Santa teimosia
Segunda-feira da segunda semana do Advento – C
Leituras: Is 35,1-10; Sl 84; Lc 5,17-26
Jesus está em Cafarnaum. A multidão está pendente dos seus lábios. Cada uma das suas palavras ressoa no silêncio expectante do povo sedento da Palavra de Deus. De repente rompe-se o silêncio e se começa a ouvir um barulho estranho no teto. Incrível! Os primeiros raios de sol perpassam o pequeno buraco até que se vai fazendo maior e a casa fica totalmente iluminada, naturalmente iluminada. Mas, desde quando os tetos se abrem sozinhos? Há algo por trás.
A verdade é que algumas daquelas pessoas, acostumadas a andar com Jesus, não se assustariam tanto, pois sabiam que quando este novo Rabi fala algo acontece. Ordinária ou extraordinariamente, as suas palavras sempre se fazem críveis pelas obras. De todas as maneiras, seja para essas pessoas seja para aquelas que vieram ao encontro de Jesus pela primeira vez, é preciso dizer que nem todos os dias se vê uma cama descendo pelo telhado! É algo verdadeiramente estranho! Mas, como se não bastasse, extremamente estranhas ressoam aquelas palavras ditas com excelente dicção e força extraordinária: “Homem, teus pecados estão perdoados” (Lc 5,20).
Imagino como estaria o pobre paralítico! Num momento se vê descoberto diante de Jesus de Nazaré. Bem que ele tinha dito aos seus quatro amigos que o deixassem quieto, que ele não queria ser incomodado nem queria incomodar o Rabi, que já fazia muitos anos que ele estava paralítico e que já estava conformado com a situação! A meu ver e segundo a minha fluente imaginação, foram os amigos que insistiram com ele para que fosse ao encontro de Jesus. E o paralítico concordou. Porém, nova dificuldade: quando chegam ao lugar onde Jesus estava não havia como aproximar-se dele. Mas, desistir agora? Não. O que fazer? Simples, se não se pode entrar pela porta, vamos entrar pelo teto. É lógico! Mas não segundo a lógica humana!
Cresce em mim a convicção de que devemos imitar os amigos do paralítico: não podemos deixar que os nossos amigos continuem paralíticos em seus pecados, em seus vícios e numa vida sem sentido, temos que levá-los ao encontro com Jesus. E se eles disserem que não querem e que os deixemos em paz, tenhamos uma santa teimosia e insistamos para que esse encontro se dê, pois Jesus é a verdadeira paz (cf. Ef 2,14). E se for preciso, subiremos aos telhados! É preciso que sejamos teimosamente apostólicos, evangelizadores firmes, homens e mulheres que não desistem perante as dificuldades, pessoas dispostas a “comer o mundo” visto desde o amplo panorama do apostolado!
Padre Françoá Costa
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