1. Se não rezam e não adoram o Santíssimo juntos podem ser muito inteligentes, mas não serão sábios, podem ser muito organizados, mas não serão piedosos, enfim, terão a mesma diferença que há entre uma técnica de enfermagem e uma mãe.
2. Participem de cursos, leiam livros, pesquisem na internet. Mas não se esqueçam de ler e ouvir o que diz o Papa atual, o que disseram os Papas anteriores e os Concílios. Muita gente fala sobre liturgia, mas não acredita que, por exemplo, a Missa é um Sacrifício, portanto, seus livros e palestras – mesmo que vinculados a editoras católicas – são um bom material para saber o que não se deve fazer.
3. Cuidado com o “Seu Estupendo”, aquele que passa o dia repetindo o que à noite esteve lendo…
4. Ao preparar comentários para a Missa, cuidado para não ser redundante e falar coisas que todos já perceberam. Ao invés de falar que o padre está incensando o altar – coisa que todos estão vendo – poderia, uns cinco minutos antes da Missa, falar um pouco sobre o sentido do incenso na liturgia, ou Quem o Altar simboliza etc.
5. Não é conveniente que se fale de temas. Por exemplo: “O tema da Missa de hoje é a paz.” Ou: “O Evangelho de hoje fala sobre perdão”. O padre pode julgar mais importante abordar outro aspecto da Liturgia da Palavra ou de algum texto litúrgico; além do que, a palavra “Tema” dá mais idéia de palestra do que de celebração de um mistério…
6. Embora em muitos lugares os leitores – não sendo instituídos – usem opas ou outras insígnias, quem sabe poderíamos valorizar a “roupa normal” dos leigos, mostrando pelas roupas a modéstia, o pudor, e solenidade de se proclamar a Palavra de Deus. Só por exemplo, nas liturgias do Papa no Vaticano os leitores não instituídos não usam nenhuma veste diferente.
7. Cuidado com expressões que possam confundir mais do que explicar. Por exemplo: falar que somos um povo sacerdotal e que o padre preside a Missa é corretíssimo, mas se as pessoas não conhecem bem os documentos da Igreja e a nossa doutrina, essas expressões podem parecer mais protestantes do que de fé católica.
8. Discrição deve ser o nosso lema. Evitar correrias e agitações, especialmente depois que as celebrações começaram.
9. Se alguém pede para fazer uma coisa que vocês sabem que está errado, não façam. Por exemplo: “Agora, todos rezem comigo: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos…” Deixem-no rezar sozinho, se ele brigar, não liguem. Se ele resolver tirar vocês da equipe, dêem graças a Deus. Depois, procurem esse irmão, especialmente se for sacerdote, e o corrijam com toda caridade. Se for um sacerdote visitante, rezem por ele e seria bom avisar o pároco. Se esse padre é o pároco, rezem por ele e avisem o bispo. Se também o Bispo acha normal, rezem para que ele mude de opinião. Mas nunca falem mal dele, falem, sim, bem da Missa.
10. Lembrem-se que a liturgia é feita de repetições solenes, não é necessário inovar a cada Vigília Pascal: dá mais trabalho e dispersa mais do que desperta a piedade. Além do que, na repetição haverá sempre um aprimoramento.
11. Inovar, inovar, criatividade, dinamizar… Mas quando há aniversário ninguém pensa em fazer uma outra versão do “Parabéns” e, se faz, parece que falta alguma coisa… Repetições solenes, cheias de amor!
12. Quem decide o que vai acontecer na Missa deve ser o padre que a vai celebrar. Recordo-me de um amigo meu que disse uma vez: “Qual a diferença entre um terrorista e a equipe de liturgia de minha paróquia? Com o terrorista pode haver negociação”.
13. Os leitores devem ter um contato bem anterior com as leituras que irão proclamar, cuidado para ler bem a Palavra de Deus, afastando erros de leitura e também certas entonações que mais pareceriam uma declamação ou mesmo um teatro.
14. A Bíblia não é exatamente um livro litúrgico. Livros litúrgicos são os Lecionários e o Evangeliário.
15. Procissões de entronização da Bíblia ficariam melhores no início de encontros de catequese, sínodos, reuniões pastorais. Não na Missa.
16. Cuidado para não teatralizar a liturgia. Penso que seria bom evitar apresentações teatrais, mesmo que pequenas, ou coreografias ou outras coisas que não estejam prescritas nos livros litúrgicos.
17. Na semana santa, ao invés de usar um jumentinho na procissão de Ramos, ou de vestir um grupo de meninos como se fossem apóstolos na Quinta-feira Santa e outras coisas do gênero, seria melhor tirar tudo isso da liturgia e organizar uma encenação da Paixão do Senhor em outro momento que não a liturgia e outro lugar que não Igreja.
18. Quando a jovem Dra. Edith Stein, judia que do cristianismo só conhecia o protestantismo, foi visitar um Templo Católico como turista numa cidade da Alemanha ficou muito impressionada ao ver uma mulher chegar com uma sacola de pão, se ajoelhar, ficar um instante em oração, se levantar e sair. Chamava-lhe a atenção de que alguém rezasse na Igreja, pois na sinagoga ou no templo protestante, isso não acontecia: as pessoas se reuniam ali para celebrações, mas não se tinha a idéia de ser um lugar sagrado. Fora das celebrações, tanto a sinagoga quanto a igreja protestante eram praticamente um salão vazio. O fato de um católico entender a Igreja como habitação de Deus e se dirigir a Ele nesse local, como um amigo que visita outro em sua casa, marcou profundamente aquela Doutora que veio a ser a Santa Virgem e Mártir Teresa Benedita da Cruz. Vamos lembrar isso aos nossos irmãos!
19. Ajudem as pessoas a perceberem que a Igreja não é “um espaço celebrativo”. A Igreja é a casa de Deus, mesmo que não esteja acontecendo nenhuma celebração. Em muitos lugares, fizeram da Igreja uma espécie de cinema, antes e depois da sessão, pode-se conversar, rir, comer, brincar, correr…
20. Um comentário feito pelo Espírito Santo para antes da Missa: “Silêncio diante do Senhor Deus (…) porque o Senhor preparou um sacrifício” (Sf 1, 7).