Homilia Terça-feira VI Semana da Páscoa | Ano C

Não querem ver a realidade nem cumprir a missão

Terça-feira, 6ª Semana da Páscoa, C – At 16,22-34; Sl 137; Jo 16,5-11

O Espírito Santo “estabelecerá a culpabilidade do mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento” (Jo 16,8). Agora entendem porque a Igreja deve anunciar a realidade do ser humano pecador e redimido em Cristo, do ser humano que vai ser julgado e receberá um prêmio ou um castigo? 

Quando a Igreja resolve ser agente de solidariedade, promotora de paz e de justiça etc., ela corre um grande perigo de esquecer sua missão primordial. Não é, por acaso, o que temos visto nas últimas décadas? Ao mesmo tempo, o Senhor não abençoa os seus quando estes se decidem a trocar o primordial pelo secundário. A consequência é que diminui o número de católicos. De 94% católicos que éramos no Brasil na década de 60 do século XX a 49% que já somos na segunda década do século XXI foi o resultado de uma série de ações horizontais realizadas pelos filhos da Igreja na segunda metade do século XX. E, contudo, quiçá você que lê esse texto neste momento, será o primeiro a pensar que estou sendo pessimista. Veja só: número são número! Faça sua própria pesquisa.

Contudo, alguém me dirá que o importante não é a quantidade, mas a qualidade. Qualidade? E quem disse que os 49% vão todos à Missa, confessam-se periodicamente, dão testemunho de Cristo nesse imenso Brasil? Vejam como as nossas crianças terminam a primeira comunhão: não sabem os mandamentos nem os sacramentos, não são capazes nem de procurar um versículo bíblico com agilidade, não conhecem a doutrina católica quanto ao céu, o inferno e o purgatório, nem sabem a diferença entre comungar em estado de pecado mortal ou comungar em estado de graça, na verdade nem sabem o que é pecado mortal nem estado de graça. Será que temos qualidade mesmo?

Uma terceira argumentação que se levantará contra a realidade é dizer que o importante não é mais batizar as pessoas, aumentar o número de pessoas nas igrejas, mas fazê-las solidárias e engajadas na construção de uma sociedade melhor. Pronto! Voltamos para o ponto inicial. Qual é a missão da Igreja? O que o Espírito Santo veio fazer entre nós? Ele veio convencer o ser humano de que é pecador (Jo 16,8) para que se converta ao Deus vivo. E se não forem suficientes os argumentos anteriores, permitam-me terminar com a pergunta de Jesus: “Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?” (Lc 18,8).

Padre Françoá Costa
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