Roteiro Homilético – XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano A

RITOS INICIAIS

Salmo 16, 6.8.9

ANTÍFONA DE ENTRADA: Respondei-me, Senhor, quando Vos invoco, ouvi a minha voz, escutai as minhas palavras. Guardai-me dos meus inimigos, Senhor. Protegei-me à sombra das vossas asas.

Introdução ao espírito da Celebração

«Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso». (Frase de Isaías, 45, 5).

Este chamamento é palavra-chave para o Dia Mundial das Missões. Também devemos «dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus»

Todos somos chamados a realizar algo de novo nas terras de Missão. Nem todos nos deslocaremos para lá. Mas todos podemos rezar, pelo bom êxito do trabalho missionário, e oferecer algo das nossas economias para esse fim.

ORAÇÃO COLECTA: Deus eterno e omnipotente, dai-nos a graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração. Por Nosso Senhor…

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: Ciro, rei da Pérsia, foi chamado para um trabalho de grande responsabilidade. O trabalho missionário é mais importante que a missão de Ciro.

Isaías 45, 1.4-6

1Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido, a quem tomou pela mão direita, para subjugar diante dele as nações e fazer cair as armas da cintura dos reis, para abrir as portas à sua frente, sem que nenhuma lhe seja fechada: 4«Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, quando ainda não Me conhecias. 5Eu sou o Senhor e não há outro; fora de Mim não há Deus. Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias, 6para que se saiba, do Oriente ao Ocidente, que fora de Mim não há outro. Eu sou o Senhor e mais ninguém».

A leitura é tirada do Segundo Isaías; apresenta o rei Ciro da Pérsia, que em 539 acabou com o reino de Babilónia. Este é chamado, à maneira dos reis do povo escolhido, como o «Ungido» de Yahwéh. Ele permitiu que os exilados hebreus regressassem à pátria, e reconstruíssem o templo de Jerusalém. Nesta passagem, o profeta dá-lhe os grandiosos títulos de «Pastor» e «Ungido» do Senhor. É saudado como instrumento de Deus para libertar Israel e difundir a fé em Yahwéh, o único Deus. Também no Evangelho se fala doutro imperador pagão, Tibério César, mas sem que seja elogiado, ou condenado.

Salmo Responsorial

Sl 95 (96), l.3.4-5.7-8.9-10a.c (R. 7b)

Monição: Que todos os nossos actos aclamem a glória e o poder do Senhor.

Refrão: ACLAMAI A GLÓRIA E O PODER DO SENHOR.

Cantai ao Senhor um cântico novo,

cantai ao Senhor, terra inteira.

Publicai entre as nações a sua glória,

em todos os povos as suas maravilhas.

O Senhor é grande e digno de louvor,

mais temível que todos os deuses.

Os deuses dos gentios não passam de ídolos,

foi o Senhor quem fez os céus.

Dai ao Senhor, ó família dos povos,

dai ao Senhor glória e poder.

Dai ao Senhor a glória do seu nome,

levai-Lhe oferendas e entrai nos seus átrios.

Adorai o Senhor com ornamentos sagrados,

trema diante d’Ele a terra inteira.

Dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,

governa os povos com equidade.

Segunda Leitura

Monição: É necessário que todos os que evangelizam o façam «não somente com palavras, mas também com obras poderosas e com a acção do Espírito (1.ªTessalonicenses, 1, 5b)

Tessalonicenses 1, 1-5b

1Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos Tessalonicenses, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: A graça e a paz estejam convosco. 2Damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas nossas orações. 3Recordamos a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus, nosso Pai. 4Nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes escolhidos. 5bO nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras, mas também com obras poderosas, com a acção do Espírito Santo.

É este o início daquele que é muitíssimo provavelmente primeiro de todos os escritos do Novo Testamento, e dos que são mais fáceis de datar: pelo ano 51. S. Paulo. em Corinto, recebe, através de Timóteo, boas noticias da comunidade fundada há pouco, no decurso desta 2.ª viagem apostólica, e escreve esta carta cheia de carinho, para os confirmar na fé. Temos a breve saudação inicial (v. 1), à boa maneira clássica; junto a Paulo estavam dois dos seus companheiros da 2ª viagem, Silvano(Silas) e Timóteo. Chamamos a atenção para o facto de que nas palavras de acção de graças a Deus pela fidelidade dos Tessalonicenses (vv. 3-10), o Apóstolo, uns 20 anos após a Morte e Ressurreição de Cristo, alude ao mistério central da nossa fé, ao referir o «Pai», ao Filho, «o Senhor Jesus» (v. 3) e ao «Espírito Santo» (v. 5).

Aclamação ao Evangelho

Filip 2, 15d.16a

Monição: Meditemos, seriamente, nesta frase de Jesus: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22,21).

ALELUIA

Vós brilhais como estrelas no mundo,

ostentando a palavra da vida.

Evangelho

São Mateus 22, 15-21

Naquele tempo, 15os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. 16Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem te preocupares com ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. 17Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?» 18Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? 19Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário e Jesus perguntou: 20«De quem é esta imagem e esta inscrição?» 21Eles responderam: «De César». Disse-Lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».

A questão proposta era uma hábil cilada em que Jesus deveria cair: se dissesse que se devia pagar o tributo a Tibério César, ali estavam os «fariseus» para O desacreditarem perante o povo, pois apoiava o domínio romano, ao qual os fariseus se opunham tenazmente; se Jesus dissesse que não, ali tinha os «herodianos», que O iriam denunciar a Pilatos como rebelde e agitador do povo contra os Romanos, pois os partidários de Herodes apoiavam o domínio romano.

19 «A moeda do tributo». Era o denário, que tinha a efígie do imperador com a inscrição: «Tibério César, filho do divino Augusto».

21 Jesus evita cair na armadilha, dando uma resposta que transcende a pergunta: a pergunta era política; a resposta é de ordem moral e religiosa e muito mais ampla. Se é certo que Jesus declara: «dai a César o que é de César», também é verdade que restringe imediatamente esta declaração, ao afirmar um princípio superior: «dai a Deus o que é de Deus». É como se dissesse: dai a César o que lhe pertence, mas não mais do que aquilo que lhe pertence, pois há direitos superiores e prioritários, os de Deus, Yahwéh, a quem César tem de servir.

Sugestões para a homilia

Vamos principiar com algumas advertências tiradas da mensagem do Santo padre, Bento XVI, para este Dia Mundial das Missões.

A dado passo da Sua Mensagem, diz Bento XVI: «O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, já afirmava na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, que «evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade» (n.14). Como modelo deste compromisso apostólico, apraz-me indicar particularmente São Paulo, o Apóstolo das nações, uma vez que no corrente ano celebramos um Jubileu especial a ele dedicado. Trata-se do Ano Paulino, que nos oferece a oportunidade de familiarizar com este insigne Apóstolo, que recebeu a vocação de proclamar o Evangelho aos gentios…

Como deixar de aproveitar a oportunidade oferecida por este jubileu especial às Igrejas locais, às comunidades cristãs e a cada um dos fiéis separadamente, para propagar até aos extremos confins do mundo «o anúncio do Evangelho, força de Deus para a salvação de todo aquele que acredita» (cf. Rm 1,16»

Perante os graves problemas com que se debate a humanidade hodierna o Santo Padre pergunta: «O que será da humanidade e da criação? Existe esperança para o futuro, ou melhor, há um futuro para a humanidade? Como será esse futuro? A resposta a estas interrogações provêm-nos do Evangelho. Cristo é o nosso futuro e, como escrevi na Carta Encíclica Spe salvi, o seu Evangelho é a comunicação que «transforma a vida», incute esperança, abre de par em par as portas obscuras do tempo e ilumina o porvir da humanidade e do universo (cf. n.2). São Paulo compreendeu bem que somente em Cristo a humanidade pode encontrar a redenção e a esperança. Com efeito, «quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança».

Últimas palavras da Mensagem:

«Enquanto confio ao Senhor a obra apostólica dos missionários, das Igrejas espalhadas pelo mundo e dos fiéis comprometidos em várias actividades missionárias, invocando a intercessão do Apóstolo Paulo e de Maria Santíssima, Estrela de Evangelização e da Esperança, concedo a todos a Bênção Apostólica».

Apelo

Tudo a mais que pode dizer-se já é suficientemente conhecido. Rezemos, ofereçamos algo das nossas economias e lembremos o atraso e a miséria em que vivem muitas Nações.

Recordo só este caso: Esteve entre nós um Padre da Guiné-Bissau. Falou dos imensos problemas que lá existiam e uma das grandes aspirações era levar um tractor para melhorar a agricultura naquele País. Sem máquinas, como se pode viver? A miséria é tal que nós, dificilmente acreditámos. Não se pode pregar a estômagos vazios.

Fala o Santo Padre

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI

PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL DE 2008

«Servos e apóstolos de Jesus Cristo»

Queridos irmãos e irmãs

Por ocasião do Dia Missionário Mundial, gostaria de vos convidar a reflectir acerca da urgência que subsiste em anunciar o Evangelho inclusivamente nesta nossa época. O mandato missionário continua a constituir uma prioridade absoluta para todos os baptizados, chamados a ser «servos e apóstolos de Jesus Cristo» neste início de milénio. O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, já afirmava na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, que «evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade» (n. 14). Como modelo deste compromisso apostólico, apraz-me indicar particularmente São Paulo, o Apóstolo das nações, uma vez que no corrente ano celebramos um Jubileu especial a ele dedicado. Trata-se do Ano Paulino, que nos oferece a oportunidade de familiarizar com este insigne Apóstolo, que recebeu a vocação de proclamar o Evangelho aos gentios, em conformidade com quanto o Senhor lhe tinha prenunciado: «Vai! É para longe, é para junto dos pagãos que Eu te hei-de enviar» (Act 22, 21). Como deixar de aproveitar a oportunidade oferecida por este Jubileu especial às Igrejas locais, às comunidades cristãs e a cada um dos fiéis separadamente, para propagar até aos extremos confins do mundo «o anúncio do Evangelho, força de Deus para a salvação de todo aquele que acredita» (cf. Rm 1, 16)?

1. A humanidade tem necessidade de libertação

A humanidade tem necessidade de ser libertada e redimida. A própria criação afirma São Paulo sofre e nutre a esperança de entrar na liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8, 19-22). Estas palavras são verdadeiras também no mundo de hoje. A criação sofre. A humanidade sofre e espera a verdadeira liberdade, aguarda um mundo diferente, melhor; espera a «redenção». E, em última análise, sabe que este novo mundo esperado supõe um homem novo, supõe «filhos de Deus». Vejamos mais de perto a situação do mundo de hoje. Se, por um lado, o panorama internacional apresenta perspectivas de um desenvolvimento económico e social promissor, por outro, chama a nossa atenção para algumas graves preocupações no que diz respeito ao próprio porvir do homem. Em não poucos casos, a violência caracteriza os relacionamentos entre os indivíduos e os povos; a pobreza oprime milhões de habitantes; as discriminações e às vezes até as perseguições por motivos raciais, culturais e religiosos impelem numerosas pessoas a escapar dos seus países para procurar refúgio e salvaguarda alhures; quando não tem como finalidade a dignidade e o bem do homem, quando não tem em vista um desenvolvimento solidário, o progresso tecnológico perde a sua potencialidade de factor de esperança e, ao contrário, corre o risco de agravar os desequilíbrios e as injustiças já existentes. Além disso, há uma ameaça constante no que se refere à relação homem-meio ambiente, devido ao uso indiscriminado dos recursos, com repercussões sobre a própria saúde física e mental do ser humano. Depois, o futuro do homem é posto em risco pelos atentados contra a sua vida, atentados estes que adquirem várias formas e modalidades.

Diante deste cenário, «sentimos o peso da inquietação, agitados entre a esperança e a angústia» (Constituição Gaudium et spes, 4) e, preocupados, interrogamo-nos: o que será da humanidade e da criação? Existe esperança para o futuro, ou melhor, há um futuro para a humanidade? E como será este futuro? A resposta a estas interrogações provêm-nos do Evangelho. Cristo é o nosso futuro e, como escrevi na Carta Encíclica Spe salvi, o seu Evangelho é a comunicação que «transforma a vida», incute a esperança, abre de par em par as portas obscuras do tempo e ilumina o porvir da humanidade e do universo (cf. n. 2). São Paulo compreendeu bem que somente em Cristo a humanidade pode encontrar a redenção e a esperança. Por isso, sentia impelente e urgente a missão de «anunciar a promessa da vida em Jesus Cristo» (2 Tm 1, 1), «nossa esperança» (1 Tm 1, 1), a fim de que todos os povos possam participar na mesma herança e tornar-se partícipes da promessa por meio do Evangelho (cf. Ef 3, 6). Ele estava consciente de que, desprovida de Cristo, a humanidade permanece «sem esperança e sem Deus no mundo (Ef 2, 12) sem esperança porque sem Deus» (Spe salvi, 3). Com efeito, «quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida (cf. Ef 2, 12)» (Ibid., n. 27).

2. A Missão é uma questão de amor

Por conseguinte, anunciar Cristo e a sua mensagem salvífica constitui um dever premente para todos. «Ai de mim afirmava São Paulo se eu não anunciar o Evangelho!» (1 Cor 9, 16). No caminho de Damasco, ele tinha experimentado e compreendido que a redenção e a missão são obra de Deus e do seu amor. O amor de Cristo levou-o a percorrer os caminhos do Império Romano como arauto, apóstolo, anunciador e mestre do Evangelho, do qual se proclamava «embaixador aprisionado» (Ef 6, 20). A caridade divina tornou-o «tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo» (1 Cor 9, 22). Considerando a experiência de São Paulo, compreendemos que a actividade missionária é a resposta ao amor com que Deus nos ama. O seu amor redime-nos e impele-nos rumo à missio ad gentes; é a energia espiritual capaz de fazer crescer na família humana a harmonia, a justiça, a comunhão entre as pessoas, as raças e os povos, à qual todos aspiram (cf. Carta Encíclica Deus caritas est, 12). Portanto é Deus, que é amor, quem conduz a Igreja rumo às fronteiras da humanidade e quem chama os evangelizadores a beberem «da fonte primeira e originária que é Jesus Cristo, de cujo Coração trespassado brota o amor de Deus» (Deus caritas est, 7). Somente deste manancial se podem haurir a atenção, a ternura, a compaixão, o acolhimento, a disponibilidade e o interesse pelos problemas das pessoas, assim como aquelas outras virtudes necessárias para que os mensageiros do Evangelho deixem tudo e se dediquem completa e incondicionalmente a difundir no mundo o perfume da caridade de Cristo.

3. Evangelizar sempre

Enquanto a primeira evangelização em não poucas regiões do mundo permanece necessária e urgente, a escassez de clero e a falta de vocações afligem hoje várias Dioceses e Institutos de vida consagrada. É importante reiterar que, mesmo na presença de dificuldades crescentes, o mandato de Cristo de evangelizar todos os povos permanece uma prioridade. Nenhuma razão pode justificar uma sua diminuição ou uma sua interrupção, dado que «a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja» (Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, 14). Esta missão «ainda está no começo e devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço» (João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris missio, 1). Como deixar de pensar aqui no Macedónio que, tendo aparecido em sonho a Paulo, clamava: «Vem à Macedónia e ajuda-nos»? Hoje são inúmeros aqueles que esperam o anúncio do Evangelho, aqueles que se sentem sequiosos de esperança e de amor. Quantos se deixam interpelar profundamente por este pedido de ajuda que se eleva da humanidade, abandonam tudo por Cristo e transmitem aos homens a fé e o amor por Ele! (cf. Spe salvi, 8).

4. «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!» (1 Cor 9, 16)

Caros irmãos e irmãs, «duc in altum»! Façamo-nos ao largo no vasto mar do mundo e, aceitando o convite de Jesus, lancemos as redes sem temor, confiantes na sua ajuda constante. São Paulo recorda-nos que anunciar o Evangelho não é um título de glória (cf. 1 Cor 9, 16), mas uma tarefa e uma alegria. Estimados irmãos Bispos, seguindo o exemplo de Paulo, cada um se sinta «prisioneiro de Cristo em favor dos pagãos» (Ef 3, 1), consciente de que nas dificuldades e nas provações pode contar com a força que dele nos provém. O Bispo é consagrado não apenas para a sua diocese, mas para a salvação do mundo inteiro (cf. Carta Encíclica Redemptoris missio, 63). Como o Apóstolo Paulo, ele é chamado a ir ao encontro daqueles que estão distantes, dos que ainda não conhecem Cristo, ou que ainda não experimentaram o seu amor libertador; o seu compromisso consiste em tornar missionária toda a comunidade diocesana, contribuindo de bom grado, em conformidade com as possibilidades, para destinar presbíteros e leigos a outras Igrejas, para o serviço da evangelização. Assim, a missio ad gentes torna-se o princípio unificador e convergente de toda a sua actividade pastoral e caritativa.

Vós, queridos presbíteros, primeiros colaboradores dos Bispos, sede pastores generosos e evangelizadores entusiastas! Não poucos de vós, ao longo destas décadas, partiram para os territórios de missão, a seguir à Carta Encíclica Fidei donum, cujo 50º aniversário há pouco comemorámos, e com a qual o meu venerado Predecessor o Servo de Deus Pio XII deu impulso à cooperação entre as Igrejas. Formulo votos a fim de que não definhe esta tensão missionária nas Igrejas locais, apesar da escassez de clero que aflige não poucas delas.

E vós, amados religiosos e religiosas, caracterizados por vocação por uma forte conotação missionária, levai o anúncio do Evangelho a todos, especialmente aos que estão distantes, mediante um testemunho coerente de Cristo e um seguimento radical do seu Evangelho.

Todos vós, prezados fiéis leigos que trabalhais nos diversos âmbitos da sociedade, sois chamados a participar na difusão do Evangelho de maneira cada vez mais relevante. Assim, abre-se diante de vós um areópago complexo e multifacetado a ser evangelizado: o mundo. Dai testemunho com a vossa própria vida, do facto de que os cristãos «pertencem a uma sociedade nova, rumo à qual caminham e que, na sua peregrinação, é antecipada» (Spe salvi, 4).

5. Conclusão

Caros irmãos e irmãs, a celebração do Dia Missionário Mundial encoraje todos vós a tomar uma renovada consciência da urgente necessidade de anunciar o Evangelho. Não posso deixar de relevar com profundo apreço a contribuição das Pontifícias Obras Missionárias para a acção evangelizadora da Igreja. Agradeço-lhes o apoio que oferecem a todas as Comunidades, de maneira especial às mais jovens. Elas constituem um válido instrumento para animar e formar missionariamente o Povo de Deus e alimentam a comunhão de pessoas e de bens entre os vários membros do Corpo místico de Cristo. A colecta, que no Dia Missionário Mundial se realiza em todas as paróquias, seja um sinal de comunhão e de solicitude recíproca entre as Igrejas. Enfim, que no povo cristão se intensifique cada vez mais a oração, meio espiritual indispensável para difundir no meio de todos os povos a luz de Cristo, «a luz por antonomásia» que resplandece sobre «as trevas da história» (Spe salvi, 49). Enquanto confio ao Senhor a obra apostólica dos missionários, das Igrejas espalhadas pelo mundo e dos fiéis comprometidos em várias actividades missionárias, invocando a intercessão do Apóstolo Paulo e de Maria Santíssima, «Arca da Aliança viva», Estrela da evangelização e da esperança, concedo a todos a Bênção apostólica.

Bento XVI, Vaticano, 11 de Maio de 2008

LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Fazei, Senhor, que possamos servir ao vosso altar com plena liberdade de espírito, para que estes mistérios que celebramos nos purifiquem de todo o pecado. Por Nosso Senhor…

SANTO

Monição da Comunhão

Se não comungas com frequência, não dás a Deus o que é de Deus nem a César o que é de César.

Salmo 32, 18-19

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: O Senhor vela sobre os seus fiéis, sobre aqueles que esperam na sua bondade, para libertar da morte as suas almas, para os alimentar no tempo da fome.

Ou

Mc 10, 45

O Filho do homem veio ao mundo para dar a vida pela redenção dos homens.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Concedei, Senhor, que a participação nos mistérios celestes nos faça progredir na santidade, nos obtenha as graças temporais e nos confirme nos bens eternos. Por Nosso Senhor…

RITOS FINAIS

Monição final

Quem está disposto a dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César, não pode esquecer-se do problema missionário.

HOMILIAS FERIAIS

29ª SEMANA

2ª Feira, 20-X: As riquezas de Deus.

Ef 2, 1-10 / Lc 12, 13-21

Depois, direi à minha alma: Ó alma, tens muitos bens em depósito para largos anos. Descansa, come, bebe e regala-te.

Este homem rico pensou ter encontrado a felicidade na acumulação de bens materiais. No entanto, «a verdadeira felicidade não reside nem na riqueza ou no bem-estar, nem na glória humana ou no poder, …nem em qualquer criatura, mas só em Deus, fonte de todo o bem e de todo o amor» (CIC, 1723).

Saibamos descobrir as riquezas de Deus: «Deus é rico em misericórdia…Assim quis mostrar nos séculos futuros a extraordinária riqueza da sua graça, pela bondade que teve para connosco em Cristo Jesus» (Leit).

3ª Feira, 21-X:Vigilância para boa construção.

Ef 2, 12-22 / Lc 12, 35-38

Em Cristo, qualquer construção bem ajustada, cresce para formar um templo santo do Senhor.

«A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus. O próprio Cristo se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Leit)» (CIC, 756).

Nós também estamos «integrados na construção» (Leit). Para isso, precisamos estar muito vigilantes. O Senhor vai bater à nossa porta (cf Ev), no momento da nossa morte e em muitos momentos do nosso dia, para nos pedir um trabalho mais bem feito, umas orações com mais piedade, uma vida familiar com mais amor…

4ª Feira, 22-X:Vigilância nas actividades correntes.

Ef 3, 2-12 / Lc 12, 39-48

Feliz daquele servo a quem o Senhor ao chegar, assim encontrar fazendo. Em verdade vos digo: há-de pô-lo à frente de todos os seus bens.

A vigilância que o Senhor nos pede está nas pequenas actividades de cada dia: levantar-se à hora certa, cumprir o horário de trabalho, não perder o tempo em programas inúteis de TV, entrar em casa com um sorriso. «Por cada vitória contra os pequenos inimigos colocaremos uma pedra preciosa na coroa de glória que o Senhor preparou para nós» (S. Francisco de Sales).

vigilância também se poderia concretizar «na coragem de nos aproximarmos de Deus com toda a confiança» (Leit). São os momentos dedicados diariamente a Deus.

5ª Feira, 23-X: A energia transformadora do Espírito Santo.

Ef 3, 14-21 / Lc 12, 49-53

Eu vim lançar fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado.

«O fogo! Simboliza a energia transformadora dos actos do Espírito Santo, aquele Espírito do qual Jesus dirá: ‘Eu vim lançar fogo …’(Ev)» (CIC, 696).

Peçamos a Deus que o fogo do seu amor robusteça a nossa alma: «Ele vos dará, por meio do seu Espírito, a força de vos tornardes robustos no que há de mais íntimo em vós» (Leit). E cada um de nós há-de ser igualmente fogo para transmitir aos outros a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do mistério da habitação de Cristo nos nossos corações (cf Leit).

6ª Feira, 24-X: Interpretar os sinais dos tempos.

Ef 4, 1-6 / Lc 12, 54-59

Hipócritas, sabeis apreciar o aspecto da terra e do céu; mas este tempo, como é que não o apreciais?

«O homem esforça-se por interpretar os dados da experiência e os sinais dos tempos (cf Ev), graças à virtude da prudência, aos conselhos de pessoas sensatas e à ajuda do Espírito Santo e dos seus dons» (CIC, 1788).

Um dos sinais dos nossos tempos é recuperar a unidade de todos os cristãos: «Pela comunhão do Corpo de Cristo, a Igreja consegue ser cada vez como que o sacramento ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano» (João Paulo II).

Sábado, 25-X: Aumentar os frutos na nossa vida.

Ef 4, 7-16 / Lc 13, 1-9

Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar fruto a essa figueira e não o encontrou.

A figueira representa cada um de nós. Do mesmo modo, o Senhor procura constantemente em nós frutos de santidade. Tem a minha vida os frutos que o Senhor nela espera encontrar? Não será que posso corresponder melhor?

Uma vez que a figueira estava estéril, o vinhateiro resolveu deitar adubo para recolher frutos no futuro (cf Ev). O adubo fertilizante é símbolo do Espírito Santo, Senhor que dá a vida: «A cada um de nós foi concedida a graça» (Leit). Precisamos viver a verdade na caridade para crescermos aos olhos do Senhor (cf Leit).

Celebração e Homilia: ADRIANO TEIXEIRA

Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais: NUNO ROMÃO

Sugestão Musical: DUARTE NUNO ROCHA

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