Françoá Costa*
1. Padres e leigos realizam a única missão da Igreja
A Igreja não é uma associação de pessoas bem intencionadas, mas uma comunidade sacerdotal, isto é, não se está na Igreja, se é Igreja através de uma realidade ontológica, a graça. Efetivamente, alguns sacramentos imprimem caráter e seu impacto é tão forte que eles estruturam – com fundamento ontológico, isto é, no ser – essa comunidade sacerdotal. Efetivamente, o batismo (e a confirmação) cria o primeiro elemento da estrutura fundamental da Igreja, que chamamos de christifideles ou fiéis; o sacramento da ordem cria o segundo elemento da mesma estrutura fundamental, que chamamos ministri, o sagrado ministério[1].
O fim dessas duas primeiras posições eclesiológicas (fiéis, ministros), como diz o Apóstolo, é a edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja (cf. Ef 4,12). Os ministros são um dom para a comunidade porque preparam os santos, isto é, os demais fieis, para a missão de toda a Igreja (cf. Ef 4,12). Cuidar dos demais fiéis é o primeiro degrau da missão apostólica, ou seja, a comunidade dos fiéis necessita do sacerdócio ministerial porque precisa estar bem preparada para cumprir sua missão. Fica manifesta, portanto, o trabalho mais fundamental dos sacerdotes: cuidar dos fiéis, das ovelhas do rebanho. Se elas recebem o Pão da Palavra e da Eucaristia, se estão bem alimentadas e fortalecidas será possível realizar a “nova evangelização”, caso contrário, poderemos até organizar muitas coisas, mas não terão a necessária eficácia divina. Bem preparados, ministros (que não perderam o sacerdócio comum e que precisam do sacerdócio ministerial de seus irmãos) e demais fieis poderão evangelizar esse mundo[2].
Se o primeiro degrau da missão apostólica era cuidar dos fiéis, o segundo será “colaborar com os demais fiéis”[3]. Quanto ao primeiro grau de serviço, penso que já ficou suficientemente explicado: no cuidado dos fiéis encontra-se o porquê os ministros sagrados devem dedicar muitas horas à formação dos demais membros do Povo de Deus. O segundo grau é um pouco mais complexo. Vejamos: os leigos devem fazer seu apostolado, como diz LG 31, “nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência”. Será nesse trabalho evangelizador – através dessas ocupações seculares – que eles encontrarão em determinados momentos aquilo que poderemos chamar “muro sacramental”. Aqui entra a colaboração dos sacerdotes no trabalho evangelizador dos leigos e dos religiosos.
Tentemos explicar essa teologia com um exemplo: Tício – casado, pai de quatro filhos – é um bom cristão: vai à missa diariamente, confessa-se, reza, procura ser muito responsável em tudo o que faz e aconselha-se frequentemente com o Pe. Prudêncio. Trabalha no Parlamento da Holanda e têm vários amigos, conversa com cada um periodicamente e, com plena liberdade, lhes propõe reunirem-se quinzenalmente numa das salas contíguas ao seu escritório para estudarem a doutrina católica. Com o passar do tempo, alguns deles desejam se confessar e receber a primeira comunhão. Tício fala com o Pe. Prudêncio, o padre de sua paróquia, que lhes dá umas catequeses e, no final das mesmas, batiza dois amigos de Tício, confessa outros cinco e lhes dá a sagrada comunhão pela primeira vez.
No exemplo citado se pode ver claramente que o Pe. Prudêncio nada mais fez que colaborar com o apostolado eminentemente laical de Tício. Assim deve ser porque o leigo tem toda liberdade para organizar diversas obras de apostolado, mas ele não é ministro da graça sacramental. Ele, o leigo, necessitado da graça de Deus; precisa, portanto, dos ministros sagrados para si e para as demais pessoas que evangeliza.
Contudo, também podemos virar a pergunta: qual seria o lugar para uma possível colaboração dos leigos e religiosos no sagrado ministério dos sacerdotes? Efetivamente, quando olhamos a pastoral de conjunto das dioceses, imediatamente percebemos um grupo de leigos que são ministros extraordinários da comunhão eucarística, outros que são catequistas, outros ainda que são palestrantes para os cursos de pais e padrinhos etc. Todos esses leigos e religiosos colaboram no sagrado ministério. Documento de grande importância sobre essa questão é a Instruçção acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdotes, assinada por várias congregações romanas no dia 15 de agosto de 1997, na qual se diz expressamente que os fiéis leigos podem assumir determinadas funções próprias dos ministros sagrados, porém como suplentes e delegados pela autoridade eclesiástica.
Seja no exercício de um apostolado no qual o leigo tem a iniciativa seja naquele em que ele é convidado pela sagrada hierarquia, é preciso ter presente que o sacerdócio comum é um “sacerdócio existencial”; ao exercê-lo, os fiéis oferecem sua vida real e concretamente a Deus por Jesus Cristo através do mistério pascal. É importante que se veja a conexão do oferecimento de “vítimas espirituais” (toda a existência com seus atos) com a Vítima oferecida no altar da Cruz. Isto é, o sacerdócio existencial nos coloca em contato com os atos de culto. Mas é preciso entendê-lo de maneira mais amplo: toda a vida do cristão, graças a essa participação no sacerdócio de Cristo (o sacerdócio comum), ganha uma dimensão “cultual”, cuja expressão máxima é o santo sacrifício eucarístico. São Josemaria Escrivá utilizava uma expressão que traduz de maneira radical, na raiz, a existência cristã santificada: “alma sacerdotal”. Todo cristão deve ter “alma sacerdotal”, ou seja, santificar sua própria existência, especialmente o trabalho (na mente do Fundador do Opus Dei), ao fazer todas as coisas em união com Cristo[4].
Para terminar esse primeiro momento de reflexão, conclui-se que os ministros sagrados e os leigos trabalham na única missão da Igreja. Num primeiro momento, o sagrado ministério está a serviço do sacerdócio comum; num segundo momento, o sacerdócio comum pode colaborar com o sagrado ministério dos sacerdotes. O Concílio Vaticano II (CV II) expressou essa relação de maneira magistral: ambas as participações no único sacerdócio de Cristo “ordenam-se um para o outro (…). O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que é investido, organiza e rege o povo sacerdotal, oferece o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo em nome de todo o povo; por seu lado os fiéis, em virtude do seu sacerdócio régio, têm grande parte na oblação da Eucaristia, e exercem o sacerdócio na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade operante” (LG, 10b).
2. A especificidade do apostolado laical
O Decreto do Concílio Vaticano II sobre o apostolado dos leigos, Apostolicam Actuositatem (AA) será uma bússola para entrarmos nessa perspectiva que é – poderíamos dizer – a outra cara da única moeda, na qual, num lado, está o chamado universal à santidade e, noutro, o dever de fazer apostolado que cada cristão recebe no momento do próprio batismo e que é reforçado ao receber o sacramento da confirmação. “A vocação cristã é, por sua natureza, também vocação ao apostolado” (AA, 2).
O CV II chama apostolado todo esforço em ordem à expansão do “reino de Cristo sobre a terra, para a glória de Deus Pai, tornando os homens todos participantes da redenção salutar” (AA, 2). A missão da Igreja é o apostolado e ela exerce-o através de todos os seus membros, mas de diversas maneiras (cfr. AA, 2). No caso dos leigos, o Concílio diz que “é realmente característico do estado leigo viver em meio ao mundo e aos negócios seculares, são eles chamados por Deus para, abrasados no espírito de Cristo, exercerem o apostolado a modo de fermento no mundo” (AA, 2).
A missão da Igreja é anunciar a Jesus Cristo para que todos se salvem. Há, portanto, em toda a Igreja uma unidade de missão, mas diversidades de serviços que contribuem nessa única missão. “Os leigos, por sua vez, participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, compartilham a missão de todo o povo de Deus na Igreja e no mundo. (…) Já que é realmente característico do estado leigo viver em meio ao mundo e aos negócios seculares, são eles chamados por Deus para, abrasados no espírito de Cristo, exercerem o apostolado a modo de fermento no mundo” (AA, 2).
Outra contribuição do CVII à hora de entender o apostolado dos leigos foi a seguinte afirmação: “os leigos derivam o dever e o direito do apostolado de sua união com Cristo-Cabeça. Pois, inseridos no batismo no Corpo Místico de Cristo, pela confirmação robustecidos na força do Espírito Santo, recebem do próprio Senhor a delegação ao apostolado” (AA, 3). Dito com outras palavras, eles não precisam de uma autorização ou “envio” da hierarquia para evangelizar. Foi o próprio Senhor Jesus quem os enviou a serem apóstolos, a serem evangelizadores dos tempos atuais.
Sendo assim, afirma o Concílio, “nem os cuidados pela família, nem os demais assuntos seculares devem ser estranhos à espiritualidade da sua vida (…). Tal vida reclama o exercício contínuo da fé, esperança e caridade. (…) Esta espiritualidade dos leigos deve revestir-se de características peculiares conforme o estado de cada um: vida matrimonial e familiar, celibato ou viuvez, doença, atividade profissional e social” (AA, 4). Quando o CVII fala dos objetivos a serem visados pelo apostolado dos leigos, imediatamente recorda a “restauração da ordem temporal” e mostra como campos de apostolado os mais diversos: comunidade da Igreja, família, jovens, ambiente social, esfera nacional e internacional (AA, 5-14).
A “especificidade” dos tria munera no caso dos leigos está situada “no mundo”: submeter as estruturas temporais ao reino de Cristo, informando-as com a caridade do Ressuscitado. No entanto, a “lei da caridade” que estrutura o reino é a lei de liberdade em sua perfeição (cfr. Tg 1,25), portanto essa “submissão” é, na verdade, libertação e não escravidão.
Em plena sintonia com o Concilio Vaticano II – mais ainda, poderia dizer-se que superando-o em audácia – São Josemaria Escrivá propõe, como primeiro bem a respeitar e a estimular, no empenho temporal do cristão, precisamente a liberdade pessoal. Numa homilia pronunciada em abril de 1956, afirmou:
“Quando, ao longo dos meus anos de sacerdócio, não direi que prego, mas grito o meu amor à liberdade pessoal, noto em alguns um gesto de desconfiança, como se suspeitassem que a defesa da liberdade traz no seu bojo um perigo para a fé. Tranquilizem-se esses pusilânimes. Só atenta contra a fé uma interpretação errônea da liberdade, uma liberdade sem qualquer fim, sem norma objetiva, sem lei, sem responsabilidade[5].
São Josemaría Escrivá chegou a dizer aos seus filhos espirituais que, no campo das coisas humanas, lhes deixava como herança o bom humor e o amor à liberdade. Essas afirmações são muito importantes à hora de compreender o apostolado dos leigos.
Efetivamente, o leigo continua “no mundo”, isto é, continuará exercendo – também depois do batismo – as atividades profissionais que exercia antes e continuará pertencendo à mesma família e ao mesmo círculo de amizades que antes[6]. Em tais atividades também continuará atuando com os mesmos critérios técnicos e com a mesma mentalidade profissional que qualquer outro cidadão que não foi batizado. A diferença radica no sentido que o leigo cristão descobre em todas e cada uma dessas realizações mundanais, na força provinda do Espírito de Cristo que que se encontra no fiel para santificar essas mesmas realidades e no desejo que brota do seu coração de encontrar nessas mesmas atividades oportunidades de aproximar de Cristo muitas pessoas.
“Um cenário maravilhoso se abre aos olhos iluminados pela fé: o de inúmeros fiéis leigos, homens e mulheres, que, precisamente na vida e nas ocupações do dia a dia, muitas vezes inobservados ou até incompreendidos e ignorados pelos grandes da terra, mas vistos com amor pelo Pai, são obreiros incansáveis que trabalham na vinha do Senhor, artífices humildes e grandes — certamente pelo poder da graça de Deus — do crescimento do Reino de Deus na história”[7].
Diferente do fiel cristão que foi chamado à vida consagrada (religioso, por exemplo), o fiel leigo não realiza as diversas atividades profanas como “sinal” ou como “testemunho” do “mundo futuro” que há de vir. Vejamos: um leigo que é professor e um consagrado que também o é, embora realizem a mesma atividade secular, realizam-na com sentidos diferentes. O leigo que é professor, realiza essa atividade profissional com um interesse neste mundo, para santificar esta profissão e, consequentemente, esta realidade concreta. O consagrado que se dedica à docência, fá-lo dando testemunho do “mundo futuro”, a sua atividade docente se realiza como sinal das realidades transcendentes que hão de vir. Isto é assim porque o fiel dito “consagrado” recebeu uma posição carismática dentro da vida da Igreja que modalizou os seus vínculos batismais e retocou a sua secularidade; a sua atividade como professor, por exemplo, é testemunho e sinal da santidade da Igreja e da vida escatológica.
Para entender melhor essas duas dimensões, é interessante recordar que a redenção realizada por Cristo tem como fim realizar um mundo novo, mas também olha “este mundo”, que é o objeto imediato da ação redentora e salvadora de Jesus Cristo. Aplicado ao caso, o leigo olha este mundo como tal e o vê necessitado de salvação; o consagrado olha o fim (mundo futuro, glória de Deus) e, com a própria vida, testemunha esse mesmo fim. Não é o lugar, mas se poderia, a partir dessas premissas, estabelecer a relação entre os leigos e os religiosos, já que na Igreja nada se encontra desconectado.
É preciso também ter cuidado para não confundir secularidade laical com o ofício que realiza. Secularidade é uma maneira, um modo de se posicionar-se respeito às coisas, pessoas e ofícios. Neste sentido, é preciso dizer que um leigo não perde a sua secularidade se realiza algum oficio eclesiástico, ainda que o exercício de tais ofícios não seja o “específico” da vocação laical[8]. Secularidade laical não é questão de oficio, mas depende da maneira de se posicionar diante das realidades deste mundo, a qual deve ser “desde dentro”, visando a cidade dos homens para fazê-la cada vez mais “cidade de Deus”. No caso de um leigo realizar uma atividade eclesiástica, o mais importante é que ele a realize com “mentalidade laical”, com secularidade, com critérios de profissionalidade que ele teria em qualquer outro trabalho.
Ainda com relação aos ofícios, é preciso estarmos atentos para não que não entre a confusão no trabalho evangelizador da Igreja. Neste sentido, o Papa Bento XVI, num discurso aos Bispos do Regional Nordeste 2, alertava contra a “clericalização dos leigos” e a “laicização dos sacerdotes, com essas palavras:
“Nos seus fiéis e nos seus ministros, a Igreja é sobre a Terra a comunidade sacerdotal organicamente estruturada como Corpo de Cristo, para desempenhar eficazmente, unida à sua Cabeça, a sua missão histórica de salvação. Assim no-lo ensina São Paulo: «Vós sois Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe toca» (1 Cor 12, 27). Com efeito, os membros não têm todos a mesma função: é isto que constitui a beleza e a vida do corpo (cf. 1 Cor 12, 14-17). É na diversidade essencial entre sacerdócio ministerial e sacerdócio comum que se entende a identidade específica dos fiéis ordenados e leigos. Por essa razão é necessário evitar a secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos. Nessa perspectiva, portanto, os fiéis leigos devem empenhar-se em exprimir na realidade, inclusive através do empenho político, a visão antropológica cristã e a doutrina social da Igreja. Diversamente, os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poderem ser uma referência para todos. É importante fazer crescer esta consciência nos sacerdotes, religiosos e fiéis leigos, encorajando e vigiando para que cada um possa sentir-se motivado a agir segundo o seu próprio estado”[9].
3. Formação dos leigos para o apostolado
Teologicamente falando, podemos supor que a essa altura já ficaram claros os três aspectos a serem tidos em conta no que se refere ao apostolado dos leigos: 1) eles evangelizam porque são batizados, 2) têm liberdade apostólica, 3) devem observar sempre a comunhão eclesial. Esses princípios são de grande importância à hora de trabalhar com os leigos ou de colaborar com eles em seu apostolado laical.
Evidentemente, uma coisa é aquele trabalho evangelizador que o fiel leigo realiza espontaneamente no meio das mais diversas circunstâncias de sua vida; outra coisa, aquele serviço apostólico que realiza sob a autoridade da hierarquia eclesiástica. Em ambos os casos, fazem-no pelo título batismal, com total liberdade e responsabilidade e observando sempre a comunhão eclesial. Contudo, no caso do apostolado pessoal, o campo de possibilidades é mais amplo do que num trabalho de colaboração com os sagrados pastores. Além disso, o esforço pessoal para colocar Cristo em todas as estruturas da sociedade é específico de sua missão, enquanto dar catequese numa paróquia, por exemplo, é uma colaboração com a missão própria do pároco.
Em todo caso, é necessário oferecer ao fiel leigo a formação necessária para que possa realizar seus diversos trabalhos apostólicos, seja no que mais lhe cabe como leigo seja como colaborador da hierarquia (em alguns casos).
Como deveria ser essa formação? Para responder a essa pergunta de maneira bem prática, teremos em conta aquilo que o leigo é – sacerdote, profeta e rei – através do sacramento do batismo que lhe conferiu um “sacerdócio existencial” e tiraremos as consequências no que se refere à formação católica que ele deve receber. Dos três aspectos do sacerdócio comum de cada cristão, a dimensão profética merece ser destacada, pois evidencia-se frequentemente no seu cotidiano em pleno trabalho evangelizador. Logicamente, ser profeta exige de cada fiel ser líder (como maneira de exercer a dimensão régia de seu sacerdócio existencial). Além disso, para que o leigo exerça no Espírito de Cristo o seu apostolado, é de grande importância que tenha “alma sacerdotal” (dimensão estritamente sacerdotal de seu batismo), que o faz ser “edifício espiritual, um sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1 Pd 2,5).
A dimensão profética-evangelizadora de todo batizado consiste nessa capacidade recebida no momento de seu batismo para falar de Deus, para levar a paz e a alegria de Cristo a todos os lugares; no caso dos leigos, devem ser “fermento no meio da massa”, isto é, estar onde estão e levar a luz de Cristo a todos os ambientes de nossa sociedade. São Josemaria Escrivá, no dia 07 de agosto de 1931, entendeu Jo 12,32 – “e quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” – no sentido que os homens e as mulheres de Deus levantariam a cruz da doutrina de Jesus Cristo em todos os lugares, colocando-a na cima das diversas atividades humanas e, desta maneira, Cristo triunfaria e atrairia tudo a si.
A formação para o apostolado dos leigos oferecida pela Igreja através de seus ministros sagrados deve ser uma formação doutrinal de tal maneira que todos os fiéis possam ter uma “piedade doutrinal”, segundo a expressão de S. Josemaria Escrivá, que também dizia que deveríamos ter “piedade de crianças e doutrina de teólogos”.
Nesse trabalho de formação, é muito importante que os sacerdotes:
– preparem bem suas homilias, excelentes meios de formação para um povo que provavelmente tem o domingo como única oportunidade de ouvir falar com autoridade apostólica sobre Deus e receber o alimento espiritual para toda a semana;
– atendam muitas horas no confessionário, já que é uma excelente oportunidade para dar a direção espiritual a muitas pessoas e infundir critérios cristãos na vida delas;
– cuidem dos conteúdos dos cursos que antecedem as celebrações dos sacramentos do batismo e do matrimônio;
– promovam em suas paróquias cursos de doutrina católica, nos quais participam especialmente os catequistas. Seria bom que o pároco mesmo desse essas aulas semanalmente;
– promovam cursos de formação específicos para seus catequistas;
– estejam atentos à juventude universitária de sua paróquia, pois serão as futuras cabeças da sociedade;
– que o conteúdo da catequese ajude os catequisandos a saberem, de fato, a doutrina católica.
APÊNDICE: Subsídios para dar formação
A – Possível conteúdo a ser dado nos Encontro de Preparação ao Batismo.
B – Material que pode ser utilizado para preparar uma pessoa que vem de outra confissão cristã e pede a Plena Comunhão com a Igreja Católica.
C – Exame de consciência para crianças.
D – Exame de consciência para adultos.
E – Formação para Universitários: proposta de encontro de um fim de semana.
F – Formação para casais jovens: círculos de estudo quinzenais, a ser dado por um presbítero ou por um leigo bem preparado.
G – Sugestão de panfleto a ser distribuído na evangelização junto às famílias, em suas casas.
* Pe. Françoá COSTA é doutor em Teología (2011) pela Universidade de Navarra (Espanha), profesor na PUC – Goiânia e na Faculdade Católica de Anápolis – GO. Também é pároco da Paróquia Nossa Senhora d’Abadia (Anápolis – GO).
[1] Cf. Pedro RODRÍGUEZ, La Iglesia: mistério y misión, Madrid: Cristiandad, 2007, p. 117.
[2] Cf. IB, p. 121-122.
[3] Cf. IB., p. 122-123.
[4] Cf. IB., p. 126-128.
[5] Josemaria ESCRIVÁ, A liberdade, dom de Deus, homilia, 10-04-1956, em É Cristo que passa, 32.
[6] “O estar e o agir no mundo são para os fiéis leigos uma realidade, não só antropológica e sociológica, mas também e especificamente teológica e eclesial” (JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Christifideles Laici sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, nº 15).
[7] IB., nº 17.
[8] “Os vários ofícios e funções que os fiéis leigos podem legitimamente desempenhar na liturgia, na transmissão da fé e nas estruturas pastorais da Igreja, deverão ser exercidos em conformidade com a sua específica vocação laical, diferente da dos ministros sagrados. Nesse sentido, a Exortação Evangelii nuntiandi, que teve tanto e tão benéfico mérito em estimular a diversificada colaboração dos fiéis leigos na vida e na missão evangelizadora da Igreja, lembra que « o campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos “mass-media” e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam, o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento. Quantos mais leigos houver impregnados do Evangelho, responsáveis em relação a tais realidades e comprometidos claramente nas mesmas, competentes para as promover e conscientes de que é necessário fazer desabrochar a sua capacidade cristã, muitas vezes escondida e asfixiada, tanto mais essas realidades, sem nada perderem ou sacrificarem do próprio coeficiente humano, mas patenteando uma dimensão transcendente para o além, não raro desconhecida, se virão a encontrar ao serviço da edificação do Reino de Deus e, por conseguinte, da salvação em Jesus Cristo » (Paulo VI, Exort. Ap. Evangelii nuntiandi, 70: AAS 68 (1976), 60).” (IB., nº 23).
[9] BENTO XVI, Discurso aos Prelados da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil do Regional Nordeste 2 em Visita “Ad Limina Apostolorum”, 17-09-2009. Cfr. http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2009/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20090917_ad-limina-brasile2_po.html (10-11-2011).
Apêndice A
Pastoral do Batismo
Preparação para o Sacramento do Batismo
(Curso de pais e padrinhos)
Uma proposta:
13h30 – recepção: é muito eficaz que estejam os membros da Pastoral do Batismo e o pároco e que o padre lhes dirija umas palavras.
13h50 – chamada: conferir a lista e os presentes no curso.
14h – Palestra: A Igreja Católica: sua fundação, sua pregação, seus sacramentos
15h – intervalo
15h10 – Palestra: Sacramento do Batismo: o que é, quem pode receber, quem pode administrá-lo, importância do batismo, como se celebra, seus efeitos.
15h50 – cafezinho
16h – Palestra: educação para a fé: fé e vida (unidade de vida), pedir o batismo e responsabilidades conexas, educar para a fé é dom e tarefa, das condições necessárias para educar para a fé decorrem condições para serem padrinhos e/ou madrinhas (das quais se deve exigir pelo menos o “mínimo canônico”: batizados, confirmados e receberam o sacramento da comunhão; se casados, devem sê-lo na Igreja. Veja CDC 874).
Apêndice B
RESUMO DA DOUTRINA CATÓLICA
Pode ser usado para preparar pessoas que querem alcançar a PLENA COMUNHÃO COM A IGREJA CATÓLICA e também com aqueles católicos para os quais urge a recepção de algum sacramento.
1. Quem é Deus?
Deus é um espírito perfeito e eterno, criador do céu e da terra.
1. Onde está Deus?
Deus está no céu, na terra, em toda parte.
2. Deus vê e conhece todas as coisas?
Sim. Deus vê, conhece todas as coisas presentes passadas e futuras, até conhece todos os nossos pensamentos.
3. Há um só Deus?
Sim. Há um só Deus e não pode haver mais de um porque é o único e supremo Senhor de tudo e de todos.
4. Quantas pessoas há em Deus?
Em Deus há três pessoas realmente distintas: Pai, Filho e o Espírito Santo
5. Como se chama este Mistério?
É o Mistério da Santíssima Trindade: há um só Deus em três pessoas verdadeiramente distintas (o Pai e o Filho e o Espírito Santo).
6. Existe diferença entre as três pessoas?
As três pessoas em Deus Pai, Filho, Espírito Santo são todas iguais, porque têm a mesma natureza divina, o mesmo poder, a mesma santidade e as mesmas virtudes.
7. Deus é eterno?
Antes de o mundo existir, Deus já existia. Deus é Pai e Criador de tudo quanto existe. Ele nunca nasceu e nunca morrerá.
8. Quem é o Pai?
O Pai é Deus, é a primeira pessoa da Santíssima Trindade.
9. Quem é o filho?
O Filho é Deus, é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que se fez homem por amor de nós e se chama Jesus Cristo.
10. Quem é o Espírito Santo?
O Espírito Santo é Deus, é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele habita naquele que foi batizado e vive em estado de graça. Ele nos santifica e nos ajuda a fazer boas obras. O nosso corpo é o templo e a casa do Divino Espírito Santo.
Há um só Deus (Deut 4,35-39; Jo 17,3). Ele é o Criador de todas as coisas (Gn 1,1; Col 1,16s) e governa todas as coisas (Is 40,26; Jer 5,22). O seu nome é “Eu sou aquele que sou”, isto é, Javé (Ex 3,14-15); os judeus, para não pronunciarem esse nome santo, utilizavam “Adonai” (Senhor) ao falar de Deus. O seu nome não é Jeová, pois Jeová nada mais é que a junção de Javé com Adonai. Deus é amor (Jo 3,16; Rom 5,8s) e é Juiz universal (Ez 5,11-17; Rom 2,2-11).
O único Deus que existe é três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo (Mistério da Santíssima Trindade); não existem três deuses, mas um só Deus em três Pessoas realmente distintas entre si (Mt 28,19; Jo 17,6; Jo 8,1; Jo 14,15-19). Deus não é três deuses distintos, pois não se trata de “três indivíduos diferentes, fisicamente distintos um do outro”. O cristão professa que a “única realidade” (= substância) chamada Deus existe em três Pessoas distintas, não separadas. Cada uma das Pessoas divinas é toda a totalidade da divindade: como há identidade de substância e essa substância está de maneira total em cada uma das Pessoas, segue-se que há um só Deus, não vários.
11. Quem fez o mundo?
O mundo e tudo quanto existe foram feitos por Deus; Deus fez tudo do nada e pela força de Sua palavra.
12. Existem anjos?
Sim. Deus criou os anjos que são puros espíritos; eles não têm corpo como nós.
13. Para que Deus criou os anjos?
Deus criou os anjos para Sua glória e Seu serviço. Muitas vezes os anjos também servem aos homens. Nós todos temos um anjo da guarda, que nos acompanha e protege em todo o momento.
14. Existem demônios?
Sim. Uma parte dos anjos se revoltou contra Deus e por isso foram expulsos do Paraíso e se tornaram demônios. O demônio nos tenta e quer nos levar ao pecado.
15. O que é o homem?
O homem é uma criatura de Deus. Ele tem corpo e alma, por isso é capaz de pensar, querer e amar.
16. Como foi feito o homem?
O homem foi feito à imagem de Deus e semelhança de Deus. Foi Deus quem o formou e lhe inspirou o espírito da vida. Todo ser humano é composto de alma e corpo; sua alma é imortal e seu corpo ressuscitará.
17. Como se chamam o primeiro homem e a primeira mulher?
O primeiro homem chama-se Adão e a primeira mulher chama-se Eva, que foi tirada do homem.
18. O homem e a mulher têm a mesma dignidade?
Sim, o homem e a mulher têm a mesma dignidade humana, os mesmos direitos e os mesmos deveres. Nenhum é inferior ao outro. Contudo, são diferentes e, portanto, complementares.
19. Para que Deus criou o homem?
O homem foi criado por Deus para conhecer, amar e servi-lo neste mundo, e depois da sua morte, viver com Deus na Sua glória.
20. Onde Deus colocou Adão e Eva?
Deus colocou os primeiros homens no paraíso terrestre. Isto significa: viviam felizes, sem sofrimento, sem doenças, sem pecado e sem a morte.
21. Adão e Eva pecaram?
Por tentação do demônio, Adão e Eva desobedeceram a Deus. No seu orgulho queriam ser iguais a Deus.
22. O pecado de Adão e Eva passou para todos os homens?
Porque somos filhos de Adão e Eva, o pecado dos nossos primeiros pais passou para todos os homens. É o pecado original.
23. Todo homem que nasce tem esse pecado original?
Sim, todos os homens nascem com este pecado, que somente será apagado pelo batismo. Por isso todas as crianças devem ser batizadas.
24. Maria Santíssima tinha este pecado?
Maria Santíssima é a única pessoa que por graça de Deus não nasceu com este pecado. Por isso A chamamos “concebida sem pecado”. Ela é a “Imaculada Conceição.”
25. Quem é nosso Salvador?
É Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem. Jesus é Deus e Homem.
Jesus é o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se fez homem (Mistério da “Encarnação” = tornar-se carne, tornar-se homem) para nos salvar (Jo 1,1.14). “Jesus” significa “Deus Salva”. “Cristo” significa “ungido”. Jesus Cristo é o único Salvador dos homens (Mt 1,20-21; At 4,11-12).
26. Como o Filho de Deus se fez homem?
Encarnando-se, pela ação do Espírito Santo, nas entranhas puríssimas de Maria. Isto é, o Filho de Deus fez-se homem em Maria.
27. Onde Jesus nasceu?
Jesus nasceu pobre na cidade de Belém da Judéia, em uma gruta de pastores e foi reclinado em uma manjedoura.
28. Quem é a Mãe de Jesus?
A Mãe de Jesus é Maria, Nossa Senhora. Ela é verdadeiramente Mãe de Deus, por Jesus Cristo é Perfeito Deus e Perfeito Homem.
É a Mãe de Jesus e, portanto, é a Mãe de Deus (Mt 1,18; Lc 1,41ss). É a mulher da promessa (Gn 3,15 e Jo 19,25-27). É louvada por Jesus Cristo por ter feito perfeitamente a vontade de Deus (Mt 12,46-50). Maria é louvada pelo anjo Gabriel (Lc 1,28) e por sua parenta Isabel (Lc 1,42-44). Ela profetiza, sob a ação do Espírito Santo, que todos os povos vão honrá-la (Lc 1,48). Por sua intercessão acontece o primeiro milagre de Jesus Cristo (Jo 2,1-11). A Igreja sempre se reúne com Maria, a Mãe de Jesus (At 1,13-14). Maria é a figura da própria Igreja: na mulher do Apocalipse podemos ver tanto a Igreja quanto Maria (Ap 12,1-18). Quando a gente une Lc 1,18 e Lc 1,48 temos a primeira parte da oração “Ave-Maria” rezada no terço; a outra parte da “Ave-Maria” é uma resposta da Igreja à dignidade de Nossa Senhora e súplica ao seu poder intercessor perante o seu Filho.
29. Quem é São José?
São José é o esposo de Maria e pai adotivo de Jesus.
Obs.: Nossa Senhora é proclamada “Sempre Virgem Maria”. Virgem antes, durante e depois do parto. Nossa Senhora e São José nunca praticaram os atos conjugais. Eram puríssimos companheiros: Ela foi sempre virgem e São José foi sempre casto.
30. Quem são os santos?
São amigos de Deus, pessoas que viveram de fé e estão no céu; alguns deles foram canonizados pela Igreja Católica para servirem de exemplo aos demais fiéis.
O Apóstolo Paulo fala que os fiéis da Igreja que estavam em Corinto eram “santificados em Jesus Cristo, chamados à santidade” (1 Cor 1,2). Todos nós fomos predestinados “para sermos santos” (Ef 1,4). Ao escrever ao Filipenses, São Paulo fala se dirige “a todos os santos em Jesus Cristo”. Paulo já era venerado em vida (At 19,11-12) e o mesmo se diga dos outros apóstolos. Os santos da Igreja Católica são, portanto, homens e mulheres que amaram muito a Deus e cuja vida continua servindo de exemplo para nós. E não é verdade que eles estão dormindo, pois segundo Hb 9,27, logo após a morte vem o juízo particular e, consequentemente, o prêmio para os seus santos. Eles clamam a Deus a nosso favor (Ap 6,9-11). A oração deles está diante de Deus (Ap 8,4).
31. Os santos podem interceder por nós?
Podem e o fazem com muita alegria, pois vivem a caridade de ajudar os irmãos nessa grande comunhão dos santos que é a Igreja.
Eliseu, santo homem de Deus, tinha poder diante de Deus até depois de morto (2 Re 13,20-21). O Deus de Abraão é Deus de vivos; e, contudo, é Deus de Abraão e de outros que já morreram e estão em sua presença (cf. Mt 22,32-33). As passagens citadas sobre os santos que clamam e sua oração também falam de sua intercessão (Ap 6,9-11; Ap 8,4). Um bispo cristão do século IV escrevia: “comemorarmos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas” (Cirilo de Jerusalém, Catequeses Mistagógicas).
32. Podemos fazer imagens de santos?
Sim. Podemos fazer as imagens dos santos, pois nos lembram piedosamente do seguimento de Cristo que eles tiveram e estimulam o nosso desejo de fidelidade a Deus.
Ex 20,4 proíbe fazer imagens. Ex 25,18-22 ordena fazer imagens (!?). Ou a Bíblia se contradiz ou faremos uma interpretação correta desses textos. É simples: em Ex 20 Deus proíbe as imagens da idolatria, em Ex 25 permite as imagens da piedade religiosa monoteísta. Um cristão, ao fazer uma imagem, não a faz para idolatrá-la, mas como símbolo de outra realidade que ele simplesmente venera (não idolatra). Idolatria é dar “adoração de latria a um ídolo”. Ora, nenhum cristão chama as suas imagens de “ídolos” (porque não os chama “deuses”) nem, consequentemente, as idolatra. Em Nm 21,4-9, Deus mandou Moisés fazer a imagem de uma serpente que se colocou num poste para a cura dos israelitas; essa serpente “pregada” num poste é símbolo de Cristo pregado na Cruz para nos curar (Jo 3,14). Veja ainda como Salomão enfeitou o Templo de Deus: 1 Re 6,23-38.
33. Por que Jesus se fez homem?
Jesus se fez homem porque foi enviado pelo Pai para nos salvar do pecado e do inferno, e nos ensinar o caminho da felicidade.
34. O que fez Jesus para nos salvar?
Ele sofreu e morreu por nós na Cruz e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos.
35. Como chamamos o Mistério da morte e ressurreição de Jesus?
É o Mistério da Redenção ou Mistério Pascal.
36. Que fez Jesus 40 dias depois da Ressurreição?
Jesus subiu ao Céu; voltou para junto do Pai. No Céu Ele preparou um lugar para nós.
37. Quem Jesus enviou do Céu para os apóstolos?
Jesus mandou o Espírito Santo.
38. O que o Espírito Santo concedeu aos apóstolos?
Ele deu aos apóstolos inteligência, força e coragem para pregar a todos os homens o Evangelho de Jesus Cristo.
39. Jesus fundou uma Igreja?
Antes de subir ao Céu, Jesus fundou a Igreja para continuar a Sua obra no mundo.
40. O que é a Igreja?
A Igreja é a grande família de Deus (comunhão dos santos). Fazem parte da Igreja os santos do Céu (Igreja Triunfante ou Gloriosa), as almas do Purgatório (Igreja Padecente) e os fiéis aqui na terra que observam os ensinamentos de Jesus (Igreja Peregrina ou Militante). Também os anjos fazem parte da Igreja porque Cristo também é “Cabeça” deles.
Há uma única Igreja (assembleia) fundada por Jesus Cristo (Mt 16,8; Mt 18,17; Jo 17,4). Ela é coluna e fundamento da verdade (1 Tim 3,15). A Igreja é Una (Jo 17,20-23; 1 Cor 12,12s), Santa (Jo 17,17ss; Ef 1,4; Tit 2,14), Católica (isto é, universal: Mt 24,14; At 2,5-11; At 10,9-16), Apostólica (Mt 18,18; At 1,12-26; Ap 21,4). Devemos obedecer à Igreja (Lc 10,16; Rom 13,5; Heb 13,7).
41. Quem foi o primeiro Papa?
Foi São Pedro. Propriamente falando, o Papa é o Sucessor do Apóstolo Pedro e, nesse sentido, o primeiro Papa foi S. Lino, o primeiro sucessor de S. Pedro.
Cristo fundou a sua Igreja e quis nela doze Apóstolos, à frente dos quais colocou Pedro: Mc 1,16-20; Mt 18,18; Mt 19,28; Mt 28,19; Mc 3,13-19; Lc 6,13; Lc 10,1-20; Lc 22,19. Pedro e os demais Apóstolos morreram, mas a Igreja continuou. A frente dela ficaram aqueles sucessores dos Apóstolos (At 20,28-31; 1 Tim 4,6-16). Pedro tinha a primazia entre os Apóstolos (Mt 16,18), mas ele morreu em Roma cerca do ano 67 d. C. Foram os sucessores de Pedro na Igreja Romana que continuaram governando a Igreja: Lino, Cleto, Clemente, Evaristo, Alexandre, Sisto, Telésforo, Higino, Pio, Aniceto, Sotero, Eleutério, Vítor,… Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI, Francisco: 266 papas até agora! Dizia Ambrósio de Milão (século IV): “a Igreja, maior, mais antiga e mais conhecida de todos, fundada e estabelecida em Roma pelos gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo… Com esta Igreja, devido à sua mais excelente autoridade de fundação, é preciso que concordem todas as Igrejas; quer dizer, os fieis que se encontram em todas as partes” (Comentário ao Salmo 21).
42. Qual é a missão da Igreja?
A Igreja, em nome de Jesus, ensina o caminho da salvação, serve na caridade e administra os Sacramentos.
43. Quem são os ministros de Jesus aqui na terra?
São os bispos e os presbíteros (que são sacerdotes) e os diáconos, que constituem a “hierarquia da Igreja”. Ele pregam e administram os Sacramentos em nome de Jesus.
44. Quais são os Sacramentos da Igreja?
1-Batismo; 2- Confirmação ou Crisma; 3- Eucaristia; 4- Penitência ou Confissão; 5- Unção dos enfermos; 6- Sacramento da Ordem; 7- Matrimônio.
45. Todos os homens devem ser batizados?
Sim, todos devem ser batizados para apagar o pecado original, serem filhos de Deus e pertencerem à Igreja, que é a família de Deus.
46. Quais são os efeitos do Batismo?
O Batismo apaga o pecado original, faz-nos filhos de Deus e da Igreja e abre para nós as portas do Céu.
47. Como se batiza a criança que está para morrer?
Qualquer pessoa (inclusive um pagão) pode batizar uma pessoa que está para morrer, contanto que tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja ao batizar, ainda que desconheça (intelectualmente) tal intenção.
Para tal é suficiente que diga as seguintes palavras: “(nome da pessoa), eu te batizo em nome do Pai” (e derrama água sobre a cabeça da pessoa) “e do Filho” (derrama água sobre a cabeça da pessoa) “e do Espírito Santo” (derrama água sobre a cabeça da pessoa).
48. Que recebemos na Crisma?
Na Crisma recebemos o Espírito Santo que nos dá inteligência e força para conhecer e fazer o que é bom.
49. O que é o Sacramento da Eucaristia?
A Eucaristia é o próprio Jesus Cristo presente com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. O pão se transforma no Corpo de Jesus e o vinho se transforma no seu sangue; a Igreja chama essa admirável transformação de “transubstanciação”.
50. Quem instituiu a Sagrada Eucaristia?
Foi Jesus Cristo, quando na última ceia tomou o pão em Suas mãos e disse: “Tomai e comei, isto é meu Corpo”. Tomou o cálice de vinho e disse: “Tomai e bebei, isto é meu Sangue” (Lc 22, 19-20).
51. A quem Jesus deu poder de mudar pão em Seu Corpo e vinho em Seu Sangue?
Jesus deu este poder aos sacerdotes; eles, na Santa Missa, em nome e na Pessoa de Cristo, mudam pão em Corpo e vinho em Sangue de Jesus. Somente os sacerdotes têm este poder dado por Jesus, para transubstanciar o pão no Corpo e o vinho no Sangue de Cristo.
52. O que é a Santa Missa?
A Santa Missa é o mesmo sacrifício de Jesus na Cruz, só que de maneira incruenta (sem derramamento de sangue), porque o mesmo Corpo e o mesmo Sangue que Jesus ofereceu na Cruz ao Pai para salvar o mundo, Ele o oferece também na Missa.
53. Quem pode comungar?
Só pode comungar quem é batizado e está em estado de graça, isto é, sem pecado mortal (ou grave) desde o batismo ou desde a última confissão bem feita.
Além disso, a Igreja manda que todo fiel que vai comungar faça um pequeno jejum de uma hora antes da comunhão, podendo tomarem apenas água e remédios. No caso dos enfermos e dos idosos, podem comungar mesmo que não tenha dado uma hora de jejum.
54. O que acontece com aquele que comunga com pecado grave na alma?
Comete sacrilégio, que é um pecado grave, o qual tem consequências graves: “portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor (1 Cor 11,27).
Aquelas pessoas que vivem objetivamente em estado de pecado grave evidentemente não podem comungar. Por exemplo: os casados na igreja que se separaram e vivem uma segunda união, os maçons, os espíritas etc.
55. O que é o Sacramento da Confissão ou Penitência?
A Confissão é o Sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os nossos pecados. Como dizia S. Josemaria Escrivá, a confissão é o “sacramento da alegria” porque nos devolve a amizade com Deus e com os demais.
56. Quem perdoa os pecados?
É Jesus Cristo, por meio de seus sacerdotes, na Igreja Católica. “Recebei o Espírito Santo. A quem vós perdoardes os pecados, a eles serão perdoados. A quem não perdoardes os pecados, estes não serão perdoados” (Jo 20,22-23).
57. O que é necessário para uma boa Confissão?
1. Exame de consciência (lembrar-se de todos os pecados, ao menos dos mortais); 2. Contrição: arrepender-se dos pecados e pedir perdão a Deus; 3. Bom propósito de não pecar mais; 4. Confissão: dizer os pecados ao sacerdote (no que se refere aos mortais: dizer quais e quantas vezes os cometeu); 5. Satisfação: rezar a oração ou fazer uma obra que o sacerdote mandou.
58. Quem deve se confessar?
Quem cometeu um pecado grave e está em estado de pecado mortal deve se confessar o quanto antes.
59. Que é o Sacramento dos enfermos?
É o Sacramento dado por Jesus para consolar e confortar os doentes; para fortalecer os idosos e pessoas que estão para morrer.
60. Que é o Sacramento da Ordem?
“É o sacramento graças ao qual a missão confiada a Cristo a seus apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos” (Comp. 322).
61. Que é o Sacramento do matrimônio?
Pelo Sacramento do matrimônio, um homem e uma mulher se casam no Senhor e Deus os abençoa e lhes dá as graças para viverem em paz e amor e cumprir os seus deveres de pais.
Não se entende como determinados grupos religiosos cristãos permitem as segundas núpcias depois de um casamento fracassado. Mt 19,3-9 deixa bem claro que o casamento é indissolúvel, até que a morte os separe. Veja também Mc 10,1-9. São Paulo explicita o assunto em 1 Cor 7,1-11. Veja ainda Rom 7,2-3. Diante de Deus não é solução mudar de igreja só porque na outra igreja é possível casar de novo e ficar com a consciência “tranquila”. O cristão católico que está com esse problema deve procurar o padre da sua igreja e conversar com ele; sem dúvida ele vai dar a esse cristão uma orientação segura sobre o assunto, mas de acordo com o Evangelho de Jesus Cristo.
62. Quais são os mandamentos da Lei de Deus?
1. Amar a Deus sobre todas as coisas; 2. Não tomar Seu Santo Nome em vão; 3. Guardar os domingos e festas de guarda; 4. Honrar pai e mãe; 5. Não matar; 6. Não pecar contra a castidade; 7. Não furtar; 8. Não levantar falso testemunho; 9. Não desejar a mulher do próximo; 10. Não cobiçar as coisas alheias.
63. Quais são os mandamentos da Igreja?
1. Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda [Festas de guarda: 01 de janeiro, Santa Maria Mãe de Deus; Corpus Christi; 8 de dezembro, Imaculada Conceição, e 25 de dezembro (Natal do Senhor)]; 2. Confessar-se ao menos uma vez por ano; 3. Comungar ao menos pela Páscoa da ressurreição; 4. Jejuar e abster-se de carne (na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa); 5. Ajudar a Igreja em suas necessidades.
64. O que é o pecado?
Pecado é uma desobediência voluntária à Lei de Deus ou da Igreja.
65. O que é o pecado mortal?
É uma desobediência grave à Lei de Deus ou da Igreja feita com pleno conhecimento e pleno consentimento. Por exemplo: abandonar a Igreja verdadeira e procurar seitas, maçonaria ou espiritismo; faltar à Missa nos domingos e dias santos por comodismo ou negligência; desobedecer ou ofender gravemente os pais; ferir gravemente ou matar o próximo; ter ódio contra o outro; praticar atos sexuais (fora do casamento) ou sozinho; prostituição; adultério; roubar coisas importantes ou praticar grave injustiça; levantar grave calúnia contra o próximo; uso de drogas; injúria e difamação graves.
66. Quais são os pecados capitais?
Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça.
67. Que é a morte?
Na morte a alma se separa do corpo e entra na eternidade para ser julgada por Deus.
68. Qual é o julgamento de Deus após a morte?
Cada homem será julgado logo depois da morte (cf. Hb 9,27). Quem morrer em estado de graça, sem pecado grave na consciência, será salvo; quem morrer com pecado grave na alma, é separado de Cristo, será condenado para sempre.
69. Que devemos fazer para que a morte não nos encontre despreparados, isto é, sem estar no estado de graça?
Devemos evitar, custe o que custar, o pecado grave. Mas se por fraqueza nossa, cairmos em falta grave, é preciso nos arrependermos, pedir perdão a Deus e nos confessarmos com um sacerdote logo que for possível.
70. Há ressurreição do corpo?
No fim do mundo, todos os homens ressuscitarão. A alma se unirá novamente ao corpo. Então, segue o grande Juízo Final: os maus serão condenados para o fogo do inferno e os bons irão com Jesus para o Céu.
71. O que é o inferno?
O inferno é o sofrimento eterno; estar separado de Deus para sempre.
72. O que é o Céu?
O Céu é a alegria e felicidade eternas. Unidos a Cristo para sempre.
Os olhos não viram e nem os ouvidos ouviram nem o coração jamais imaginou o que Deus preparou para aqueles que O amam (1Cor 2,9).
73. O que é o Purgatório?
É um estado de purificação para aqueles que morreram na graça de Deus, mas ainda não estão completamente purificados. Deus é santo e, portanto no céu só podem entrar os santos. Pode acontecer que quando morrermos ainda não sejamos santos; logo, não poderemos entrar no céu. Também pode acontecer que morramos imperfeitos, porém sem pecado mortal; logo, não poderemos ir para o inferno. Não poder ir para o céu por não ser santo, não poder ir para o inferno por não ter pecado mortal… Para onde ir? Para o purgatório.
Catecismo da Igreja Católica:
1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu.
1031. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório sobretudo nos concílios de Florença (622) e de Trento (623). A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura (624) fala dum fogo purificador: «Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfémia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há-de vir» (625).
1032. Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos: «Socorramo-los e façamos comemoração deles. Se os filhos de Job foram purificados pelo sacrifício do seu pai (627) por que duvidar de que as nossas oferendas pelos defuntos lhes levam alguma consolação? […] Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer por eles as nossas orações» (628).
74. Quais são os dons do Espírito Santo?
Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Santo Temor de Deus.
75. Quais são as obras de misericórdia?
São 14: 7 são corporais e 7 são espirituais.
Corporais: dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; visitar os doentes e encarcerados; dar pousada aos peregrinos; remir os cativos; enterrar os mortos.
Espirituais: dar bons conselhos; ensinar os ignorantes; consolar os tristes; corrigir os que erram; perdoar as injúrias; sofrer com paciência as fraquezas do próximo; rogar a Deus pelos vivos e defuntos.
76. Quais são as 8 bem-aventuranças?
1. Bem-aventurados os pobres em espírito (isto é, os desapegados dos bens materiais), porque deles é o reino dos céus.
2. Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra.
3. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
4. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
5. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
6. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
7. Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus.
8. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor à justiça, porque deles é o reino dos céus.
77. Quais são as orações diárias do cristão?
O bom cristão reza de manhã, à noite, na hora das refeições; e nos domingos e dias santos vai à Missa.
O sábado, celebração da criação e do repouso de Deus, era figura da realidade que o domingo significa: a nova criação e o repouso eterno iniciados com a ressurreição do Senhor Jesus. O apóstolo Paulo deixou bem claro que os cristãos já não devem sentir-se vinculados ao sábado: “ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo” (Cl 2,16-17). Santo Inácio de Antioquia (+110 d.C.) explicou aos cristãos de Magnésia a passagem do sábado para o domingo da seguinte maneira: “aqueles que viviam na antiga ordem das coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte” (Aos Magn., 9,1). Outras passagens sobre o domingo: At 20,7; 1 Cor 16,2; Ap 1,10.
78. É bom o cristão participar de um movimento comunitário da Igreja?
É aconselhável ao cristão participar de um movimento comunitário da Igreja para conhecer e viver melhor a sua fé, para viver mais unido a seus irmãos na oração e na caridade e participar das promoções em favor dos pobres.
79. O que diz a Igreja sobre a heresia?
Segundo o novo Código de Direito Canônico (de 1983), “chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela” (cân 751). E no cânon 1364-1, a nova legislação eclesiástica determina que o “o herege incorre automaticamente em excomunhão”, isto é: deve ser excluído da recepção dos sacramentos (cân 1331-1), não pode ser padrinho de batismo (cân 874), nem da crisma (cân 892) e não lhe será lícito receber o sacramento do matrimônio sem licença especial do bispo (cân 1071) e sem as condições indicadas pelo cânon 1125. Também não pode ser membro de associação ou irmandade católica (cân. 316).
80. O que a Igreja ensina sobre o Espiritismo?
Que é um erro contra a fé e que, portanto, os católicos não podem dele participar. Ao pregar a reencarnação, o espiritismo nega todo o valor da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, pela nossa salvação. O espírita nega a Misericórdia Divina que nos salva. O espírita afirma que cada um se salva por si mesmo, pagando os pecados através de várias vidas (reencarnações) e que, portanto, não existe o inferno. Ora, Jesus morreu pelos nossos pecados para nos livrar exatamente do demônio e do inferno, e isto justamente porque não podemos nos salvar por nós mesmos.
Vejamos o que diz a Epístola de São Paulo Apóstolo aos hebreus – capítulo 9, versículos 27 e 28: “E, assim como está decretado que os homens morram uma só vez, e que depois disso se siga o juízo, assim também Cristo se ofereceu uma só vez para apagar os pecados de muitos; a segunda vez aparecerá, não por causa do pecado, mas para salvação daqueles que O esperam”.
81. O que diz a Igreja sobre a Maçonaria?
Na Ata da Sede Apostólica 73, de 16 de novembro de 1983 está decretado pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé: “Permanece inalterado o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão. O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação.”
82. Por que a Igreja decide assim sobre a Maçonaria?
Eis os motivos:
1. O relativismo e o subjetivismo maçônico negam todo dogma.
2. Exclui-se o conhecimento objetivo da verdade.
3. A maçonaria é “deísta”: seu “deus” é neutro, impessoal, nada parecido com o Pai e Senhor dos cristãos.
4. Não se admite nenhuma “revelação” de Deus.
5. O conceito maçônico de “tolerância” rejeita o magistério da Igreja.
6. Não há lugar para a ação da Graça divina no crescimento moral do homem.
7. O maçom assume compromissos secretos, para a vida e para a morte, incompatíveis com a liberdade cristã.
83. O Que diz a Igreja Católica sobre o horóscopo?
“Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recursos a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõem “descobrir” o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns esconde uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e finalmente sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Estas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus” (Cat. 2116).
Símbolo da Fé (apostólico)
Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e mortos. Creio no Espírito Santo. Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.
Lugar, e data.
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Na Plena Comunhão com a Igreja Católica
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Pároco
Apêndice C
Exame de consciência para crianças
Como confessar-me? Jesus é muito bom, ele é meu amigo. Direi ao bom Deus, através do padre, os meus pecados para receber o perdão. Antes, farei o meu exame de consciência para estar bem arrependido de todos os meus pecados, que são ofensas ao bom Deus. Ao chegar ao confessionário, farei o Sinal da Cruz e direi ao padre quanto tempo eu não me confesso; depois direi com calma os meus pecados. Não preciso ter medo, os padres também são muito bons. Depois o padre me dirá algum conselho e me imporá uma penitência. Escutarei atentamente e depois rezarei o ato de contrição. Finalmente, receberei a absolvição (perdão) de todos os meus pecados e ficarei muito feliz e mais amigo de Jesus.
Ato de contrição: Senhor Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, que sou um (a) pecador (a).
Breve exame de consciência
1. Deixei de confessar algum pecado grave por vergonha?
2. Deixei de cumprir a penitência que o sacerdote me impôs nas minhas confissões anteriores?
3. Deixei de fazer as minhas orações diárias?
4. Faltei o respeito a Deus, a Nossa Senhora ou os santos?
5. Faltei a Missa aos domingos e/ou dias santos de guarda (Natal do Senhor, 25 de dezembro; Mãe de Deus, 1º de janeiro; Corpus Christi; Imaculada Conceição, 8 de dezembro)?
6. Faltei o respeito aos meus pais ou aos meus superiores?
7. Comportei-me mau na escola? Não fiz as minhas tarefas?
8. Maltratei alguém com palavras ou ações? Bati nos meus irmãos e nos meus amigos?
9. Causei intrigas?
10. Vi ou fiz coisas indecentes?
11. Utilizei roupas indecentes?
12. Peguei dinheiro ou coisas escondidas de alguém?
13. Falei mal dos outros?
14. Fui guloso?
15. Fui egoísta e não quis partilhar as minhas coisas com os meus amigos?
Apêndice D
Exame de consciência para Adultos
Como se Confessar? É muito importante fazer o exame de consciência, especialmente para conseguir de Deus o arrependimento dos pecados cometidos, condição imprescindível para receber o perdão no Sacramento da Confissão. Ao chegar ao confessionário, faça o Sinal da Cruz e diga ao sacerdote quanto tempo não se confessa. Em seguida, diga-lhe quais foram os pecados cometidos e, no caso de pecados mortais, diga também (ao menos aproximadamente) quantas vezes os cometeu. Depois escute os conselhos que o sacerdote lhe dará e aceite a penitência que o padre lhe imporá. Em seguida, diga o ato de contrição e receba a absolvição de todos os pecados.
Ato de contrição: Senhor Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, que sou um (a) pecador (a).
Breve exame de consciência
Deixei de confessar algum pecado grave, ou conscientemente disfarcei ou escondi tal pecado? (Esconder deliberadamente um pecado mortal invalida a confissão, e é igualmente pecado mortal).
Deixei de cumprir a penitência que o sacerdote me impôs?
Abandonei a fé católica ou frequentei outras igrejas ou grupos religiosos?
Associei-me a sociedades secretas (por exemplo, maçonaria)?
Deixei de fazer as minhas orações diárias?
Desrespeitei a Deus, a Nossa Senhora ou os santos?
Faltei a Missa aos domingos e/ou dias santos de guarda (Natal do Senhor, 25 de dezembro; Mãe de Deus, 1º de janeiro; Corpus Christi; Imaculada Conceição, 8 de dezembro)?
Comunguei em pecado mortal (sacrilégio)?
Faltei o respeito aos meus pais ou aos meus superiores?
Matei alguém? Maltratei alguém com palavras ou ações?
Utilizei drogas ou induzi outros a usá-las?
Pequei contra a castidade? Sozinho ou com alguém? Com homem ou com mulher?
Tive relações sexuais antes do casamento?
Fui responsável com as minhas obrigações matrimoniais no que diz respeito ao amor à (ao) minha (meu) esposa (o) e à geração e educação dos filhos? Cortei as fontes da vida?
Vi coisas pornográficas? Incitei outros a vê-las?
Pensei ou desejei coisas que vão contra a virtude da castidade?
Utilizei roupas indecentes? (a modéstia é muito importante: ela guarda o nosso corpo, templo do Espírito Santo, e evita que outros pequem por causa de nós).
Roubei alguém? Atrasei o pagamento dos meus funcionários? Pago-lhes o salário justo?
Prejudiquei gravemente alguém por palavras, fofocas, calúnias, maledicência, mentiras?
Abusei da comida ou da bebida?
Ajudei a Igreja em suas necessidades? (o dízimo é uma expressão visível da ajuda que se pode prestar à Igreja, mas também é preciso estar atento a outras necessidades da sua paróquia, também as espirituais).
Apêndice E
Proposta de Encontro para Universitários
– É importante a presença do sacerdote para conversar com os jovens, atender-lhes as confissões e pregar todas as meditações que, de preferência, sejam dadas diante na Capela do Santíssimo
– É importante que as aulas sejam dadas por pessoas que tenham a formação suficiente e, de preferência, que ocupem cargos estratégicos na sociedade
– As tertúlias são reuniões informais nas quais os jovens podem partilhar, trocar impressões e chegar à amizade;
– É bom que o filme da sexta-feira seja um filme secular e não religioso e que o vídeo do sábado seja religioso ou com sentido cristão em geral.
– Logicamente os temas que estão abaixo são sugestões. Cada encontro pode ter sua própria temática
– Responsável pelo filme e notebook
– Responsável pelo Datashow
– Responsável pelos horários (despertar etc.)
– Responsável pelos esportes
– Responsável pelo churrasco
– Responsável pelos jogos culturais
Sexta-feira, 03 de julho
18:00 – sair, desde a paróquia
19:00 – explicação do encontro
19:30 – jantar
20:15 – tertúlia
21:00 – terço, mistérios dolorosos
21:30 – filme
Sábado, 04 de julho
07:00 – despertar
07:30 – meditação : O Espírito Santo na Igreja
08:00 – santa missa
08:30 – café da manhã
09:30 – aula: socialismo, marxismo, comunismo
10:30 – aula: teologia da libertação
11:30 – esporte
13:00 – almoço
13:30 – tertúlia e tempo livre
14:55 – Visita ao Santíssimo
15:00 – aula: ideologia de gênero
16:15 – tempo livre
16:45 – meditação: O Espírito Santo na alma do fiel
17:30 – palestra: pureza de coração e virtude da castidade
18:00 – terço, mistérios gozosos
18:30 – vídeo sobre algo edificante
19:00 – tempo livre
20:00 – churrasco e jogo cultural
23:00 – descanso
Domingo, 05 de julho
07:30 – despertar
07:15 – Missa para a equipe de trabalho
08:00 – Meditação: Os dons do Espírito Santo
08:30 – café da manhã
09:15 – aula: As fontes da moral cristã
10:15 – palestra: A conquista das virtudes
11:15 – esporte
13:00 – almoço
13:30 – tertúlia e tempo livre
14:55 – Visita ao Santíssimo
15:00 – aula: Lei divina, Lei natural, leis positivas
16:15 – tempo livre
16:45 – meditação: Dar frutos
17:30 – aula: A nova Lei
Apêndice F
Proposta de Formação para Casais Jovens
(De preferência a cada 15 dias)
I – Oração do Terço
II – Pequeno comentário do Evangelho
III – Exame de consciência
1. Sou consciente de que ser cristão é a mesma coisa que está destinado à santidade? Procuro colocar os meios para alcançá-la através do exercício da minha profissão e da minha vida ordinária que envolve família, trabalho, diversões e outras relações sociais?
2. Tenho Deus como centro e norte de minha vida, ou de fato sirvo aos ídolos como o egoísmo, a vaidade, o interesse, o dinheiro etc?
3. Rezo todos os dias? Tenho um pequeno plano de vida espiritual diário que procuro cumprir com total fidelidade consciente de que não há santidade sem oração e penitência?
4. Amo e vivo a Santa Missa intensamente todos os domingos e dias santos e, se possível, até algum outro dia durante a semana?
5. Recorro com frequência ao sacramento da confissão (todo mês, por exemplo) consciente de que esse sacramento devolve a alegria e a juventude à minha alma?
6. Procuro aprofundar cada vez mais na minha fé, no conhecimento do Evangelho e da doutrina católica? Dedico o tempo necessário a essa formação ou me contento com saber as coisas superficialmente?
7. Percebo que a maior parte das minhas mágoas e ressentimentos procede muito mais do meu orgulho e do meu egoísmo, do que das faltas dos outros?
8. Percebo que, com frequência, a origem da falta de paz familiar se encontra no comodismo, que faz com que nos aborreçam coisas normais, que deveríamos aceitar com mais espírito de sacrifício?
9. Sei compreender os problemas dos outros, especialmente de meus familiares, colocando-me na situação deles, tendo paciência e facilitando o diálogo?
10. O meu convívio familiar é uma sementeira de paz e de alegria? Sacrifico-me generosamente para facilitar aos outros o cumprimento do dever?
11. Tenho a preocupação de evangelizar, de aproximar os outros de Deus, consciente de que este é o maior bem que lhes posso fazer?
12. Nas minhas conversas, procuro defender os valores cristãos, de um modo sereno e amável, mas sem covardia e inibição?
13. Assisto passivamente à difusão de ideias e costumes anticristãos (por exemplo, através de novelas e filmes imorais) ou procuro contribuir ativamente para a defesa dos valores cristãos, com os meios que se encontram ao meu alcance?
14. Cuido com especial esmero da formação cristã dos meus filhos, dedicando-lhes todo o tempo e atenção que sejam necessários?
15. Sou consciente de que a minha missão como católico é animar com o espírito cristão as atividades seculares e colocar os meios, também através da minha paróquia, para que outros compreendam essa missão?
Todos se levantam e rezam o confesso a Deus todo-poderoso
V – Palestra (Talvez seja interessante começar com o estudo da Humanae Vitae, do Papa Paulo VI, sem pressa, cada encontro se vai progredindo)
VI – Avisos
VII – Oração final: Pai-nosso, Ave-Maria, Glória
Apêndice G
Sugestão de panfleto a ser distribuído na evangelização junto às famílias, em suas casas
O QUE VOCÊ PRECISA SABER URGENTEMENTE NA SAGRADA ESCRITURA?
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32)
1) DEUS?
Há um só Deus (Deut 4,35-39; Jo 17,3). Ele é o Criador de todas as coisas (Gn 1,1; Col 1,16s) e governa todas as coisas (Is 40,26; Jer 5,22). O seu nome é “Eu sou aquele que sou”, isto é, Javé (Ex 3,14-15); os judeus, para não pronunciarem esse nome santo, utilizavam “Adonai” (Senhor) ao falar de Deus. O seu nome não é Jeová, pois Jeová nada mais é que a junção de Javé com Adonai. Deus é amor (Jo 3,16; Rom 5,8s) e é Juiz universal (Ez 5,11-17; Rom 2,2-11).
O único Deus que existe é três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo (Mistério da Santíssima Trindade); não existem três deuses, mas um só Deus em três Pessoas realmente distintas entre si (Mt 28,19; Jo 17,6; Jo 8,1; Jo 14,15-19). Deus não é três deuses distintos, pois não se trata de “três indivíduos diferentes, fisicamente distintos um do outro”. O cristão professa que a “única realidade” (= substância) chamada Deus existe em três Pessoas distintas, não separadas. Cada uma das Pessoas divinas é toda a totalidade da divindade: como há identidade de substância e essa substância está de maneira total em cada uma das Pessoas, segue-se que há um só Deus, não vários.
2) O SALVADOR?
Jesus é o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se fez homem (Mistério da “Encarnação” = tornar-se carne, tornar-se homem) para nos salvar (Jo 1,1.14). “Jesus” significa “Deus Salva”. “Cristo” significa “ungido”. Jesus Cristo é o único Salvador dos homens (Mt 1,20-21; At 4,11-12).
3) A IGREJA?
Há uma única Igreja (assembleia) fundada por Jesus Cristo (Mt 16,8; Mt 18,17; Jo 17,4). Ela é coluna e fundamento da verdade (1 Tim 3,15). A Igreja é Una (Jo 17,20-23; 1 Cor 12,12s), Santa (Jo 17,17ss; Ef 1,4; Tit 2,14), Católica (isto é, universal: Mt 24,14; At 2,5-11; At 10,9-16), Apostólica (Mt 18,18; At 1,12-26; Ap 21,4). Devemos obedecer à Igreja (Lc 10,16; Rom 13,5; Heb 13,7).
4) MARIA?
É a Mãe de Jesus e, portanto, é a Mãe de Deus (Mt 1,18; Lc 1,41ss). É a mulher da promessa (Gn 3,15 e Jo 19,25-27). É louvada por Jesus Cristo por ter feito perfeitamente a vontade de Deus (Mt 12,46-50). Maria é louvada pelo anjo Gabriel (Lc 1,28) e por sua parenta Isabel (Lc 1,42-44). Ela profetiza, sob a ação do Espírito Santo, que todos os povos vão honrá-la (Lc 1,48). Por sua intercessão acontece o primeiro milagre de Jesus Cristo (Jo 2,1-11). A Igreja sempre se reúne com Maria, a Mãe de Jesus (At 1,13-14). Maria é a figura da própria Igreja: na mulher do Apocalipse podemos ver tanto a Igreja quanto Maria (Ap 12,1-18). Quando a gente une Lc 1,18 e Lc 1,48 temos a primeira parte da oração “Ave-Maria” rezada no terço; a outra parte da “Ave-Maria” é uma resposta da Igreja à dignidade de Nossa Senhora e súplica ao seu poder intercessor perante o seu Filho.
5) OS SANTOS?
O Apóstolo Paulo fala que os fieis da Igreja que estavam em Corinto eram “santificados em Jesus Cristo, chamados à santidade” (1 Cor 1,2). Todos nós fomos predestinados “para sermos santos” (Ef 1,4). Ao escrever ao Filipenses, São Paulo fala se dirige “a todos os santos em Jesus Cristo”. Paulo já era venerado em vida (At 19,11-12) e o mesmo se diga dos outros apóstolos. Os santos da Igreja Católica são, portanto, homens e mulheres que amaram muito a Deus e cuja vida continua servindo de exemplo para nós. E não é verdade que eles estão dormindo, pois segundo Hb 9,27, logo após a morte vem o juízo particular e, consequentemente, o prêmio para os seus santos. Eles clamam a Deus a nosso favor (Ap 6,9-11). A oração deles está diante de Deus (Ap 8,4).
6) INTERCESSÃO DOS SANTOS?
Eliseu, santo homem de Deus, tinha poder diante de Deus até depois de morto (2 Re 13,20-21). O Deus de Abraão é Deus de vivos; e, contudo, é Deus de Abraão e de outros que já morreram e estão em sua presença (cf. Mt 22,32-33). As passagens citadas sobre os santos que clamam e sua oração também falam de sua intercessão (Ap 6,9-11; Ap 8,4). Um bispo cristão do século IV escrevia: “comemorarmos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas” (Cirilo de Jerusalém, Catequeses Mistagógicas).
7) AS IMAGENS?
Ex 20,4 proíbe fazer imagens. Ex 25,18-22 ordena fazer imagens (!?). Ou a Bíblia se contradiz ou faremos uma interpretação correta desses textos. É simples: em Ex 20 Deus proíbe as imagens da idolatria, em Ex 25 permite as imagens da piedade religiosa monoteísta. Um cristão, ao fazer uma imagem, não a faz para idolatrá-la, mas como símbolo de outra realidade que ele simplesmente venera (não idolatra). Idolatria é dar “adoração de latria a um ídolo”. Ora, nenhum cristão chama as suas imagens de “ídolos” (porque não os chama “deuses”) nem, consequentemente, as idolatra. Em Nm 21,4-9, Deus mandou Moisés fazer a imagem de uma serpente que se colocou num poste para a cura dos israelitas; essa serpente “pregada” num poste é símbolo de Cristo pregado na Cruz para nos curar (Jo 3,14). Veja ainda como Salomão enfeitou o Templo de Deus: 1 Re 6,23-38.
8) O CASAMENTO?
Não se entende como determinados grupos religiosos cristãos permitem as segundas núpcias depois de um casamento fracassado. Mt 19,3-9 deixa bem claro que o casamento é indissolúvel, até que a morte os separe. Veja também Mc 10,1-9. São Paulo explicita o assunto em 1 Cor 7,1-11. Veja ainda Rom 7,2-3. Diante de Deus não é solução mudar de igreja só porque na outra igreja é possível casar de novo e ficar com a consciência “tranquila”. O cristão católico que está com esse problema deve procurar o padre da sua igreja e conversar com ele; sem dúvida ele vai dar a esse cristão uma orientação segura sobre o assunto, mas de acordo com o Evangelho de Jesus Cristo.
9) O DOMINGO?
O sábado, celebração da criação e do repouso de Deus, era figura da realidade que o domingo significa: a nova criação e o repouso eterno iniciados com a ressurreição do Senhor Jesus. O apóstolo Paulo deixou bem claro que os cristãos já não devem sentir-se vinculados ao sábado: “ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo” (Cl 2,16-17). Santo Inácio de Antioquia (+110 d.C.) explicou aos cristãos de Magnésia a passagem do sábado para o domingo da seguinte maneira: “aqueles que viviam na antiga ordem das coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte” (Aos Magn., 9,1). Outras passagens sobre o domingo: At 20,7; 1 Cor 16,2; Ap 1,10.
10) O PAPA?
Cristo fundou a sua Igreja e quis nela doze Apóstolos, à frente dos quais colocou Pedro: Mc 1,16-20; Mt 18,18; Mt 19,28; Mt 28,19; Mc 3,13-19; Lc 6,13; Lc 10,1-20; Lc 22,19. Pedro e os demais Apóstolos morreram, mas a Igreja continuou. A frente dela ficaram aqueles sucessores dos Apóstolos (At 20,28-31; 1 Tim 4,6-16). Pedro tinha a primazia entre os Apóstolos (Mt 16,18), mas ele morreu em Roma cerca do ano 67 d. C. Foram os sucessores de Pedro na Igreja Romana que continuaram governando a Igreja: Lino, Cleto, Clemente, Evaristo, Alexandre, Sisto, Telésforo, Higino, Pio, Aniceto, Sotero, Eleutério, Vítor,… Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI, Francisco: 266 papas até agora! Dizia Ambrósio de Milão (século IV): “a Igreja, maior, mais antiga e mais conhecida de todos, fundada e estabelecida em Roma pelos gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo… Com esta Igreja, devido à sua mais excelente autoridade de fundação, é preciso que concordem todas as Igrejas; quer dizer, os fieis que se encontram em todas as partes” (Comentário ao Salmo 21).
***
Esta é a sua família! Não tarde mais. Estamos a esperar você de braços abertos! Os nossos padres vão recebê-lo como filho (a) que estava afastado, mas que agora volta à casa do Pai. Faremos festa por sua causa! Seja bem-vindo!
Apêndice G