Neste XIV Domingo Comum, a Palavra de Deus apresenta-nos um Rei. Ei-Lo, como a Primeira Litura no-Lo descreve: Ele é o Rei de Israel, que vem ao encontro do Seu Povo; é um novo Salomão, um novo Davi: vem montado num jumentinho, como o Pacífico Salomão no dia da sua entronização: “O Rei Davi ordenou: ‘Fazei montar na minha mula o meu filho Salomão!” E o povo aclamou: “Como o Senhor esteve com o senhor meu Rei, que Ele esteja com Salomão e que Ele exalte o seu trono mais do que o trono de Davi!” (1Rs 1,33.37) Esse bendito Rei, que vem ao encontro do Seu Povo é justo, isto é, santo, cumpridor da vontade do Senhor Deus, é humilde, eliminará os carros de guerra porque é pacífico, anunciará a paz às nações e estenderá o Seu domínio até os confins da terra!
Quem é este Rei? Certamente, caros irmãos, o Profeta Zacarias estava falando de um Rei que viria, está referindo-se ao Messias, o Ungido do Senhor, esperado, desejado de Israel!
Então, prestai bem atenção: esse Rei é o nosso Jesus, novo Davi, verdadeiro Salomão, homem do Shalom, Príncipe da Paz! É Ele, Rei pacífico, o que no Evangelho de hoje declara solenemente: “Tudo Me foi entregue por Meu Pai!”
Sim, Ele é o Senhor, igual ao Pai, Deus como o Pai, que com o Pai tem uma relação de reciprocidade, de igualdade: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai e ninguém conhece o Pai, senão o Filho!”
Tão grande, tão santo, tão Deus e, no entanto, Ele nos convida: “Vinde a Mim! Aprendei de Mim! Eu sou manso e humilde de coração! Vós encontrareis descanso, pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve!”
Jesus é sim o Messias-Senhor, Jesus é sim o Deus vivo e verdadeiro que por nós Se fez homem, Jesus é sim o Rei que vem visitar o Seu povo, Seu novo Povo, que é a Igreja! Mas, atenção: Sua vinda é para salvar:
Ele Se fez um de nós, um conosco: vem manso e humilde de coração, pobre, compreensivo de nossas misérias, pronto para nos acolher no aconchego do Seu coração e nos redimir e nos restaurar para que, Nele, sejamos novas criaturas!
Mas, cuidado! Aqui não se trata de umas ideias melosas, sentimentais! Não! Quando o Senhor nos convida a encontrar descanso Nele, está nos chamando à conversão à Sua Pessoa, a confiar Nele e a Ele entregar a nossa vida. Por isso mesmo, afirma: “Escondeste, Pai, estas coisas aos sábios e entendidos”, isto é, aos autossuficientes, ao que pensam que se bastam e podem fazer do seu jeito, vivendo a vida como se Deus não existisse, como se de Deus não precisassem!
Os “pequeninos” que aceitam Jesus e correm para repousar no Seu Coração são aqueles que desejam romper com a situação de pecado, vivendo a vida nova de filhos de Deus no Filho Jesus! Desses, São Paulo afirma na Segunda Leitura: “Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito”, pois tendes o Espírito Santo de Jesus! E vede, Irmãos meus, a sentença clara do Apóstolo: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo – isto é, não vive segundo o Santo Espírito de Cristo, deixando-se por Ele guiar – não pertence a Cristo!”
Portanto, nada de sentimentalismo meloso, nada de uma misericórdia desfibrada, descomprometida com a conversão: “Temos uma dívida não para com a carne – isto é, o pecado, o espírito do mundo, o viver segundo a nossa lógica -, para vivermos segundo a carne. Pois, se viverdes segundo a carne morrereis, mas se, pelo Espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis” a Vida nova no regaço do Coração do Rei manso e humilde!
Queridos Irmãos, vamos a Jesus que veio a nós como Rei pacífico! Que seja Ele o nosso Mestre, que seja o Seu Evangelho a nossa luz, que seja o Seu caminho a nossa verdade! Não podemos tranquilamente os dizer cristãos vivendo segundo uma mentalidade mundana ou mesmo vivendo segundo a nossa lógica! Ser discípulo do Senhor, ir até Ele, que nos convida “Vinda a Mim!”, exige – exigirá sempre! – o trabalhoso e constante processo de conversão!
Seria uma triste engano, seria uma mentira pensar que alguém pode ser cristão desrespeitando os preceitos do Senhor, vivendo de modo contrário a norma recebida Daquele que é manso e humilde de Coração. Duvidais disto? Então ouvi: “Se Me amais, observareis Meus mandamentos! Se alguém Me ama, guardará Minha palavra e Meu Pai o amará e a ele viremos e Nele estabeleceremos morada!” (Jo14,15.23) Que fique claro: não é qualquer amor que é cristão, não é uma conversa mole de uma amor qualquer que nos faz discípulos de Cristo! Amor verdadeiramente cristão, que nos une ao Senhor e aos irmãos, é aquele que brota do amor ao Cristo Jesus e do compromisso com Seus preceitos! Isto é viver segundo o Espírito, isto é estar aberto para o Senhor, isto é correr a corrida da vida para repousar no Seu Coração!
Que Jesus nosso Senhor nos conceda uma vida assim, Ele que é Deus bendito pelos séculos dos séculos. Amém.