Homilia do Pe. Françoá da Costa – Domingo Solenidade da Sagrada Família | Ano C

História anti-família

Sagrada Família – C – Eclo 3,3-17; Sl 127; Cl 3,12-21; Lc 2,41-52

Há vários outros momentos da história anti-família natural, contudo bastam os abaixo mencionados para percebermos que, nós também, deveríamos ir a Jerusalém com Jesus, Maria e José (Lc 2,41-42). A nossa Jerusalém é a Igreja; a nossa companhia é a Sagrada Família. Nessa luta não estamos sós, mesmo quando parece que todos combatem a família, inclusive na Igreja, quando percebemos que também entre os ministros de Deus encontram-se alguns corrompidos por essas ideologias satânicas. Não é hora de desanimar, mas de desagravar, de ir ao Templo, de adorar, de dialogar com Jesus. Certamente, aqueles que podem entrar em algum ativismo contra essas malditas ideologias, façam-no e o quanto antes.

É urgente voltar a falar de família, pois uma estrutura como a casa de Jesus, Maria e José nos tempos atuais, como outrora, estariam perseguidos, porém por motivos diferentes. Nos tempos de Nosso Senhor quando aqui vivia em carne mortal queriam matá-lo, a ele mesmo; nos nossos tempos, querem matar a família como um todo. Quiçá nesse processo, há que mencionar, modernamente, Friedrich Engels (1820-1895) que escreveu, juntamente com Karl Marx (1818-1883), o livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”. O texto alemão, “Der ursprung der Familie, des Privateigentaums und des Staats”, publicou-se em 1884. A tradução da obra no Brasil apareceu em 1985. Como bem se sabe, Engels foi grande amigo e colaborador de Marx. Na obra que apontamos, Engels faz a interpretação materialista do desenvolvimento da civilização

A história da família, segundo Engels-Marx, passou pelas seguintes fases: em primeiro lugar, existia o matrimônio por grupos ou promiscuidade sexual. Tal matrimônio é uma forma superior segundo Engels, mas não podemos encontrar provas nem mesmo fósseis; esse tipo de matrimônios não exclui o incesto, que Engels chama invenção das mais valiosas. Segundo os pais do socialismo, o matrimônio grupal seria o matrimônio nas sociedades comunistas.

A “poligamia” seria o segundo momento da família, na qual o homem tem direito a várias mulheres e a mulher tem o dever de ser fiel ao seu marido; nesta sociedade, o adultério é, normalmente, castigado brutalmente. O terceiro momento seria a “família patriarcal”, na qual o clã como um todo é patrimônio do homem; desse tipo de família surge o “patrimônio” do homem e a opressão masculina para com as mulheres. A “monogamia” como quarto momento da família é um antagonismo e um progresso com relação ao poligamismo: como a mulher estava sendo oprimida por parte do homem, com o passar do tempo desenvolveu-se a monogamia na qual um homem se casa com uma mulher. Contudo, esse tipo de família gera todo o mundo das riquezas privadas e do capitalismo que existe às custas de repressões e dores de outros seres humanos, por exemplo dos escravos.

Com essa teoria, tudo está preparado para a luta de classes entre o proletariado e a burguesia. O feminismo vem a ser, portanto, uma invenção marxista, uma nova maneira de propor uma minoria – feminismo – que se junta a outras minorias para lutarem contra o que eles chamariam de direita, fascistas, conservadores etc. Quem ganha com isso? O próprio comunismo, ou seja, a revolução. Quem perde com tudo isso? A família e as estruturas da nossa sociedade fundadas na Lei Natural e na divina Revelação.

Cinco anos após o aparecimento da obra de Engels, publicou-se o livro do médico britânico Henri Havelock Ellis (1859-1939), “Inversão sexual” (1898). Na qual a pergunta era: o que é ser “normal” sexualmente falando? Para H. H. Ellis, as perversões provêm daquilo que nós chamamos “normalidade” sexual. Em seu livro dizia que “enquanto ignoramos os limites da sexualidade normal, não somos capazes de fixar regras razoáveis para a sexualidade”. Questiona, portanto, os padrões de normalidade e é, consequentemente, um dos patronos da ideologia de gênero. Impulsionou o ativismo gay e outros ativismos contraceptivos, ao inaugurar a abordagem da sexualidade deslocada do seu caráter reprodutivo.

Outra obra importante na lógica da mudança da sociedade foi a de Wilhelm Reich (1897-1957), um membro do partido comunista, que publicou, em 1933, sua “Análise do caráter”, na qual defendeu que a liberação sexual era o único caminho para existir saúde sexual. Nessa liberação sexual, particular atenção devem receber as crianças e os adolescentes, pois têm direito de envolverem-se em jogos sexuais os mais variados; além do mais, crianças e adolescentes devem ser protegidas do domínio de seus pais. Os adolescentes, em concreto, devem ter a oportunidade de satisfazerem suas necessidades sexuais sem qualquer controle. Sem a liberação sexual, sem o casamento e a família as reformas políticas não terão êxito. Com a liberação sexual, virá o aborto, o controle da natalidade e o fim da repressão ao homossexualismo.

Um biólogo e especialista em vespas, Alfred Charles Kinsey (1894-1956, USA), começou a trabalhar em temas de sexualidade humana com tal interesse que em 1948, publicava o primeiro Relatório Kinsey, “Sexual Behavior in the human male”, um trabalho estatístico sobre sexualidade humana. O segundo relatório, de 1953, “Sexual Behavior in the human female”. Ambos os relatórios queriam estabelecer uma crítica embasada, empiricamente, da validade das fronteiras estabelecidas entre normalidade e anormalidade sexual. Entre outras coisas, Kinsey categorizava a pedofilia como algo normal. Kinsey tornou-se assim um dos maiores ideólogos de gênero e da defesa da pedofilia. Ele mesmo se serviu da metodologia de abusos sexuais, cometidos de modo continuado com mais de 300 crianças menores de dois meses. Kinsey foi financiado pela Fundação Rockfeller e, infelizmente, até os nossos dias existe o Instituto Kinsey, uma autoridade em sexualidade humana e gênero.

Um dado, quiçá, ajude a entender melhor os relatórios Kinsey: ele era discípulo de Aleister Crowley (1875-1947), britânico, um satanista e adepto da magia sexual, que recomendava a seus seguidores que relatassem suas experiências sexuais, especialmente com crianças. Escreveu Crowley que “uma criança do sexo masculino de perfeita inocência e elevada inteligência é a vítima mais adequada e satisfatória”. Essa relação entre ocultismo e pedofilia é clara na Sociedade Teosófica que abrigava um sem número de práticas homossexuais e pedófilas. O que concluem se afirmamos que um dos seus discípulos foi precisamente… Kinsey? Chegados a esse ponto, é preciso dizer, categoricamente, que, Para Kinsey, todos os comportamentos sexuais considerados desviantes e anormais são, na verdade, normais. Segundo ele, o que é anormal é o comportamento heterossexual exclusivo, pois é fruto de pressões sociais, inibições culturais, condicionamentos etc. Como a moral judaico-cristã, defende a heterossexualidade, ela é simplesmente paranoica, segundo Kinsey.

Os relatórios Kinsey tiveram tal repercussão que eles começaram a serem estudados inclusive por seminaristas católicos nos Estados Unidos. Nesse contexto, em 2002, a Dra. Judith Reisman enviou ao Papa João Paulo II um alerta denunciando que nos seminários católicos dos Estados Unidos se utilizava os livros de Kinsey para o estudo da sexualidade humana.

Com todas essas fases não é difícil perceber os objetivos dos inimigos de Deus, das almas e da família natural. Nós, porém, com confiança em Deus, continuaremos a amar e a defender a família formada por um homem, uma mulher e seus filhos. Nós, como seres humanos e como Igreja, não podemos agir de outra maneira.

Padre Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta

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