Roteiro Homilético – Solenidade da Epifania do Senhor (Ano B)

RITOS INICIAIS

Mal 3, 1; 1 Cr 19, 12

ANTÍFONA DE ENTRADA: Eis que vem o Senhor soberano. A realeza, o poder e o império estão nas suas mãos.

Diz-se o Glória.

Introdução ao espírito da Celebração

Encontramo-nos aqui reunidos porque queremos, como os Magos, encontrar o Senhor, participando na Eucaristia Dominical. Vamos agradecer-Lhe mais um ano que nos concedeu. Peçamos-Lhe bênçãos para a nossa vida. Escutemo-l’O e sentiremos a Sua presença em nosso coração.

ORAÇÃO COLECTA: Senhor Deus omnipotente, que neste dia revelastes o vosso Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós que já Vos conhecemos pela fé levai-nos a contemplar face a face a vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: No Antigo Testamento o Povo de Deus esperava com ansiedade a vinda do Messias. Nós sentimo-nos muito felizes por Ele ter vindo, há dois mil anos, à Terra para nos salvar.

Isaías 60, 1-6

1Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. 2Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. 3As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. 4Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. 5Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. 6Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá; hão-de trazer ouro e incenso e proclamarão as glórias do Senhor.

 

O texto canta a glória da Jerusalém renovada, figura da «Jerusalém nova descida do Céu» (cf. Apoc 21, 2.23-24). A visão universalista que o poema apresenta corresponde à realidade da Igreja, que é católica, universal.

3 «As nações caminharão à tua luz, e os reis ao esplendor da tua aurora». Não há dúvida de que se pode adaptar perfeitamente este texto isaiano ao mistério hoje celebrado: os «magos» – este texto terá contribuído para se lhes chamar «reis» –, que seguem a «luz» da estrela, são os pioneiros de entre os povos gentios a acorrer ao encontro do Messias.

6 A menção de povos do Oriente – «Madiã e Efá» –, dos ricos comerciantes de «Sabá», a sul da Arábia (Yémen) e, sobretudo, os produtos que trazem – «ouro e incenso» – fazem lembrar o que nos relata o Evangelho: a vinda dos Magos do Oriente que trazem «oiro, incenso e mirra».

Salmo Responsorial

Salmo 71 (72), 2.7-8.10-11.12-13 (R. cf. 11)

Monição: Juntemo-nos aos crentes de todo o mundo louvando e adorando o Senhor que vem ao nosso encontro.

Refrão: VIRÃO ADORAR-VOS, SENHOR, TODOS OS POVOS DA TERRA.

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar

e a vossa justiça ao filho do rei.

Ele governará o vosso povo com justiça

e os vossos pobres com equidade.

 

 

Florescerá a justiça nos seus dias

e uma grande paz até ao fim dos tempos.

Ele dominará de um ao outro mar,

do grande rio até aos confins da terra.

 

 

Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,

os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.

Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,

todos os povos o hão-de servir.

 

 

Socorrerá o pobre que pede auxílio

e o miserável que não tem amparo.

Terá compaixão dos fracos e dos pobres

e defenderá a vida dos oprimidos.

Segunda Leitura

Monição: São Paulo não acreditava até ao dia em que Jesus se lhe manifestou. A partir daí passou a sua vida a anunciá-l’O a toda a gente. Ouçamos e imitemos o grande Apóstolo neste Ano Paulino e sempre.

Efésios 3, 2-3a.5-6

Irmãos: 2Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: 3apor uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, 5ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: 6os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.

Nesta passagem de Efésios, S. Paulo define em que consiste o «mistério de Cristo» (v. 4). Os gentios, que vêm à Igreja, estão no mesmo pé de igualdade que os judeus procedentes do antigo povo de Deus: não há lugar para cristãos de primeira e de segunda! O texto original é muito expressivo: os gentios vêm a ser «co-herdeiros»(«recebem a mesma herança que os judeus», traduz, parafraseando, o texto português oficial), «com-corpóreos» (isto é, «pertencem ao mesmo Corpo» Místico de Cristo, que é a Igreja una), e «com-participantes na Promessa» («beneficiam da mesma promessa» de salvação). E é este o mistério que também se celebra na Festa da Epifania: Cristo igualmente Salvador de gentios e judeus.

Aclamação ao Evangelho

Mt 2, 2

Monição: Os Magos fizeram uma caminhada difícil. Mas a alegria que sentiram ao encontrar o Senhor compensou todas as canseiras. Caminhemos nós também,oferecendo-Lhe o nosso coração.

ALELUIA

Vimos a sua estrela no Oriente   e viemos adorar o Senhor.

Evangelho

São Mateus 2, 1-12

1Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. 2«Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». 3Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. 4Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: 6‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». 7Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. 8Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». 9Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino.10Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. 11Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, caindo de joelhos, prostraram-se diante d’Ele e adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 12E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

O Evangelho da adoração dos Magos foi objecto das mais belas reflexões teológico-espirituais ao longo da história: já nos fins do séc. II, Tertuliano via nas ofertas dos Magos símbolos do reconhecimento de quem era Jesus: oferecem-lhe «ouro» como Rei, «incenso» como Deus, «mirra» (outra resina aromática, usada na sepultura) como Homem. Santo Ambrósio fixa-se em que os Magos vão por um caminho e voltam por outro, porque regressam melhores, depois do encontro com Cristo. Santo Agostinho vê nos Magos as primitiæ gentium, a par dos pastores que são as primícias dos judeus, etc.. Mas ainda hoje os comentadores retomam e actualizam os temas do relato: Cristo como verdadeira luz, o caminho dos pagãos para Cristo, o simbolismo dos presentes, a fé e perseverança dos Magos, a busca do sentido da Escritura e o sentido de procura do caminho, etc..

O próprio relato encerra um grande alcance teológico: Jesus é o verdadeiro «rei» que merece ser procurado e adorado por todos; a Ele acorrem, vindas de longe, gentes guiadas por uma estrela e pela Escritura; ainda menino e sem falar, já divide os homens a favor e contra Ele; a homenagem que Lhe prestam os Magos é a resposta humana ao «Emanuel, Deus connosco»; n’Ele se cumprem as profecias que falavam da vinda de reis e de todos os povos a Jerusalém (Is 60 e Salm 72). Mais ainda, ao nível da própria redacção de Mateus, o relato ilustra a teologia específica do evangelista: sendo este Evangelho dirigido a judeo-cristãos, confrontados com a Sinagoga, que não aceita Jesus, o episódio dos Magos documenta bem a teologia do «messias rejeitado», pois Jesus, logo ao nascer, encontra a hostilidade do poder e a indiferença das autoridades religiosas; é também uma ilustração das palavras de Jesus, «virão muitos do Oriente…» (Mt 8, 11).

Em face de tudo isto, o estudioso não pode deixar de se interrogar se não estaremos perante um teologúmeno, uma criação de Mateus para dar corpo a uma ideia teológica. A verdade é que em toda a tradição cristã se deu grande valor à adoração dos Magos e à festa da Epifania. Se detrás disto não há realidade nenhuma, o significado de tudo fica privado da sua base mais sólida.

Nota sobre a questão da historicidade do relato: A crítica bíblica moderna tem proposto teorias bastante discordantes; por um lado, temos um grupo em que R. E.Brown reúne as objecções que se têm levantado contra a historicidade do relato, que denotam – diz – «uma inverosimilhança intrínseca»: o movimento da estrela de Norte para Sul (Jerusalém – Belém), a sua paragem sobre a casa, a consulta de Herodes aos escribas e sacerdotes, seus inimigos, a indicação de Belém como um dado desconhecido ao contrário de Jo 7, 42, a imperdoável ingenuidade de Herodes que não manda espiar os Magos, o facto de não se ter identificado o menino após a visita de homens de fora a uma pequena povoação, o silêncio de Lucas sobre a visita; estes autores concluem que se trata, então, de uma construção artificial feita com textos do Antigo Testamento. Por outro lado, temos autores mais recentes como R. T. France (The Gospel according to Mathew) que defendem a credibilidade histórica do relato, demonstrando que as dificuldades contra têm solução. Com efeito, embora estejam subjacentes no relato vários textos do A. T., apenas um é citado, podendo mesmo ser suprimido sem interromper o discurso (vv. 5b-6), o que é sinal de que a citação foi acrescentada a um relato preexistente, não sendo a citação a dar origem ao relato. Os pretensos traços duma dita lenda edificante, ou midraxe hagadá, nada têm de historicamente improvável, fora o caso da estrela que pára sobre a casa, mas já S. João Crisóstomo observava que a estrela não vinha de cima, mas de baixo, pois não era uma estrela natural e não é provável que a Igreja, que bem cedo entrou em conflito com a astrologia, tivesse inventado uma história a favorecê-la. O facto de Herodes não ter mandado espiar os Magos não revela ingenuidade, mas prudência para que os seus guardas não viessem a dificultar a descoberta do Menino, e também uma plena confiança em que os Magos voltassem; finge colaborar com eles, a fim de obter mais dados. Também René Laurentin sublinha a credibilidade histórica de certos pormenores, como a existência de astrólogos viajantes («magos») no Oriente, ou a astúcia e crueldade de Herodes (matou a maior parte das suas 10 mulheres, vários filhos e muitas pessoas influentes na política); e, sobretudo, Mateus revela «sensibilidade histórica», ao não fazer coincidir bem os factos que narra com as citações e alusões ao A. T.: se os factos fossem inventados, teriam sido forjados de molde a que se adaptassem bem às passagens bíblicas (a estrela da profecia de Balaão – Num 24, 17 – não é a estrela que indica o Messias, mas sim o próprio Messias, etc.). Também a propaganda religiosa judaica tinha despertado a expectativa do nascimento do Messias (ver, por ex., a IV écloga de Virgílio) e fervorosos aderentes entre os gentios, o que torna mais compreensível a visita destes estranhos. A. Díez Macho afirma que «a intenção de Mateus é narrar história confirmada com profecias ou paralelos vétero-testamentários», e descobre no episódio do Magos uma grande quantidade de «alusões» ao A. T. (o chamado rémez, figura retórica muito do gosto dos semitas e frequente na Bíblia). Este célebre biblista espanhol (assim também G. Segalla) diz que o fenómeno da estrela pode muito bem corresponder à conjunção de Júpiter e Saturno que se deu na constelação de Peixe, e que teve lugar três vezes no ano 7 a. C., data provável de nascimento de Cristo. Mas a verdade é que não se pode negar o carácter popular do relato, pouco preocupado com o rigor das coisas, pois até dá a entender que a estrela se deslocava de Norte para Sul até parar sobre a casa.

Sugestões para a homilia

O mal no mundo

O bem no mundo

O Senhor quer salvar o mundo

O mal no mundo

No mundo em que vivemos há tanto mal!…

Como é possível não deixar nascer as crianças, matando-as no seio materno com o crime do aborto?!

Como é possível haver monstros a roubarem a inocência das crianças que tinham direito a viver sonhos de candura, pureza, encanto?!

Como é possível que o futuro risonho dos jovens seja destruído pela droga que arruína também as suas famílias?!

Como é possível vermos mães a serem maltratadas por aqueles com quem geraram os filhos?!

Como é possível encontrarmos idosos abandonados, após uma vida de árduo trabalho em favor de quem agora os despreza?!

Como é possível assistirmos aos ataques sucessivos à família pela infidelidade, pelo divórcio e pelas uniões homossexuais?!

Como é possível sabermos que há doentes a sofrer sem haver um cireneu ou uma verónica a ajudá-los a levar a Cruz?!

Como é possível acordarmos todos os dias com notícias de guerras, atentados, violência que causam a dor, o desespero, a morte de milhões de pessoas inocentes?!

Como é possível pôr fim à vida pelos acidentes criminosos, pelo homicídio, pelo suicídio, pela eutanásia?!

O bem no mundo

E nunca como neste terceiro milénio a humanidade podia ser feliz…

Há modernos cuidados de saúde com óptimos profissionais!

Há conforto em toda a parte!

Há boas vias para as pessoas se deslocarem!

Há meios de comunicação que mantêm as pessoas unidas e informadas!

Foi Deus quem deu ao homem sabedoria para descobrir tudo isto em favor do progresso e bem-estar dos povos do mundo inteiro.

Deus criou o mundo tão belo para nós!

Deus ama-nos tanto que enviou o Seu Filho ao mundo para o salvar, como já o Profeta Isaías O anunciara na primeira leitura.

O Senhor quer salvar o mundo

Bispos, Sacerdotes e Leigos, em união com o Santo Padre, façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para erradicarmos o mal, apresentando a Lei de Deus para a salvação do mundo. Interpelemos os Responsáveis pelas outras religiões para que, sem fanatismos, se juntem a nós nesta missão. Façamos ver aos Governantes a responsabilidade que têm no combate às injustiças sociais para que todos vejam respeitados os seus direitos.

Como os Magos (Evangelho) vamos ao encontro do Senhor, oferecendo-Lhe o nosso coração. Ele preparou para nós uma eternidade feliz. Mas, para a alcançarmos, temos de amá-l’O como Ele nos ama. Temos de amá-l’O nos irmãos.

São Paulo (segunda leitura) é exemplo para todos no amor a Cristo e ao próximo.

A Mãe de Jesus e nossa Mãe está connosco a abençoar- nos.

Não percamos a esperança. O mundo voltará a ser bom. Tão bom que apenas o trocaremos um dia pelo Céu!

Fala o Santo Padre

«A chegada dos Magos do Oriente a Belém, para adorar o Messias, é o sinal de manifestação do Rei universal a todos os homens que procuram a verdade.»

Celebramos hoje Cristo, Luz do mundo, e a sua manifestação às nações. No dia de Natal a mensagem da liturgia ressoava assim: «Hodie descendit lux magna superterram Hoje uma grande luz desce sobre a terra» (Missal Romano). Em Belém, esta «grande luz» apareceu a um pequeno grupo de pessoas, um minúsculo «resto de Israel»: a Virgem Maria, o seu esposo José e alguns pastores. Uma luz humilde, como faz parte do estilo do Deus verdadeiro; uma chama pequena acendida na noite: um frágil recém-nascido, que geme no silêncio do mundo… Mas aquele nascimento escondido e desconhecido era acompanhado pelo hino de louvor pelas multidões celestes, que cantavam glória e paz (cf. Lc 2, 13-14).

Assim aquela luz, mesmo se modesta ao aparecer sobre a terra, projectava-se com poder no céu: o nascimento do Rei dos Judeus tinha sido anunciado com o surgir de uma estrela, visível de muito longe. Foi este o testemunho de «alguns Magos», que do oriente foram a Jerusalém pouco depois do nascimento de Jesus, no tempo do rei Herodes (cf. Mt 2, 1-2). Mais uma vez se reevocam e se respondem o céu e a terra, a criação e a história. As antigas profecias encontram confirmação na linguagem dos astros. «Uma estrela sai de Jacob, e um ceptro flamejante surge do seio de Israel» (Nm 24, 17), tinha anunciado o vidente pagão Balaão, chamado a amaldiçoar o povo de Israel, e que ao contrário o abençoou porque revelou-lhe Deus «aquele povo é abençoado» (Nm 22, 12). Cromácio de Aquileia, no seu Comentário ao Evangelho de Mateus, pondo em relação Balaão com os Magos, escreve: «Aquele profetizou que Cristo teria vindo; estes viram-no com os olhos da fé». E acrescenta uma observação importante: «A estrela era vista por todos, mas nem todos a receberam» (ibid., 4, 1-2). Sobressai aqui o significado na perspectiva histórica, do símbolo da luz aplicado ao nascimento de Cristo: ele expressa a bênção especial de Deus sobre a descendência de Abraão, destinada a alargar-se a todos os povos da terra. […]

A chegada dos Magos do Oriente a Belém, para adorar o recém-nascido Messias, é o sinal de manifestação do Rei universal aos povos e a todos os homens que procuram a verdade. É o início de um movimento oposto ao de Babel: da confusão à compreensão, da dispersão à reconciliação. Percebemos assim um vínculo entre a Epifania e o Pentecostes: se o Natal de Cristo, que é a Cabeça, é também o Natal da Igreja, seu corpo, nós vemos nos Magos os povos que se agregam ao resto de Israel, prenunciando o grande sinal da «Igreja poliglota», realizado pelo Espírito Santo cinquenta dias depois da Páscoa. […]

Bento XVI, Basilica de São Pedro, 6 de Janeiro de 2008

LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Olhai com bondade, Senhor, para os dons da vossa Igreja, que não Vos oferece ouro, incenso e mirra, mas Aquele que por estes dons é manifestado, imolado e oferecido em alimento, Jesus Cristo, vosso Filho, Nosso Senhor, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio da Epifania: p. 460 [592-704]

No Cânone Romano diz-se o Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio. Nas Orações Eucarísticas II e III faz-se também a comemoração própria.

SANTO

Monição da Comunhão

Jesus que se manifestou aos Magos quer vir até nós. Se estamos devidamente preparados, recebamo-l’O sacramentalmente. Aproveitemos este momento privilegiado para falarmos com Ele, pedindo-Lhe nos ajude a vivermos como Ele quer.

Mt 2, 2

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Vimos a sua estrela no Oriente e viemos com presentes adorar o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Iluminai-nos, Senhor, sempre e em toda a parte com a vossa luz celeste, para que possamos contemplar com olhar puro e receber de coração sincero o mistério em que por vossa graça participámos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

RITOS FINAIS

Monição final

Foi bom estarmos com o Senhor. Agora, como os Magos e com a bênção da Mãe de Jesus e nossa Mãe, vamos partir para darmos testemunho d’Ele em casa, no local de trabalho, na sociedade, sempre e em toda a parte.

HOMILIAS FERIAIS

TEMPO DEPOIS DA EPIFANIA

2ª Feira, 5-I: A 1ª mensagem de Cristo: A conversão.

1 Jo 3, 22-4, 6 / Mt 4, 12-17. 23-25

A partir de então, Jesus começou a dizer: Arrependei-vos, pois o reino de Deus está próximo.

É esta a 1ª mensagem de Jesus ao começar o seu ministério público (cf Ev). A conversão é uma alteração ao modo como estamos a viver: uma abertura à fé; o acreditar no Evangelho; uma passagem do comodismo à exigência, do pessimismo à esperança, etc.

conversão exige a renúncia ao pecado e ao que é incompatível com os ensinamentos de Cristo (corresponde ao Anti-Cristo: cf Leit); e pede um regresso sincero a Deus, com o auxílio da graça).

3ª Feira, 6-I: Eucaristia: testemunho do amor de Deus.

1 Jo 4, 7-10 / Mc 6, 34-44

Depois, partiu os pães e foi-os dando aos discípulos, para que eles os servissem às pessoas.

«Os milagres da multiplicação dos pães, quando o Senhor disse a bênção, partiu e distribuiu os pães pelos seus discípulos para alimentar a multidão, prefiguram asuperabundância deste pão único da Eucaristia» (CIC, 1335).

Este o novo mistério da luz que manifesta o amor de Deus para connosco. Jesus ofereceu-se em sacrifício para nos salvar: «Assim se manifestou entre nós o amor de Deus: Deus enviou ao mundo o seu Filho Único, para nós vivermos por Ele» (Leit).

4ª Feira, 7-I: A vocação do homem: o amor.

1 Jo 4, 11-18 / Mc 6,45-52

Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.

«Deus é amor» (Leit), e este amor foi derramado por Deus nas nossas almas, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido. «Deus que criou o homem por amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é amor» (CIC, 1604).

É o amor que leva Jesus a andar sobre o mar, para ajudar os discípulos extenuados, que lhes transmite serenidade para vencerem o medo e enfrentarem as dificuldades (cf Ev). Assim faz também connosco.

5ª Feira, 8-I: Diferentes formas de pobreza

1 Jo 4, 19-5, 4 / Lc 4, 14-22

É este o mandamento que recebemos d’Ele: quem ama a Deus, ame igualmente o seu irmão.

Jesus deu-nos exemplo deste amor, ao dar a sua vida pelos seus. Por isso nos pede que, como Ele, amemos os outros, incluídos os inimigos e os pobres: «Enviou-me a anunciar a Boa Nova aos pobres» (Ev).

«O amor da Igreja pelos pobres faz parte da sua constante tradição. Esse amor respira-se no Evangelho das bem-aventuranças, na pobreza de Jesus e na sua atenção aos pobres. E este amor não se estende somente à pobreza material, mas às numerosas formas de pobreza cultural e religiosa» (CIC, 2444).

6ª Feira, 9-I: Doenças da alma e do corpo.

1 Jo 5, 5-6. 8-13 / Lc 5, 12-16

Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: Quero, fica curado.

Jesus fica comovido com tanto sofrimento (cf Ev), mas não cura todos os doentes. As curas eram apenas um sinal de uma cura mais radical: a vitória sobre o pecado e a morte: «Na Cruz, Cristo tomou sobre si todo o peso do mal e tirou o pecado do mundo, do qual a doença não é mais do que uma consequência» (CIC, 1505)

No que diz respeito ao sofrimento: «Pela sua paixão e morte na cruz, Cristo deu um novo sentido ao sofrimento: desde então, este pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora» (CIC, 1505).

Sábado, 10-I: As consequências do pecado.

1 Jo 5, 14-21 / Jo 3, 22-30

Foi Jesus com os discípulos para ao território da Judeia, onde se demorou com eles a baptizar.

Pelo Baptismo (cf Ev), todos os pecados nos são perdoados. Mas, no entanto, em cada baptizado «permanecem certas consequências temporais do pecado, como os sofrimentos, a doença., a morte, ou as fragilidade inerentes à vida, como as fraquezas de carácter, etc., assim como uma inclinação para o pecado, que a Tradição chama concupiscência ou, metaforicamente, a ‘isca’ ou ‘aguilhão’ do pecado (‘fomes peccati’).

O Maligno (cf Leit) explora estas fraquezas, pelo que na nossa vida precisamos travar cada dia muitos combates.

Celebração e Homilia:          AURÉLIO ARAÚJO RIBEIRO

Nota Exegética:                     GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:                   NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:                 DUARTE NUNO ROCHA

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