Sexta-feira, 02/09/2022 – Lc 5,33-39
Cristão deve ser muito penitente?
O que fazer quando as pessoas pensam que nós os cristãos não somos tão ascetas,
tão penitentes, tão disciplinados, como os monges budistas ou os gurus da Índia? Nada.
Porque essas pessoas estão certas, já que não somos nem monges budistas nem gurus.
Somos pessoas normais, cristãos correntes, que recebemos uma grande graça: Deus nos
alcançou e nos uniu a ele. Comer pouco ou comer muito? Depende da quantidade de fome.
Fazer penitência de carne nas sextas-feiras ou substituir por outra penitência? Depende da
sua generosidade para com quem o amou a tal ponto de morrer por você na cruz. Acordar
às 05:15 ou às 09:00? Depende das tarefas que você tenha para aquele dia. Enfim, é muito
importante que tenhamos grande liberdade interior, a tal ponto que façamos as coisas por
amor a Deus.
O cristão não é um asceta budista nem um místico indiano; ele não está atado a
nenhum livro, por não seguir uma religião de livro; não se encontra amarrado por
mandamentos, já que os mandatos de Deus não amarram, mas libertam. Amo “a liberdade
da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,21) e não quero virar escravo de caprichos humanos
nem de doutrinas inventadas. Quando exigem a obediência de um cristão, certamente ele
obedecerá, contanto que os direitos de Deus, que é a sua Lei eterna, não estejam em jogo.
Se alguma autoridade, seja civil ou eclesiástica, mandasse um cristão realizar algo contra o
que Deus manifestou ser a verdade e o bem para nós através da Tradição e das Escrituras,
esse tal mereceria simplesmente o nosso desprezo, pois “importa antes obedecer a Deus
do que aos homens” (At 5,29).
Pe. Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta