Novena a Nossa Senhora Aparecida

 

NOVENA À NOSSA SENHORA APARECIDA

Flávio Sampaio de Paiva

Oração

Ó Maria Santíssima, que em vossa querida imagem de Aparecida espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil, eu, cheio (a) do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado (a) a vossos pés consagro-vos meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis.

Consagro-vos minha língua, para que sempre vos louve e propague vossa devoção. Consagro-vos meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.
Recebei-me, ó Rainha incomparável, no ditoso número de vossos filhos e filhas.
Acolhei-me debaixo de vossa proteção. Socorrei-me em todas as minhas necessidades espirituais e temporais e, sobretudo, na hora de minha morte. Abençoai-me, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda a eternidade.

Assim seja!

PRIMEIRO DIA DA NOVENA

Mensagem: A Virgem Maria está conosco

Desde o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, de uma maneira espontânea e viva foi se consolidando a devoção à Padroeira do Brasil em atitudes, palavras e gestos afetuosos, próprios dos filhos com sua Mãe:

  • Hinos, cantos litúrgicos, orações e inclusive poemas e canções populares foram compostos em sua honra.
  • Reproduções da pequenina imagem se espalharam em tantas igrejas, capelas, oratórios e lares cristãos do Brasil.
  • Inumeráveis medalhas são carregadas ao pescoço ou penduradas nos terços; muitas fitas são amarradas aos pulsos com jaculatórias à Nossa Senhora Aparecida.
  • Incontáveis terços são recitados diante de suas imagens, espalhadas por todo o território nacional.
  • Incalculáveis também são as visitas e romarias, realizadas pelos mais diversos meios de locomoção, ao Santuário Nacional, para honrar a Virgem Maria, recorrer à sua intercessão, agradecer e pagar promessas por graças significativas alcançadas. Ir ao Santuário tem o sabor de voltar à “Casa da Mãe”, onde todos os filhos se encontram a gosto e experimentam maior união com seus irmãos.
  • Novenas à Nossa Senhora Aparecida são realizadas em tantas igrejas e capelas dedicadas à nossa Padroeira, principalmente em preparação da sua festa, no dia 12 de outubro.

Milhões de pessoas vão, anualmente, a Aparecida, abrir o coração à Maria, contando as suas alegrias e tristezas, sucessos e fracassos; compartilhar os bons desejos dos seus corações, os nobres ideais que neles brotaram,…; desabafar com sua Mãe espiritual as preocupações, dificuldades e necessidades na vida, depositando-as nas mãos misericordiosas de Maria e recebendo o seu consolo e conselhos maternais. Em Aparecida, Maria volta a dizer aos homens: “Fazei o que meu Filho vos disser”.

Mas para crescermos ainda mais na devoção a Nossa Senhora Aparecida e adquirirmos uma devoção mais profunda devemos conhecer cada vez melhor a vida santa da Virgem Maria, as suas atuações e virtudes, para imitá-las; e a história da sua “aparição” e da sua poderosa intercessão.

Para ajudar a viver o Ano Nacional Mariano, podemos recordar a história da aparição da pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, feita de terracota, nas redes lançadas nas águas do Rio Paraíba do Sul por três pescadores; os principais milagres ocorridos pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida; e, também, alguns elementos da história do Santuário Nacional e da devoção à nossa Padroeira.

Como é sabido, em alguns outros lugares do mundo, como por exemplo, em Fátima e Lourdes, Nossa Senhora deixou-nos mensagens através dos videntes das suas aparições. Cabe-nos perguntar: Maria teria alguma mensagem a nos deixar em Aparecida?

Como, em Aparecida, Nossa Senhora não se manifestou, propriamente, a algum vidente, somente podemos desvendar suas mensagens através da interpretação dos sinais que Maria nos deixou.

Começaremos recordando a história do encontro da famosa imagem.

Segundo os relatos[1], a aparição da imagem ocorreu entre os dias 17 e 30 de outubro de 1717, quando Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar e governante da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá, no vale do Paraíba, durante uma viagem até Vila Rica.

O povo de Guaratinguetá decidiu fazer um banquete em homenagem à presença de Dom Pedro de Almeida, onde seria servido ao governador peixes recém pescados no Rio Paraíba. Os pescadores Domingos Alves Garcia, seu filho João Alves e Filipe Pedroso receberam a missão de realizar tal pesca.

Os pescadores rezaram à Virgem Maria e pediram a ajuda de Deus para a pesca. As horas se passavam, e após várias tentativas infrutíferas, desceram o curso do rio até chegarem ao Porto Itaguaçu. Eles já estavam desistindo quando João Alves jogou sua rede novamente e, em vez de peixes, apanhou o corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente, apanhou a cabeça da imagem, que lhe encaixava perfeitamente.

João e seus companheiros tiveram a certeza de que a Virgem Maria estava com eles naquela barca.

A partir daquele momento, lançaram novamente as redes no rio Paraíba e apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao porto, uma vez que, devido à pesca milagrosa, havia a ameaça de virem a naufragar.

Felipe Pedroso, o mais idoso, levou para casa a imagem, diante da qual, ele e a família começaram a rezar. Aos poucos o povo começou a afluir em grande quantidade à pequena casa do pescador, a fim de pedir graças e milagres à Virgem Maria que “apareceu” nas águas do rio. Assim começou a devoção à Padroeira do Brasil.

Encontramos, neste relato, já alguns sinais através dos quais a Virgem Maria pode nos falar: a pesca milagrosa realizada com a imagem de Maria no barco; o banquete de peixes, salvo pela intercessão de Maria; e o próprio fato de que a imagem encontrada ser a da Imaculada Conceição. Destes sinais, por exemplo, podemos tirar as seguintes mensagens: Nossa Senhora quer que contemos com a sua poderosa intercessão no apostolado no Brasil; A Virgem Maria, mãe de misericórdia, está atenta até às nossas mínimas necessidades; devemos imitar o exemplo de nossa Mãe espiritual procurando ser santos e imaculados na presença de Deus… Todas essas mensagens nos recordam a principal: não estamos sozinhos, pois a Virgem Maria está também conosco, seus filhos brasileiros, no barco da nossa vida.

SEGUNDO DIA DA NOVENA

Mensagem: Devemos ser santos e imaculados

Ao considerarmos o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul, normalmente, a primeira pergunta que nos vem à cabeça é a seguinte: qual é a imagem de Nossa Senhora encontrada? Ou qual foi a imagem trazida pela rede dos pescadores? A resposta: trata-se de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

E não será que este fato não contém já uma mensagem de Maria para nós?! O nome completo de Nossa Senhora Aparecida é Nossa Senhora da Conceição Aparecida. E a conceição de Nossa Senhora é, como sabemos, imaculada.

É bom recordarmos que nós, brasileiros, herdamos a devoção à Nossa Senhora da Conceição dos portugueses. Desde 1646, Dom João IV, rei de Portugal, proclamou-a padroeira de Portugal e dos seus domínios. E assim, se espalhou por todo o Brasil a sua devoção, demonstrada em tantos oratórios, ermidas, capelas e igrejas em que se venera a Imaculada Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora da Conceição.

A imagem de Aparecida é a mais célebre, embora longe de ser a mais rica ou de maior valor artístico, entre as diversas e primorosas imagens de Nossa Senhora da Conceição[2]. E devido às graças alcançadas e ao fato de sua devoção ter-se espalhado, Nossa Senhora da Conceição continuou sendo a Padroeira do Brasil, visto que antes já era, indiretamente, pelo Brasil fazer parte dos domínios de Portugal.

Que lição podemos tirar do fato da imagem da nossa padroeira ser uma representação de Nossa Senhora da Conceição?

Podemos pensar que a identidade da imagem é a própria de Maria. Em Lourdes, 141 anos após o encontro da imagem de Aparecida, Maria assim se apresentou: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Define o ser de Maria ter sido preservada de toda a mácula de pecado, tanto do original como dos pessoais. Toda pura é Maria, em corpo e alma. Este é o dogma da Imaculada Conceição de Maria, definido pela Igreja em 1854.

No prefácio das Solenidades de Nossa Senhora Aparecida e da Imaculada Conceição se lê: “A fim de preparar para o vosso Filho mãe que fosse digna dele, preservastes a Virgem Maria da mancha do pecado original, enriquecendo-a com a plenitude de vossa graça. Nela nos destes as primícias da Igreja, esposa de Cristo, sem ruga e sem mancha, resplandecente de beleza. Puríssima, na verdade, devia ser a Virgem que nos daria o Salvador, o Cordeiro sem mancha, que tira nossos pecados”.

Neste mesmo prefácio se lê que Maria foi “escolhida entre todas as mulheres”, tornando-se “modelo de santidade”.

O fato de nossa Mãe espiritual ser a Imaculada, nos recorda que Deus deseja que seus filhos sejam santos e imaculados também. São Paulo nos ensina: “Ele mesmo nos escolheu antes da criação do mundo para que sejamos santos e imaculados na sua presença, por amor”. Esta eleição gratuita que recebemos do Senhor marca-nos um fim bem determinado: a santidade pessoal, como São Paulo nos repete insistentemente: Haec est voluntas Dei: sanctificatio vestra, esta é a Vontade de Deus: a vossa santificação[3].

Devemos ser santos e imaculados na presença de Deus, como Maria sempre foi, também na terra, e como são todos os santos no céu.

Temos que ser santos – vou dizê-lo com uma frase castiça da minha terra – sem que nos falte um pelo: cristãos de verdade, autênticos, canonizáveis. E, senão, teremos fracassado como discípulos do único Mestre8.

Mas não percais de vista que o santo não nasce; forja-se no contínuo jogo da graça divina e da correspondência humana. Tudo aquilo que se desenvolve […] começa por ser pequeno. É alimentando-se gradualmente que, mediante progressos constantes, chega a tornar-se grande. Por isso te digo que, se desejas portar-te como um cristão consequente – sei que estás disposto, ainda que muitas vezes te custe vencer ou puxar para cima este pobre corpo -, tens de cuidar em extremo dos pormenores mais ínfimos, porque a santidade que Nosso Senhor te exige alcança-se cumprindo com amor de Deus o trabalho, as obrigações de cada dia, que quase sempre se compõem de realidades corriqueiras[4].

Santidade nas tarefas habituais, santidade nas pequenas coisas, santidade no trabalho profissional, nas ocupações de cada dia…; santidade, para santificar os outros[5].

Procuremos fomentar no fundo do coração um desejo ardente, uma ânsia grande de alcançar a santidade, ainda que nos contemplemos cheios de misérias. Não nos assustemos. À medida que se avança na vida interior, percebem-se com mais clareza os defeitos pessoais. Acontece que a ajuda da graça se transforma numa espécie de lente de aumento, e até a partícula mais minúscula de pó, o grãozinho de areia quase imperceptível, aparecem com dimensões gigantescas, porque a alma adquire a finura divina, e mesmo a menor das sombras incomoda a consciência, que só se satisfaz com a pureza de Deus. Dize agora ao Senhor, do fundo do teu coração: Senhor, quero de verdade ser santo, quero de verdade ser um digno discípulo teu e seguir-te sem condições[6].

Recorramos à Nossa Senhora Aparecida, para que seguindo seu exemplo, procuremos ser santos e imaculados na presença de Deus.

TERCEIRO DIA DA NOVENA

Mensagem: Dominar os nossos sentimentos

A Imaculada Virgem Maria possuía um total domínio do seu coração, por ter sido preservada do pecado original. A sua razão imperava perfeitamente sobre as paixões, gostos e preferências, e sobre todos os seus sentimentos.

Maria governava todos os seus impulsos: não se deixava levar pelos caprichos do momento. Sentia uma profunda alegria em cumprir a vontade de Deus em cada circunstância da sua vida. Nunca se revoltava, quando realizava a sua missão de Mãe de Deus, mesmo quando a vontade de Deus contrariava inicialmente os seus planos pessoais.

O seu coração estava regido pela Lei de Deus. Os seus amores passavam pelo coração de Cristo. Não se apegava nem aos objetos materiais utilizados, nem às pessoas amadas. Todos encontravam em Nossa Senhora carinho e compreensão! Como Ela era doce e amável! As pessoas, que tem domínio próprio, possuem um equilíbrio, uma serenidade e um senhorio que muito nos atrai.

Um detalhe significativo da história de Nossa Senhora Aparecida que se refere a esse senhorio da razão sobre os sentimentos é o de que a cabeça e o corpo da pequenina imagem, que foram retirados separadamente das águas do rio, se encaixaram perfeitamente.

Como seria importante para nós brasileiros, povo de grande coração e sensibilidade, parecer-nos mais à nossa Mãe nesse aspecto! Muitas vezes perdemos o controle do nosso coração! Umas palavras de São Josemaria em Sulco descrevem essa realidade e poderiam ser dirigidas acertadamente a cada um de nós:

Na tua vida, há duas peças que não se encaixam: a cabeça e o sentimento. A inteligência – iluminada pela fé – mostra-te claramente não só o caminho, mas a diferença entre a maneira heroica e a maneira estúpida de percorrê-lo… O sentimento, pelo contrário, apega-se a tudo o que desprezas, mesmo que continues a considerá-lo desprezível…

É como se mil e uma insignificâncias estivessem esperando qualquer oportunidade, e logo que a tua pobre vontade se debilita – por cansaço físico ou pela perda de sentido sobrenatural -, essas ninharias se amontoam e se agitam na tua imaginação, até formarem uma montanha que te oprime e te desanima: as asperezas do trabalho; a resistência em obedecer; a falta de meios; os fogos de artifício de uma vida regalada; pequenas e grandes tentações repugnantes; rajadas de sentimentalismo; a fadiga; o sabor amargo da mediocridade espiritual… E, às vezes, também o medo:

porque sabes que Deus te quer santo e não o és…”[7] .

Para nos parecermos mais com a nossa mãe Imaculada, devemos dominar melhor quatro impulsos, ou movimentos interiores, que todos nós experimentamos: a forte inclinação ao prazer, os desejos desordenados no campo do coração e dos afetos, os anseios de dominar e estar por cima dos outros e os impulsos da ira.

Quantas vezes nos descontrolamos na nossa inclinação ao prazer: comendo excessivamente e com muitos caprichos; falando mal dos outros e caindo, facilmente, na murmuração; perdendo tempo excessivo com uma recreação, deixando de cumprir as nossas obrigações; pactuando com maus pensamentos no campo da sensualidade?

O descontrole afetivo também afeta muitas pessoas: por quererem ser o centro das atenções; ou se apaixonarem com grande facilidade e continuamente; ou curtirem grandes afetos e desafetos; por sentirem ciúmes; e experimentarem afetos desordenados, apegos a pessoas, amizades particulares… Muitas pessoas, inclusive, tornam-se frágeis emocionalmente, experimentando um contínuo abatimento, e até mesmo somatizando doenças.

O desejo de dominar e “ficar por cima” está muito presente na nossa sociedade e produz nas pessoas a revolta interior quando ocorre algum conflito com a autoridade ou quando se é corrigido e o autoritarismo, quando se ocupa em uma empresa alguma função de coordenação, mandando de forma impositiva e desprezando as opiniões contrárias dos outros.

Os arrebatamentos da pessoa irada, que se manifesta frequentemente na agressividade: na expressão reprobatória do rosto e no tom da voz, em utilizar respostas duras e secas, em ter reações explosivas…

Seguindo o exemplo de Maria, devemos aprender “usar o corpo santa e honestamente, não se abandonando às paixões, como fazem os pagãos, que não conhecem a Deus. Pertencemos totalmente a Deus, de alma e corpo, com a carne e com os ossos, com os sentidos e com as potências. Rogai-lhe com confiança: Jesus, guarda o nosso coração! Um coração grande, forte, terno, afetuoso e delicado, transbordante de caridade para contigo, a fim de servirmos a todas as almas”[8].

Ouçamos o conselho de São Josemaria, para alcançarmos o domínio próprio: “Não desprezes as pequenas coisas, porque, através do contínuo exercício de negar e te negares a ti próprio nessas coisas – que nunca são futilidades nem ninharias -, fortalecerás, virilizarás, com a graça de Deus, a tua vontade, para seres, em primeiro lugar, inteiro senhor de ti mesmo”[9]. Para conseguir o domínio próprio é preciso que cuidemos da prática de pequenos sacrifícios por amor a Deus e aos outros.

Para dominar a forte inclinação ao prazer é preciso, por exemplo, não comer fora de hora; não falar mal dos outros, ter um horário de estudo bem determinado; guardar a vista pela rua.

Para controlar a afetividade, pode-se evitar procurar muito a pessoa a qual se está apegada, dedicando-se também a conversar com outras pessoas; aprender a não dar tanta importância quando se está apaixonado; fazer pouco caso do sentimento, cumprindo sempre as nossas obrigações.

Para moderar o desejo de nos impor aos demais, é conveniente que antes de dar uma opinião, ouçamos o que as outras pessoas têm a dizer e consideremos os seus argumentos.

Para dominar a ira, convém lutar por não manifestar externamente o nosso desagrado.

Somente negando-nos a nós mesmos, conseguiremos o domínio próprio, o senhorio sobre as nossas inclinações, seguindo assim o exemplo de Maria.

Recorramos à Nossa Senhora Aparecida para que também em nós haja um perfeito encaixe da cabeça e do corpo, da inteligência e dos sentimentos.

QUARTO DIA DA NOVENA

Mensagem: A intercessão de Maria no apostolado no Brasil.

Logo após o encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, nas águas do Rio Paraíba do Sul, os três pescadores que a encontraram lançaram novamente as redes e pegaram uma enorme quantidade de peixes, a tal ponto que tiveram receio de naufragar. Tratou-se de uma verdadeira pesca milagrosa, realizada pela intercessão de Nossa Senhora, cuja imagem se encontrava com eles na barca.

Poderíamos perguntar-nos: qual a mensagem de Maria através do sinal desta pesca milagrosa?

Para descobrirmos o seu significado, devemos recorrer ao Evangelho, que narra as duas pescas milagrosas realizadas por Cristo (cfr. Lc 5,1-11 e Jo, 21,1-13) e também observar o significado espiritual dada à pesca por Jesus. É de supor que Maria queira se utilizar desses mesmos sinais e da interpretação de seu Filho para nos falar.

Comecemos reparando nas semelhanças entre as pescas no Mar de Tiberíades e a realizada no Rio Paraíba do Sul.

Nas de Cristo, Pedro e seus companheiros tinham passado toda a noite pescando, mas sem êxito algum[10], assim como na do Rio Paraíba, depois de horas lançando as redes, também os pescadores nada tinham apanhado.

Seguindo a ordem de Jesus de lançar a rede novamente[11] os apóstolos apanharam grande quantidade de peixes[12] a ponto de, na primeira pesca milagrosa realizada por Cristo, terem medo de que a barca se afundasse[13] e, em ambas, encheram-se de espanto pelo milagre ocorrido[14].

Esses mesmos fatos ocorreram em Aparecida do Norte, com a diferença de que Maria não ordenou que lançassem a rede, mas a presença da Imagem de Nossa Senhora da Conceição, no barco, animou os pescadores a lançarem as redes novamente.

Não podemos esquecer que, depois da primeira pesca milagrosa, Jesus utilizou esta imagem para falar da missão apostólica de Pedro: “Não tenhas medo, de hoje em diante serás pescador de homens”[15]. Pedro deixou a pescaria no Mar de Tiberíades, as suas redes, o seu ofício de pescador, para seguir a Cristo a acompanhá-lo na sua missão salvífica. Passou a dedicar toda a vida à missão apostólica de conquistar almas para Deus, colocando-as aos pés de Cristo.

Os Santos Padres detêm-se com frequência nos episódios da pesca milagrosa e assim os interpretam: a barca representa a Igreja, simbolizada na sua unidade pela rede que não se rompe; o mar é o mundo; Pedro, na barca, simboliza a suprema autoridade da Igreja; o número de peixes é uma referência aos que são chamados a serem cristãos[16].

Como Pedro e os demais apóstolos, nós, cristãos no mar do mundo, somos pescadores que devem levar as pessoas a Cristo, porque as almas continuam a ser de Deus e para Deus [17].

São Josemaria Escrivá traça importantes considerações a respeito:

“É tarefa dos filhos de Deus conseguir que todos os homens entrem – com liberdade – dentro da rede divina, para que se amem. Se somos cristãos, temos de converter-nos nesses pescadores de que fala o profeta Jeremias, servindo-se de uma metáfora que o próprio Cristo utilizou repetidamente: Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens, diz Ele a Pedro e a André”[18]. “Vamos acompanhar Cristo nesta pesca divina. Jesus está junto do lago de Genesaré e as multidões comprimem-se à sua volta, ansiosas por ouvir a palavra de Deus. Tal como hoje! Não estais vendo? Andam desejosas de ouvir a palavra de Deus, embora o dissimulem exteriormente. Talvez este ou aquele se tenha esquecido da doutrina de Cristo; outros – sem culpa própria – nunca a aprenderam, e veem a religião como algo estranho. Mas convencei-vos de uma realidade sempre atual: chega sempre um momento em que a alma não pode mais, em que não lhe bastam as explicações habituais, em que não a satisfazem as mentiras dos falsos profetas. E, mesmo que nem então o admitam, essas pessoas sentem fome de saciar a sua inquietação nos ensinamentos do Senhor (…)

É Cristo o dono da barca. É Ele quem prepara a faina. Foi para isso – para cuidar de que os seus irmãos descobrissem o caminho da glória e do amor ao Pai – que Ele veio ao mundo. Não fomos nós, portanto, que inventamos o apostolado cristão. Nós, os homens, quando muito, o dificultamos, com os nossos modos desastrados, com a nossa falta de fé”. [19]

Se algo fica evidente na ação dos Apóstolos foi uma paciência a toda prova. Depois de ter trabalhado toda a noite, lançaram novamente as redes apoiados nas palavras de Cristo. A eficácia da pesca vem da obediência a Cristo dos apóstolos, que não perderam a paciência. Nós também devemos ser constantes no nosso apostolado pessoal.

Da nossa insistência Cristo se serve para, com a sua graça, conceder frutos abundantes ao nosso trabalho apostólico. Temos que procurar ser, apenas, bons canais da graça. Normalmente as pessoas se aproximarão pouco a pouco do bem, da verdade e da graça. E alguns oferecerão maior ou menor resistência. Da nossa parte está o esforço de facilitar o trabalho da graça com o nosso sorriso, com o nosso carinho, com o nosso exemplo, com a nossa oração e com o nosso sacrifício.

Peçamos a Santa Maria que nos ajude a imitar Jesus, de tal modo que, no nosso relacionamento, sigamos aquele conselho: “Não podes ser apenas um elemento passivo. Tens de converter-te em verdadeiro amigo dos teus amigos: «ajudá-los». Primeiro com o exemplo da tua conduta. E depois, com o teu conselho e com o ascendente que a intimidade confere”[20].

A pesca milagrosa no Rio Paraíba do Sul nos ensina que devemos contar com a poderosa intercessão da nossa Padroeira, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, para realizarmos um apostolado superabundante em terras brasileiras.

Recorramos com confiança à onipotência suplicante de Maria, que nos alcançará de Deus a graça de verdadeiras pescas milagrosas, em que muitos de nossos conhecidos, parentes e amigos sejam resgatados pelas redes salvadoras de Cristo.

QUINTO DIA DA NOVENA

Mensagem: Confiar na misericórdia de Maria

Após o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba do Sul, ocorreu uma pesca milagrosa por sua intercessão. Mas, por qual motivo Maria interveio para que o milagre ocorresse?

No banquete, em honra ao Governador de São Paulo e Minas de Ouro, seriam apresentados, como prato principal, os peixes frescos da própria localidade. Foram convocados moradores da região para a pesca, mas as horas se passavam e eles nada apanhavam. Seria uma vergonha não poder oferecer os frutos do rio na refeição. Para que aquelas pessoas simples não passassem por tal constrangimento, Maria, movida por sua misericórdia maternal, interveio.

Maria é a nossa Mãe de Misericórdia. Ela “fiel à missão divina para que foi criada, excedeu-se e excede-se continuamente no serviço aos homens, que foram chamados todos eles a ser irmãos de seu Filho Jesus. E assim a Mãe de Deus é também agora, realmente, a Mãe dos homens”[21].

“Maria quer sem dúvida que a invoquemos, que nos aproximemos dEla com confiança, que recorramos à sua maternidade, pedindo-lhe que se manifeste como nossa Mãe.

Mas é uma mãe que não se faz rogar, que até se antecipa às nossas súplicas, porque conhece as nossas necessidades e vem prontamente em nosso auxílio, demonstrando com obras que se lembra constantemente de seus filhos”[22].

O evangelista São João nos relata outro banquete em que Maria atuou com misericórdia: o das bodas de Caná[23]. Jesus também estava presente nas comemorações e Maria, ao perceber que o vinho das bodas iria acabar antes da festa, causando um grande desgosto aos recém-casados e suas famílias, intercedeu junto a seu filho, alcançando o primeiro milagre de Cristo: o da transformação da água em vinho.

Os dois milagres, de Caná e de Aparecida, ocorreram no âmbito de uma ceia, de um banquete, e por uma necessidade que não era, por assim dizer, vital. Não foram milagres chamativos como a cura de um cego, de um surdo-mudo, de um coxo, de um leproso ou a ressurreição de um morto. Os milagres não foram motivados por uma grave necessidade, mas somente para poupar pessoas queridas de um aborrecimento.

Não por acaso, o Evangelho escolhido para a festa de Nossa Senhora Aparecida foi justamente o das Bodas de Caná.

Em Caná, “entre tantos convidados de uma dessas ruidosas bodas do meio rural, a que comparecem pessoas de vários povoados, Maria percebe que falta vinho. Só Ela o percebe, e sem demora. Como se nos revelam familiares as cenas da vida de Cristo! Porque a grandeza de Deus convive com as coisas normais e comuns. É próprio de uma mulher e de uma solícita dona de casa notar um descuido, prestar atenção a esses pequenos detalhes que tornam agradável a existência humana: e foi assim que Maria se comportou”[24].

Mostra-se, mais uma vez, a imensa misericórdia de Nossa Senhora para conosco, seus filhos, ao atender até mesmo as nossas mínimas necessidades.

O poder da intercessão de Maria se observa quando, em Caná, faz Jesus adiantar a sua hora de realizar milagres. Antes de atender às súplicas de sua Santíssima Mãe, Jesus havia dito: “Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou!”. Maria, com total confiança, insiste indiretamente ao dizer aos serventes: “Fazei o que ele vos disser”. Jesus, então, não deixa de atender a sua insinuação, visto que sua Santíssima Mãe nada negou a Deus durante toda a sua vida. Cristo, após pedir aos serventes que enchessem várias talhas de água, transformou toda aquela água em vinho. Nesse milagre, manifestou-se a Onipotência Suplicante de Maria: ela tudo alcança, pedindo a seu Filho.

Graças ao milagre realizado em Caná, os apóstolos também acreditaram em Jesus. O mesmo acontece em Aparecida: devido à poderosa intercessão de Maria, iniciada na pesca milagrosa e prolongada em tantos favores, graças e milagres[25], alcançados diante da sua pequenina imagem, o povo brasileiro aumenta sua fé em Jesus. No Santuário Nacional, muitas pessoas voltam a ouvir no seu coração, as palavras de Maria em Caná: “Fazei o que Ele, meu Filho, vos disser”!

Podem-se aplicar perfeitamente, ao Santuário de Aparecida, as palavras dirigidas por Maria ao índio Juan Diego, em Guadalupe, no México:

“Sabe e compreende bem, tu, o mais pequeno dos meus filhos, que eu sou a sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus, razão do nosso viver; do Criador dos homens, do que está próximo e perto, o Dono do céu, o Senhor do mundo. Desejo vivamente que me ergam aqui um templo, para nele mostrar e dar todo o meu amor, compaixão, auxílio e amparo; porque na verdade eu sou a vossa Mãe bondosa, tua e de todos vós que viveis unidos nesta terra e dos outros povos, que me amem, que me invoquem, me procurem e confiem em mim; aí escutarei o seu pranto, as suas tristezas, para remediar e curar todas as suas penas, misérias e dores”[26].

Recorramos confiadamente à misericórdia de Nossa Senhora Aparecida. Assim, alcançaremos verdadeiros milagres, favores e graças de Deus, principalmente de cumprir a sua amabilíssima vontade em nossas vidas.

SEXTO DIA DA NOVENA

Mensagem: Maria nos inflama no amor a Deus

Após o encontro nas águas do Rio Paraíba do Sul, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi levada para a casa de Felipe Pedroso, o mais velho dos três pescadores, onde permaneceu por volta de 15 anos. Depois, Felipe doou-a a seu filho Atanásio, que lhe construiu um pequeno oratório, onde os seus parentes e as famílias vizinhas se reuniam, semanalmente, para a recitação do terço e canto de ladainhas.

Em uma dessas orações, Nossa Senhora manifestou o seu agrado com um fato muito significativo, tomado pelo povo como verdadeiro sinal de Deus. Normalmente, durante as orações, acendia-se duas velas que iluminavam a imagem da Santíssima Virgem Maria. Naquela vez, estando a noite serena, repentinamente as duas velas se apagaram. Houve espanto entre os devotos, e Silvana da Rocha se dispôs a reacendê-las, mas não chegou a fazê-lo, pois elas se acenderam por si mesmas, ou melhor dito, pela ação de Nossa Senhora.

Como podemos interpretar esse pequeno sinal de Deus? Qual a mensagem que Nossa Senhora quer nos transmitir ao acender as chamas dessas velas?

Recorrendo ao Novo testamento, podemos encontrar significados para o fogo e, mais concretamente, para a chama. Jesus disse certa vez “fogo vim trazer à terra e que quero senão que arda?”. Jesus desejava que a boa nova do Evangelho se espalhasse pelo mundo e a graça de Deus pelos corações. Desta forma, as pessoas conheceriam e experimentariam o Amor de Deus para com elas. No dia de Pentecostes, com a Vinda do Espírito Santo ao mundo, apareceram chamas de fogo sobre a cabeça de Nossa Senhora e dos apóstolos, consequência da vinda do Espírito Santo aos seus corações. O Amor de Deus foi derramado em seus corações pelo Espírito Santo que lhes foi dado. Portanto, podemos concluir que o fogo e as chamas podem significar o Amor de Deus que arde nos nossos corações.

O fato das chamas terem se revivido na presença de Nossa Senhora Aparecida estaria nos indicando que o amor à Nossa Mãe reacende em nossos corações o Amor a Deus, quando este está por se extinguir ou apagar[27]. Com a devoção a Maria, experimentamos um crescimento do Amor de Deus em nossas vidas e, consequentemente, um aumento significativo dos Dons do Espírito Santo em nós.

Com a vinda do Espírito Santo sobre Maria e os apóstolos, no dia de Pentecostes, seus dons foram derramados copiosamente nos seus corações. Houve uma verdadeira renovação interior: inflamaram-se os seus corações no Amor de Deus e comunicaram esse amor aos demais; iluminaram-se as suas inteligências para compreenderem melhor os ensinamentos de Cristo; começaram a pregar a mensagem cristã com uma enorme fortaleza; passaram a falar com eloquência, eles que eram homens sem letras; promoveram milhares de conversões, em que as pessoas decidiram cortar com seus pecados e levar uma vida nova, santa, conduzindo o mundo a Deus; sentiram-se filhos de Deus, amados incondicionalmente por Deus Pai.

Mas para que também ocorra uma renovação da nossa vida espiritual é necessário sermos extremamente dóceis ao Espírito Santo, como Maria.

“Temos que ser sensíveis àquilo que o Espírito divino promove à nossa volta e a nós mesmos: aos carismas que distribui, aos movimentos e instituições que suscita, aos efeitos e decisões que nos faz nascer no coração. O Espírito Santo realiza no mundo as obras de Deus: como diz o hino litúrgico, Ele é dador de graças, luz nos corações, hóspede da alma, descanso no trabalho, consolo no pranto. Sem a sua ajuda, nada há no homem que seja inocente e valioso, pois é Ele quem lava o que está manchado, cura o que está enfermo, aquece o que está frio, reconduz o extraviado e encaminha os homens até o porto da salvação e da felicidade eterna (Da sequência Veni Sancte Spiritus da Missa de Pentecostes)”[28].

“É o Espírito Santo quem, com suas inspirações, vai dando tom sobrenatural aos nossos pensamentos, desejos e obras. É Ele quem nos impele a aderir à doutrina de Cristo e a assimilá-la com profundidade; quem nos dá luz para tomarmos consciência da nossa vocação pessoal e força para realizarmos tudo o que Deus espera de nós. Se formos dóceis ao Espírito Santo, a imagem de Cristo ir-se-á formando cada vez mais em nós e assim nos iremos aproximando cada dia mais de Deus Pai. Os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus (Rom 8, 14).

Se nos deixarmos guiar por esse princípio de vida presente em nós, que é o Espírito Santo, a nossa vitalidade espiritual irá crescendo”[29].

Quando sentimos a falta de alguns frutos do Espírito Santo em nossas vidas, devemos recorrer à Nossa Senhora Aparecida. Quando maus sentimentos como os de raiva, ódio, ou indiferença pelos outros invadem o nosso coração; ou nos encontramos entristecidos e pessimistas com relação à vida; sempre que perdemos a paz da alma e nos intranquilizamos com as contrariedades do nosso dia; quando nos impacientamos com os nossos defeitos ou das pessoas com quem convivemos; ao notarmos que precisamos ser mais bondosos e carinhosos no relacionamento com os demais; quando precisamos ser mais fiéis aos nossos compromissos, especialmente aos que assumimos com Deus; ao comprovarmos que nos custa viver a castidade e pureza de coração, ou ao nos orgulharmos dos nossos talentos e dotes,… é o momento de recorrermos a Nossa Senhora Aparecida para que ela interceda por nós para crescermos no Amor a Deus e voltarmos a experimentar em nossas vida os frutos do Espírito Santo, tais como a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a castidade,…” que o Espírito Santo nos concede (Gl 5, 22-23).

Na vida de Maria, a Cheia de Graça e modelo de docilidade, vemos como os dons de Deus e os frutos do Espírito Santo se manifestam plenamente. A Medianeira de todas as graças nos conceda, por sua intercessão, o aumento do nosso Amor a Deus e uma abundância de dons e frutos do Espírito Santo em nossas vidas.

SÉTIMO DIA DA NOVENA

Mensagem: Nossa Senhora nos quer livres

Um dos primeiros milagres atribuído à Nossa Senhora Aparecida é muito significativo: a inexplicável ruptura das correntes das mãos de um escravo, quando este rezava diante da sua imagem[30]. Após este prodígio, o escravo teria sido libertado pelo seu senhor.

Maria manifestava com essa graça o seu desejo de que se respeitasse a dignidade de todas as pessoas, libertando aquelas que se encontravam escravizadas.

Outro fato relacionado com a libertação de um homem, este condenado, aconteceu quando a Princesa Isabel e seu esposo, o Conde d´Eu, foram rezar diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida, por ocasião da festa de 8 de dezembro de 1868. Durante os dias desta visita, a princesa comovida, com lágrimas nos olhos, atendeu o pedido de liberdade de um recruta da Guarda Nacional, que estava sendo conduzido algemado para Taubaté e indultou-o da prisão.

Quase 20 anos após esse acontecimento, no dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, em um dos momentos nos quais assumiu o comando do país, na ausência do seu pai, pondo fim à escravidão no Brasil.

A redentora dos escravos, piedosamente, doou a riquíssima coroa de ouro que até hoje é utilizada na Imagem de Nossa Senhora Aparecida[31], a principal corredentora, intimamente unida a Cristo Redentor dos homens.

Jesus Cristo já havia declarado: “todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo”(Jo 8,34) e também havia anunciado seu desejo de nos redimir dos nossos pecados:

“se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”(Jo 8,36).

A Virgem Maria, puríssima desde a sua concepção, é plenamente livre, por não ter experimentado pecado algum na sua vida e sempre ter servido a Deus fielmente. Enquanto o diabo é quem introduz o pecado no mundo, que nos escraviza, e sua vida é um contínuo “non serviam”, não servirei a Deus, do qual quer que todos venham a tomar parte.

A Virgem Maria é a mulher profetizada no livro do Gênesis, quando Deus fala à serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela”(Gen 3,15). Ela é quem pisa a cabeça da serpente. É a Mulher por excelência, aquela que restaura a imagem da humanidade que tinha sido deteriorada pelo pecado de Eva. Maria nos abre a porta do Céu que havia sido fechada por Eva.

Nossa Senhora Aparecida deseja que os homens estejam livres não apenas da escravidão a que povos foram submetidos ao serem subjugados por seus dominadores, mas de qualquer tipo de escravidão, especialmente da pior delas: a escravidão do pecado. A Virgem Maria intercede a Deus por nós para que nos libertemos das cadeias do pecado. Pedimos à Virgem Maria no hino Ave Maria Stella: Solve vincla reis, desata os réus dos laços que os aprisionam.

São Paulo, na epístola aos Romanos, esclarece: “não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Abba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo… (Rom. 8,15-17).

São Josemaria dizia: “não aceito outra escravidão que não seja a do Amor de Deus… Eu vos quero rebeldes, livres de todos os laços, porque vos quero – Cristo nos quer – filhos de Deus. Escravidão ou filiação divina: eis o dilema da nossa vida. Ou filhos de Deus ou escravos da soberba, da sensualidade, desse egoísmo angustiante em que tantas almas parecem debater-se”[32].

Além de estar livre dos pecados, cada pessoa deve livremente, sem coação alguma, decidir-se por agradar seu Pai Deus e, por amor, comprometer-se a servir a Deus e a seus irmãos, a transformar a sua vida em uma entrega amorosa aos planos de Deus.

O Amor de Deus marca o caminho da verdade, da justiça e do bem. Quando nos decidimos a responder ao Senhor: a minha liberdade para Ti, ficamos livres de todas as cadeias que nos haviam atado a coisas sem importância, a preocupações ridículas, a ambições mesquinhas. E a liberdade […] emprega-se inteira em aprender a fazer o bem[33].

“Esta é a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Os cristãos que na sua conduta se revelassem encolhidos de medo – coibidos ou invejosos – perante a libertinagem dos que não acolheram a Palavra de Deus, demonstrariam ter um conceito muito pobre da nossa fé. Se cumprimos de verdade a Lei de Cristo – se nos esforçarmos por cumpri-la, porque nem sempre o conseguiremos -, descobrir-nos-emos dotados dessa maravilhosa galhardia de espírito que não precisa ir buscar em outro lugar o sentido da mais plena dignidade humana”[34].

A Virgem Maria nos ensina a sempre dizer sim a Deus e a experimentarmos a plena liberdade dos filhos de Deus. Consideremos, por exemplo, o momento sublime da Anunciação do arcanjo São Gabriel a Nossa Senhora. Maria escuta, pergunta o que não entende em um primeiro momento, para compreender melhor o que o Deus lhe pede. E responde generosamente: “Eis a escrava do Senhor, façase em mim segundo a sua palavra”(Lc 1,38).

Nossa Senhora se declara “escrava do Senhor”, da aparente escravidão do Amor a Deus, que não prende ou coage, mas ao contrário, nos liberta. A mais profunda liberdade é a de decidir-se por Deus.

Portanto, nós devemos confiar em Nossa Senhora Aparecida para vencermos o mal, libertando-nos do pecado, e vivermos plenamente a vida de um filho de Deus e de Maria Santíssima.

OITAVO DIA DA NOVENA

Mensagem: Devemos manter a unidade

No dia 16 de maio de 1978, ao cair da noite, poucas pessoas aguardavam o início da última Missa do dia, às 20h, no Santuário Nacional de Aparecida. Já havia terminado a fila de peregrinos que passaram diante da imagem de Nossa Senhora, durante aquele dia. Apenas um rapaz se postara diante da Imagem. O seu comportamento era estranho e notava-se que estava nervoso.

Já iniciada a Missa, às 20h10, a luz elétrica se apagou por um instante – fato que foi verificado em todo Vale – e a Basílica ficou na penumbra. Foi a ocasião para que aquele rapaz irrequieto, Rogério Marcos de Oliveira, saltasse e com os punhos desse um golpe contra o vidro que protegia a imagem. Em um segundo salto, conseguiu quebrar o vidro triplo que se localizava a 2,20 m do chão e, em um terceiro salto, arrebatou a Imagem. A coroa e a cabeça enroscaram-se no vidro, e acabaram caindo no altar, espatifando-se. Tudo aconteceu muito rápido.

O guarda da Basílica, João Batista dos Santos, avançou sobre o homem que realizara o violento atentado, o qual neste momento deixou cair a imagem[35].

O fato abalou a cidade de Aparecida do Norte e todo o Brasil. Passados os primeiros momentos de angústia e consternação, uma só era a expectativa de todos: Seria possível a restauração da Imagem despedaçada em centenas de fragmentos?

Incumbiu-se essa missão, quase irrealizável, à restauradora do Museu de Arte de São Paulo, Maria Helena Chartuni. Graças a Deus, pela habilidade das suas mãos de artista e pelo afeto do seu coração “a imagem voltou a sorrir compassiva”[36].

Para se recuperar a integridade da Imagem de Nossa Senhora Aparecida teve-se o cuidado de recolher todos os cacos e de colá-los nas suas exatas posições. Nenhuma lasca ou mesmo um pequeno fragmento da Imagem foram desprezados. Todos foram importantes para a restauração da plena unidade da Imagem.

Como “a Mãe de Deus é o modelo e a figura da Igreja”[37], a recuperação da integridade da Imagem de Aparecida não estaria nos recordando a necessidade de sempre buscarmos a plena unidade da Igreja?

Se aplicam à imagem restaurada de Nossa Senhora Aparecida as mesmas palavras de São Paulo sobre a Igreja: “o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo”(I Cor 12,12).

É evidente que o corpo humano se compõe de uma diversidade de órgãos e de membros, cada um com a sua função própria sob o governo da cabeça, para o bem de todo o organismo. Assim também ocorre na Igreja: “existe uma variedade, uma diversidade de tarefas e de funções; não existe a uniformidade plana, mas a riqueza dos dons que o Espírito Santo distribui. Mas existe a comunhão e a unidade: todos estão em relação uns com os outros e todos concorrem para formar um único corpo vital, profundamente unido a Cristo[38].

“Ninguém é inútil na Igreja […]. Ninguém é secundário”[39].

A união com Cristo, Cabeça invisível da Igreja, tem de manifestar-se necessariamente na forte união com a Cabeça visível, o Romano Pontífice, e com os Bispos em comunhão com a Sé Apostólica. E nós devemos rezar a cada dia pela unidade de todos cristãos na Igreja.

São Paulo nos admoesta: “não haja dissensões no corpo e que os membros tenham o mesmo cuidado uns para com os outros. Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele” (I Cor 12,26).

O Papa Francisco nos esclarece ainda mais: Antes de mais nada, o corpo remete-nos a uma realidade viva. A Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas é um corpo vivente, que caminha e age na história. E este corpo tem uma cabeça, Jesus, que o guia, o nutre e o sustenta […]. Da mesma forma que num corpo é importante que circule a linfa vital para que viva, assim devemos permitir que Jesus aja em nós, que a sua Palavra nos guie, que a sua presença eucarística nos nutra, nos anime; que o seu amor dê força ao nosso amor ao próximo. E isto sempre! Sempre, sempre! Caros irmãos e irmãs – insistia o Santo Padre – , permaneçamos unidos a Jesus, fixemo-nos nEle, orientemos a nossa vida de acordo com o seu Evangelho, alimentemo-nos com a oração diária, com a escuta da Palavra de Deus, com a participação nos sacramentos” [40].

Se a unidade deve existir na Igreja como há em um corpo vivo, deve também existir na vida de cada cristão, que também é um dos seus membros. Recordamos que na imagem despedaçada de Nossa Senhora Aparecida, somente as suas mãos ficaram intactas, todos os demais membros tiveram que ser reconstituídos.

O cristão deve ser um homem íntegro, em todos os campos da sua vida, ou usando uma expressão popular antiga: ser “um homem de uma só peça”. Deve buscar a coesão entre todos os aspectos de sua vida, que se harmonizem e se integrem em uma perfeita unidade[41]: a vida de piedade, também denominada vida interior; os critérios éticos e morais no âmbito profissional, os deveres familiares; os diversos detalhes da vida cotidiana, como o descanso e o lazer; a vida social, a cultura e a moda; a fraternidade e o apostolado. Ou seja, a vida diária de um cristão, em todos os lugares, momentos e circunstâncias, deve ser a de um filho de Deus, que cumpre a vontade de seu Pai Deus e vive os ensinamentos de Cristo e da Igreja.

Há várias exigências para se tornar um cristão autêntico e coerente, entre essas: buscar a glória de Deus e viver na sua presença; realizar um trabalho santificado, com competência e ética profissional; viver a caridade com todas as pessoas com quem se convive; esforçar-se por adquirir as virtudes ou qualidades cristãs; saber descansar e se divertir de forma cristã, evitando as excessivas perdas de tempo;… Se algum desses elementos não é vivido, a vida cristã se rompe, se desintegra, desfaz-se a sua unidade.

Recorramos à Nossa Senhora Aparecida pedindo pela unidade dos cristãos, entre si e nas suas próprias vidas, para que alcancemos a integridade, seguindo o exemplo da sua Imagem reconstituída.

NONO DIA DA NOVENA

9ª Mensagem: Ir à Aparecida como um romeiro

Já no século XIX, um grande número de peregrinos chegava de todas as partes do Brasil para rezar diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

O médico e botânico francês Augusto de Saint Hilare comentou, em 1822: “A uma légua pequena de Guaratinguetá, passamos frente à Capela de Nossa Senhora Aparecida. A imagem, que ali se venera, passa por milagrosa e goza de grande reputação, não só na região, como nas partes mais longínquas do Brasil. Aqui vem ter gente, dizem, de Minas, Goiás, Bahia, cumprir promessas feitas a Nossa Senhora Aparecida”[42].

Lúcia Hermann, ao descrever a vida religiosa da região, por volta de 1850, afirma: “A vida religiosa continua intensa. A “Casa dos milagres” em Aparecida é o grande foco da sua manifestação”.

No mês de julho de 1860, o jornalista Augusto Emílio Zaluar pôde contemplar de perto a imagem e comoveu-se com o seu olhar sorridente e compassivo. Também o impressionou como muitos romeiros realizavam muitos sacrifícios para chegar à Capela e como os peregrinos rezavam piedosamente lá dentro, saindo depois com alegria e esperança estampadas em seus rostos. Ele descreve os seus sentimentos nas seguintes palavras: “A protetora imagem da Senhora Aparecida, coberta com seu manto azul parece sorrir compassiva a todos os infelizes que a invocam, a quem jamais negou consolação e esperança”.

A fama e projeção nacional da Capela, verificada no século XIX, foram veiculadas principalmente pelo povo, que narrava aos demais o conforto e a esperança que experimentava quando apresentava as suas angústias diante da imagem[43].

Em 1897, o Pe. Valentin von Riedl acrescenta: “Construiu-se uma pequena Capela, que foi se tornando centro do culto mariano e como o número de peregrinos crescesse sempre mais, foi preciso construir-se uma igreja”[44].

Na última década do século, o Pe. Lourero Gahr fez uma interessante descrição das romarias: “Os romeiros, conforme o jornal do lugar, chegam a 150.000 por ano. Todas as classes também as mais elevadas são representadas: vêm senhores importantes, acompanhados dos seus criados… A maior parte dos romeiros vem de trem, mas no tempo seco, de abril a novembro, vêm muitas caravanas com 15 até 30 cavalos, burros e cargueiros…”.

As romarias à Aparecida sempre conservaram um sentido mais espiritual. Tudo girava em torno da devoção, preces e cumprimento de promessas. Não havia distinção de pessoas. Em todas elas a devoção criou raízes e se manifestava com os mesmos atos e gestos: beijar a imagem, ir de joelhos até o altar, varrer a Igreja, subir de joelhos a rua da Calçada, vestir mortalha, guardar silêncio durante a viagem, jejuar, dar esmola aos pobres, joias e donativos à Igreja.

O citado Pe. Valentin von Riedl comenta sobre os romeiros: “São negros, brancos, mulatos, são senhores e damas ricamente trajados e pobres maltrapilhos; oficiais e ministros de Estado; militares uniformizados se ajoelham junto de um pobre e com uma vela acesa nas mãos fazem as suas orações e cumprem as suas promessas … De fato é uma fé viva e filial, havendo casos de famílias se privarem de tudo para dar a Nossa Senhora, não tendo às vezes o suficiente para a viagem de volta. Vê-se assim uma devoção generosa, um amor pronto aos sacrifícios”.

As grandes romarias de 1900, organizadas pelos bispos de São Paulo e do Rio de Janeiro, imprimiram um novo impulso às peregrinações ao Santuário de Aparecida.

Por volta de 1926, os capelães e os peregrinos sentiam a necessidade de se construir uma igreja mais ampla. Durante o Congresso Mariano, em 1929, a ideia começou a ganhar forma e, durante várias décadas, diversos projetos foram sendo apresentados. O início efetivo da construção ocorreu em novembro de 1955, e, embora as obras seguissem, o movimento religioso do domingo foi transferido para a nova Basílica já em 21 de junho de 1959.

A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi transladada, definitivamente, para a nova Basílica apenas no dia 03 de outubro de 1982. Na época, a quantidade de peregrinos anuais ultrapassava o número de 3 milhões. Em 2013, esse número chegou a 11,8 milhões de devotos.

Entre os milhões de romeiros que passaram por Aparecida, esteve também um santo. No dia 28 de maio de 1974, São Josemaria foi de helicóptero até o santuário antigo de Nossa Senhora Aparecida. Centenas de pessoas o esperavam para acompanhá-lo na recitação do terço. O fundador do Opus Dei se ajoelhou no chão do presbitério e começou a rezar, em português, o Terço.
Com o olhar fixo na pequena imagem, São Josemaria respondia em voz baixa às orações. Pausadamente, em uníssono, toda a igreja rezava em voz alta. Quando terminou, o fundador do Opus Dei levantou-se e rodeou o altar pelo lado direito, para subir até ao camarim de Nossa Senhora Aparecida. Olhou por uns instantes a Virgem e beijou o escudo enquanto dizia em voz baixa: “Mãe!”. No dia seguinte, comentou: «Com que alegria fui a Aparecida! Com que fé rezáveis todos! Eu dizia à Mãe de Deus, que é Mãe vossa e minha: Minha Mãe, Mãe nossa, eu rezo com toda esta fé dos meus filhos. Te queremos muito, muito. E parecia escutar, no fundo do coração: com obras!».

São Josemaria ao regressar de Aparecida comentou: “Foi um grande consolo para mim ver o amor e a fé com que vocês rezavam lá em cima, naquele santuário. A devoção lá é verdadeiramente espiritual, porque quase não se vê a imagem. Mesmo chegando perto, quase não se vê!”.

A nossa fé deve levar-nos a desejar ir à Aparecida como um romeiro, para estar com a nossa Mãe espiritual. O Santuário Nacional de Aparecida é a casa da nossa Mãe! E, especialmente, neste Ano Mariano Nacional devemos intensificar esse desejo e, se possível, colocá-lo em prática.

No último Ano Mariano Universal, o Papa João Paulo II nos escreveu: “O Ano Mariano tornou-se, podemos bem dizê-lo, o tempo de uma «peregrinação» singular, na esteira d’Aquela que «precede» na peregrinação da fé todo o Povo de Deus: precede todos e ao mesmo tempo cada um, e cada uma. Esta peregrinação tem muitas dimensões e âmbitos: nações inteiras e até mesmo continentes reúnem-se nos Santuários marianos, sem falar já do facto que cada um dos cristãos tem o seu santuário «interior», no qual Maria Santíssima lhe faz de guia no caminho da fé, da esperança e da união amorosa com Cristo…

Estes «lugares» recordam os mistérios particulares da Virgem Mãe, as qualidades e os acontecimentos da sua vida…

Neste Ano, procurai ser particularmente assíduos a estes «lugares», a estes «Santuários». Ide buscar aí novas forças e as vias para uma renovação autêntica da vossa vida […] Sim! Procurai junto de Maria a vitalidade espiritual e rejuvenescei com Ela! Rezai pelas vocações! E, por fim, «fazei o que Ele (Cristo) vos disser», como a Virgem Maria sugeriu em Caná da Galileia (cf. Jo 2, 5). É isso que espera de vós e é isso que deseja para vós Maria, Esposa mística do Espírito Santo e nossa Mãe”[45].

 

[1] Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a 1743) e no Arquivo da Companhia de Jesus, em Roma: a história registrada pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757, cujos documentos se encontram no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá.

[2] A imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é pequena e singela, medindo apenas 36 cm de altura e pesando 2,550 Kg. A imagem trazia pintado no seu barro cozido, um manto azul escuro forrado de vermelho granada, cores oficiais das imagens de Nossa Senhora da Conceição. Devido ao fato de ter ficado muito tempo submersa no lodo das águas e, posteriormente, exposta ao lume e à fumaça dos candeeiros e velas, adquiriu uma pátina, que escureceu o barro paulista. Peritos em artes estudaram a imagem e atribuíram-na ao artista Frei Agostinho de Jesus.

[3] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, n.2 8 Ibidem, n.5.

[4] Ibidem, n.7.

[5] Ibidem, n.18.

[6] Ibidem, n.20.

[7] Cfr. São Josemaria Escrivá, Sulco, n. 166.

[8] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, n. 117.

[9] Cfr. São Josemaria Escrivá, Caminho, n. 19.

[10] Cfr. Lc. 5,5; Jo 21,3.

[11] Cfr. Lc 5,4; Jo 21,6.

[12] Cfr Lc 5,6; Jo 21,6.

[13] Cfr. Lc 5, 7.

[14] Cfr. Lc 5,9; Jo 21,9.

[15] Lc 5,10.

[16] cfr. Santo Agostinho, Comentários sobre São João.

[17] cfr. São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, n. 267.

[18] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, n. 259.

[19] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, n. 260.

[20] São Josemaria Escrivá, Sulco, n. 731.

[21] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n. 140.

[22] Ibidem.

[23] Jo 2, 1-12.

[24] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n. 141.

[25] Milhões de devotos de Nossa Senhora Aparecida vêm ao Santuário para pedir e agradecer as graças recebidas. Uma das formas de manifestar a gratidão é trazer ex-votos (palavra derivada da expressão latina “ex-voto suscepto”, que significa “por um voto alcançado” ou “por uma graça alcançada”). No Santuário Nacional de Aparecida, foi reservada uma sala, denominada “das promessas” ou “dos milagres”, para guardar todos ex-votos: objetos, fotos, cartas, testemunhos de fé dos devotos, que são formas de homenagear e demonstrar a devoção à Nossa Senhora Aparecida. Hoje, a sala das promessas recebe aproximadamente 19 mil ex-votos por mês, sendo que no mês de outubro, esse número chega a 30 mil.

[26] Cfr. Nican Mopohua, A Virgem de Guadalupe, Ed. Loyola, primeira aparição, p. 14-15.

[27] O Amor a Maria não permite que o vento da tibieza apague a chama do nosso amor a Deus. São Josemaria no ponto 492 de Caminho nos diz que, ao contrário: “O amor à nossa Mãe será sopro que transforme em lume vivo as brasas de virtude que estão ocultas sob o rescaldo da tua tibieza”.

[28] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n.130.

[29] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n.135.

[30] Este milagre foi relatado por escrito a primeira vez pelo Pe. Claro Francisco de Vasconcellos por volta do ano 1828. O fato, porém, é de época bem anterior, pois ele afirma que o conhecia por tradição.

[31] Nossa Senhora Aparecida recebeu solenemente esta coroa em 1904. A coroa é de ouro 24 quilates, pesa 300 gramas e tem 24 diamante maiores e 16 menores.

[32] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, n.18.

[33] Ibidem.

[34] Ibidem.

[35] Rogério livrando-se do guarda, saiu correndo. Mas os policiais o alcançaram, de carro, e o conduziram primeiro à Santa Casa local, devido aos vários cortes no braço, e depois à cadeia. Soube-se que furor iconoclasta do rapaz já vinha de longe, e que já havia tentado quebrar por duas vezes uma imagem de São José em outra igreja.

[36] O trabalho e restauro da Imagem foi iniciado na manhã do dia 29 de junho e concluído no dia 31 de julho.

[37] Cfr. Const. Lumen Gentium, n.63.

[38] Papa Francisco, Discurso na audiência geral, 19-6-2013.

[39] Papa Francisco, Discurso na audiência geral, 26-6-2013.

[40] Papa Francisco, Discurso na audiência geral, 19-6-2013.

[41] Esta unidade na vida de cada cristão era denominada por São Josemaria Escrivá de “unidade de vida”.

[42] Nas seis páginas do seu diário, dedicadas à Capela, menciona o reflexo do culto encontrado por ele nos ex-votos deixados na igreja: “As paredes da Capela quase que não tem já lugar para as figuras de cera; troncos, cabeças, braços, pernas e mãos de todos os tamanhos e feitios que se veem pendurados, ao lado de numerosos painéis, representando este um pai salvando um filho das garras de uma fera, aquele moribundo restituído à vida por haver invocado, cheio de religiosa piedade, o nome da sua celestial protetora, e, finalmente, a simbólica epopeia de todo os martírios e de todas as dores que angustiam a existência humana. Afortunados os sertanejos que têm mais fé na intervenção divina do que nos resultados tantas vezes mentirosos da ciência humana”.

[43] São muitos os documentos que atestam essa realidade: diários, crônicas e reportagens de jornais. Valiosas são também as impressões dos primeiros capelães redentoristas.

[44] Analisando a influência do amor do povo a Nossa Senhora Aparecida na conservação de sua fé católica, escreveu: “Não é sem razão que Nossa Senhora é tão amada e invocada; esse amor e devoção foram proteção contra a descrença e se tornaram o filão de ouro da sua perseverança na fé católica. Sem essa devoção, teria o povo caído em completa indiferença religiosa”.

[45] Papa João Paulo II, Carta Apostólica Litterae Encyclicae, 22 de maio de 1988, parte V.

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