Homilia Sexta-Feira XII Semana do Tempo Comum | Ano C

Coração humilde de Jesus

Sexta-feira, 12ª semana do Tempo Comum, C – Ez 34,11-16; Sl 22; Rm 5,5-11; Lc 15,3-7
Sagrado Coração de Jesus, Solenidade

A celebração do Sagrado Coração de Jesus está muito relacionada com Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690). De fato, Jesus apareceu-lhe entre os anos 1673 e 1675. Essa santa freira da ordem da visitação, entendeu que devia honrar o Coração de Jesus fazendo as comunhões reparadoras nas primeiras sextas-feiras do mês e uma hora de adoração ao Santíssimo Sacramento nas quintas-feiras, devia também promover um dia ao Sagrado Coração de Jesus.

Quanto àquelas pessoas que comungarem nas primeiras sextas-feiras do mês, Jesus disse através de Santa Margarida: “Prometo-te, pela Minha excessiva misericórdia e pelo amor todo-poderoso do meu Coração, conceder a todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, a graça da penitência final; não morrerão em minha inimizade, nem sem receberem os sacramentos, e Meu Divino Coração lhes será seguro refúgio nessa última hora”. Grande promessa que vai ao encontro da ovelha que se perdeu (Lc 15,4-7).

Adorar o Coração de Jesus é adorar o Cristo inteiro no seu mistério de amor e compaixão pela humanidade. Ele que é “manso e humilde de coração” ( Mt 11,29) quer que nós também o sejamos. Aprendamos continuamente a humildade do Senhor. De fato, como é desagradável estar perto de gente emproada, complicada e altiva. A mansidão e a humildade, além de serem virtudes que agradam o coração de Deus, são disposições que tornam mais fácil a convivência humana. O orgulho nos faz ridículos, a humildade nos mostra transparentes, pois – como dizia S. Teresa de Jesus – “humildade é andar na verdade”. C. S. Lewis explicava de maneira bastante clara o porquê Deus deseja ver-nos humildes: “Deus tenta nos tornar humildes para que seja possível o momento de lançarmos fora a tola e horrenda fantasia com que nos adornamos e que nos entravava os movimentos, enquanto a exibíamos por aí feito idiotas”. Falando bem claro: a humildade e a mansião revelarão o nosso autêntico “eu” e nos fará exultar em Deus.

Algumas pessoas acham-se tolamente muito importantes. Talvez ajude a explicar tal contradição a seguinte fábula tirada de Julio Eugi: uma mosca descansava sobre o chifre de um boi. Este balançou a cabeça, como faz habitualmente, e a mosca achou que o estava atrapalhando, e disse-lhe: – Se o meu peso o incomoda, pode dizer, que eu vou a outro lugar. O boi respondeu, divertido: – Muito obrigado pelo aviso, dona mosca, pois nem tinha percebido que a senhora estava aí.

Diante de Deus somos o que somos, nem mais nem menos, com qualidades e defeitos, com méritos e deméritos, gente boa com coisas não tão boas. É preciso ter bem claro tudo isso na própria vida para saber exigir os próprios direitos, cumprir os próprios deveres e dar a devida honra e glória a Deus. Ter a consciência bem formada na humildade nos ajudará também a não praticar a falsa humildade, que consiste, entre outras coisas, em negar as nossas qualidades ou em andar por aí expondo-as sem necessidade. Somos o que somos e o que somos devemos a Deus, a quem seja toda a honra e toda a glória através de nós e de nossas ações! E quanto à mansidão? Sem dúvida alguma, a mansidão vem pela humildade. Peçamos a Deus a humildade, e a mansidão também virá.

Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas se o sol fosse do tamanho duma bolinha de tênis, a terra seria uma esfera com 1 milímetro de diâmetro e… nós, quem seríamos? Mais uma: o universo tem uma idade de aproximadamente 14 a 18 bilhões de anos… o que significa viver 80 anos? A última: se fizéssemos um filme da história do universo que durasse um ano, talvez aparecêssemos em 0,17 segundos. Dizia S. Josemaria Escrivá: “É uma grande coisa saber-se nada diante de Deus, porque é assim mesmo” (Sulco 260).

Quem somos nós? O que somos diante de Deus… e nada mais! O importante é o que Deus pensa de nós: atuemos com retidão de intenção, sem exibicionismos, vivendo a humildade dos cavaleiros cristãos: com nobreza e em verdade. Nada de renunciar a direitos legítimos, nem de viver com uma mentalidade pegada a coisinhas de nada e sem metas. Isso não! Talvez nos dirão que somos orgulhosos, que nos vestimos bem ou coisas semelhantes… Mas a humildade não está necessariamente nessas coisas… A humildade? É andar na verdade!

Padre Françoá Costa
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