Roteiro Homilético – IV Domingo da Páscoa (Ano A)

RITOS INICIAIS

ANTÍFONA DE ENTRADA: A bondade do Senhor encheu a terra, a palavra do Senhor criou os céus. Aleluia.

Diz-se o Glória.

Introdução ao espírito da Celebração

O ponto mais alto da Palavra de Deus, para este domingo, encontra-se no texto do Santo Evangelho – São João 10, 9-10: «Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai doaprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

ORAÇÃO COLECTA: Deus eterno e omnipotente, conduzi–nos à posse das alegrias celestes, para que o pequenino rebanho dos vossos fiéis chegue um dia à glória do reino onde já Se encontra o seu poderoso Pastor, Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: São Pedro lembra: «Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificaste». O povo interroga: «Que havemos de fazer?» Resposta de Pedro: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus Cristo».

Actos 2, 14a.36 – 41

No dia de Pentecostes, 14aPedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: 36«Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes».37Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?» 38Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito Santo, 39porque a promessa desse dom é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus». 40E com muitas outras palavras os persuadia e exortava, dizendo: «Salvai-vos desta geração perversa». 41Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o Baptismo, e naquele dia juntaram-se aos discípulos cerca de três mil pessoas.

Temos hoje a continuação da leitura do discurso de S. Pedro no dia do Pentecostes. E continuaremos em todos os domingos pascais a ter trechos dos Actos dos Apóstolos como 1ª leitura.

36 «Deus fez Senhor e Messias esse Jesus». É evidente que Jesus não é feito Senhor, isto é, Deus e Messias, só após a prova a que foi sujeito (a Sua Paixão e Morte), mediante a Sua Ressurreição e glorificação. No plano divino, era a Ressurreição de Jesus que devia manifestar plenamente a sua condição e poder divinos e fazê-Lo entrar no gozo perfeito da glória que Lhe competia como Pessoa divina e Messias (cf. Lc 24, 26). O verbo grego «epóiêsen» (fez) parece ser a tradução do verbo hebraico «xamó»: «colocou-O como».

38 «O Baptismo em nome de Jesus Cristo». É chamado assim, «em nome de Jesus», para o distinguir de outros baptismos correntes na época, como o de João e o dos prosélitos. Chama-se «de Jesus», não só por ter sido instituído por Jesus, mas também porque nos faz pertencer a Cristo, incorporando-nos n’Ele (cf. Rom 6, 3; Gal 3, 27). Esta expressão nada nos diz da fórmula ritual usada na administração do Sacramento, que seria a trinitária, como que consta de Mt 28, 19, exigida para a validade.

«Recebereis o dom do Espírito Santo». Não se designam aqui os chamados «sete dons do Espírito Santo», mas sim o dom (que é) o Espírito Santo (trata-se de um «genitivo epexegético, ou de aposição», como lhe chamam os gramáticos). Não é fácil de saber se o texto se refere à recepção do Espírito Santo mediante o Baptismo, ou mediante a imposição das mãos no Sacramento da Confirmação (cf. Act 8, 17; 19, 6).

39 «Quantos de longe». É uma referência aos gentios (cf. Act 22, 21; Ef 2, 13).

Salmo Responsorial    Sl 22 (23), 1–3a.3b–4.5.6

Monição: Como é maravilhoso dizer ao Senhor com toda a confiança: «O Senhor é Meu Pastor Nada Me Faltará».

Refrão: O SENHOR É MEU PASTOR: NADA ME FALTARÁ.

Ou:                ALELUIA.

O Senhor é meu pastor: nada me falta.

Leva–me a descansar em verdes prados,

conduz–me às águas refrescantes

e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.

Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,

não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:

o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa

à vista dos meus adversários;

com óleo me perfumais a cabeça

e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão–de acompanhar–me

todos os dias da minha vida,

e habitarei na casa do Senhor

para todo o sempre.

Segunda Leitura

Monição: Imitemos a Cristo que julga com justiça e se tornou pastor e guarda das nossas almas.

1 São Pedro 2, 20b–25

Caríssimos: 20bSe vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência, isto é uma graça aos olhos de Deus. 21Para isto é que fostes chamados, porque Cristo sofreu também por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos. 22Ele não cometeu pecado algum e na sua boca não se encontrou mentira. 23Insultado, não pagava com injúrias; maltratado, não respondia com ameaças; mas entregava-Se Àquele que julga com justiça. 24Ele suportou os nossos pecados no seu Corpo, no madeiro da cruz, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas suas chagas fomos curados. 25Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.

Os vv. 21b-25 formam um hino a Cristo, muito belo, com uma alusão final ao cumprimento da profecia do Servo de Yahwéh (4º canto: Is 52, 13 – 53, 12) e ao Bom Pastor (cf. Jo 10, 11-16; 21, 15-19); também se pode ver uma alusão a Ez 34, 11-16, onde é o próprio Deus que vem apascentar as suas ovelhas dispersas (alusão em que se pode ver um deraxe cristológico, isto é, a aplicação a Jesus do que no A. T. se diz deYahwéh).

Os conselhos que aqui temos são dirigidos particularmente aos escravos (cf. v. 18). Não sendo possível então acabar com uma ordem social injusta, como era a escravatura, Pedro não desiste de ajudar os escravos a santificarem-se na condição a que estão sujeitos, imitando a Cristo – seguindo os seus passos – sofredor e obediente até à morte: sendo inocente «sofreu por vós» (v. 21), suportou os nossos pecados… pelas suas chagas fomos curados» (v. 24). Portanto, se os que são escravos forem tratados de modo injusto, que se deixem de lamentações inúteis, mas suportem tudo como Jesus, que «Se entregava Àquele que julga com justiça», que «não pagava com injúrias» e «não respondia com ameaças» (v. 23). Esta exortação mantém actualidade para nós, hoje, já que é frequente ter de «suportar sofrimentos por fazer o bem» (v. 30). E «isto é uma graça aos olhos de Deus» (v. 20b).

Aclamação ao Evangelho

Jo 10, 14

Monição: O Senhor conhece-nos. Nós também conhecemos e amamos a Cristo?

ALELUIA

Eu sou o bom pastor, diz o Senhor: conheço as minhas ovelhas e elas conhecem–Me.

Evangelho

São João 10, 1–10

Naquele tempo, disse Jesus: 1«Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. 2Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. 4Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. 5Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». 6Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. 7Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. 8Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. 10O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

No capítulo 10 de S. João podem ver-se duas parábolas, as únicas do IV Evangelho: a parábola do pastor e o ladrão (1-6) e a do pastor e o mercenário (11-13), ambas explicadas por Jesus. Neste ano, temos a primeira.

1-5 Para uma recta compreensão da parábola devem-se ter presentes os costumes pastoris da Palestina. Durante o dia, os rebanhos dispersavam-se pelas poucas pastagens daquelas zonas pobres. À noite, especialmente a partir da Primavera, eram recolhidos em recintos descobertos, rodeados de uma sebe ou pequeno muro. Nesta cerca, que faz de «aprisco», era frequente reunirem-se vários rebanhos, que ficavam a ser vigiados de noite por algum guarda pago, um «mercenário», ao passo que os pastores se albergavam em cabanas armadas nas proximidades. De manhã, cada pastor vinha à porta do recinto chamar as suas próprias ovelhas, que já lhe conheciam o grito habitual e que vão atrás dele para as pastagens. Quem não entrar pela porta, mas saltar o muro, é «ladrão e salteador», e «não vem senão para roubar, matar e destruir» (v. 10); não vem para apascentar o rebanho.

7-10 O sentido da parábola é claro e fica explicado pelo Senhor. Parte do dado de que o Povo de Deus é o rebanho de Yahwéh (Ez 34). Aqueles que, sem mandato divino, vieram antes de Jesus são «ladrões e salteadores» (v. 8), que cuidam só dos interesses próprios, inimigos e rivais de Jesus, causando destruição no rebanho (v. 10), ao passo que Jesus, e só Ele, que veio para dar a vida em abundância (v. 10), é o autêntico Pastor. Jesus apresenta-se como a «Porta» do redil, a porta por onde as ovelhas têm de passar para chegar à salvação e ter a vida eterna, «a vida em abundância» (v. 10). No v. 7, de acordo com os vv. 1-2, Jesus aparece como a porta que dá acesso ao aprisco, a sua Igreja; assim Jesus indica que só são legítimos pastores, os que passam por Cristo, recebendo d’Ele o mandato; os demais pastores só trazem ruína ao rebanho.

Sugestões para a homilia

Síntese da Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações

Foi publicada em 22/2/2008 a mensagem do Papa para o 45.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações que terá lugar a 13 de Abril próximo.

Bento XVI recorda o mandato de Jesus ressuscitado aos apóstolos: «Ide, pois, fazei discípulos meus entre todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo»; «Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo».

Na mensagem papal é lembrado que, Jesus escolheu os discípulos como seus directos colaboradores no ministério messiânico. E acrescenta: por exemplo, na multiplicação dos pães, quando disse aos Apóstolos «dai-lhes vós mesmos de comer», animando-os a assumir o peso das necessidades das multidões, às quais queria oferecer o alimento para saciar-lhes a fome, mas também revelar o alimento «que dura para a vida eterna».

Do seu olhar de amor brotava o convite aos discípulos: «Pedi ao Senhor da messe, que mande operários para sua messe». O que «impeliu» os Apóstolos, tanto no início como no decorrer dos tempos, foi sempre «o amor de Cristo», sublinha Bento XVI.

Entre os que se dedicam totalmente ao serviço do Evangelho estão, de modo particular, muitos sacerdotes chamados para anunciar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Reconciliação, dedicados ao serviço dos mais débeis, dos doentes, dos sofredores, dos pobres e dos que passam por momentos difíceis.

Bento XVI reserva uma palavra de especial reconhecimento aos padres “fidei donum” que edificam a comunidade com competência, generosidade e dedicação, anunciando a palavra de Deus e repartindo o pão da vida, sem pouparem as suas energias ao serviço da missão da Igreja. E dá também graças a Deus pelos numerosos sacerdotes que tiveram de sofrer até ao sacrifício da vida por servir a Cristo.

Uma última referência dedica-a o Papa aos religiosos, homens e as mulheres, que desde sempre na Igreja, movidos pela acção do Espírito Santo, optaram por viver radicalmente o Evangelho. «Esta multidão de religiosos e de religiosas, de vida contemplativa e activa, sempre tem tido uma parte importantíssima na evangelização do mundo», sublinha a mensagem.

Redacção / Rádio Vaticano

O Laicismo e o Materialismo contestam o Cristianismo

Para muitos fautores do Laicismo e do Materialismo a vida do homem sobre a terra é um «processo» que termina com a execução. A morte tem a última palavra. A vida, neste mundo, é antecâmara do nada. Os bens que produzimos tornam-se donos do homem que, por sua vez, se torna escravo da máquina. A matéria domina e desonra o homem.

Por tudo isto, proclamamos a superioridade do espírito e de Deus sobre a matéria, professando a fé na ressurreição. Esta postura não significa menosprezar a matéria e o corpo, mas antes dar-lhe a garantia da dignidade definitiva, afirmar a sua capacidade de salvação, e a sua pertença ao todo da criação de Deus.

Desta forma, a fé na ressurreição é a renúncia mais radical e dramática do materialismo.

O ressuscitado, «Cristo que é a Porta», arranca-nos do Materialismo para a liberdade do espírito, que dignifica a matéria e respeita a sua grandeza específica.

A ressurreição de Cristo afirma a primazia do amor e da vida. Jesus Cristo não morreu contra ninguém, mas por todos. O Seu sangue não exige sangue, mas reconciliação e amor, o fim da inimizade e do ódio.

(Nota – Estas ideias são tiradas do Livro «Esplendor da Glória de Deus, de Bento XVI).

Perante isto, mais do que nunca, precisamos de vocações definidas, vocações que através de sua vida proclamem o que Cristo diz no Evangelho de hoje: «Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo» (São João 10, 9). E em São João 10, 10, afirma-se: «O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

Para ter vida em abundância, a escolha da vocação é uma prioridade.

Quem escolhe ser casado, solteiro, sacerdote, religioso, médico, professor, engenheiro, etc, fá-lo porque julga ser esta a vontade de Deus e o melhor caminho para ser santo.

Cristo é a «Porta». Sem Cristo, como ponto de referência, a minha vida não tem entrada nem saída. Sentir-me-ei bloqueado.

Cristo é a «Porta». Quer-me com os pés na terra e sempre projectado para a eternidade.

Fala o Santo Padre

MENSAGEM PARA O 45º DIA MUNDIAL

DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

«As vocações a serviço da Igreja-Missão»

Caros irmãos e irmãs!

1. Tendo em vista o Dia Mundial de Orações pelas Vocações, que será celebrado em 13 de Abril de 2008, escolhi o tema: As vocações a serviço da Igreja-missão. Aos Apóstolos Jesus ressuscitado confiou o mandato: «Ide, pois, fazei discípulos meus entre todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19) e assegurando: «Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo» (Mt 28,20). A Igreja é missionária no seu conjunto e em cada um dos seus membros. Se, graças aos sacramentos do Baptismo e da Confirmação, cada cristão é chamado a testemunhar e a anunciar o Evangelho, a dimensão missionária é especialmente e intimamente ligada à vocação sacerdotal. Na aliança com Israel, Deus confiou a homens seleccionados, chamados por Ele e enviados ao povo em seu nome, a missão de serem profetas e sacerdotes. Assim fez, por exemplo, com Moisés: «E agora, vai! – lhe disse Javé – Eu te envio ao Faraó […] […] quando tiveres tirado o povo do Egipto, servireis a Deus sobre esta montanha». (Ex 3,10. 12). Igualmente acontece com os profetas.

2. As promessas feitas aos pais se realizaram plenamente em Jesus Cristo. A este respeito, afirma o Concílio Vaticano II: «Veio pois o Filho, enviado pelo Pai, que n’Ele nos escolheu antes de criar o mundo, e nos predestinou para sermos filhos adoptivos […] Por isso, Cristo para cumprir a vontade do Pai, inaugurou na terra o Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério, realizando-o, com a própria obediência, a redenção» (Const.Dogm. Lumen Gentium, 3). Durante a pregação na Galileia, na vida pública, Jesus escolheu os discípulos como seus diretos colaboradores no ministério messiânico. Por exemplo, na multiplicação dos pães, quando disse aos Apóstolos: «Dai-lhes vós mesmo de comer» (Mt 14,16), animando-os assim, a assumir o peso das necessidades das multidões, às quais queria oferecer o alimento para saciar-lhes a fome, mas também revelar o alimento «que dura para a vida eterna» (Jo 6,27). Movia-se de compaixão pelo povo, porque, ao percorrer cidades e aldeias, via multidões cansadas e abatidas, «como ovelhas sem pastor» (cf Mt 9,36). Do seu olhar de amor brotava o convite aos discípulos: «Pedí ao Senhor da messe, que mande operários para sua messe» (Mt 9,38), enviando antes os Doze, com precisas instruções, «às velhas perdidas da casa de Israel». Se nos detemos a meditar esta página do Evangelho de Mateus, conhecida comumente como «discurso missionário», observamos todos aqueles aspectos que caracterizam a actividade missionária de uma comunidade cristã, que deseja ser fiel ao exemplo e ao ensinamento de Jesus. Corresponder ao chamado do Senhor supõe enfrentar cada perigo com prudência e simplicidade, e inclusive as perseguições, pois «um discípulo não é mais que seu mestre, nem um servo mais que o seu patrão» (Mt 10,24). Feitos uma coisa só com o Mestre, os discípulos não ficam sós para anunciar o Reino dos Céus, mas é o mesmo Jesus que age neles: «Quem vos acolhe, a mim acolhe; e quem me acolhe, acolhe aquele que me enviou» (Mt 10, 40). Além disso, como verdadeiras testemunhas, «revestidos da força do alto» (Lc 24,49), estes pregam «a conversão e o perdão dos pecados» (Lc 24,47) a todos os povos.

3. Precisamente por terem sido enviados pelo Senhor, os Doze receberam o nome de «apóstolos», chamados a percorrer os caminhos do mundo anunciando o Evangelho, como testemunhas da morte e ressurreição de Cristo. Escreve São Paulo aos cristãos de Corinto: «Nós – isto é os Apóstolos – anunciamos Cristo crucificado» (1Cor 1,23). Neste processo de evangelização, o Livro dos Actos dos Apóstolos considera também muito importante o papel de outros discípulos, cuja vocação missionária surge através circunstâncias providenciais, às vezes dolorosas, como a expulsão da própria terra enquanto seguidores de Jesus (cf. 8,1-4). O Espírito Santo permite transformar esta prova em ocasião de graça, fazendo com que o nome do Senhor seja anunciado a outros povos, ampliando assim o círculo da comunidade cristã. Trata-se de homens e de mulheres que, como escreve Lucas no livro dos Actos, «arriscaram a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo» (15,26). O primeiro entre todos, chamado pelo Senhor mesmo para ser um verdadeiro Apóstolo, é, sem dúvida, Paulo de Tarso. A história de Paulo, o maior missionário de todos os tempos, descreve, em muitos aspectos, qual seja o nexo entre a vocação e a missão. Acusado pelos seus adversários de não ter sido autorizado para o apostolado, ele mesmo, repetidas vezes, apela ao chamado recebido directamente pelo Senhor (cf. Rm1,1; Gal 1,11-12.15-17).

4. O que «impeliu» os Apóstolos no início, e no decorrer dos tempos, foi sempre «o amor de Cristo» (cf. 2 Cor 5,14). Como fiéis servidores da Igreja, dóceis à acção do Espírito Santo, muitos missionários, ao longo dos séculos, seguiram as pegadas dos primeiros discípulos. Observa o Concílio Vaticano II: «Embora todo discípulo de Cristo incumba-se da obrigação de difundir a fé conforme as suas possibilidades, Cristo Senhor chama sempre dentre os discípulos os que ele quer para estarem com ele e os enviarem a evangelizar os povos (cfr Mc 3,13-15)» (Decr. Ad gentes, 23). De fato, o amor de Cristo foi comunicado aos irmãos, com exemplos e palavras -com toda a vida. «A vocação especial dos missionários ad vitam – escreveu o meu venerável Predecessor João Paulo II – conserva toda a sua validade: representa o paradigma do compromisso missionário da Igreja, que sempre tem necessidade de doações radicais e totais, de impulsos novos e corajosos» (Enc. Redemptoris missio, 66).

5. Entre as pessoas que se dedicam totalmente a serviço do Evangelho estão, de modo particular, muitos sacerdotes chamados para anunciar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Reconciliação, dedicados ao serviço dos mais débeis, dos doentes, dos sofredores, dos pobres e dos que passam por momentos difíceis, em regiões da terra onde ainda hoje existem multidões que não tiveram um verdadeiro encontro com Cristo. Para estes, os missionários levam o primeiro anúncio do seu amor redentor. As estatísticas testemunham que o número dos baptizados aumenta cada ano, graças à ação pastoral destes sacerdotes, inteiramente consagrados à salvação dos irmãos. Neste contexto, seja dado um especial reconhecimento «aos presbíteros fidei donum que edificam a comunidade, com competência e generosa dedicação, anunciando-lhe a palavra de Deus e repartindo o pão da vida, sem pouparem as suas energias ao serviço da missão da Igreja. Por fim, é preciso agradecer a Deus pelos numerosos sacerdotes que tiveram de sofrer até ao sacrifício da vida por servir a Cristo […]. Trata-se de comoventes testemunhos que poderão inspirar muitos jovens a seguirem por sua vez a Cristo e gastarem a sua vida pelos outros, encontrando precisamente assim a vida verdadeira.» (Exort. ap. Sacramentum caritatis, 26). Desta forma Jesus, através dos seus sacerdotes, se faz presente entre os homens de hoje, até às mais distantes extremidades da terra.

6. Não são poucos os homens e as mulheres que, desde sempre na Igreja, movidos pela acção do Espírito Santo, escolheram de viver radicalmente o Evangelho, professando os votos de castidade, pobreza e obediência. Esta multidão de religiosos e de religiosas, pertencentes a numerosos Institutos de vida contemplativa e activa, tem tido «até agora uma parte importantíssima na evangelização do mundo» (Decr. Ad gentes, 40). Com a oração perseverante e comunitária, os religiosos de vida contemplativa intercedem incessantemente pela inteira humanidade; os de vida activa, com suas múltiplas formas de ação caritativa, levam a todos o testemunho vivo do amor e da misericórdia de Deus. Diante destes apóstolos do nosso tempo, o Servo de Deus Paulo VI, pôde dizer: «Graças à sua consagração religiosa, eles são por excelência voluntários e livres para deixar tudo e ir anunciar o Evangelho até as extremidades da terra. Eles são empreendedores, e o seu apostolado é muitas vezes marcado por uma originalidade e por uma feição própria, que forçosamente lhes granjeiam admiração. Depois, eles são generosos: encontram-se com frequência nos postos de vanguarda da missão e a arrostar com os maiores perigos para a sua saúde e para a sua própria vida. Sim, verdadeiramente a Igreja deve-lhes muito» (Exort. ap. i, 69).

7. Além disso, para que a Igreja possa continuar a missão que lhe foi confiada por Cristo e não faltem os evangelizadores que o mundo necessita, será oportuno que nas comunidades cristãs, nunca falte uma constante educação na fé das crianças e dos adultos; é necessário manter vivo nos fiéis um sentido activo de responsabilidade missionária e de participação solidária com os povos da terra. O dom da fé chama todos os cristãos a cooperarem na evangelização. Esta consciência seja alimentada através da pregação e da catequese, pela liturgia e por uma constante formação na oração; seja incrementada com o exercício da acolhida, da caridade, do acompanhamento espiritual, da reflexão e do discernimento, como também com a elaboração de um plano de pastoral, do qual faça parte integrante o cuidado das vocações.

8. Somente num terreno espiritualmente bem cultivado brotam as vocações para o sacerdócio ministerial e para a vida consagrada. De fato, as comunidades cristãs, que vivem intensamente a dimensão missionária do mistério da Igreja, jamais serão levadas a fechar-se em si mesmas. A missão, como testemunho do amor divino, se torna particularmente eficaz quando é partilhada comunitariamente, «para que o mundo creia» (cfr Jo 17,21). A graça das vocações é o dom que a Igreja invoca diariamente ao Espírito Santo. Desde o seu início a comunidade eclesial, recolhida em torno à Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, d’Ela aprende a implorar do Senhor o florescimento de novos apóstolos, que saibam viver no seu íntimo aquela fé e aquele amor necessários para a missão.

9. Ao confiar esta reflexão a todas as comunidades eclesiais para que a façam suas e, sobretudo, para suscitar subsídios de oração, encorajo o empenho de todos que trabalham com fé e generosidade ao serviço das vocações e, de coração, envio aos formadores, aos catequistas e a todos, especialmente aos jovens na caminhada vocacional, uma especial Bênção Apostólica.

Papa Bento XVI, Vaticano, 3 de Dezembro de 2007

LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Concedei, Senhor, que em todo o tempo possamos alegrar–nos com estes mistérios pascais, de modo que o acto sempre renovado da nossa redenção seja para nós causa de alegria eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio pascal: p. 469[602–714] ou 470–473

SANTO

Monição da Comunhão

Sem Comunhão frequente não escolheremos a vocação como caminho de santificação.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas e Se entregou à morte pelo seu rebanho. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Deus, nosso Bom Pastor, olhai benignamente para o vosso rebanho e conduzi às pastagens eternas as ovelhas que remistes com o precioso Sangue do vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

RITOS FINAIS

Monição final

A nossa vocação, não é bem vivida, se não estamos ao serviço da santificação e salvação de todos.

HOMILIAS FERIAIS

4ª SEMANA

2ª Feira, 14-IV: O ofício do Bom Pastor.

Act. 11, 1-18 / Jo 10, 11-18

Disse Jesus: Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a vida pelas ovelhas.

Jesus é o bom Pastor que, por amor ao Pai, dá a vida pelas ovelhas. É mesmo um sinal da sua comunhão amorosa com o Pai: «O Pai ama-me, porque eu dou a minha vida» (Ev). Jesus pede igualmente a Pedro que prossiga a sua missão, o que nalgum caso lhe custou bastante (cf. Leit), mas aproximou os pagãos da vida divina.

Rezemos para que o Papa leve a cabo a sua tarefa de bom Pastor no meio das dificuldades que vai encontrando. E pensemos igualmente que todos nós somos, de algum modo, o bom pastor dos nossos familiares e amigos.

3ª Feira, 15-IV: A conversão da sociedade.

Act 11, 19-26 / Jo 10, 22-30

A mão do Senhor estava com eles e foi grande o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor.

No tempo dos primeiros cristãos deu-se uma rápida expansão da Igreja (cf. Leit) e assim há-de continuar sempre. Esta expansão deve-se à ajuda do Senhor: «A mão do Senhor estava com eles» (Leit) e «ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai» (Ev).

É preciso levar a luz de Cristo a todos as pessoas e ambientes como eles fizeram. Temos que procurar que haja igualmente muitas conversões, que muitas pessoas percebam a novidade de Deus, que fez nascer a Igreja, anima a sua existência, renova e transforma a história.

4ª Feira, 16-IV: A importância da oração.

Act 12, 24-13, 5 / Jo 12, 44-50

Então, depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e deixaram-nos partir.

Por este relato se vê que a Igreja é uma comunidade que reza. Ao rezar escuta aquilo que o Espírito Santo lhe diz; celebra o culto do Senhor (cf. Leit).

Também nós fazemos parte desta mesma comunidade e, por isso, havemos de rezar para descobrirmos a presença do Senhor, para que desapareçam as trevas da nossa vida e podermos compreender o sentido dos acontecimentos; para escutarmos o Espírito Santo, para que nos oriente sobre o que devemos fazer; para nos decidirmos a anunciar a palavra de Deus aos outros (cf. Leit e Ev).

5ª Feira, 17-IV: Enviados pelo Senhor.

Act 13, 13-25 / Jo 13, 16-20

Quem receber aquele que eu enviar é a mim que recebe; e quem me receber, recebe aquele que me enviou.

Jesus é enviado pelo Pai. A seguir, escolhe os Apóstolos, que serão os seus enviados (apostoloi, em grego). É assim que actuam Paulo e seus companheiros na sinagoga, ao fazerem um resumo da história da salvação (cf. Leit).

Todos nos devemos sentir enviados. Que o Senhor suscite em nós esta urgência de evangelização, que vá contrariando a tarefa de paganização dos inimigos de Deus. O mandato final da Santa Missa é um dever de propagar o Evangelho e de animar cristãmente a sociedade.

6ª Feira, 18-V: O caminho para o Pai.

Act 13, 26-33 / Jo14, 1-6

Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar?

A Boa Nova apresenta uma extraordinária novidade, referida também por S. Paulo: por Jesus, o Filho Unigénito, recebemos a filiação adoptiva: «Tu és meu filho, eu hoje te gerei» (Leit. e S. 2).

Só com as nossas forças não conseguiríamos voltar à casa do Pai (cf. Ev), isto é, à vida eterna em Deus. Mas Jesus é para nós um sinal de esperança: «Ninguém vai ao Pai senão por mim» (Ev). Ele é o «Caminho, a Verdade e a Vida». Para seguir o seu caminho, devemos conhecer bem a sua vida e os seus ensinamentos.

Sábado, 19-IV: A vida íntima da Trindade.

Act 13, 44-52 / Jo 14, 7-14

Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.

Toda a vida de Cristo é uma revelação do Pai: as suas palavras e actos, os seus silêncios e sofrimentos, a maneira de ser e de falar. Jesus pode dizer: «Quem me vê a mim, vê o Pai» (Ev).

Na Eucaristia temos oportunidade de ver Jesus. Assim aconteceu com os Apóstolos, depois da Ressurreição: Vimos o Senhor! Procuremos também descobrir os sinais da presença divina no mundo que nos rodeia e manifestá-los a todos os que convivem connosco.

Celebração e Homilia:  ADRIANO TEIXEIRA

Nota Exegética:       GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:      NUNO ROMÃO

Fonte: Celebração  Litúrgica

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