus 13, 1-9

1Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à beira-mar. 2Reuniu-se à sua volta tão grande multidão que teve de subir para um barco e sentar-Se, enquanto a multidão ficava na margem. 3Disse muitas coisas em parábolas, nestes termos: «Saiu o semeador a semear. 4Quando semeava, caíram algumas sementes ao longo do caminho: vieram as aves e comeram-nas. 5Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra, e logo nasceram porque a terra era pouco profunda; 6mas depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram, por não terem raiz. 7Outras caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e afogaram-nas. 8Outras caíram em boa terra e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um. 9Quem tem ouvidos, oiça».

[10Os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Porque lhes falas em parábolas?». 11Jesus respondeu-lhes: «Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não. 12Pois àquele que tem dar-se-á e terá em abundância; mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. 13É por isso que lhes falo em parábolas, porque vêem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender. 14Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz: ‘Ouvindo ouvireis, mas sem compreender; olhando olhareis, mas não vereis. 15Porque o coração deste povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para não acontecer que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos e compreendendo com o coração, se convertam e Eu os cure’. 16Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque vêem e os vossos ouvidos porque ouvem! 17Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram. 18Vós, portanto, escutai o que significa a parábola do semeador: 19Quando um homem ouve a palavra do reino e não a compreende, vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a semente ao longo do caminho. 20Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe de momento, 21mas não tem raiz em si mesmo, porque é inconstante, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbe logo. 22Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, que assim não dá fruto. 23E aquele que recebeu a palavra em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende. Esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um».]

O texto do Evangelho corresponde ao início do chamado discurso das parábolas, onde em São Mateus Jesus apresenta a natureza do Reino de Deus: «Falou-lhes de muitas coisas em parábolas». Como de costume, este evangelista deve ter agrupado aqui, neste capítulo 13, sete parábolas, com toda a probabilidade contadas por Jesus em diferentes ocasiões. Parábola é uma comparação prolongada; isto significa o próprio termo grego (parabolê). Distingue-se da fábula, pois é verosímil; é uma narração viva e atraente, tirada das coisas da natureza e da vida diária. Também é diferente da alegoria, pois esta está toda carregada de simbolismo e todos os seus elementos encerram algum significado especial, ao passo que a parábola, de mais simples interpretação, vai direita a uma ideia central que se quer inculcar, sem que os seus elementos secundários tenham, em geral, qualquer significado especial, sendo meros elementos de adorno. Em S. João, que não recorre a parábolas, temos a célebre alegoria da videira (Jo 15). Também há parábolas com elementos alegóricos, podendo mesmo este simbolismo ser captado apenas a partir da vida da Igreja (por ex., em Mt 25, 5, na parábola das 10 virgens, a demora do esposo passa a simbolizar a demora da parusía.parábola do semeador, que hoje temos, também nos aparece misturada de alegoria, pois não se limita a expor uma ideia central: a eficácia extraordinária e sobrenatural da sementeira divina, da acção de Deus no mundo, na Igreja e nas almas (100, 60, 30 por um). Nesta parábola cada um dos terrenos tem um significado simbólico particular, significado que é atribuído por Cristo na explicação posterior. Mas, ao fim e ao cabo, a parábola do semeador encerra uma exortação implícita a converter-se em boa terra para receber a Palavra de Deus e a confiar na sua eficácia.

10-13 «Porque lhes falas em parábolas?» Jesus, segundo os costumes orientais, não explicava imediatamente uma parábola e deixava que ela ficasse a bailar no espírito dos ouvintes como uma espécie de enigma (o maxal hebraico correspondia tanto à comparação, como a uma máxima, sentença sábia, alegoria, ou mesmo a um enigma ou adivinha). Assim despertava Jesus o interesse dos ouvintes: as almas rectas e amantes da verdade podiam depois procurar aprofundar o ensinamento; as pessoas superficiais, materialistas e desinteressadas da verdade, deixavam que tudo se lhes escapasse, por isso diz Jesus que «a eles não lhes é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus» (v. 11). «Àquele que tem dar-se-á…», aos que têm boas disposições, estas são-lhe aumentadas com as luzes da pregação de Jesus; ao passo que aos mal dispostos pelo mau uso da sua liberdade, até as luzes que tinham (particularmente as recebidas com a revelação do Antigo Testamento) acabam por perdê-las. A citação da «profecia de Isaías» contém um anúncio do endurecimento dos ouvintes da pregação profética, que é entendida como consequência e castigo da resistência à graça. Deus não quer este endurecimento do coração, mas permite-o, porque quer respeitar a liberdade humana; mas o homem tem a grave responsabilidade de ser fiel a Deus e de fazer frutificar os dons recebidos; «não fossem ver…, ouvir…, entender… e converter-se… e Eu os curasse» (v. 15) é uma linguagem para nós demasiado dura, por dar a entender que é Deus quem endurece o coração do pecador, mas, na linguagem bíblica, é frequente não distinguir o que Deus permite daquilo que Deus faz, atribuindo frequentemente a Deus, a Causa Primeira, aquilo que é fruto das causas segundas. «Se lhes falo em parábola, é porque vêem sem ver…» Em Mateus o ensino em parábolas aparece como um acto de condescendência de Jesus, como uma forma de tornar acessíveis os ensinamentos de Jesus sobre os elevados mistérios do Reino, mas que ficam incompreensíveis para as almas fechadas à luz da verdade.

Sugestões para a homilia

1. A Palavra de Deus é actuante e eficaz

A imagem da chuva, que descendo das nuvens, lá não regressa sem primeiro fecundar a terra, bem como a da semente que lançada à terra germina e dá fruto, são assaz expressivas.

A Palavra de Deus é acto de Deus. Sempre actual como o próprio Senhor; sempre em acção pois exprime o mistério do «Deus vivo». Sua nota característica é ser ela, «força de Deus para a salvação de todo aquele que crê» (Rom 1, 16). Ela é «palavra de salvação» (Act 13, 23); é palavra de vida (FM 2,16); é «palavra de graça» (Act 14,3). Nos Sacramentos e não só. A Palavra de Deus realiza aquilo que exprime. As «palavras que Eu vos disse são espírito e vida» (Jo 6, 63). Ela purifica e santifica.

Mas também condena a quantos recusam acolhê-la com humildade e sinceridade, a quantos não aceitam aquelas outras verdades que transcendem a natureza, a quantos se deixam levar pelo desespero frente ao mal no mundo (2.ª leit).

Palavra de bênção, ela será eficaz. Palavra de maldição, produz todos os seus efeitos. Em suma, ela não é só expressão dum pensamento, mas sinal da vontade de Deus, um apelo, uma ordem. E essa Palavra não se esgotou, nem secou, nem está cansada.

2. Acolher a Palavra de Deus

A Palavra de Deus é Alguém, é uma Pessoa, é o mesmo Deus, o Verbo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Vivendo entre nós pelo mistério da Incarnação, escondida no silêncio da vida oculta, a Palavra de Deus, qual boa semente, germinou para se tornar luz dos homens, os esclarecer e sustentar no caminho da vida presente.

Após o regresso do Verbo de Deus ao Pai, onde se encontra a Palavra de Deus de que temos tanta necessidade?

a) Na Bíblia. Todas as acções divinas nela consignadas são portadoras duma Palavra de Deus. Lida na fé que vê os acontecimentos como sinais da presença de Deus actuando junto do seu povo e lida na igreja, depositária da interpretação autêntica destes sinais, a Bíblia tornasse o lugar por excelência de encontro com a Palavrade Deus.

Sabemos que a mensagem bíblica se encontra formulada numa visão do universo que já não é a do mundo de hoje, do nosso mundo científico e técnico. Daí a necessidade de apresentar, defender e explicar as verdades da fé por meio de conceitos e termos mais compreensivos. Mas sem em nada mutilar a sua mensagem essencial, mesmo tratando-se de verdades que tem o seu lado duro e quase repugnante, v.g. os Novíssimos.

b) Na comunidade cristã. Esta proclama a Palavra de Deus para a contemplar, a aprofundar e dar-lhe uma resposta. «Quando vos reunis em Meu nome, Eu estou no meio de vós» (cf. Mt 18,20). Na celebração eucarística a Palavra de Deus é-nos comunicada de diversas maneiras. Nos salmos que cantamos, nas leituras tomadas dos profetas, dos apóstolos e doutros escritores sagrados e finalmente é o mesmo Jesus que nos instrui com o seu evangelho.

Quando Deus fala devemos escutar o que nos diz e aceitar quanto nos propõe. Mal vai quando não tratamos de endireitar os maus caminhos antes percorridos. Jesus compara tais pessoas com um campo rochoso onde a semente não chega a lançar raízes.

Recitando o Credo após a homilia aceitamos a palavra de Deus. A nossa vida dará testemunho da verdade desta aceitação.

c) Nos acontecimentos. Quer se trate da nossa vida pessoal, quer do que se passa no mundo tudo se encontra relacionado com a Palavra da Revelação. Fazendo parte da história sagrada que continua, tais acontecimentos são portadores da Palavra. É preciso porém saber lê-los: investigar a todo o momento os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho (G.S. Daí a importância da revisão de vida que outra coisa não é senão uma leitura bíblica dos acontecimentos.

3. É preciso evangelizar

A semente deve ser lançada à terra a mãos cheias. O lavrador fá-lo confiadamente mesmo sabendo de antemão que nem toda produzirá a 100% mas apenas a 60% ou 30% na linguagem da parábola.

Precisamos de nos deixar evangelizar para evangelizarmos. A evangelização passa sempre pelo anúncio, pela celebração e pelo testemunho. Evangelizar o mundo – da família, do ensino, do trabalho, dos lazeres, da comunicação social, das leis, da ciência e da técnica. Para ver estas realidades com outros olhos, os olhos da fé, na perspectiva dos valores cristãos.

Temos muito que esclarecer, que discernir e que converter. Hoje toma-se difícil escutar a palavra de Deus. Em oposição a esta multiplicam-se outras palavras, as palavras dos homens que põem a felicidade no ter e no prazer. E dá-se-lhe mais atenção que à Palavra de Deus. Vem um jornal, um político, vem um programa de TV, a dizer o contrário daquilo que Cristo revelou e a Igreja ensina e dão-lhe toda a autoridade.

É preciso evangelizar e, mais ainda, motivar as pessoas. Dar-lhes ideias claras sobre Deus, a vida, a graça, a religião, a liberdade, o casamento. E depois dar-lhes razões positivas das obrigações e das proibições que decorrem da aceitação das verdades da fé. S. Pedro di-lo doutra forma: estai sempre prontos para dar resposta a todo aquele que vos perguntar acerca da esperança que vos anima (1 Pet 3,15). Para que aquelas obrigações não sejam olhadas como algo enfadonho e sem interesse.

O preceito da missa dominical: é para honrar a Deus, para participar, em assembleia, no sacrifício redentor de Cristo. Rezar para quê? Para ganhar amizade com Deus que é Pai, para O ir conhecendo cada vez melhor. Porque não podes ver aquele filme? Porque pode pôr em perigo a tua pureza, porque te fará escravo do teu corpo.

É preciso evangelizar. Sem desânimo. É longa a conversão dos homens, distantes os seus resultados, mas também aqui, uns semeiam e outros colhem, Deus é que dá o incremento.

Vamos continuar, branquear a vida dos nossos pecados e confiar uns nos outros e no infinitamente Outro.

LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Olhai, Senhor, para os dons da vossa Igreja em oração e concedei aos fiéis que os vão receber a graça de crescerem na santidade. Por Nosso Senhor.

SANTO

 

Saudação da paz

Caiu dentro de nós a semente da Palavra de Deus, que é semente de amor, de paz
e reconciliação.

Deixemo-la frutificar dentro de nós, por uma intensificação da Caridade para com o próximo.

Saudai-vos na paz de Cristo!

Monição da Comunhão

Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim. Por isso já não é a nossa vida que vivemos, mas a de Cristo: vida de inocência, vida de castidade, vida de sinceridade e de todas as virtudes.

Salmo 83, 4-5

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: As aves do céu encontram abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos, junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus. Felizes os que moram em vossa casa e a toda a hora cantam os vossos louvores.

Ou

Jo 6, 57

Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Senhor, que nos alimentais à vossa mesa santa, humildemente Vos suplicamos: sempre que celebramos estes mistérios, aumentai em nós os frutos da salvação. Por Nosso Senhor.

RITOS FINAIS

Monição final

Participamos na Eucaristia. Precisamos agora de mostrar, na nossa vida, se somos campo bem preparado ou, pelo contrário, rocha dura e impenetrável aos apelos do Senhor. Reflecte a nossa vida o amor e a obediência que Jesus tinha ao eterno Pai, cumprindo aquelas advertências que Ele nos dá no seu Evangelho?

HOMILIAS FERIAIS

15ª SEMANA

2ª Feira, 14-VII: Aspectos da conversão interior.

Is 1, 10-17 / Mt 10, 34- 11, 1

Quem não toma a sua cruz, para me seguir, não é digno de mim.

O mais importante da vida de um cristão é o seguimento de Jesus. Mas este seguimento exige uma conversão interior, pois não basta oferecer qualquer sacrifício: «de que me servem os vossos inúmeros sacrifícios?» (Leit).

«A conversão interior realiza-se… pela revisão de vida, o exame de consciência, a direcção espiritual, a aceitação dos sofrimentos, a coragem de suportar a perseguição por amor da justiça. Tomar a sua cruz de todos os dias e seguir Jesus (cf. Ev) é o caminho mais seguro de penitência» (CIC, 1435).

3ª Feira, 15-VII: Graças de Deus e conversão.

Is 7, 1-9 / Mt 11, 20-24

Começou Jesus a censurar duramente as cidades em que se tinha realizado a maioria dos seus milagres, por não terem feito penitência.

Os habitantes destas cidades não corresponderam às graças recebidas de Deus (cf. Ev). Embora Jesus não tenha vindo para julgar, mas para salvar, é possível, no entanto, recusar as graças nesta vida, o que provoca o endurecimento do coração. No entanto, protege a cidade de Jerusalém dos ataques dos reis de Judá e da Síria (cf. Leit).

Precisamos pedir ao Senhor um coração novo: «Convertei-nos, Senhor, e seremos convertidos». Deus é quem nos dá a graça de começarmos de novo. E assim, os nossos corações voltarão de novo para Ele.

4ª Feira, 16-VII: Nossa Senhora do Carmo: Caminho de esperança.

Is 10, 5-7. 13-16 / Mt 11, 25-27

Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

É aos humildes que Deus se revela (cf. Ev). O homem, abandonado a si mesmo não consegue cumprir os planos de Deus e a sua vida fica sem esperança. Assim aconteceu com a Assíria, cujos habitantes não conseguiram entender os planos de Deus (cf. Leit). Somente Jesus nos apresenta novas dimensões, desconhecidas para nós.

Nossa Senhora do Carmo guia-nos para o futuro eterno, ajuda-nos a descobri-lo, dá-nos uma esperança. Neste caminhar terreno, cheio de fadigas, iluminados por Ela, conseguimos seguir um caminho seguro.

5ª Feira, 17-VII: Aprender e aproximar-se do Senhor.

Is 26, 7-9. 16-19 / Mt 11, 28-30

Tomai o meu jugo sobre vós e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração.

Jesus encarnou para ser o nosso modelo de santidade: «Aprendei de mim». De modo especial, chama a atenção para as virtudes da mansidão e da humildade, incluídas nas bem-aventuranças, que constituem um retrato de Cristo.

«Vinde a mim»: aproximemo-nos do Senhor, com toda a confiança, pois «o caminho do justo é recto, e plana é a senda que lhe preparais» (Leit). E quando sofrermos, recorramos imediatamente a Deus, como a mulher que está para ser mãe se contorce e grita com dores (cf. Leit).

6ª Feira, 18-VII: Senhor do Sábado, da vida e da morte.

Is 38, 1-6. 21-22. 7-8 / Mt 12, 1-8

Olha que os teus discípulos estão a fazer o que não é permitido ao sábado. (Jesus): É que o Filho do Homem é senhor do Sábado.

Jesus é Senhor do Sábado (cf. Ev). Mais tarde, seria substituído pelo Domingo, dia da sua Ressurreição. Ele quis que reservássemos um dia da semana para louvor e serviço de Deus. O Domingo é um bom dia para pedir perdão a Deus pelas culpas da semana e pedir graças e forças para a semana que começa.

Também é Senhor da vida e da morte. Ezequias tinha os dias de vida contados, mas chorou, recordou que tinha sido fiel e Deus resolveu acrescentar-lhe mais quinze anos de vida (cf. Leit).

Sábado, 19-VII: O espírito Santo, fruto da Cruz

Miq 2, 1-5 / Mt 12, 14-21

Eis o meu servo, a quem eu escolhi, o meu muito amado, enlevo da minha alma.

«Os traços do Messias são revelados sobretudo nos cânticos do servo (cf. Ev). Estes cânticos anunciam o sentido da paixão de Jesus, indicando assim a maneira como Ele derramará o Espírito Santo para dar a vida à multidão…Tomando sobre si a nossa morte, Ele pode comunicar-nos o seu próprio Espírito de vida» (CIC, 713).

Temos necessidade deste Espírito que nos comunica a vida, para podermos evitar aquelas coisas que «escravizam o homem e a sua morada» (Leit), e que conduzem à morte.

Celebração e Homilia:    ARMANDO B. MARQUES

Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:            NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:         DUARTE NUNO ROCHA

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