Roteiro Homilético – VII Domingo do Tempo Comum – Ano B

RITOS INICIAIS

Salmo 12, 6

ANTÍFONA DE ENTRADA: Eu confio, Senhor, na vossa bondade. O meu coração alegra-se com a vossa salvação. Cantarei ao Senhor por tudo o que Ele fez por mim.

Introdução ao espírito da Celebração

Na próxima Quarta-Feira de Cinzas iniciamos o tempo da Quaresma. Neste domingo, o Senhor convida-nos a reflectir sobre o perdão dos pecados, que se obtém através do Sacramento da Penitência ou Reconciliação.

Como estimamos este Sacramento? Com que frequência procuramos o perdão de nossos pecados? Que vamos fazer para que o Sacramento da Confissão seja encarado como dom maravilhoso da misericórdia divina? Quando todos se confessarem com frequência, o mundo será diferente e diremos como está escrito no Evangelho de hoje: «Nunca vimos coisa assim».

ORAÇÃO COLECTA: Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, meditando continuamente nas realidades espirituais, pratiquemos sempre, em palavras e obras, o que Vos agrada. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: Neste domingo encerramos o Tempo de Natal, para iniciar o Tempo Pascal. A Primeira Leitura fala-nos de um Deus que está sempre disposto a perdoar ao seu Povo. Esta passagem bíblica está em sintonia com o Evangelho deste domingo.

Isaías 43, 18-19.21-22.24b-25

Eis o que diz o Senhor: 18«Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. 19Eu vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não o vedes? Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar rios na terra árida. 21O povo que formei para Mim proclamará os meus louvores. 22Mas tunão Me chamaste, Jacob, não te preocupaste Comigo, Israel. 24bPelo contrário, obrigaste-Me a suportar os teus pecados, cansaste-Me com as tuas iniquidades. 25Sou Eu, sou Eu que, em atenção a Mim, tenho de apagar as tuas transgressões e não mais recordar as tuas faltas».

Este pequenino trecho é rebuscado do Segundo Isaías (Is 40 – 55), da primeira secção, chamada «Livro da Consolação» (Is 40 – 48) em que o autor foca o povo ainda no exílio. Aqui o profeta está a dirigir-se aos exilados falando-lhes do regresso à pátria, como sendo um «novo êxodo», que superará em grandiosidade o primeiro (vv. 16-21). Depois de recordar, sentida mas serenamente, as infidelidades do povo (vv. 22-24), o profeta anuncia o perdão divino: «não recordarei os teus pecados» (v. 25). Esta leitura foi escolhida em função do Evangelho (Mc 2, 1-12), em que Jesus se revela como o Deus que perdoa.

Salmo Responsorial

Salmo 40 (41), 2-3.4-5.13-14 (R. 5)

Monição: Este salmo é um hino à bondade do Senhor e à confiança no Seu perdão.

Refrão: SALVAI-ME, SENHOR, PORQUE PEQUEI CONTRA VÓS.

Ou:           SALVAI, SENHOR, A MINHA ALMA, POIS CONTRA VÓS EU PEQUEI.

Feliz daquele que pensa no pobre:

no dia da desgraça o Senhor o salvará.

O Senhor lhe concederá protecção e vida,

fá-lo-á ditoso na terra

e não o abandonará ao ódio dos seus inimigos.

No leito do sofrimento o Senhor o assistirá

e na doença o aliviará.

Eu digo: Senhor, tende piedade de mim,

curai-me, pois pequei contra Vós.

Vós me conservareis são e salvo

e em vossa presença me estabelecereis para sempre.

Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,

desde agora e para sempre. Amen.

Segunda Leitura

Monição: A linguagem de São Paulo é a «Verdade». Quem confirma a todos em Cristo é Deus.

Coríntios 1, 18-22

Irmãos: 18Deus é testemunha fiel de que a nossa linguagem convosco não é sim e não. 19Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que nós pregámos entre vós eu,Silvano e Timóteo não foi sim e não, mas foi sempre um sim. 20Todas as promessas de Deus são um sim em seu Filho. É por Ele que nós dizemos «Amen» a Deus para sua glória. 21Quem nos confirma em Cristo a nós e a vós é Deus. Foi Ele que nos concedeu a unção, 22nos marcou com o seu sinal e imprimiu em nossos corações o penhor do Espírito.

Começamos hoje a leitura respigada da 1ª parte da 2ª Carta ao Coríntios.

S. Paulo, defendendo-se dos seus detractores em Corinto, que o acusavam de inconstância – um problema ocasional que nada tem a ver connosco hoje –, apela para uma doutrina e princípios sempre actuais; é esta a razão da actualidade perene das suas cartas. Ao pregador e ao seguidor de Cristo não lhe resta outro caminho que não seja o de seguir a Cristo, que é a «Verdade» (cf. Jo 14, 6): «o que há n’Ele é um ‘sim’!» (v. 19), como se vê no facto de ter cumprido «todas as promessas de Deus» (v, 20). O Apóstolo joga com o sentido da palavra hebraica «amén», que por via litúrgica chegou até nós, a qual certamente também então era usada na Liturgia (cf. 1 Cor 14, 16). O «amén» (da raiz «émet»: verdade, fidelidade) aparece equiparado ao «sim», pois era uma fórmula de adesão e assentimento, que nos põe em consonância com Jesus Cristo, o qual, como nunca nenhum rabino tinha feito, garante a verdade da sua palavra fazendo preceder frequentemente as suas afirmações de«amén» (sempre repetido em S. João): «em verdade vos digo».

Por outro lado, a firmeza, o oposto a inconstância de que Paulo é acusado, é um dom concedido por Deus a todos os cristãos: «a nós e a vós» (v. 21). Pela graça estamos de tal modo unidos a Cristo, que não podemos deixar de nos identificar com Ele, permanecendo firmes na fé e numa perfeita coerência de vida. «The new Jeromebiblical commentary» (Bangalore, 2001), p. 818, diz que a expressão Deus (ho Theós=o Pai) «tendo-nos ungido» poderia traduzir-se por: «tendo-nos cristificado», (tendo em conta o jogo de palavras ungir/Cristo), pois os fieis são outros Cristos (2 Cor 4, 10; Rom 8, 29). A expressão «tendo-nos selado e dado a primeira prestação»corresponde à linguagem do comércio (nas feiras selava-se a rês e pagava-se o sinal ou 1ª prestação), sendo usada esta linguagem para exprimir o efeito do Baptismo (cf.Ef 1, 13-14), que, de modo público, marca os fiéis como pertença de Cristo (cf. 1 Cor 3, 23; 6, 19) e dá o Espírito Santo (2 Cor 5, 5) como sinal de «garantia» de cumprimento futuro. A alusão às três Pessoas da SS. Trindade também aqui fica clara. Vem a propósito o comentário do Catecismo da Igreja Católica: «Porque indica o efeito indelével da Unção do Espírito Santo nos Sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem, a imagem do selo (sfrágis) foi utilizada em certas tradições teológicas, para exprimir o ‘carácter’ indelével impresso por estes três sacramentos, que não podem ser repetidos» (nº 698).

Aclamação ao Evangelho

Lc 4, 18

Monição: Jesus apresenta-se como «o Filho do homem que tem na terra o poder de perdoar os pecados».

ALELUIA

O Senhor me enviou a anunciar a boa nova aos pobres,

a proclamar aos cativos a liberdade.

Evangelho

São Marcos 2, 1-12

1Quando Jesus entrou de novo em Cafarnaum e se soube que Ele estava em casa, 2juntaram-se tantas pessoas que já não cabiam sequer em frente da porta; e Jesus começou a pregar-lhes a palavra. 3Trouxeram-Lhe um paralítico, transportado por quatro homens; 4e, como não podiam levá-lo até junto d’Ele, devido à multidão, descobriram o tecto por cima do lugar onde Ele Se encontrava e, feita assim uma abertura, desceram a enxerga em que jazia o paralítico. 5Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados». 6Estavam ali sentados alguns escribas, que assim discorriam em seus corações: 7«Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar. Não é só Deus que pode perdoar os pecados?» 8Jesus, percebendo o que eles estavam a pensar, perguntou-lhes: «Porque pensais assim nos vossos corações? 9Que é mais fácil? Dizer ao paralítico ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou dizer ‘Levanta-te, toma a tua enxerga e anda’? 10Pois bem. Para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, ‘Eu to ordeno disse Ele ao paralítico levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa’». 12O homem levantou-se, tomou a enxerga e saiu diante de toda a gente, de modo que todos ficaram maravilhados e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim».

Marcos, logo no início do seu Evangelho, apresenta Jesus – cumprindo o anúncio dos profetas (Jer 31, 34; Ez 36, 25) – como o próprio Deus que vem perdoar os pecados. Ele arroga-se uma prerrogativa de Deus: «quem pode perdoar os pecados, senão somente Deus?» (v. 7). Nunca é demais explicar aos fiéis que, no Sacramento da Reconciliação, quem perdoa os pecados é Deus, através do ministério dos sacerdotes, que não são detentores de um poder arbitrário.

4 «Descobriram o telhado». Em geral as casas tinham o tecto em forma de terraço construído com massa de barro com palha numa armação de madeira; servia para secar cereais e frutos e o acesso fazia-se por uma escada exterior.

10 «O Filho do homem». Uma forma discreta e simpática (um asteísmo) de Jesus se referir a si mesmo, segundo a linguagem hebraica: ben ’adam = (este) homem. Dado que nalguma literatura apocalíptica, incluindo Dn 7, 13-14, já se lhe dava um sentido messiânico, a fórmula, que se encontra quase só nos Evangelhos – e aqui só nos lábios de Jesus –, encerra uma certa ambiguidade propositada, ao ser uma forma discreta e sugestiva de Jesus se apresentar no mistério da sua pessoa, o Homem Deus. A expressão coaduna-se bem com a grande questão de fundo que a redacção evangélica vai deixando ao leitor: «quem é este homem?» (cf Jo 4, 29; 5, 12; 7, 46; 8, 40; 9, 11.16.24; 10, 33; 11, 47.50; 18, 14.17.29; 19, 5; Mc 4, 41 par; 6, 2-3 par; etc.). O leitor inteligente é levado a dar a resposta certa: Jesus é Deus, pois perdoa os pecados. Sobe o título de «Filho do Homem», pode ver-se o belo desenvolvimento teológico de Bento XVI no último capítulo do seu livro: Jesus de Nazaré.

Sugestões para a homilia

O tema central deste domingo é o seguinte:

É Deus quem nos salva mas o homem deve aceitar a salvação que Deus lhe oferece.

Reparemos no texto do Santo Evangelho:

Jesus está numa casa em Cafarnaum. Há muita gente à sua volta. Jesus pregava a essas pessoas.

Daqui se conclui a importância da evangelização.

A palavra de Deus deve chegar a todos. Tentemos descobrir os meios para atingir a todos: os jovens, as crianças, os que se preparam para o casamento, os pais, e os idosos.

Dizer isto é muito fácil. A dificuldade está em descobrir como motivar todas estas pessoas.

O Evangelho de hoje fornece um dado importantíssimo: um paralítico é levado a Cristo por quatro homens. Sem a colaboração destas quatro pessoas nem o paralítico obteria de Cristo o perdão dos pecados nem seria curado da sua enfermidade. O mais importante foi o perdão dos pecados. Conclusão importantíssima: «Sem a colaboração de muitos, poucos se encontrarão verdadeiramente com Cristo».

Ainda não sabemos tudo o que o último Sínodo dos Bispos nos vai recomendar. No entanto, fala-se em instituir ministros extraordinários da Evangelização, como já existem os ministros extraordinários da Comunhão.

Com isto, não estamos a afirmar que só o número é que conta.

Primeiro está Deus, depois os homens seus colaboradores «que devem ser santos».

Mas se tivermos muitos santos a trabalhar no apostolado, nas diferentes paróquias, tudo irá melhor.

Precisámos da colaboração de muitas pessoas, com rica vida interiorboa formação e vontade de progredir constantemente nestes pilares.

Não esqueceremos a necessidade da actualização no uso de todos os meios de comunicaçãoaudiovisuais: filmes, etc.

É urgente que todos os formadores e os que recebem formação sejam actores e não meros espectadores.

Os faltosos são aqueles que ainda não se sentem realizados, nem contactados, nem acarinhados.

Tudo isto é fácil dizê-lo! Como realizá-lo?

Com a graça de Deus e a força do Espírito que actua quando menos se espera.

Não desanimemos. Vejam o que se passa na Primeira Leitura. O povo de Israel vive no exílio da Babilónia. É um povo de braços caídos, coração desiludido. Mas o Senhor vem em sua ajuda e diz-lhes: -«Eu vou realizar uma coisa nova. Não o vedesObrigaste-Me a suportar os vossos pecados… Mas Eu não mais recordarei as vossas faltas». Como Deus é diferente de nós. No meio do desânimo envia uma lufada de optimismo.

A Segunda Leitura segue o mesmo rumo: «Quem nos confirma em Cristo a nós e a vós é Deus. Foi Ele que nos concedeu a unção, nos marcou com o Seu sinal e imprimiu em nossos corações o penhor do Espírito

Depois disto, só nos resta crescer na identificação em Cristo e repetir como São Paulo: «Vivo, mas já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim».

Sem Cristo em nós, não há esperança e optimismo que resista. Façamos tudo o que depende nós. Cristo fará o resto. No final diremos: «Nunca vimos coisa assim».

LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Concedei, Senhor, que celebremos dignamente estes divinos mistérios, de modo que os dons oferecidos para vossa glória sejam para nós fonte de eterna salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

SANTO

Monição da Comunhão

Não poderá haver Comunhão frequente sem confissão frequente.

Salmo 9, 2-3

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Cantarei todas as vossas maravilhas. Quero alegrar-me e exultar em Vós. Cantarei ao vosso nome, ó Altíssimo.

Ou

cf. Jo 11, 27

Senhor, eu creio que sois Cristo, Filho de Deus vivo, o Salvador do mundo.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Nós Vos pedimos, Deus omnipotente, que este sacramento de salvação seja para nós penhor seguro de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

RITOS FINAIS

Monição final

Quando todas as pessoas se confessarem com frequência, o mundo será diferente e diremos, como está escrito no Evangelho de hoje: «Nunca vimos coisa assim».

HOMILIAS FERIAIS

7ª SEMANA

2ª Feira, 20-II: A força da oração.

Sir 1, 1-10 / Mc 9, 14-29

Jesus replicou-lhe: Se podes?! Tudo é possível a quem acredita.

«Tal é a força da oração: ‘tudo é possível a quem acredita’ (Ev), com uma fé que não hesita» (CIC, 2610).

A oração, feita com fé, é o melhor meio de vencermos as tentações, de ultrapassarmos as dificuldades, de obtermos do Senhor aquilo que precisamos. Além disso, «a fonte da sabedoria é a palavra de Deus no alto dos céus e os seus caminhos são preceitos eternos» (Leit). Precisamos acolher com fé a palavra de Deus, que nos indica o verdadeiro caminho para o Céu, e a felicidade na terra.

3ª Feira, 21-II: Importância das provações.

Sir 1, 2-11 / Mc 9, 30-37

E dizia-lhes: O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Estes hão-de matá-lo.

«Jesus já por três vezes tinha anunciado a sua paixão e a sua ressurreição (cf Ev)» (CIC, 558).

É difícil para os discípulos, e para cada um de nós, compreender o significado da paixão e morte do Senhor. E contudo, a cruz é um sinal positivo: é um sinal salvífico. Por isso, recomenda o livro sapiencial: «Se pretendes servir o Senhor, prepara a tua alma para ser provada… Tudo aquilo que te aconteça, procura aceitá-lo… Pois no fogo é que o oiro se avalia e, os que a Deus agradam, na fornalha da humilhação» (Leit).

Celebração e Homilia:          ADRIANO TEIXEIRA

Nota Exegética:                     GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:                   NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:                 DUARTE NUNO ROCHA

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