RITOS INICIAIS
ANTÍFONA DE ENTRADA: O Espírito Santo apareceu numa nuvem luminosa e ouviu-se a voz do Pai: Este é o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências. Escutai-O.
Introdução ao espírito da Celebração
Na festa da Transfiguração do Senhor celebramos um acontecimento da vida terrena de Jesus, já próximo da Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Foi uma das muitas ocasiões em que aprouve ao Pai manifestar ao mundo a glória do Seu Filho Unigénito. Outras ocasiões em que a manifestou foram: no Baptismo do Jordão, quando Jesus saía das águas, nas Bodas de Caná, com a realização do milagre que converteu a água das talhas em vinho delicioso, quando a notícia da Sua missão começou a correr a Terra Santa e na instituição da Santíssima Eucaristia, durante a Última Ceia no Cenáculo.
Hoje o Senhor renova a manifestação desta glória divina na Celebração da Eucaristia em que estamos a participar.
Acto penitencial
Hoje queremos pedir especialmente perdão ao Senhor pela falta de fé com que O tratamos na Santíssima Eucaristia onde está verdadeira, real e sacramentalmente presente, para ser o nosso Alimento.
Deus aproxima-Se tanto de nós, na Sua Palavra e nos Sacramentos, que acabamos por tratá-l’O sem respeito e sem Amor, em vez de procedermos ao contrario, como seria razoável.
Peçamos-Lhe ajuda para começarmos a ser diferentes, a partir de agora.
(Tempo de silêncio. Sugerimos o esquema A: Confissão e Kyrie).
Glória a Deus nas alturas
ORAÇÃO COLECTA: Deus eterno e omnipotente, que na gloriosa transfiguração do vosso Filho Unigénito confirmastes os mistérios da fé com o testemunho da Lei e dos Profetas e de modo admirável anunciastes a adopção filial perfeita, fazei que, escutando a palavra do vosso amado Filho, mereçamos participar na sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: O profeta Daniel contempla, nas margens dos rios da Babilónia, uma visão da majestade de Deus que nos faz lembrar o acontecimento do Tabor.
Avivemos a nossa fé em Deus Pai todo poderoso, Criador e Senhor do Céu e da terra que nos há-de chamar à Sua glória.
Daniel 7, 9-10.13-14
9Estava eu a olhar, quando foram colocados tronos e um Ancião sentou-se. As suas vestes eram brancas como a neve e os cabelos como a lã pura. O seu trono eram chamas de fogo, com rodas de lume vivo. 10Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele. Milhares de milhares o serviam e miríades de miríades o assistiam. O tribunal abriu a sessão e os livros foram abertos. 13Contemplava eu as visões da noite, quando, sobre as nuvens do céu, veio alguém semelhante a um filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua presença. 14Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos e nações O serviram. O seu poder é eterno, que nunca passará, e o seu reino jamais será destruído.
A leitura é tirada da 2ª parte do livro de Daniel, a parte profética (7 – 12). Temos aqui a descrição, em estilo apocalíptico, do julgamento divino, com três quadros: a apresentação do Juiz, Deus, (vv. 9-10); a destruição do reino inimigo (vv. 11-12, omitidos nesta leitura); e o estabelecimento do reino de Deus (vv. 13-14).
9-10 «Um Ancião» (à letra, «o Antigo em dias»): é uma forma antropomórfica de falar de Deus eterno (cf. 36, 26; Salm 101[102], 25-26; Is 41, 4). A alvura dos cabelos não significa velhice, mas glória e luminosidade. As torrentes de fogo que saem do trono podem simbolizar o poder divino para destruir os seus inimigos (v. 11; cf. Is 26, 11). Dado o estilo apocalíptico desta passagem, não se pode partir deste texto para fazer um cálculo, ainda que meramente aproximado, do número dos Anjos: «miríades de miríades» (=10.000 vezes 10.000) é um superlativo hebraico para indicar um número incontável (nós diríamos, «aos milhões», mas este numeral não existe em hebraico nem em grego).
13 Alguém semelhante a um filho de homem. Os exegetas, partindo da análise do contexto (vv. 18.22-27), dizem que o sentido literal directo desta expressão visa não um indivíduo singular, mas o povo dos «santos do Altíssimo» (v. 18). Contudo, como sucede frequentemente, o que é dito em geral acerca de todo o povo entende-se, de um modo eminente (sentido eminente), como referido a uma personagem singular, nomeadamente o chefe do povo, neste caso o próprio Messias. O judaísmo assim o entendeu, e o próprio Jesus (cf. Mt 24, 30; 26, 64); discute-se, porém, se «Filho do Homem» é um verdadeiro título cristológico (assim parece em Lc 1, 32-33; Mt 8, 20; 24, 30; 26, 64; Apoc 1, 7; 14, 14) ou uma maneira discreta de Jesus se referir a si mesmo (uma figura chamada asteísmo: o filho do homem equivalendo a este homem); uma coisa, porém, é certa: este não era um título com que Jesus fosse tratado nem pelo povo da Palestina, nem pela Igreja primitiva. Os que o entendem como um título cristológico sublinham o seu carácter simultaneamente humilde e glorioso, humano e divino (a propósito, veja-se o belo e profundo comentário teológico de Bento XVI, em Jesus de Nazaré, capítulo X).
Salmo Responsorial
Sl 96 (97), 1-2.5-6.9 e 12 (R. 1a.9a)
Monição: O salmista dirige-nos um convite à alegria porque o nosso Deus é Rei e governa todas as coisas.
Este convite à alegria tem o seu ponto culminante na anunciação do Arcanjo a Nossa Senhora. Também ele A convida a alegrar-se.
Refrão: O SENHOR É REI,
O ALTÍSSIMO SOBRE TODA A TERRA.
O Senhor é rei: exulte a terra,
rejubile a multidão das ilhas.
Ao seu redor, nuvens e trevas;
a justiça e o direito são a base do seu trono.
Derretem-se os montes como cera
diante do Senhor de toda a terra.
Os céus proclamam a sua justiça
e todos os povos contemplam a sua glória.
Vós, Senhor, sois o Altíssimo sobre toda a terra,
estais acima de todos os deuses.
Alegrai-vos, ó justos, no Senhor
e louvai o seu nome santo.
Segunda Leitura
Monição: S. Pedro, um dos três Apóstolos presentes na Transfiguração, dá na sua carta um testemunho deste acontecimento.
Dirige-nos, depois, um convite a que reavivemos a nossa fé na divindade de Cristo.
2 São Pedro 1, 16-19
Caríssimos: 16Não foi seguindo fábulas ilusórias que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade. 17Porque Ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da sublime glória de Deus veio esta voz: «Este é o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha complacência». 18Nós ouvimos esta voz vinda do céu, quando estávamos com Ele no monte santo. 19Assim temos bem confirmada a palavra dos Profetas, à qual fazeis bem em prestar atenção, como a uma lâmpada que brilha em lugar escuro, até que desponte o dia e nasça em vossos corações a estrela da manhã.
Neste trecho é aduzido como argumento de credibilidade a favor do anúncio da «vinda» gloriosa (parusia) de Jesus o facto de Pedro ter sido testemunha (com outros dois Apóstolos: cf. Mt 17, 1-18 par) da sua glória divina, que brilhou sobrenaturalmente quando os três estavam com Ele «no monte santo». A parusia era negada pelos trocistas visados na carta, mais adiante (cf. 3, 3-4). O texto não perde a sua força, mesmo que ele tenha sido redigido, depois da morte do Príncipe dos Apóstolos, por algum seu discípulo e continuador, como hoje pensam muitos estudiosos.
Com a Transfiguração, «ficou bem confirmada a palavra dos Profetas», que anunciaram a vinda gloriosa do Messias no fim dos tempos: a Transfiguração foi uma visão antecipada da glória da parusia. Essa palavra da Sagrada Escritura, a que devemos prestar atenção, funciona como uma luz que «brilha como uma lâmpada em lugar escuro» (v. 19), «para aqueles que esperam a luz final, a ‘estrela da manhã’ (cf. Apoc 2, 28) a surgir com a parusia de Cristo (cf. 1 Tes 5, 4)» (The New Jerome Biblical Commentary, p. 1019). Em Apoc 22, 16, Jesus é «a brilhante estrela da manhã», pela qual a comunidade orante dos fiéis clama com insistência: «vem!» (Apoc 22, 17.20).
Aclamação ao Evangelho
Mt 17, 5c
Monição: O testemunho dado pelo Pai, no Tabor, sobre a divindade de Cristo, deve ter assombrado o três Apóstolos que estavam ali. Na verdade, ouviu-se a voz do pai, como nas margens do Jordão: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
ALELUIA
Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O.
Evangelho
São Mateus 17, 1-9
1Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão e levou-os, em particular, a um alto monte 2e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. 4Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». 5Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O». 6Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito. 7Então Jesus aproximou-se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais». 8Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. 9Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».
O facto de esta cena nos ser apresentado todos os anos no 2º Domingo da Quaresma tem um sentido para a nossa vida a ter em conta. Assim como para aqueles discípulos a Transfiguração de Jesus serviu de preparação para se confrontarem com a sua desfiguração na agonia do Getxemani, assim também nós temos de nos dispor com olhos de fé para a celebração do tríduo pascal.
1 «A um alto monte. Os Evangelhos não dizem o nome do monte que habitualmente se julga ser o Tabor, segundo uma tradição procedente do séc. IV, um monte situado a 10 km a Leste de Nazaré. Como este monte não é muito alto (apenas 560 m), há exegetas modernos que falam antes do Monte Hermon (2.759 m), junto a Cesareia de Filipe, região onde Jesus tinha estado, segundo os três sinópticos, uma semana antes.
Pedro, Tiago e João, são os três predilectos de Jesus, destinados a ser «colunas da Igreja» (Gál 2, 9) particularmente firmes, igualmente testemunhas da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5, 37) e da agonia de Jesus no horto (Mt 26, 37), diríamos, uma espécie de núcleo duro. Jesus sabia que a sua Paixão e Morte lhes iria provocar um violentíssimo choque, por isso quer prepará-los para enfrentarem com fé e coragem tamanha provação. Pedro acabara de confessar Jesus como «o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16); Jesus tinha-o declarado «bem-aventurado» por essa confissão de fé, que afinal era muito frágil, pois, logo a seguir, perante o primeiro anúncio da Paixão, Jesus havia de o repreender pela sua visão humana (cf. Mt 16, 23).
3 «Moisés e Elias». São os dois maiores expoentes de toda a revelação do Antigo Testamento: representam a Lei e os Profetas a convergirem em Cristo.
9 «Não conteis a ninguém». Esta ordem enquadra-se na chamada «disciplina do segredo messiânico», que tinha por fim evitar uma exagerada exaltação do espírito dos Apóstolos; assim Jesus obviava a possíveis agitações populares que só viriam prejudicar e perturbar a sua missão. Em Marcos esta imposição do silêncio adquire um significado teológico muito particular.
Sugestões para a homilia
• A Majestade do Altíssimo
Deus eterno
Deus omnipotente
Senhor do universo
• Jesus é o Divino Salvador
Glória da Ressurreição antecipada
O plano de Deus na Transfiguração
Nós e a Transfiguração de Jesus
1. A Majestade do Altíssimo
O profeta Daniel, no cativeiro de Babilónia, é favorecido com uma visão em que se manifesta a glória do Pai e é proclamada a glória do Filho, igualmente Deus.
Embora o Mistério da Santíssima Trindade ainda não tenha sido revelado, à luz do Novo Testamento — na plenitude da revelação — compreende-se que se refira a Ele.
Revela-Se nesta visão algo sobre a verdade de Deus. É como se o Senhor nos concedesse a graça de lançar um rápido olhar para as realidades que estão para além deste mundo sensível.
É como se Ele nos concedesse a graça de olhar, por instantes, para dentro do Céu.
a) Deus eterno. «Estava eu a olhar, quando foram colocados tronos e um Ancião sentou-se. As suas vestes eram brancas como a neve e os cabelos como a lã pura.»
Afirmamos no Credo: “Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador do Céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.”
Deus é fundamental na nossa vida. Sem Ele, a vida não tem sentido. Como, porém, estamos mergulhados num mundo sensível, em que só comunicamos com os que estão à nossa volta pelos sentidos, facilmente nos esquecemos de todo o mundo invisível: a Santíssima Trindade, os Anjos e os bem-aventurados do Céu.
Nesta visão do profeta Daniel é figurada a santidade de Deus, pelo esplendor das vestes brancas, e a sua eternidade, nos cabelos como pura lã.
Ele quis partilhar a Sua felicidade connosco e criou-nos com essa finalidade. Demos graças ao Deus eterno que tanto nos ama e façamos da vida uma caminhada para ir ao Seu encontro.
Começamos no tempo, mas a nossa existência nunca mais terá fim. Somos livres para escolher para nós uma eternidade feliz ou infeliz.
Alegra-nos recordar que o nosso Deus não é um Amor que morre ou esfria, mas nos leva a viver com Ele para sempre, numa alergia e felicidade que nunca se repete e, por isso, não nos satura nem nos cansa.
b) Deus omnipotente. «O seu trono eram chamas de fogo, com rodas de lume vivo. Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele.»
As chamas de fogo e as rodas de nume vivo, bem como o rio de fogo, simbolizam a omnipotência divina. Ao fogo nada pode resistir.
A omnipotência é outro dos atributos divinos. O poder de Deus não tem limite algum, porque tudo está submetido ao Seu império, e não há no universo forças rebeldes actuando contra Sua vontade.
À vezes, as pessoas estão convencidas disto e quando pedem ajuda ao Senhor e esta — segundo o seu modo de ver — não vem tão depressa como querem, procuram a ajuda da bruxaria, com o grave perigo de pedirem auxílio ao demónio.
Podemos ter a certeza que, em razão da nossa filiação divina recebida no Baptismo, Ele só permite que nos aconteça alguma coisa que se pode transformar num bem para nós.
Quem vive consciente da sua filiação divina não tem medo a nada. Um santo dos nossos dias costumava dizer: “Não tenho medo a nada nem a ninguém… porque sou filho de Deus.”
O pai não só dá segurança a tranquilidade ao filho contra qualquer perigo, como não faria sentido que o filho fugisse dele por medo.
Também as nossas faltas não são motivo para medo nem para tristeza. Se quisermos, Deus tem poder para as perdoar num instante.
Assim, a omnipotência divina, em vez de nos deixar assustados, enche-nos de segurança filial.
c) Senhor do universo. «Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos e nações O serviram. O seu poder é eterno, que nunca passará, e o seu reino jamais será destruído.»
Vivemos mergulhados nas realidades materiais deste mundo e esquecemo-nos que, para além do mundo que vemos, há uma realidade mais rica. Deus, os Seus Anjos e os bem-aventurados que já estão na Sua presença.
Nesta visão fala-se da multidão incontável dos Anjos e de duas figuras do Antigo testamento — Moisés e Elias — que já pertencem à eternidade, a este novo mundo.
Comecemos por evitar tudo o que pode resultar em falta de respeito ao Santo Nome de Deus. Não invoquemos em vão o santo Nome de Deus; tratemos tudo o que se relaciona com Ele — santos, igreja, culto — com profundo respeito.
Adoremos a majestade infinita do nosso Deus, imitando os Pastorinhos de Fátima, ensinados pelo Anjo da Guarda de Portugal.
Precisamos de estabelecer uma familiaridade crescente com este mundo invisível, lembrando-nos da presença de Deus e falando com os Anjos que nos acompanham e ajudam constantemente.
A verdade de fé que nos ensina que Deus é o Senhor único do universo enche-nos de alegria, porque Ele é o nosso Pai. Deste modo compreendemos melhor o que diz S. Paulo: «Tudo é vosso, vós sois de Cristo, e Cristo é Deus.»
2. Jesus é o Divino Salvador
a) Glória da Ressurreição antecipada. «e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.»
Aproximava-se o tempo da Paixão de Jesus. Quando o Mestre falava nela, Pedro reagia sempre mal, porque lhe parecia que era um fracasso da missão de Jesus.
Mas o Senhor insiste em convencê-lo, e aos outros Onze, sobre esta verdade.
Para que eles não fiquem escandalizados ao contemplar Jesus na Sua Paixão e não seja abalada a sua fé em Jesus Cristo, Ele chama três do Apóstolos a testemunhar a Sua glorificação de ressuscitado no Tabor.
São os mesmos que noutras ocasiões presenciaram maravilhas: a ressurreição da filha de Jairo, que vão estar mais perto d’Ele durante as duas horas de agonia e na glória do Tabor.
O Mestre quer fazer deles testemunhas corajosas da Ressurreição gloriosa. Mas, ao mesmo tempo, deve proceder com prudência divina. Se, de facto, eles começassem a falar do que tinham visto, as multidões precipitar-se-iam para o aclamar rei e provocariam uma catástrofe, pois os romanos usariam de toda a força para reprimir a rebelião. Por isso lhes pede que guardem segredo sobre o que viram.
Na manhã do Domingo de Páscoa, os três devem ter-se recordado da glória do Tabor, quando viram Cristo ressuscitado.
b) O plano de Deus na Transfiguração. «Pedro disse a Jesus: “Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”»
Este mistério de fé é muito importante. Se não estivéssemos firmes na fé na Ressurreição de Jesus, a nossa vida não teria sentido. E se Cristo não ressuscitou, também nós não ressuscitamos”, exclama S. Paulo. A ser assim, é vã a nossa fé.
Talvez por isso, há na Igreja grande devoção a este mistério da vida de Jesus. 135 paróquias têm como padroeiro o Senhor da Transfiguração, sendo a maioria do rio Douro para cima.
A falta de fé na Ressurreição de Cristo e na nossa leva a atitudes erradas na vida.
• Há um endeusamento do corpo, na procura do prazer, no comodismo e em satisfazer-lhe todos os caprichos, como se depois desta vida mortal nada mais tivéssemos a esperar na vida.
• Há uma apego desordenado à vida presente, como se tivéssemos de ficar aqui para sempre. Devemos conservar esta vida enquanto O Senhor quiser, mas não encarar como uma desgraça o chamamento de cada um de nós à vida eterna, pela morte.
c) Nós e a Transfiguração de Jesus. «Então Jesus aproximou-se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais». Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.»
A Transfiguração do Senhor move-nos a concretizar alguns propósitos para a vida.
• Santificação na vida ordinária. Pedro fez uma proposta a Jesus: construir três tendas para Jesus, Moisés e Elias. Ele não se importa de ficar ao ar livre. Mas quando passou a visão, encontrou-se com a mesma realidade de antes. Foi preciso descer à planície, à vida de todos os dias. Aí nos chama o Senhor para que nos santifiquemos. Quando estamos metidos nas nossas preocupações e trabalhos, também estamos a amar a Deus, a fazer a Sua vontade e, portanto a santificarmo-nos, e não apenas quando estamos a rezar.
• Viver na graça de Deus como caminho para a felicidade eterna. A vida da graça é a participação na vida e felicidade de Deus. Esta começa na terra e vai continuar para sempre no Céu. Como pretendemos então viver habitualmente em pecado na terra e na amizade de Deus no Céu, como prémio duma vida de pecado?
• A santa Missa Transfiguração de Cristo. Em cada celebração da Eucaristia, Jesus Cristo transfigura-Se diante dos olhos da nossa vida. Nós vemo-l’O transfigurado, pela luz da fé. Sabemos que por detrás das aparências do pão e do vinho, está Ele todo inteiro, vivo e glorioso como está no Céu.
A celebração do Domingo é este encontro com Jesus Cristo no Tabor. Entramos na Igreja e ficamos fisicamente separados de todas as preocupações da vida de cada dia e aqui convivemos com Ele na glória.
Que Nossa Senhora nos ensine e ajude a tirar fruto deste encontro semanal com Jesus.
Oração Universal
Irmãos e irmãs:
Na intimidade com o Divino Salvador
que nos proporciona esta santa Missa,
apresentemos-Lhe com toda a fé e amor
as necessidades de todos os necessitados
Oremos (cantando):
Senhor: Vós sois o nosso Deus e o nosso Rei!
1. Pelo Santo Padre, Pastor universal do rebanho de Cristo,
para que nos leve ao encontro do Senhor Ressuscitado,
oremos, irmãos.
Senhor: Vós sois o nosso Deus e o nosso Rei!
2. Por todos os pais e mães desta nossa família paroquial,
para que se ajudem uns aos outros no caminho do Céu,
oremos, irmãos.
Senhor: Vós sois o nosso Deus e o nosso Rei!
3. Pelo Encontro Mundial da Juventude que se vai realizar,
para que o Senhor encha de alegria todos os jovens,
oremos, irmãos.
Senhor: Vós sois o nosso Deus e o nosso Rei!
4. Por todos pastores das nossas comunidades eclesiais,
para que dêem testemunho de Cristo Ressuscitado,
oremos, irmãos.
Senhor: Vós sois o nosso Deus e o nosso Rei!
5. Pelas necessidades de todos os presentes na Eucaristia,
para que o Senhor atenda prontamente as suas orações,
oremos, irmãos.
Senhor: Vós sois o nosso Deus e o nosso Rei!
6. Pelas pessoas desta comunidade que Deus chamou a Si,
para que contemplem, quanto antes, Cristo Ressuscitado,
oremos, irmãos.
Senhor: Vós sois o nosso Deus e o nosso Rei!
Senhor, que Vos manifestastes na Vossa glória
aos três Apóstolos nas alturas do monte Tabor,
em ordem a prepará-los para a Vossa Paixão:
concedei-nos a graça de não sermos vencidos
quando as provações abalarem a nossa fé,
para nos mantermos fieis ao Vosso Amor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,
Na unidade do espírito Santo.
LITURGIA EUCARÍSTICA
Introdução
O Senhor dirigiu-nos a Sua palavra na primeira parte desta Eucaristia, para fortalecer a nossa fé.
Dar-nos-á agora o Alimento divino que é o Seu Corpo, para que sejamos capazes de caminhar até ao Céu.
Servindo-Se do ministério do sacerdote, vai agora transubstanciar no Seu Corpo e Sangue, o pão e o vinho que levámos ao altar.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Santificai, Senhor, estes dons pelo mistério da transfiguração do vosso Filho e com o esplendor da sua glória purificai-nos das manchas do pecado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio
O mistério da transfiguração
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte, por Cristo nosso Senhor.
Na presença de testemunhas escolhidas, Ele manifestou a sua glória e na sua humanidade, em tudo semelhante à nossa, fez resplandecer a luz da sua divindade para tirar do coração dos discípulos o escândalo da cruz e mostrar que devia realizar-se no corpo da Igreja o que de modo admirável resplandecia na sua cabeça.
Por isso exulta a Igreja em toda a terra e com os Anjos e os Santos proclama a vossa glória, cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo.
Saudação da Paz
Somos uma família peregrina que vai, através do deserto da vida, para a Terra da Promissão.
Não faz qualquer sentido que andemos divididos neste caminhar, pois todos viveremos em amizade perpétua no Céu.
Comecemos já a vivê-la na terra, perdoando as ofensas recebidas e aceitando que nos perdoem as que nós cometemos.
Monição da Comunhão
O Senhor não Se nos mostra no esplendor da Sua glória do Tabor, mas na humildade da Santíssima Eucaristia.
Recebamo-l’O agora com grande humildade, com um coração generoso em viver as exigências da fé. Ao Amor devemos corresponder com amor.
1 Jo 3,2
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Quando Cristo Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos na sua glória.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: O alimento celeste que recebemos, Senhor, nos transforme em imagem de Cristo, que no mistério da transfiguração manifestastes cheio de esplendor e de glória. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
RITOS FINAIS
Monição final
Durante a Celebração da Eucaristia, contemplámos, de algum modo, pela luz da fé, a glória de Cristo Ressuscitado.
Demos testemunho durante a semana de que Cristo vive glorioso e a todos nos ama.
Celebram neste dia o seu padroeiro todas as paróquias que têm como invocação o DIVINO SALVADOR.
Quando esta solenidade não ocorrer ao Domingo, proclama-se apenas uma das duas leituras aqui indicadas.
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