Roteiro Homilético – XXXIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

RITOS INICIAIS

 

Jer 29, 11.12.14

ANTÍFONA DE ENTRADA: Os meus pensamentos são de paz e não de desgraça, diz o Senhor. Invocar-Me-eis e atenderei o vosso clamor, e farei regressar os vossos cativos de todos os lugares da terra.

 

Introdução ao espírito da Celebração

 

As construções que as pessoas levantam na terra – casas, monumentos, estradas – os livros que escrevem e todas as outras obras das suas mãos, desfazem-se, com o tempo. Muitas vezes teremos visitado coisas que foram obras de arte e que o tempo não poupou.

Um destino semelhante têm as pessoas: gente famosa que parecia fazer parar o mundo, quando partiram desta vida, rapidamente foram esquecidas e ninguém agora se lembra delas.

O que ficará em pé, na memória das pessoas, da minha vida na terra? Nós, que aspiramos à imortalidade, levantando monumentos, escrevendo memórias – sofremos com este apagamento completo, como se fora uma morte total.

A que devemos recorrer para dar valor na vida presente?

 

ACTO PENITENCIAL

 

Deixamo-nos desorientar na selecção de valores e facilmente corremos atrás de coisas sem interesse, e enchemo-nos de preocupações por coisas que nada valem.

Isto leva-nos ao desleixo das coisas de Deus – a oração e a fidelidade aos Mandamentos –, não preparando cuidadosamente uma eternidade feliz.

Arrependamo-nos e prometamos, com a ajuda do Senhor, emenda de vida.

 

(Tempo de silêncio. Apresentamos, como alternativa, elementos para o esquema C)

 

•   Senhor, preocupa-nos o que os outros pensam de nós

e procuramos só as aparências de uma vida cristã.

Senhor, tende piedade de nós!

 

    Senhor, tende piedade de nós!

 

•   Cristo, desejamos muitas vezes um mundo melhor,

Mas não nos vemos que depende da nossa conversão.

Cristo, tende piedade de nós!

 

    Cristo, tende piedade de nós!

 

•   Senhor, somos descuidados na oração de cada dia

e não cumprimos os Mandamentos da Vossa Lei.

Senhor, tende piedade de nós!

 

    Senhor, tende piedade de nós!

 

Deus todo poderoso tenha compaixão de nós,

perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.

 

ORAÇÃO COLECTA: Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de encontrar sempre a alegria no vosso serviço, porque é uma felicidade duradoira e profunda ser fiel ao autor de todos os bens. Por Nosso Senhor…

 

 

LITURGIA DA PALAVRA

 

Primeira Leitura

 

Monição: O profeta Malaquias anuncia ao Povo de Deus, desanimado, céptico e apático, que Jahwéh não os abandonou. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça esse «sol da justiça» que traz a salvação.

 

Malaquias 3, 19-20a (Vulgata 4, 1-2a)

19Há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há-de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos. 20aMas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação.

 

A leitura é tirada do final do profeta Malaquias: são os dois primeiros versículos do capítulo 4 da Vulgata; na bíblia Hebraica e na Neovulgata, o capítulo 3 tem mais 7 versículos (Mal 3, 19-34) que correspondem a Mal 4, 1-7. O profeta da época persa volta a insistir na doutrina dos profetas pré-exílicos acerca do dia de Yahwé, como dia de juízo, de castigo e terror para os maus, e de salvação para os que temem a Deus. Para estes «nascerá o sol de justiça – o Messias – trazendo a salvação nos seus raios, (à letra: nas suas asas; as asas do Sol são uma bela metáfora para designar os seus raios).

 

Salmo Responsorial

Sl 97 (98), 5-9 (R. cf. 9)

 

Monição: O Salmo que a Liturgia nos convida a cantar é um hino de louvor e acção de graças ao Senhor, pelas maravilhas que ele tem realizado em favor do Seu Povo.

Será a nossa resposta litúrgica à interpelação que o Senhor nos fez pela primeira leitura.

 

Refrão:        O SENHOR VIRÁ GOVERNAR COM JUSTIÇA.

 

Ou:               O SENHOR JULGARÁ O MUNDO COM JUSTIÇA.

 

Cantai ao Senhor ao som da cítara,

ao som da cítara e da lira;

ao som da tuba e da trombeta,

aclamai o Senhor, nosso Rei.

 

Ressoe o mar e tudo o que ele encerra,

a terra inteira e tudo o que nela habita;

aplaudam os rios

e as montanhas exultem de alegria.

 

Diante do Senhor que vem,

que vem para julgar a terra;

julgará o mundo com justiça

e os povos com equidade.

 

Segunda Leitura

 

Monição: S. Paulo, na segunda carta aos fiéis de Tessalónica, ensina-nos que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino.

 

Tessalonicenses 3, 7-12

Irmãos: 7Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós desordenadamente, 8nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós.9Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar. 10Quando ainda estávamos convosco, já vos dávamos esta ordem: quem não quer trabalhar, também não deve comer. 11Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades. 12A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem.

 

S. Paulo, em face da falsa ideia da iminência da parusia, ou segunda vinda de Cristo, que circulava em Tessalónica e que levava alguns à ociosidade e ao desinteresse pelo trabalho (cf. 2 Tes 2, 2), vê-se forçado a falar com energia acerca da necessidade de trabalhar. Recorre mesmo à ironia: «quem não quer trabalhar, também não deve comer!» (v. 10). Como se vê, a fé pregada pelos Apóstolos nada tinha de alienante, mas tudo ao contrário.

10 «Quando ainda estávamos convosco…». Daqui se deduz que a doutrina sobre o trabalho tinha grande importância na pregação de S. Paulo, pois já a tinha pregado durante a rápida evangelização da cidade de Tessalónica.

 

Aclamação ao Evangelho        

Lc 21, 28

 

Monição: O Evangelho desperta-nos da preguiça com que nos deixamos atar e levanta o nosso espírito para uma vida cheia de esperança.

 

ALELUIA

 

Eguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.

 

 

Evangelho

 

Lucas 21, 5-19

Naquele tempo, 5comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: 6«Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». 7Eles perguntaram-Lhe: «Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?» 8Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. 9Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». 10Disse-lhes ainda: «Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino.11Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. 12Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. 13Assim tereis ocasião de dar testemunho. 14Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa. 15Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer. 16Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós 17e todos vos odiarão por causa do meu nome; 18mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. 19Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas.

 

Para compreendermos melhor o «discurso escatológico» do Senhor nos três Sinópticos temos de ter em conta, por um lado, o estilo apocalíptico já usado nos Profetas e muito em voga na época, em que se recorria sistematicamente a imagens arrojadas, como convulsões cósmicas – fenómenos espantosos e grandes sinais no céu (v. 11) –, a anunciar a chegada do supremo Juiz. Por outro lado, na mentalidade judaica, que era a dos discípulos, a destruição do Templo era inseparável do fim do mundo e do juízo final (2ª vinda de Cristo). Jesus não pretende esclarecer definitivamente esta questão teorética e curiosa, nem o autor inspirado que, apesar do seu estofo de historiador, não devia estar em condições de fazer uma destrinça perfeita do que se refere ao fim de Jerusalém e ao fim do mundo. Com efeito, ainda que S. Lucas seja mais minucioso nos pormenores relativos ao fim do Templo, não é certo que tenha escrito o seu Evangelho após estes acontecimentos do ano 70 e, em qualquer dos casos, é de uma grande fidelidade às fontes.

Nos Evangelhos os dois acontecimentos não se confundem, mas também não se destrinçam perfeitamente, o que até pode ser intencional, se considerarmos que a destruição do Templo e da cidade de Jerusalém são como que uma figura, um símbolo e um sinal da catástrofe do fim do mundo. Também, dado o género apocalíptico, não podemos concluir que o fim do mundo será mesmo uma catástrofe, como por vezes se pensa. O fim de Jerusalém não foi catástrofe para os cristãos que, avisados por este discurso, tinham abandonado a cidade a tempo e se viram mais livres da fúria dos judeus. O fim do mundo só pode ser temível para os inimigos de Deus, que põem toda a sua única esperança num mundo que inexoravelmente se lhe escapará; para os que amam a Deus, «todas as coisas concorrerão para o bem» (Rom 8, 28) e nenhum cabelo… se perderá (v. 18).

7 «Quando será tudo isto?» Jesus não é um adivinho que está à disposição dos seus para lhes satisfazer a natural curiosidade acerca do futuro. Jesus é o Mestre que sente necessidade de acautelar os seus discípulos das graves dificuldades que hão-de surgir, a fim de que estes, já prevenidos, não venham a desanimar: «Não vos deixeis enganar» (v. 8); «não vos alarmeis» (v. 9).

9 «É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Jesus não quer que consideremos as catástrofes e perseguições de que fala como sinais dum fim do mundo imediato! O Evangelho há-de estender-se a toda a gente e a todos os lugares, não num mar de rosas e num condicionalismo ideal e privilegiado, mas precisamente no meio de todas as dificuldades, mesmo as proverbialmente tidas como as maiores – guerras, grandes terramotos, fomes e epidemias (vv. 10-11) – e no meio das perseguições. Jesus só exige dos seus uma fé grande: «Não os sigais» (v. 8), «não vos alarmeis» (v. 9), e «perseverança» (v. 19).

No texto cruzam-se três planos: a destruição de Jerusalém, o tempo intermédio e o fim dos tempos. Jesus quer que nos centremos no tempo que nos toca viver, o tempo intermédio, que exige uma série de atitudes: «não vos deixeis enganar» (v. 8), «não vos alarmeis» (v. 9), «tereis ocasião de dar testemunho» (v. 12-13), «perseverança» (v. 19).

 

Sugestões para a homilia

 

• O Dia do Senhor

O Senhor virá

Seremos julgados

Espera-nos uma recompensa

• Procuremos bens que não perecem

Bens que perduram

Atenção aos sinais

1. O Dia do Senhor

A Liturgia da Palavra deste 33º Domingo do tempo comum fala-nos do Dia do Senhor. Ele acontecerá quando nos encontrarmos com Ele, no juízo particular e no geral, no fim dos tempos. Será a reposição da verdade na vida de cada um de nós perante o universo.

Ali vão desaparecer todas as aparências. No fim de uma representação teatral, cada pessoa retira a roupa com que se apresentou no palco e veste a de todos os dias. Esta vida parece-se com uma representação destas. Terminada esta vida, desaparecerão as diversas categorias de pessoas e manifestar-nos-emos como filhos do mesmo Pai que está nos céus.

O profeta Malaquias (= o meu mensageiro) aparece depois do exílio de Babilónia. O Templo já havia sido reconstruído e o culto já funcionava, embora mal.

No entanto, o entusiasmo do povo de Deus pela reconstrução tinha-se apagado; desanimado, ao parecer que as antigas promessas de Deus não tinham sido cumpridas, o Povo havia caído na apatia religiosa e na absoluta falta de confiança em Deus… Duvidava do amor d’Ele, da Sua justiça, do Seu interesse pelo Povo que tinha escolhido para aguardar a promessa do Redentor.

 

a) O Senhor virá. «Há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha».

O Senhor vem ter connosco muitas vezes ao dia para nos ajudar. Quando fazemos alguma coisa que Lhe desagrada, sentimos o remorso por causa do mal feito, a falta de paz interior; mas, se fazemos o bem, algo em nós há de consolação e de paz.

São outros tantos apelos amigos do nosso Deus, nosso Pai, para que nos convertamos.

Devemos corresponder a este convite com um acto de contrição, pedindo perdão dos pensamentos, palavras, obras ou omissões que Lhe desagradam.

Quando se trata de uma obra boa, havemos de Lhe agradecer o termos feito o bem, para que não nos tente a vaidade de julgar que isso se deve às nossas forças.

A certeza de que o Senhor virá quando menos o esperarmos – como o ladrão que assalta a casa – leva-nos a viver sempre felizes na Sua presença, realizando tudo e só o que é do Seu agrado.

 

b) Seremos julgados. «O dia que há-de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos

Não há nada na nossa vida que seja indiferente. O que fazemos e omitimos ou nos aproxima de Deus ou nos afasta d’Ele.

Os pecados graves matam em nós a vida da graça e fecham diante dos nossos passos a porta do Céu. O Senhor torna possível o nosso regresso ao Seu Amor pelo acto de contrição e pela confissão sacramental.

Além disso, facilitou-nos este cuidado de avaliar a nossa conduta, porque nos enriqueceu com a consciência moral. Ela julga e classifica cada um dos nossos actos.

O grande perigo que corremos é que ela pode perder a sensibilidade, à força de a sufocarmos, de abafarmos a sua voz. Quem perde a sensibilidade do corpo fica sem defesas, em perigo. (O professor de medicina explicava aos alunos que, numa enfermaria, o doente em pior estado era o que já não sentia as moscas que se pousavam sobre ele e não reagia, e não os que gritavam, gemiam ou se contorciam com dores. Nasceu uma criança em Inglaterra que ria quando via o sangue a brotar dos seus membros. Não sentia dores.)

c) Espera-nos uma recompensa. «Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação

A nossa vida na terra é um tempo de preparação para uma eternidade feliz ou infeliz. Não temos outra oportunidade de escolha.

Podemos também dizer que a felicidade e a alegria, – pela consolação do Espírito Santo – ou a infelicidade e a tristeza começam nesta vida da terra.

A eternidade é uma conquista, realizada todos os dias, e não uma «lotaria» que se joga na hora da morte.

Como resposta ao anúncio desta verdade de fé, o salmista convida-nos a cantar: «O Senhor virá governar com justiça

O nosso trabalho bem feito, o cuidado da família e dos outros, a oração pessoal e em comum, com os sacramentos, acumulam para nós tesouros no Céu. «Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar.» (2ª leitura).

2. Procuremos bens que não perecem

a) Bens que perduram. «Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: ‘Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído‘».

Não se trata de assumir um pessimismo doentio na vida, como se o cristão fosse um desconsolado permanente, um desmancha-prazeres. Deus, como o melhor dos pais, quer ver-nos felizes aqui na terra.

Trata-se de escolher os verdadeiros bens aos olhos de Deus. Os cuidados da vida presente agradam ao Senhor, e será com eles que vamos conquistar uma eternidade feliz.

(Na vida, temos de proceder como os pescadores de pérolas ou como os pesquisadores de pepitas de ouro. Embora encontrem muitas outras coisas interessantes, deixam-nas de lado para irem ao que realmente interessa).

Tudo o que não é feito por Amor desaparecerá, reduzido a cinzas.

O que é preciso, de verdade, mudar na nossa vida? Ofereçamos ao Senhor: o trabalho e o estudo, a vida integrada numa família e aceitando as limitações de cada dia; os projectos que não chegámos a realizar, por impossibilidade; os contratempos e limitações de saúde, de dinheiro e de dificuldades e estorvos que os outros colocam no nosso caminho.

O Amor de Deus em tudo isto é o endereço que não pode faltar, nestas mensagens que enviamos para o Céu.

 

b) Passará este mundo. «Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim».

Criamos facilmente necessidades e alimentamos caprichos e cedemos facilmente às paixões.

Vivemos, muitas vezes, de ilusões. Fingimos grandezas para impressionar os outros, na praça pública. Todas estas vaidades hão-de passar.

Quando contemplamos um funeral a caminho do cemitério, podemos reparar que esta pessoa nada pode levar consigo. Até a roupa e o corpo serão reduzidos a cinza.

A consideração desta verdade não nos pode deixar tristes nem tornar-nos desleixados, mas levar-nos a procurar os verdadeiros valores, para que não nos apresentemos diante de Deus de mãos vazias. É indispensável preparar uma eternidade feliz, onde todos nos encontremos para sempre.

 

c) Atenção aos sinais. «Eles perguntaram-lhe: “Mestre, quando sucederá isso? Que sinal haverá de que está para acontecer?” Jesus respondeu: “Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: “sou eu”; e ainda: “O tempo está próximo”. Não os sigais.”»

Muitas vezes temos a sensação de que o nosso mundo caminha para o abismo e que nada o pode deter. Aborto programado e pago com os nossos dinheiros (agora vêm os entendidos avisar as pessoas que o aborto prejudica gravemente quem o pratica – física e psiquicamente – e que a «pílula do dia seguinte» é ainda mais perigosa); eutanásia, falsificações de toda a ordem; redes de crimes de pedofilia e outras.

Haverá até ao fim do mundo esta luta constante, suscitada pelo Diabo, contra a vontade de Deus. (O ministério da saúde queria obrigar os médicos a modificar o juramento de defender a vida que fazem ao começar o exercício da sua profissão. Reconhecem, assim, que há uma vida no seio materno, e querem arranjar aparências de cumprir a Constituição da República que garante a defesa da vida humana).

Não nos deixemos desorientar por toda a confusão que se gera à nossa volta.

Neste sentido, o exame de consciência, a atenção à sua voz a aprovar ou censurar o que fazemos, é um sinal luminoso que o Senhor nos dá, ajudando-nos a pôr as contas em ordem para o Dia do encontro definitivo com Ele.

Também a confissão sacramental nos ajuda a reparar os passos errados que vamos dando na vida, sem tentar justificá-los.

 

O sacerdote – é bom lembrá-lo neste Dia dos Seminários – é o sinal de Deus para nos ensinar o caminho do Céu e nos fortalecer com os sacramentos que Jesus instituiu, evitando que nos desorientemos no caminho.

Irritar-se contra a sua pregação é proceder como o doente que fica zangado com o médico, porque este lhe diz que está enfermo e deve impor-se algumas restrições e tomar medicamentos. (Havia um homem a quem o médico disse que não podia beber mais vinho, porque estava doente. Ele respondeu: «O médico está tolo! Como pode proibir-me, se sou eu que tenho a chave da adega?» Pouco depois, partiu para a eternidade).

 

Na Celebração da Eucaristia em cada Domingo somos iluminados pela Palavra de Deus e alimentados com a Eucaristia, para que saibamos e possamos escolher os verdadeiros valores, à imitação de Nossa Senhora.

 

Fala o Santo Padre

 

«Não receemos o futuro, mesmo quando ele pode parecer de aspecto tenebroso.»

 

Na hodierna página evangélica, São Lucas repropõe à nossa reflexão a visão bíblica da história e refere as palavras de Jesus, que convidam os discípulos a não ter medo, mas a enfrentar dificuldades, incompreensões e até perseguições com confiança, perseverando na fé n’Ele.

«Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, diz o Senhor, não vos alarmeis; é preciso que estas coisas sucedam primeiro, mas não será logo o fim» (Lc 21, 9). Recordando esta admoestação, desde o início a Igreja vivia na expectativa orante da vinda do seu Senhor, perscrutando os sinais dos tempos e advertindo os fiéis de recorrentes messianismos, que cada vez anunciam a iminência do fim do mundo. Na realidade, a história deve seguir o seu curso, que inclui também dramas humanos e calamidades naturais. Nela desenvolve-se um desígnio de salvação ao qual Cristo já deu cumprimento na sua encarnação, morte e ressurreição. A Igreja continua a anunciar e a realizar este mistério com a pregação, a celebração dos sacramentos e o testemunho da caridade.

Queridos irmãos e irmãs, aceitemos o convite de Cristo a enfrentar os acontecimentos quotidianos confiando no seu amor providente. Não receemos o futuro, mesmo quando ele pode parecer de aspecto tenebroso, porque o Deus de Jesus Cristo, que assumiu a história para a abrir ao seu cumprimento transcendente, é o seu alfa e ómega, o princípio e o fim (cf. Ap 1, 8). Ele garante-nos que em cada gesto de amor pequeno mas genuíno há todo o sentido do universo, e que quem não hesita em perder a própria vida por Ele, encontrá-la-á em plenitude (cf. Mt 16, 25).

Para manter viva esta perspectiva convidam-nos com singular eficiência as pessoas consagradas, que colocaram sem hesitação a sua vida ao serviço do Reino de Deus. Entre elas gostaria de recordar particularmente as que são chamadas à contemplação nos mosteiros de clausura. A elas a Igreja dedica um Dia especial na […] memória da apresentação da Bem-Aventurada Virgem Maria no Templo. Devemos tanto a estas pessoas que vivem do que a Providência lhes proporciona mediante a generosidade dos fiéis. O mosteiro, «como oásis espiritual, indica ao mundo de hoje o mais importante, aliás, no final a última coisa decisiva: existe uma razão derradeira pela qual vale a pena viver, isto é, Deus e o seu amor imperscrutável (Heiligenkreuz, 9 de Setembro de 2007). A fé que age na caridade é o verdadeiro antídoto contra a mentalidade niilista, que na nossa época difunde cada vez mais a sua influência no mundo.

Maria, Mãe do Verbo encarnado nos acompanhe na peregrinação terrena. A Ela pedimos que apoie o testemunho de todos os cristãos, para que se baseie sempre sobre uma fé firme e perseverante.

 

Bento XVI, Angelus, 18 de Novembro de 2007

 

 LITURGIA EUCARÍSTICA

 

INTRODUÇÃO

 

A Palavra de Deus que foi proclamada avivou a nossa esperança na vida eterna que há-de vir.

A Santíssima Eucaristia fortalece-nos para esta prova de Amor de Deus na vida presente.

Avivemos a fé, a esperança e o nosso amor para participarmos nas promessas de Cristo.

 

CÂNTICO DO OFERTÓRIO: CANTAI AO SENHOR NOSSO DEUS, M. Simões, NRMS 38

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Concedei-nos, Senhor, que os dons oferecidos para glória do vosso nome nos obtenham a graça de Vos servirmos fielmente e nos alcancem a posse da felicidade eterna. Por Nosso Senhor…

 

SANTO

 

SAUDAÇÃO DA PAZ

 

A paz é um dom que Deus concede aos que procuram cumprir a Sua Lei, o Mandamento Novo do Amor.

Manifestemos o desejo de seguir fielmente a vontade de Deus no relacionamento com o nosso próximo.

 

Saudai-vos na paz de Cristo!

 

Monição da Comunhão

 

Aproximemo-nos com toda a pureza, amor e devoção, a recebê-l’O sacramentalmente, na certeza de que a Sua maior alegria, se estamos devidamente preparados, é que O comunguemos.

 

Salmo 72, 28

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: A minha alegria é estar junto de Deus, buscar no Senhor o meu refúgio.

Ou:    Mc 11, 23.24

Tudo o que pedirdes na oração ser-vos-á concedido, diz o Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Depois de recebermos estes dons sagrados, humildemente Vos pedimos, Senhor: o sacramento que o vosso Filho nos mandou celebrar em sua memória aumente sempre a nossa caridade. Por Nosso Senhor…

 

 

RITOS FINAIS

 

Monição final

 

Somos arautos de uma nova vida feliz que nos espera para alem desta caminhada na terra.

Proclamemos diante dos nossos irmãos, com a vida e com a palavra, que Deus nos ama como o melhor dos pais, e a todos deseja ver-nos felizes com Ele para sempre no Céu.

 

 

 

HOMILIAS FERIAIS

 

33ª SEMANA

 

2ª Feira, 18-XI: Ver com amor, para corrigir.

Ap 1, 1-4; 2, 1-5 / Lc 18, 35-43

Mas tenho contra ti que deixaste perder a tua caridade primitiva. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e pratica as obras anteriores.

O Apóstolo dirige-se às sete igrejas e queixa-se da tibieza em que tinham caído: «deixaste perder a caridade primitiva» (Leit.). Como está o nosso empenho nas coisas de Deus? E no trabalho e na vida familiar? Não deixemos esmorecer esses amores.

Para recuperarmos esse amor precisamos pedir ao Senhor que nos ajude a ver melhor o que foi piorando. Ao passar Jesus perto de Jericó, um cego pede-lhe a sua cura. O Senhor louva a fé do cego (Ev.). «Os sinais realizados por Jesus convidam a crer n’Ele. Aos que se lhe dirigem com fé, concede-lhes o que pedem (Ev.)» (CIC, 548).

 

3ª Feira, 19-XI: Arrependimento, reparação e generosidade.

Ap 3, 1-6.14-22 / Lc 19, 1-10

Olha que eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e me abrir aporta, entrarei para junto dele.

Estas palavras do Senhor (Leit.) podem aplicar-se ao episódio narrado no Evangelho. À passagem de Jesus por Jericó ‘bateu à porta’ de Zaqueu, manifestando-lhe o desejo de hospedar-se em casa dele. Jesus conseguiu ler no íntimo de Zaqueu o desejo que alimentava de conhecê-lo.

A conversão do pecador foi muito rápida e acompanhada de uma nova forma de vida. Zaqueu deixou-nos um exemplo de arrependimento, de reparação e de generosidade. Os encontros com Cristo ajudar-nos-ão a sermos mais generosos com os demais, a partilharmos com eles o que temos.

 

4ª Feira, 20-XI: A transformação do mundo.

Ap 4, 1-11 / Lc 19, 11-28

A tua mina rendeu dez minas. Ele respondeu-lhe: Muito bem, excelente servidor! Por que foste fiel em muito pouco, receberás o governo de 10 cidades.

À entrada para a vida eterna prestaremos contas a Deus dos talentos recebidos (Ev.). Um deles será o esforço que fizemos para transformar o mundo: «Anunciar a morte do Senhor, até que Ele venha, inclui, para os que participam na Eucaristia, o compromisso de transformarem a vida, de tal modo que esta se torne, de certo modo, toda eucarística. É precisamente este fruto da transformação da existência e o empenho de transformar o mundo segundo o Evangelho, que fazem brilhar a tensão escatológica da celebração eucarística e de toda a vida cristã» (J.Paulo II).

 

 

5ª Feira, 21-XI: Dedicação das Basílicas de S. Pedro e S. Paulo.

Act 28, 11-16. 30-31 / Mt 14, 22-33

O barco já se afastara da terra por muitos estádios e era açoitado pelas ondas, por o vento ser contrário.

Celebramos o aniversário da Dedicação das Basílicas de S. Pedro e S. Paulo. Temos uma boa oportunidade para reflectirmos sobre a Igreja, apoiada sobre estes dois Apóstolos.

«A Igreja só na glória celeste alcançará a sua realidade acabada, aquando do regresso glorioso de Cristo. Até esse dia, a Igreja avança na sua peregrinação por entre as perseguições do mundo e das consolações de Deus» (CIC, 769). Foi o que aconteceu com o barco, que simboliza a Igreja, onde seguiam Pedro e os outros discípulos.

 

6ª Feira, 22-XI: O projecto de Deus para cada um de nós.

Ap 10, 8-11 / Lc 19, 45-48

Vai buscar o livro aberto. Pega nele e devora-o.

O livro aberto «contém o plano criador e salvador de Deus: o seu projecto detalhado sobre a realidade inteira, sobre as pessoas, as coisas, os acontecimentos (João Paulo II). Trata-se de saber qual o projecto que Deus para cada um de nós que inclui tudo o que somos e nos acontece.

«Pega nele e devora-o» (Leit.). Devemos assimilar bem o que Deus tem para nos dizer e, depois, comunicá-lo aos outros «O livro aberto é entregue a João e, através dele, à Igreja inteira. Só depois de o ter assimilado em profundidade, é que poderá comunicá-lo adequadamente aos outros» (J. Paulo II).

 

Sábado, 23-XI: O segredo da ressurreição dos corpos.

Ap 11, 4-12 / Lc 20, 27-40

E não se trata de um deus de mortos, mas de vivos, porque, para Ele, todos vivem.

Os saduceus negavam a ressurreição dos mortos e, para apoiar o seu ponto de vista, puseram este caso ao Senhor. Jesus resolve o problema, reafirmando a ressurreição e as propriedades dos corpos ressuscitados (Ev.).

A Eucaristia é também o segredo da ressurreição: «Na Eucaristia recebemos a garantia também da ressurreição do corpo no fim do mundo: ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu ressuscitá-lo-ei no último dia’. Pela Eucaristia, assinala-se, por assim dizer, o ‘segredo da ressurreição’» (J. Paulo II).

 

 

 

 

 

 

Celebração e Homilia:         FERNANDO SILVA

Nota Exegética:                    GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:                  NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:                DUARTE NUNO ROCHA

Facebook
Twitter
LinkedIn

Biblioteca Presbíteros