Santo Tomás de Aquino na formação do sacerdote

Resumo: Uma das expectativas da Igreja neste ano sacerdotal refere-se à formação do presbítero. E a reflexão que compete nesse quesito diz respeito ao papel do pensamento de Santo Tomás nesse itinerário formativo. Procura-se indicar o testemunho de Santo Tomás enquanto mestre capaz de “dar respostas adequadas e criativas” a questões emergentes de nosso tempo. E isso só é possível a partir de um tomismo essencial, aquele que revela a originalidade de Santo Tomás e, ao mesmo tempo, insere o tomismo na grande história da filosofia ocidental. O que permite essa inserção é a descoberta do ser como ato e a teoria da participação lida sob a ótica aristotélica. Por conseguinte, o que se atinge é a reflexão relativa ao ser como experiência original e fonte de sentido para a existência humana. Isso tanto fecunda a formação do sacerdote como o capacita para a compreensão das questões emergentes da cultura contemporânea, que, em sua crise de sentido, espera reencontrá-lo em suas melhores instituições.

Introdução

Bento XVI, em seu recente pronunciamento às Pontifícias Academias no dia da festa de Santo Tomás, recomenda:

O pensamento e o testemunho de São Tomás de Aquino nos sugerem a estudar com muito cuidado as questões emergentes, para dar respostas adequadas e criativas. Confiantes na possibilidade da “razão humana”, em plena fidelidade ao imutável depositum fidei, é preciso, como fez o Doctor Communis, sempre aproveitar as riquezas da Tradição, na constante busca da “verdade das coisas”. Por isso, é necessário que as Pontifícias Academias sejam hoje, mais do que nunca, instituições vitais e vibrantes, capazes de perceber com exatidão as demandas da sociedade e da cultura, bem como as necessidades e expectativas da Igreja…[i]

Pois bem, uma das expectativas da Igreja neste ano sacerdotal refere-se à formação do presbítero. E a reflexão que compete, hoje, aqui neste centro de formação de sacerdotes, diz respeito ao papel do pensamento de Santo Tomás nesse itinerário. É importante lembrar que é a própria Optatam Totius[ii] que recomenda o Doutor Comum como um dos mais relevantes autores desse processo formativo. Contudo, ao se levar em conta o pronunciamento acima, vê-se que Bento XVI indica o testemunho de Santo Tomás enquanto mestre capaz de “dar respostas adequadas e criativas” a questões emergentes de nosso tempo, para que se possa ser uma “instituição vital e vibrante”. Esta recomendação vale de modo muito particular para o sacerdócio. E, então, que testemunho é esse de Santo Tomás, capaz de fazer criativos, vitais e vibrantes aos que a ele se dedicam? E quais as questões emergentes do nosso tempo?

1. As questões emergentes

Entre as mais evidentes questões especulativas do nosso tempo podem-se citar: a especialização dos saberes e sua conseqüente fragmentação; o fim da visão totalizante da filosofia; e o predomínio da ação contra o logocentrismo. Estas duas últimas são vistas por Habermas como características da era pós-metafísica em que vivemos. Uma possibilidade diferente poderia advir da religião. Um texto de Habermas, especialmente lúcido, merece ser citado para que se tornem mais concretos e evidentes os itens mencionados:

Após a metafísica, a teoria filosófica perdeu seu status extraordinário. Os conteúdos explosivos e extraordinários da experiência emigraram para a arte, que se tornou autônoma. Entretanto, mesmo após este processo de deflação, o dia-a-dia totalmente profanizado não se tornou imune à irrupção de acontecimentos extraordinários. A religião, que foi destituída de suas funções formadoras de mundo, continua sendo vista, a partir de fora, como insubstituível para um relacionamento normalizador com aquilo que é extraordinário no dia-a-dia. É por isso que o pensamento pós-metafísico continua coexistindo ainda com uma prática religiosa. (…). Enquanto a linguagem religiosa trouxer consigo conteúdos semânticos inspiradores, que não podem ser jogados fora, que escapam (por ora?) à força de expressão de uma linguagem filosófica e que continuam à espera de uma tradução para discursos fundamentadores, a filosofia, mesmo em sua figura pós-metafísica, não poderá desalojar ou substituir a religião.[iii]

Aqui se vê que a religião, também no estado de letargia, conserva, contudo, sua característica de fonte de esperança e talvez de papel substitutivo daquele papel que a filosofia exerceu no passado, a saber, a busca de sentido. Antes de abordarmos esse suposto novo papel da religião em detrimento da filosofia, aprofundemos as questões emergentes do nosso tempo.

1.1 Especialização, fragmentação e o fim da filosofia como pensamento totalizante

Vê-se em toda parte uma corrida pela especialização: é o caso das ciências que, não obstante seus inúmeros e inquestionáveis benefícios, não deixam de gerar perplexidade quando pretendem se erigir como verdade ampliada para toda a condição humana, a partir dessas mesmas minudências dos seus saberes. A fragmentação do saber é fruto dessa especialização assim como o rechaço da filosofia como pensamento de síntese.

Pode-se recorrer a Heidegger para se perceber melhor essa situação. A famosa reflexão heideggeriana sobre a técnica mostra como esta é resultado de todo um processo que, em última instância, é o processo histórico do esquecimento do ser. Embora o próprio filósofo alemão não tenha proposto uma solução proporcionada ao seu diagnóstico, a identificação do problema já é suficiente para esta investigação.

O esquecimento do ser não é apenas um tema técnico da metafísica contemporânea, ele sintetiza o afastamento do indivíduo dessa experiência de autenticidade que é o estupor. A pretensão de tudo poder explicar e pôr em conceitos, cada dia mais especializados, elimina em sua raiz a possibilidade dessa experiência. O próprio tomismo de escola, em sua longa história, foi expressão desse esvaziamento, antes mesmo do predomínio do cientificismo contemporâneo. Todos sofrem do mesmo mal.

1.2 O predomínio da ação

Numa tentativa de superar a suposta dicotomia entre o pensamento e a ação, a filosofia contemporânea privilegia o agir em detrimento do primeiro. È a superação do que Habermas chama de logocentrismo. Frequentemente essa inversão termina no mero pragmatismo, ou seja, a ação sem reflexão e, na melhor das hipóteses, a ação como fonte de sentido. A ética funda a metafísica, como em Lévinas. A origem mais remota desse estado de coisas é Kant. Parece hoje insuperável o problema da fundamentação do agir. As conseqüências políticas são sabidas por todos e vê-se isso especialmente no Brasil de hoje.

2. Respostas adequadas e criativas

2.1 Premissa metodológica: o sentido da investigação de Santo Tomás

Para a solução de tais questões a partir da filosofia de Santo Tomás, devemos atingir um tom adequado para o nosso tempo. E para descobrirmos isso, deveremos voltar à origem, à fonte, que é o sentido do pensamento de Santo Tomás. Eis alguns esclarecimentos metodológicos.

Admitindo-se a distinção entre sentido e significado ou referência, a saber, a essência, o conteúdo, a intuição fundamental em oposição à sua expressão ou formulação. Pode-se admitir que o significado é uma escolha sobre uma das possíveis formulações do sentido. Portanto, quando hoje se diz “non-sense”, sem sentido, pode-se estar na situação em que o sentido não foi atingido ou naquela em que o significado ou a formulação do sentido não é mais compreensível. O primeiro não é, certamente o caso de Santo Tomás. O risco está em reduzir suas intuições ao nível do significado, o que se encontra com freqüência na escola tomista (por exemplo, na valorização de fórmulas, que, às vezes, não são nem mesmo de Santo Tomás).

Esta não é, pois, uma investigação sobre o tomismo de escola, mas, sim, sobre o próprio Tomás. Também não nos ocupa o pensamento de Santo Tomás na sua elaboração teórica em suas múltiplas teses. O que importa aqui é entrever o ponto de partida do seu pensamento. O ponto de partida que dê sentido a toda a sua elaboração teórica e, por conseqüência, nos mostre a fonte da sua vitalidade e sua criatividade.

2.2 O tomismo essencial

Que é o tomismo essencial? É o pensamento perene de Santo Tomás que se caracteriza pela descoberta do ser como ato intensivo do ente aliada à síntese entre aristotelismo e a tradição neoplatônica através da teoria da participação. Isso indica uma permanência que é também uma continuidade. Continuidade com a natureza mesma da filosofia que teve início na Grécia antiga e está interessada no problema fundamental da reflexão filosófica: o sentido do ser. Em outras palavras: o tomismo essencial é aqueles que se insere na esteira da filosofia essencial, que é a filosofia no seu sentido próprio, ou seja, aquela que se desenvolve quando um pensador se volta ao problema do ser em suas múltiplas manifestações.

Essa intuição do ser está intimamente ligada à síntese histórica entre platonismo e aristotelismo realizada por Santo Tomás através de sua teoria da participação em seus múltiplos níveis até a participação na graça.

O interesse investigativo humano brota, como bem se sabe, do estupor, da admiração diante de alguma manifestação do ser, chamada de problema ou de mistério. Essa admiração está presente em toda atividade contemplativa.

Não há filosofia se o filósofo não teve em algum momento de sua vida essa vitalidade teológica. Ao contrário, aquele que se dedica à teologia ou à filosofia ou mesmo à propagação da fé pode até chegar a exprimir com correção os conceitos que o interessam, mas ele não é mais mediador dessas verdades, é um mero repetidor e, frequentemente, alguém que se afasta dessa tradição viva, caindo no que se pode chamar, depois de Heidegger, de esquecimento do ser.

Com o tomismo essencial, atingimos o fundamento da filosofia de Santo Tomás, que é a fonte de sentido de todo o seu pensamento. Sua perenidade reside aí. O rigor com o qual ele desenvolve seus argumentos remete ao modus philosophandi escolástico medieval, nem sempre em consonância com as instâncias filosóficas modernas e contemporâneas.

2.3 Experiência do ser e do mistério como fonte de sentido ou sobre o ser como experiência positiva como marca do tomismo

O interesse investigativo humano nasce, como bem se sabe, do estupor, da admiração diante de alguma manifestação do ser, chamada de problema ou de mistério. Essa admiração está presente em toda atividade contemplativa. Não há filosofia se o filósofo não teve em algum momento de sua vida essa vitalidade teológica. Ao contrário, aquele que se dedica à teologia ou à filosofia ou mesmo à propagação da fé pode até chegar a exprimir com correção os conceitos que o interessam, mas ele não é mais mediador dessas verdades, é um mero repetidor e, frequentemente, alguém que se afasta dessa tradição viva.

“O ente é o que primeiro cai sob o nosso intelecto[iv]”, ou seja, o primeiro contato da inteligência com as coisas é, na verdade, o contato com o ente. A prioridade do ente, enquanto partícipe do ato de ser, no processo humano de conhecimento é uma intuição fundamental do tomismo. E é pelos entes que se acede ao ser. Os textos de Santo Tomás não deixam dúvida:

Acontece que o ser está presente em todas as coisas, em algumas de modo mais perfeito, em outras, de modo menos perfeito; porém não é nunca presente de modo tão perfeito a ponto de identificar-se com a essência dessas coisas, pois, se assim fosse, o ser faria parte da definição da essência de cada coisa, o que é evidentemente falso, já que a essência de qualquer coisa também é concebida prescindindo de seu ser. Portanto, deve-se concluir que as coisas recebem o ser de outros e, retrocedendo na série das causas, é necessário que se chegue a algo cuja essência constitua-se no próprio ser, caso contrário, se deveria retroceder ao infinito[v].

E ainda, em outra passagem ilustrativa dessa dimensão do ser como ato e participação:

O próprio ser é o que há de mais perfeito em todas as coisas, é comparado a todas como seu ato. Nada, portanto, tem atualidade a não ser enquanto é, donde o próprio ser é a atualidade de todas as coisas e até mesmo das próprias formas. Donde não é comparado às outras coisas como o recipiente ao recebido, mas antes como o recebido ao recipiente. Quando, pois, digo o ser do homem ou do cavalo ou de qualquer outra coisa, o próprio ser é considerado como formal e recebido e não como aquilo a que compete o ser[vi].

Isso quer dizer também que a experiência fundamental do homem é a experiência do ser. Não é o nada e a falta de sentido, tão enfatizados no século XX. Pode-se lembrar aqui, com propriedade, a obra de Sartre. Mas também o próprio Nietzsche, ou mesmo Hegel, se se retrocede um pouco mais.

Portanto, o primeiro que cai sob o nosso intelecto é o ente, insiste o Angélico. De modo que da participação ontológica dos entes no ser, chega-se à participação gnosiológica e, por fim, à sobrenatural por meio da graça.

3. Santo Tomás e o sacerdote

Ao se aplicar o que ficou dito ao tema do sacerdócio e de sua formação, deve-se, por coerência, procurar a fonte de seu sentido, o modelo, que é Jesus Cristo. E, ao falar do sacerdócio de Cristo, Santo Tomás observa: “É próprio do oficio do sacerdote ser mediador entre deus e o povo, enquanto leva as coisas divinas para o povo, por isso se diz que sacerdote é o que dá as coisas sagradas[vii]”. Portanto, o sacerdote é um mediador. Esta mediação no único sacerdote é assistida de modo intenso pelos dons do Espírito Santo.

Com efeito, um dos efeitos[viii] do sacramento da ordem é a intensificação dos dons do Espírito Santo: porque em qualquer ordem é dada a graça septiforme: quia in quolibet ordine septiformis gratia datur[ix]. E porque a participação ontológica dos homens no Ser deve ser completada pela graça para a sua divinização, o Espírito assiste de modo especial os sacerdotes para que sejam eficazes mediadores da graça. Mesmo assim, há, entre os sete dons, os que são especiais para os sacerdotes.

3.1 Os dons da sabedoria e da ciência

O primeiro é típico do sacerdote, mas, como se disse, o sacramento é intensificação de todos os setes dons nos ministros ordenados. A sabedoria, embora dada a todos que receberam a graça santificante, ela é mais intensa em alguns, conforme a ST II-II, q. 45, a. 5.  E a ciência, ST II-II, q. 9, a. 2, ad 1m, embora não trate das coisas divinas, ela é fundamental no discernimento sobre o que se deve crer. Nada mais oportuno do que esse discernimento, especialmente quando acompanhado de uma proposta positiva.

Conclusão: instituições vitais e vibrantes

Algumas conseqüências podem ser agrupadas em três pontos fundamentais. Primeiramente, apenas uma filosofia do ser e da participação, ou seja, o tomismo essencial, permite que se recupere o sentido autêntico da existência. O ser, em contraste com o devir, com o mero aparecer, com o pensamento, com o que deve ser, porque ainda não se realizou, mostra-se como fundamento, como algo estável.

É nessa mesma linha de pensamento que João Paulo II na Fides et Ratio cita, em clara alusão a esta metafísica, o que ele chama de “filosofia do ser”[x], isto é, a filosofia de Santo Tomás.

Em segundo lugar, deve-se reconhecer que a religião goza desse privilégio de poder propor de maneira sempre nova essa experiência do mistério do ser. Maximamente o cristianismo, especialmente quando desvencilhado das fórmulas devedoras de um tempo passado e não mais facilitadoras de sentido. O cristianismo dá ao homem a participação sobrenatural da graça, que é a fonte máxima dessa experiência autêntica, original e de fonte.

Os sacerdotes e os seminaristas em sua formação podem ter presente isto: a autenticidade tem a ver com o sentido. E o sentido, para o cristão, e especialmente para o sacerdote é voltar-se sempre para a sua fonte, e, portanto, qualquer formulação que o desvirtue dessa unidade é perda de sentido.

Finalmente, respondendo, pois, aos desafios contemporâneos, pode-se dizer que a fé cristã mostrará “conteúdos semânticos inspiradores”, mostrando toda a sua vitalidade, quando seus sacerdotes estiverem arraigados a esse manancial de que falam o Salmo 1 e o comentário de Santo Tomás: “E quem tiver suas raízes junto a essa água, frutificará fazendo boas obras; e é o que diz o salmista em seguida, que ele dará seu fruto. Mas o fruto do espírito é a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a generosidade, bondade, a benignidade (Gl 5)[xi].”

Que haveria de mais extraordinário para o homem de hoje do que encontrar nos cristãos, liderados por seus sacerdotes, a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a generosidade, a bondade e a benignidade?

Carlos Frederico Gurgel Calvet da Silveira
Universidade Católica de Petrópolis, Faculdade de São Bento-RJ
Fonte: www.sapientiafidei.com.br

Referência Bibliográfica

BENTO XVI. Discurso às Pontifícias Academias. http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=275370: 5/2/2010.

COMPÊNDIO DO VATICANO II. Petrópolis: Vozes, 2000.

CORETH, Emerich et alii. La Filosofia Cristiana nei secoli XIX e XX; II: Ritorno all’eredità scolastica. Roma: Città Nuova Editrice, 1994.

ELDERS, Leo J. La Metafisica dell’essere di San Tommaso d’Aquino in una prospettiva storica. V. I , Cidade do Vaticano: Lib. Edit. Vaticana, 1995.

FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tommaso; La metafisica tomista & il pensiero                                             moderno. Milão: Ares, 1997.

____. Riflessioni sulla libertà. Rimini: Maggioli, 1983.

HABERMAS, Jürgen. Pensamento pós-metafísico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.

HEIDEGGER, Martin. Nietzsche. Paris: Gallimard, 1984.

JOÃO PAULO II. Fides et Ratio. São Paulo: Loyola, 1998.

PANGALLO, Mario. L’essere come atto nel tomismo essenziale di Cornelio Fabro. Cid. do   Vaticano: L. Ed. Vaticana, 1987.

PROUVOST, Géry. Thomas d’Aquin et les thomistes. Paris: Du Cerf, 1996.

TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2002-2005.

____. In Boeth. De Trinitate. http://www.corpusthomisticum.org/iopera.html: 4/2/2010.

____. Le Questioni Disputate: la verità. Bolonha: Ed. Studio Domenicano, 1992.


[i]BENTO XVI. Discurso às Pontifícias Academias. Cf.http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=275370.

[ii] “A teologia dogmática ordene-se de tal forma que os temas bíblicos se proponham em primeiro lugar. Exponha-se aos alunos o contributo dos Padres da Igreja oriental e ocidental para a Interpretação e transmissão fiel de cada uma das verdades da Revelação, bem como a história posterior do Dogma tendo em conta a sua relação com a história geral da Igreja (35). Depois, para aclarar, quanto for possível, os mistérios da salvação de forma perfeita, aprendam a penetrá-los mais profundamente pela especulação, tendo por guia Santo Tomás, e a ver o nexo existente entre eles”. Optatam Totius, nº 16 in: COMPÊNDIO DO VATICANO II.

[iii] HABERMAS, Jürgen. Pensamento pós-metafísico, p. 61.

[iv] Ens est illud quod prius cadit in conceptione humana (In Boeth. De Trinitate, I, 3 ad 3m; ST I/II, q. 16, a. 4, ad 2m); Illud quod primo intellectus concipit quasi notissimum et in quod omnes coneptiones resolvit est ens” (De Veritate. I, 1; De ente et essentia, prol., etc.).

[v]Invenitur enim in omnibus rebus natura entitatis, in quibusdam magis nobilis, et in quibusdam minus; ita tamen quod ipsarum rerum naturae non sunt hoc ipsum esse quod habent: alias esse esset de intellectu cujuslibet quidditatis, quod falsum est, cum quidditas cujuslibet rei possit intelligi esse non intelligendo de ea an sit. Ergo oportet quod ab aliquo esse habeant, et oportet devenire ad aliquid cujus natura sit ipsum suum esse; alias in infinitum procederetur; Comentário às Sentenças II, d.1, q.1, a.1.

[vi]Ipsum esse est perfectissimum omnium, comparatur enim ad omnia ut actus. Nihil enim habet actualitatem, nisi inquantum est, unde ipsum esse est actualitas omnium rerum, et etiam ipsarum formarum. Unde non comparatur ad alia sicut recipiens ad receptum, sed magis sicut receptum ad recipiens. Cum enim dico esse hominis, vel equi, vel cuiuscumque alterius, ipsum esse consideratur ut formale et receptum, non autem ut illud cui competit esse. Suma Teológica I, q. 4, a. 1, ad 3m.

[vii] Proprium officium sacerdotis est esse mediatorem inter Deum et populum, inquantum scilicet divina populo tradit, unde dicitur sacerdos quasi sacra dans Cf.  ST, III, q. 22, a.1 c.

[viii] Cf. ST Supl., q. 35. O tratado integral sobre o sacramento da ordem na Suma: Supl. qq. 34-40.

[ix] IV Sent., d. 24, q. 2, a. 1, c.

[x] Por exemplo, nos parágrafos 48 e 97.

[xi] Et qui juxta hanc aquam radices habuerit, fructificabit bona opera faciendo; et hoc est quod sequitur, quod fructum suum dabit. Gal. 5: fructus autem spiritus est caritas, gaudium, pax, patientia, longanimitas, bonitas, benignitas et cetera.

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