Homilia Terça-Feira da V Quaresma | Ano C

Ele é

Terça-feira –  V Semana da Quaresma – C – Nm 21,4-9; Sl 101; Jo 8,21-30

Essa palavra é muito forte: “Se não acreditardes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8,24). Será que você ainda se lembra daquela tragédia acontecida no Haiti no dia 12 de janeiro de 2010? Suponho que ela já esteja bem no fundo do baú da história, provavelmente bem esquecida por alguns magnatas da sociedade que bem poderiam continuar ajudando a esse pobre país, não só dando-lhes coisas, mas capacitando-lhes para que eles mesmos construam etapas de sua história. Jesus Cristo não quis associar os desastres, as tragédias, as crises econômicas e a morte dos inocentes ao pecado, porém, ao não associá-lo não nega que todos somos pecadores, nem exclui que o pecado sempre leva às tragédias, e a maior delas é estar longe de Deus!

Falar do pecado hoje em dia não está de moda. Em muitos ambientes perdeu-se quase totalmente o sentido do pecado. Os valores outrora desejados já não o são: a honra, a fidelidade, a lealdade à palavra dada, a castidade, o pudor, a sobriedade. Frequentemente o cristão parece ser alguém digno de compaixão: na sociedade atual, desenvolvida, cheia de meios técnicos, com respostas para quase todos os interrogantes, com a ampla possibilidade de desfrutar da vida e dos prazeres, existem ainda alguns que vivem o desprendimento dos bens materiais, a temperança, a honestidade, comprometem a liberdade “para sempre” no casamento ou no sacerdócio! E parece que a crise se aproxima: diante da sorte e aparente felicidade dos que não amam a Deus, realmente vale a pena seguir lutando pela santidade?

Por outro lado, não são esses valores humano-cristãos que explicam o que é o cristianismo no seu sentido mais profundo. A Igreja não foi fundada para oferecer uma ética, uma solução política ou aos problemas sociais. Ela recebeu a salvação de Jesus Cristo e tem como missão fazer com que todas as pessoas participem, em Cristo, dos bens da casa do Pai: que todos se salvem e cheguem aos céus! O cristianismo retira a auto-suficiência, filha do pecado original, que todo ser humano leva dentro de si. Quando uma pessoa se encontra com Deus, acredita no “EU SOU” que é Jesus (Jo 8,24), e, portanto, tem um encontro com a beleza da graça, percebe que é uma criatura e que está feia por causa do pecado. As primeiras atitudes do ser humano diante da divindade são: adoração ao reconhecer-se criatura, silêncio diante da realidade inefável e contemplada, humilhação de saber-se um pecador feio. Em seguida, o bom Deus infunde confiança e amor em nós ao dizer-nos aquele suave e firme não temais! Chegou a salvação! Eu sou a tua salvação!

Consideremos que Deus nos salva e nos chama a ser santos, ele nos ama apaixonadamente. Também deseja ser correspondido por nós. Peçamos ao Senhor que aumente o nosso amor para com ele, que é.

Padre Françoá Costa
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