Roteiro Homilético – XXI Domingo do Tempo Comum – Ano C

RITOS INICIAIS

 

Sl 85, 1-3

ANTÍFONA DE ENTRADA: Inclinai o vosso ouvido e atendei-me, Senhor, salvai o vosso servo, que em vós confia. Tende compaixão de mim, Senhor, que a Vós clamo dia inteiro.

 

Introdução ao espírito da Celebração

 

Neste encontro para o qual o Senhor nos convidou, coloca-nos uma questão importante, fundamental para nós: a salvação eterna.

Há muitos assuntos que podemos confiar a uma pessoa de família ou a um amigo fiel. Mas este há-de de ser tratado pessoalmente, entre nós e Deus.

Nele ele está em jogo a nossa felicidade ou infelicidade para sempre, sem qualquer outra alternativa.

Alguém se lamentava, porque tinha preenchido certo o boletim do Euro-milhões e esqueceu-se de o registar. Lamentava, depois, a fortuna que perdera, por um descuido. A perda, se nos descuidássemos da salvação seria infinitamente maior e sem remédio. Enquanto que esta pessoa poderia jogar no futuro, para a salvação não há uma segunda oportunidade.

Que preocupação nos tem merecido este problema fundamental?

 

ACTO PENITENCIAL

 

Reconheçamos diante do Senhor que nos temos preocupado imensamente mais com pequenas questões da nossa vida do que com a salvação eterna.

Arrependamo-nos e prometamos, com a ajuda do Senhor, mudar de conduta.

 

(Tempo de silêncio. Apresentamos, como alternativa, elementos para o esquema C)

 

•   Senhor: Temos considerado a nossa salvação eterna

como um assunto que pode ficar de lado e esperar.

Senhor, tende piedade de nós!

 

    Senhor, tende piedade de nós!

 

•   Cristo: temos facilitado, desleixando-nos nos sacramentos

e vivendo como se não dependesse desta vida a salvação.

Cristo, tende piedade de nós!

 

    Cristo, tende piedade de nós!

 

•   Senhor: temos vivido indiferentes perante os outros,

quando sabemos que andam longe dos caminhos de Deus,

Senhor, tende piedade de nós!

 

    Senhor, tende piedade de nós!

 

Deus todo poderoso tenha compaixão de nós,

perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.

 

ORAÇÃO COLECTA: Senhor Deus, que unis os corações dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontra as verdadeiras alegrias. Por Nosso Senhor…

 

 

LITURGIA DA PALAVRA

 

Primeira Leitura

 

Monição: Numa visão profética, Isaías fala-nos duma comunidade universal a que terão acesso todos os povos do mundo.

Tenhamos bem presente que todas as pessoas, sem distinção de sexo, nação ou cor, são chamadas a fazer parte do Povo de Deus e a alcançar a salvação em Jesus Cristo.

 

Isaías 66, 18-21

 

Eis o que diz o Senhor: 18«Eu virei reunir todas as nações e todas as línguas, para que venham contemplar a minha glória. 19Eu lhes darei um sinal e de entre eles enviarei sobreviventes às nações: a Társis, a Fut, a Lud, a Mosoc, a Rós, a Tubal e a Javã, às ilhas remotas que não ouviram falar de Mim nem contemplaram ainda a minha glória, para que anunciem a minha glória entre as nações. 20De todas as nações, como oferenda ao Senhor, eles hão-de reconduzir todos os vossos irmãos, em cavalos, em carros, em liteiras, em mulas e em dromedários, até ao meu santo monte, em Jerusalém – diz o Senhor – como os filhos de Israel trazem a sua oblação em vaso puro ao templo do Senhor. 21Também escolherei alguns deles para sacerdotes e levitas».

 

A leitura é tirada da parte final do último capítulo de Isaías. Aqui se anuncia a conversão dos gentios e a universalidade da salvação, uma perspectiva que sem dúvida ultrapassa o tempo em que o escrito inspirado recebeu a sua forma definitiva.

19 «Tarsis». Provavelmente é a colónia fenícia de Tartesus no Sul de Espanha, perto da foz do rio Guadalquivir. Aqui representa o extremo Ocidente. Os restantes povos são do Norte de África, Ásia Menor e Grécia.

20 «Em Jerusalém». A profecia teve o seu pleno cumprimento na Nova Jerusalém que é a Igreja (cf. Gal 4, 25-26; Apoc 21, 2).

 

Salmo Responsorial

Sl 116 (117), 1.2 (R. Mc 16, 15)

 

Monição: Uma vez que todas as pessoas são chamadas por Deus à salvação eterna, e esta comunidade de amor começa na terra pela Igreja, disponibilizemo-nos para anunciar a Boa Nova da Salvação a todas as pessoas.

Por isso dirigimos mutuamente este convite a todos nós, cantando:

 

Refrão:        IDE POR TODO O MUNDO, ANUNCIAI A BOA NOVA.

 

Louvai o Senhor, todas as nações,

aclamai-O, todos os povos.

 

É firme a sua misericórdia para connosco,

a fidelidade do Senhor permanece para sempre.

 

Segunda Leitura

 

Monição: O Autor da Carta aos Hebreus faz um apelo à nossa confiança no Senhor. Deus repreende os que ama e prova os Seus filhos preferidos.

As dificuldade da vida que nos oprimem são um dos sinais da benevolência de Deus para connosco.

 

Hebreus 12, 5-7.11-13

 

Irmãos: 5Já esquecestes a exortação que vos é dirigida, como a filhos que sois: «Meu filho, não desprezes a correcção do Senhor, nem desanimes quando 6Ele te repreende; porque o Senhor corrige aquele que ama e castiga aquele que reconhece como filho». 7É para vossa correcção que sofreis. Deus trata-vos como filhos. Qual é o filho a quem o pai não corrige? 11Nenhuma correcção, quando se recebe, é considerada como motivo de alegria, mas de tristeza. Mais tarde, porém, dá àqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça. 12Por isso, levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos vacilantes 13e dirigi os vossos passos por caminhos direitos, para que o coxo não se extravie, mas antes seja curado.

 

Continuamos com a leitura da Epístola dos Hebreus, uma verdadeiro «sermão de exortação» como se chama em 13, 22; aqui temos em belo apelo à perseverança nas tribulações a que os destinatários estavam sujeitos.

5 «A exortação que vos é dirigida». Trata-se duma citação do Livro dos Provérbios (Prov 3, 11-12). Esta é uma passagem entre muitas que nos fez ver como as palavras da Sagrada Escritura se dirigem aos fiéis de todos os tempos e como, através duma aplicação delas a cada situação concreta, se faz a actualização do texto antigo fazendo-se assim uma verdadeira «leitura espiritual», lectio divina (cf. Dei Verbum, n.º 25).

12 «Mãos fatigadas… joelhos vacilantes». Talvez se trate duma imagem tirada do pugilato, com que S. Paulo já gostava de comparar a vida cristã (1 Cor 9, 26-27).

13 «Caminhos direitos» são os do cumprimento integral da vontade de Deus.

 

Aclamação ao Evangelho        

 

Jo 14, 6

 

Monição: O Evangelho que vai ser proclamado recorda-nos, uma vez mais, que Jesus Cristo é o único Salvador do mundo. Não há salvação eterna em nenhum outro.

Alegremo-nos com esta Boa Nova e aclamemos a Palavra de Deus que no-la anuncia.

 

ALELUIA

 

Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor:  ninguém vai ao Pai senão por Mim.

 

 

Evangelho

 

Lucas 13, 22-30

 

Naquele tempo, 22Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. 23Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?» Ele respondeu: 24«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. 25Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. 26Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças’. 27Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’. 28Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora. 29Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus. 30Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».

 

O trecho de S. Lucas que hoje temos começa por uma pergunta posta a Jesus: «São poucos os que se salvam?» (v. 23) Tratava-se duma questão teórica que se punha no judaísmo da época; havia duas tendências entre os rabinos: uns diziam que todos se salvariam, até o rude povo da terra (‘am ha’árets), desde que fizessem parte de Israel; outros, de tendência rigorista, asseguravam que a salvação seria privilégio de poucos: «o mundo futuro será consolação para poucos, tormento para muitos» (IV Esdras). Jesus deliberadamente não quer dirimir uma questão teórica, mas aproveita o ensejo para transmitir um ensino verdadeiramente útil e prático. Por um lado, declara o princípio da universalidade da salvação: «Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul» (v. 29). Por outro lado, visando talvez as teorias laxistas, esclarece que não é suficiente uma justificação de tipo comunitário ou sociológico – «comemos e bebemos contigo…» (v. 26) -, pois não basta o fazer parte do povo, é preciso lutar, levar uma vida exigente consigo mesmo – «esforçai-vos por entrar pela porta estreita» (v. 24) -, sem ter ilusões quanto às dificuldades que esperam aquele que quer salvar-se.

Estas palavras de Jesus constituem um apelo urgente á conversão (cf. Mt 7, 13-14), como lembra o Catecismo da Igreja Católica (nº 1036). Na pregação do Evangelho, a par do apelo para o amor infinitamente misericordiosos de Deus, sempre pronto a perdoar os pecados mais hediondos ao pecador arrependido, não se pode deixar de lembrar «as afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno, que são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o seu destino eterno» (ibid). «A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade» (ibid. nº 1035). Iludir ou falsear esta verdade de fé seria uma traição ao Evangelho, causando um prejuízo incalculável à causa da salvação das pessoas, encaminhando-as por uma vã presunção de salvação.

28 «Aí», – fora do Reino de Deus – «haverá choro», o pranto da máxima desdita, fruto dum remorso desesperado e inútil, «e ranger de dentes» próprio duma raiva cheia de ódio e inveja aos que entraram para o banquete do Reino dos Céus, quando lhes tinha sido acessível alcançar a mesma sorte dos Patriarcas e dos Profetas.

 

Sugestões para a homilia

 

• Salvação: convite insistente do Senhor

Comunhão na mesma fé

Jesus, o grande sinal

Arautos de Cristo

• Seguir a Jesus Cristo

Salvação, trabalho pessoal

Entrar pela porta estreita

Os verdadeiros valores

 

1. Salvação: convite insistente do Senhor

O Senhor anuncia pelo profeta Isaías, que todos os povos, sem distinção de raça, nação ou cor, são chamados a fazer parte do Povo de Deus, e não apenas os descendentes de Abraão.

Para os Israelitas, esta era uma novidade, porque estavam convencidos, até à data do Exílio de Babilónia, que só eles podiam fazer parte deste Povo escolhido pelo Senhor. Só a partir de então, começaram a ter uma visão universalista da salvação.

O Pai renovou a Sua Aliança com o Povo de Deus, no Calvário, no Sangue do Cordeiro, e deu origem ao Povo de Deus da Nova Aliança, que é a Igreja.

 

a) Comunhão na mesma fé. «Eu virei reunir todas as nações e todas as línguas, para que venham contemplar a minha glória

A Igreja vive profundamente esta verdade, porque sabe que ela é fundamental na vontade de Jesus Cristo. Por isso, não se cansa de levar a Boa Nova da salvação e todos os recantos do mundo. Muitas pessoas sacrificam o dinheiro, a saúde e a vida nesta missão.

Todas nós somos herdeiros da promessa feita pelo Senhor a Abraão. Fazemos parte de um Povo que tem Jesus Cristo por Cabeça e por Alma o Espírito Santo. Cada um de nós é um membro activo deste Corpo Místico que é a Igreja.

Estou convencido desta verdade, quando me encaro com pessoas que estão afastadas dos caminhos da salvação?

Que consequências práticas tem esta verdade na minha vida? (Indiferenças, pessoas a quem não falamos, a quem queremos mal, como se estivéssemos à espera de que no Céu haja muros de separação entre as pessoas…).

 

b) Jesus, o grande sinal. «Eu lhes darei um sinal».

O grande sinal que o Pai nos dá do Seu Amor para connosco é a dádiva do Seu Filho Unigénito. «Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho Unigénito, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna».

Não há salvação em nenhum outro. Em todos os tempos as pessoas tentaram encontrar um Redentor. Foi o sonho do Império Romano, no qual o imperador se proclamava deus; na religião muçulmana, congregam-se à volta de Maomé; Buda, para os orientais; o Nazismo; o materialismo dialéctico ou marxismo, que sonharam em construir um paraíso na terra. Ultimamente há uma corrente cultural – o New Age – que pretende redimir o homem por si mesmo.

Só em Jesus Cristo encontramos a Redenção e a Salvação.

Ele está no centro da minha vida de relação com Deus, numa amizade crescente, ou entendo o ser cristão como cumprir friamente, sem alma, uma lista de deveres?

Não é verdade que, por vezes, se desliga o culto dos santos da vocação á santidade? Estabelece-se com algum deles uma relação de negócio e, «paga a promessa», tudo está acabado.

Com este grande sinal está Nossa Senhora, Mãe de Deus. Ela é sinal da nossa proximidade de Cristo e conduz-nos a Ele, quando a devoção mariana é bem entendida.

 

c) Arautos de Cristo. «de entre eles enviarei sobreviventes às nações.» À semelhança de Filipe, que se preocupou em partilhar com Natanael (S. Bartolomeu) o grande encontro com Jesus Cristo, também cada um de nós se há-de preocupar em partilhar com a família, os companheiros de trabalho, e amigos dos nossos encontros diários, a alegria de O amar.

As pessoas com quem nos encontramos dão-se conta de que tivemos um encontro com Jesus Cristo na nossa missa dominical ou diária?

A cada um havemos de dizer como Filipe a Natanael: «Vem e vê!» É como se lhe dissesse: «Julga por ti mesmo como é bom estar com Ele.» O mesmo nos é dito, uma vez que podemos estar com Ele em cada semana, na Missa Dominical.

2. Seguir a Jesus Cristo

A salvação eterna alcança-se pelo seguimento de Jesus Cristo. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Ele.

 

a) Salvação, trabalho pessoal. «Alguém Lhe perguntou: ‘Senhor, são poucos os que se salvam?’»

Jesus recusa-se a responder a uma pergunta sem qualquer interesse. A salvação de cada um de nós não depende do número, como passam no meio da multidão pessoas sem a documentação em dia ou sem bilhete para estarem presentes num espectáculo.

O trabalho da salvação é uma tarefa individual, livre, dentro da família que é a Igreja. Não são as boas obras dos outros que nos aproveitam, mas a luta pessoal pela fidelidade ao Senhor.

No entanto, proclamamos que somos católicos praticantes, escudamo-nos em parentes da Igreja ou notáveis na sociedade, como se o Senhor julgasse e premiasse o grupo e não as pessoas uma a uma.

 

b) Entrar pela porta estreita. «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita…»

Somos tentados a olhar para os que nos parecem estar mais afastados de Deus, e caímos na tentação de nos compararmos com os outros. Ouve-se comentar: «Graças a Deus, não sou dos piores!»

Só Deus tem na mão todos os dados para nos julgar e o nosso ponto de referência não são os outros, mas Jesus Cristo. O que recebeu dois talentos e apresentou quatro, aos olhos dos homens ficaria numa posição inferior ao daquele que recebeu cinco e apresentasse sete.

Esta recomendação de entrar pela porta estreita concretiza-se praticamente em:

• Cumprir fiel e amorosamente todos os Mandamentos da Lei de Deus. É verdade que o cristão não o guardar de um código de leis; mas não podemos amar ao Senhor sem fazermos a Sua vontade.

• Viver dia a dia na Graça de Deus e recuperá-la por uma confissão bem feita, quando necessário.

• Crescer na intimidade com Jesus Cristo, pela oração frequente, pela formação doutrinal contínua e pela frequência dos Sacramentos.

 

c) Os verdadeiros valores. «Então começarão a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo, e tu ensinaste nas nossas praças’»

Quando se trata de procurar o que verdadeiramente nos dá crédito diante de Deus, à hora de nos julgar, devemos ter presentes estas verdades:

• De nada nos adiantam os parentescos e amizades com pessoas da Igreja: Bispos, sacerdotes, Religiosos ou Religiosas. Há pessoas que põem nestes conhecimentos todos os seus méritos.

• Não são os muitos sinais de religiosidade que ostentamos nos carros, em casa, ou na roupa que nos abrem a porta do Céu. Tudo isso é louvável, mas não basta.

• Não é o pertencer a muitas associações religiosas ou tomar parte nas suas festas que nos tornam grandes aos olhos de Deus. Muito menos tem importância ter no próprio funeral muitas confrarias.

O Senhor há-de julgar-nos pela nossa vida pessoal e por nada mais.

Todas as semanas somos convidados para um Banquete – a Missa Dominical – e não queremos ficar do lado de fora da porta.

Que Nossa Senhora, Mãe de Jesus e nossa Mãe, nos ajude a compreender as exigências desta doutrina, para alcançarmos a salvação eterna.

 

Fala o Santo Padre

 

Queridos irmãos e irmãs!

Também a liturgia de hoje nos propõe uma palavra de Cristo iluminadora e ao mesmo tempo desconcertante. Durante a sua última subida a Jerusalém, alguém lhe pergunta: «Senhor, são poucos os que se salvam?». E Jesus responde: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos, digo-vo-lo Eu, tentarão entrar sem o conseguir» (Lc 13, 23-24). Que significa esta «porta estreita»?Por que muitos não conseguem entrar por ela? Trata-se porventura de uma passagem reservada a alguns eleitos? De facto, este modo de raciocinar dos interlocutores de Jesus, considerando bem, é sempre actual: a tentação de interpretar a prática religiosa como fonte de privilégios ou de certezas está sempre pronta para armar uma cilada. Na realidade, a mensagem de Cristo é precisamente em sentido oposto: todos podem entrar na vida, mas para todos a porta é «estreita». Não há privilégios. A passagem para a vida eterna está aberta a todos, mas é «estreita» porque é exigente, requer compromisso, abnegação, mortificação do próprio egoísmo.

Mais uma vez, como nos domingos passados, o Evangelho nos convida a considerar o futuro que nos espera e para o qual nos devemos preparar durante a nossa peregrinação na terra. A salvação, que Jesus realizou com a sua morte e ressurreição, é universal. Ele é o único Redentor e convida todos para o banquete da vida imortal. Mas a uma só e igual condição: a de se esforçar por segui-l’O e imitá-l’O, assumindo sobre si, como Ele fez, a própria cruz e dedicando a vida ao serviço dos irmãos. Portanto, esta condição para entrar na vida celeste é única e universal. No último dia recorda ainda Jesus no Evangelho não seremos julgados com base em privilégios presumíveis, mas segundo as nossas obras. Os «operadores de iniquidade» serão excluídos, e serão acolhidos os que tiverem realizado o bem e procurado a justiça, à custa de sacrifícios. Portanto, não será suficiente declarar-se «amigos» de Cristo vangloriando-se de falsos méritos: «Comemos e bebemos contigo e Tu ensinaste nas nossas praças» (Lc 13, 26). A verdadeira amizade com Jesus expressa-se no modo de viver: expressa-se com a bondade do coração, com a humildade, com a mansidão e a misericórdia, o amor pela justiça e a verdade, o compromisso sincero e honesto pela paz e pela reconciliação. Poderíamos dizer que é este o «bilhete de identidade» que nos qualifica como seus autênticos «amigos»; é este o «passaporte» que nos permitirá entrar na vida eterna.

Queridos irmãos e irmãs, se quisermos também nós entrar pela porta estreita, devemos empenhar-nos a ser pequenos, isto é, humildes de coração como Jesus. Como Maria, sua e nossa Mãe. Foi ela a primeira, seguindo Jesus, a percorrer o caminho da Cruz e foi elevada à glória do Céu, como recordámos há alguns dias. O povo cristão invoca-a como Ianua Caeli, Porta do Céu. Peçamos-lhe que nos guie, nas nossas opções quotidianas, pelo caminho que conduz à «porta do Céu».

 

Papa Bento XVI, Angelus, 26 de Agosto de 2007

 

LITURGIA EUCARÍSTICA

 

INTRODUÇÃO

 

Saciados na Mesa da Palavra, entramos agora na acção eucarística, no decorrer da qual, pelo ministério do sacerdote, o pão e o vinho por nós oferecido, se vão transubstanciar no Corpo e Sangue do Senhor, para ser, depois, o nosso Alimento.

Com o espírito recolhido, preparemo-nos para tomar parte nestes augustos mistérios da nossa fé.

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Senhor, que pelo único sacrifício da cruz, formastes para Vós um povo de adopção filial, concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da paz. Por Nosso Senhor…

 

SANTO

 

SAUDAÇÃO DA PAZ

 

Com a Salvação eterna, Jesus Cristo vem trazer-nos a paz, fazendo de todas as pessoas uma comunidade de Amor.

Saibamos também viver a nossa vocação cristã, perdoando os agravos e pedindo perdão dos que também nós cometemos.

Com estes sentimentos,

 

Saudai-vos na paz de Cristo!

 

Monição da Comunhão

 

Jesus Cristo, pelo ministério do sacerdote, transubstanciou o pão e o vinho no Seu Corpo e Sangue e convida-nos agora – se estivermos devidamente preparados – para tomarmos parte neste Banquete divino.

Aproximemo-nos com fé, amor e devoção, deste alimento sobrenatural que nos é oferecido pelo Senhor.

 

Sl 103, 13-15

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Encheis a terra, Senhor, com o fruto das vossas obras. Da terra fazeis brotar o pão e o vinho que alegra o coração do homem.

Ou:    Jo 6, 55

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, diz o Senhor, e Eu o ressuscitarei no último dia.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Realizai em nós plenamente, Senhor, a acção redentora da vossa misericórdia e fazei-nos tão generosos e fortes que possamos ajudar-Vos em toda a nossa vida. Por Nosso Senhor.

 

 

RITOS FINAIS

 

Monição final

 

No mundo em que vamos viver durante a semana de trabalho, queremos anunciar que Cristo vive e a todos quer salvar.

Como S. Filipe a Natanael, também nós diremos, depois de lhes falarmos acerca de Jesus: «Vem e vê!»

 

 

HOMILIAS FERIAIS

 

21ª SEMANA

 

2ª Feira, 26-VIII: A importância da oração.

Tes 1, 1-5. 11-12 / Mt 23, 15-22

Cegos! Então que vale mais, a oferenda ou o altar, que tornou a sagrada a oferenda?

Os fariseus davam mais importância às práticas exteriores do que às interiores (Ev.). Pelo contrário, S. Paulo confia muito no valor da oração, neste caso, pela igreja de Tessalónica: «Que Ele faça., com o seu poder, se realizem plenamente todos os vossos bons propósitos» (Leit.).

Para aqueles que querem servir o próximo, é importante a oração: «Chegou o momento de reafirmar a importância da oração, face ao activismo e ao secularismo, que ameaçam muitos cristãos empenhados no trabalho caritativo» (Deus é amor, 37). Quando rezamos por alguém, o nosso coração manifesta a misericórdia de Deus.

 

3ª Feira, 27-VIII: S. Bartolomeu: A fonte da Verdade.

Ap 21, 9-14 / Jo 1, 45-51

A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes, e neles doze nomes: os doze Apóstolos do Cordeiro.

Jesus escolhe os doze Apóstolos, que são as pedras do alicerce da nova Jerusalém (Leit.). De S. Bartolomeu, Jesus destacou a virtude da veracidade: «nele não há fingimento» (Ev.).

É certo que o ambiente está cheio de falsidade e mentira. Muitos meios de comunicação social transmitem, em vez da verdade, muitas mentiras e, assim, acabam por alterar os critérios morais de uma sociedade. Apoiemo-nos, pelo contrário, mais em Jesus, que é a Verdade. N’Ele, descobriremos o modo como Deus vê as coisas, os acontecimentos e as pessoas.

 

4ª Feira, 28-VIII: A dignidade do trabalho humano.

Tes 3, 6-10. 16-18 / Mt 23, 27-32

Trabalhámos noite e dia de maneira esforçada e fatigante… quisemos dar-nos a vós como exemplo.

S. Paulo não se dedicava ao trabalho apenas para ocupar o tempo. Fazia-o com muito empenho e esforço (Leit.).

«O trabalho humano é uma prolongamento da obra da criação… É um dever: ‘Se algum de vós não quer trabalhar, também não coma’ (Leit.). Também poderá ser redentor: suportando o que o trabalho pode ter de penoso, em união com Jesus… o homem colabora, de certo modo, com o Filho de Deus, na sua obra redentora… O trabalho pode ser uma meio de santificação e uma animação das realidades terrenas no Espírito de Cristo» (CIC, 2427).

 

5ª Feira, 29-VIII: Cuidar a vigilância.

Cor 1, 1-9 / Mt 24, 42-51

Vigiai, porque não sabeis o dia em que virá o Senhor… Por isso, estai vós também preparados.

O mesmo apelo faz S. Paulo aos fiéis de Corinto: «Ele é que vos fará firmes até ao fim, irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Leit.).

Estamos vigilantes quando nos esforçamos por colocar mais empenho na nossa oração pessoal, nos nossos sacrifícios, no cuidado das pequenas coisas do dia (cf. o servo fiel e prudente que cuida de tudo: Ev.). E também procurando melhorar a vida da sociedade em que estamos integrados: fazendo melhor o nosso trabalho, dedicando um pouco mais de tempo à vida familiar, procurando tornar o mundo mais justo e mais humano.

 

6ª Feira, 30-VIII: Negligência e vigilância.

Cor 1, 17-25 / Mt 25, 1-13

O reino dos Céus será semelhante a dez virgens que pegaram nas suas lâmpadas e saíram ao encontro do noivo.

Para alcançarmos a vida eterna, precisamos estar vigilantes como as cinco virgens prudentes (Ev.). Pelo contrário, as virgens insensatas foram excluídas do banquete nupcial, por se terem descuidado.

A vigilância que o Senhor nos pede está ligada ao cuidado das pequenas coisas (manter o azeite nas lâmpadas). E também á Cruz: «Quanto a nós, pregamos Cristo crucificado, força e sabedoria de Deus» (Leit.). Os pequenos sacrifícios ajudam-nos a adquirir mais fortaleza, indispensável para vencermos a preguiça, os desleixos e adiamentos no cumprimento dos nossos deveres.

 

Sábado, 31-VIII: S. Agostinho: O valor do tempo.

Cor 1, 26-31 / Mt 25, 14-30

Muito bem, excelente e fiel servidor! Como foste fiel em pouca coisa, à testa de muita coisa te hei-de colocar.

O significado da parábola é bem claro: Deus entregou-nos muitos talentos (Ev.): a inteligência, a capacidade de amar e tornar felizes os outros, os bens temporais, etc.

E espera que os saibamos aproveitar muito bem, especialmente o tempo da nossa vida na terra. Precisamos dedicar tempo para as coisas de Deus, da família e do trabalho. E fazermos exame sobre o tempo mal empregado em tantas coisas inúteis: excesso de TV, jogos de computador, etc. Santo Agostinho dedicou muito tempo à procura de Deus e, uma vez encontrado, levou a cabo uma intensa actividade de pregação e de catequese, ao serviço do próximo.

 

 

 

 

 

 

Celebração e Homilia:         FERNANDO SILVA

Nota Exegética:                    GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:                  NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:                DUARTE NUNO ROCHA

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