Jairo: rico e humilhado
Terça-feira, 4ª Semana do Tempo Comum – C – 2 Sm 18,9-30-19,3; Sl 85; Mc 5,21-43
Hoje aproxima-se um homem importante de Jesus, pois era um chefe de sinagoga: Jairo. É bem sabido que sinagoga é um lugar de estudo do texto bíblico e de oração em torno às Escrituras Sagradas. Era, praticamente, o lugar que os judeus das diversas comunidades da dispersão se encontravam, já que não tinham o Templo por perto. Hoje em dia, o judaísmo, ao não ter Templo, tem um culto profundamente sinagogal. Pois bem, Jairo era chefe de uma Sinagoga. A Escritura não fala se antes ele tinha ou não preconceitos contra Jesus, o fato é que o mostra necessitado diante de Jesus: sua filha estava nas últimas e ele, pai desesperado, vai ao encontro de qualquer um que pudesse ajudá-lo.
Não deixa de ser interessante o fato de que se tratava de um homem importante no cenário judaico da época. Ao encontro de Jesus vão pessoas das classes mais baixas e de classes mais ricas. Todos querem estar perto do Senhor, principalmente quando urge alguma necessidade. De fato, não se deveria entregar Jesus somente a um tipo de público preferencialmente. Uma opção preferencial pelos pobres que exclua os ricos não está bem, tampouco combina com o Evangelho uma opção preferencial pelos ricos que exclua os mais necessitados. Certamente, quando se trata de fazer alguma estratégia, pode-se preferir um determinado bairro ou outra coisa semelhante. Mas tão somente por estratégia apostólica, sabendo que, finalmente, teremos que abraçar a todos.
São Josemaria Escrivá falava de si mesmo que era um sacerdote com os braços abertos, como Cristo na Cruz, para abraçar a todos: os da direita, os da esquerda, os do centro, todos. Um cristão não pode excluir ninguém do plano de salvação, já que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” ( 1 Tm 2,4). Nós também devemos ser assim: acolher a todos, a todos mostrar o plano de salvação, pedir conversão de todos, para que todos cheguem ao céu.
Não deixa de ser impressionante a atitude de Jairo, homem de alta posição, mas que, diante da necessidade urgente, se humilha aos pés de Jesus. De fato, ele “caiu a seus pés” (Mc 5,22). Precisamos ter essa maneira despojada de estar aos pés de Deus. Tenho por certo que é muito bom que nós, os seres humanos, passemos por tribulações, pois, frequentemente, é plano de Deus que nós tenhamos o nosso orgulho quebrado através das humilhações e das mais diversas provações. Em geral, as pessoas andam muito distraídas, afastadas de Deus, precisam de algum choque para não irem para o inferno, para se humilharem diante de Deus e colocarem-se rumo ao céu.
Padre Françoá Costa
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