Homilia do Mons. José Maria – XII Domingo do Tempo Comum – Ano C

A Cruz Salvadora

 
No Evangelho (Lc 9, 18-24) Jesus pergunta aos discípulos: “Quem diz o povo que eu sou?” (Lc 9, 18). Eles responderam: “João Batista; outros, que és Elias; outros, que és um dos antigos profetas, que ressuscitou.” E vem a pergunta decisiva: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. Em seguida, Jesus revela a outra face da sua pessoa: o sofrimento e a morte pela qual deve passar o Filho do Homem. Finalmente, Ele mostra que o caminho do Mestre é também o caminho do discípulo.

 

“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me.”

 

Ele irá à frente para dar o exemplo: Será o primeiro a levar a cruz. Quem quiser ser seu discípulo, há de imitá-lo.

 

E conclui: “Aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem a perder, por minha causa, esse se salvará.

 

A resposta de Jesus foi muito dura e perturbadora para os seus discípulos que, como os seus compatriotas, sonhavam só com um Messias-Rei. Mas Jesus não retrocede; pelo contrário, prossegue no seu esclarecimento avisando-os que também eles haveriam de passar pelo caminho do sofrimento.

 

Quem quiser ser seu discípulo, deverá imitá-Lo, não apenas uma vez, mas dia após dia, negando-se a si mesmo – vontade, inclinações, gostos – para se conformar com o Mestre sofredor e crucificado.

 

O seguimento de Cristo leva os cristãos a experimentarem em suas vidas a mesma sorte do Cristo de Deus: tornados filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus, todos foram batizados em Cristo e se revestiram de Cristo (Gl 3, 26-28). Este processo de ser batizado em Cristo e revestir-se dele continua através da vida. É tomar a cruz todos os dias e segui-Lo. É perder a vida por causa de Cristo para salvá-la.

 

A pedagogia de Deus, que consiste em converter o homem não pela força, mas pelo exemplo do amor até o fim, atinge a plenitude em Jesus de Nazaré.

 

Os pequenos sacrifícios do dia a dia não são apenas exercícios esportivos. Eles são, verdadeiramente, exercícios do amor de Cristo. São a manifestação, até nos mínimos detalhes de nossa vida, de quanto temos constantemente diante dos olhos seu amor por nós, manifestado na cruz. A cruz do dia a dia é nossa participação da cruz do Calvário e recebe desta todo seu valor.

 

Cristo na Cruz: esta é a única chave verdadeira. Ele aceita o sofrimento na Cruz para nos fazer felizes; e nos ensina que, unidos a Ele, podemos também nós dar um valor de salvação ao nosso sofrimento, que se transforma então em alegria: na alegria profunda do sacrifício pelo bem dos outros e na alegria da penitência pelos pecados pessoais e pelos pecados do mundo.

 

“À luz da Cruz de Cristo, portanto, não há motivo para termos medo à dor, porque entendemos que é na dor que se manifesta o amor: a verdade do amor, do nosso amor a Deus e a todos os homens” (Beato Álvaro Del Portillo, Homilia).

 

O Senhor disse por meio de Neemias: Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8,10).

 

A tristeza provoca muito mal em nós e à nossa volta. É uma erva da minha que devemos arrancar logo que aparece: “…afasta para longe de ti a tristeza; pois a tristeza matou a muitos e não traz proveito algum” (Eclo. 30, 24-25).

 

Podemos recuperar a alegria, em qualquer circunstância que tenda a abater-nos, se soubermos recorrer à oração ou buscarmos contritamente o sacramento da Confissão, sobretudo quando a perdemos por causa do pecado ou por descuidos culpáveis no relacionamento com Deus.

 

Digamos ao Senhor que nos ajude com a sua graça para que, a cada momento, possa contar efetivamente conosco para o que queira: livres de objeções e de laços que nos prendam. Senhor, não tenho outro fim na vida a não ser buscar-vos, amar-vos e servir-vos… Todos os outros objetivos da minha vida se orientam para isso. Não quero nada que me separe de vós.

 

Mons. José Maria Pereira
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