Homilia Sexta-feira VI Semana da Páscoa | Ano C

Nascimentos e alegrias

Sexta-feira, 6ª Semana da Páscoa, C – At 18,9-18; Sl 46; Jo 16,20-23

“No princípio” (Jo 1,1), assim começa o Evangelho segundo São João. Assim como o Antigo Testamento começa “no princípio” (Gn 1,1), assim também o Novo Testamento. É interessante observar que a Bíblia, que se abre com uma explicação do princípio de todas as coisas, termina desejando que a graça de Deus “esteja com todos” (Ap 22,21). E isso é possível pelo meio, ou seja, o princípio e o fim de tudo se encontram no meio. Mas esse meio já é o fim, o começo do fim.

Deu para entender? Comecei a nossa reflexão desse jeito porque Jo 16,21 fala da tristeza do parto e da alegria do nascimento de uma criança. Você sabia que Deus tem um nascimento eterno? Sua geração? Sem tristezas no Pai, esse nascimento só espira a alegria, que é o Espírito Santo. De maneira semelhante, Maria quando deu à luz o Menino Jesus não teve as tristezas do parto, somente as alegrias do nascimento temporal do Filho de Deus.

O mistério da encarnação é essencial à fé cristã. De fato, uma pessoa não pode ser nem dizer-se cristã se não crê nesses dois mistérios: 1º) há um só Deus em três pessoas realmente distintas: Pai e Filho e Espírito Santo (mistério da Santíssima Trindade); 2º) a segunda Pessoa da Santíssima Trindade se fez carne (se encarnou = mistério da encarnação), se fez homem, e se chama Jesus Cristo. Encarnação e reencarnação são totalmente diferentes e irreconciliáveis. Encarnação é o mistério de Deus que se fez carne; reencarnação é uma crença muito antiga que afirma que uma parte do ser humano subsistiria depois da morte ligando-se a outros corpos para conseguir determinados objetivos. A reencarnação é um dos pontos fundamentais do hinduísmo e do espiritismo. O cristianismo não aceita a reencarnação: “está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo” (Hb 9,27).

O mistério da encarnação é o meio da história e é, ao mesmo tempo, o princípio do fim. Jesus Cristo nasceu na “plenitude dos tempos” (Gl 4,4) sendo o meio e a plenitude da história. “Há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2,5). Mediador entre Deus e os homens na sua humanidade, media também entre a história profana e a história religiosa. Em Jesus se une toda a história. Ele é o sentido da criação, da história e da vida dos seres humanos, ou seja, nada se entende sem o Cristo de Deus. Nele se unem o divino e o humano, o invisível e o visível, o espiritual e o material, o começo e o fim, você e eu. Estamos unidos em Cristo. Esse é o motivo da nossa alegria: o Filho de Deus nasce eternamente no interior do Pai, nasce de Santa Maria no tempo e nasce agora mesmo nas nossas almas pela graça. 

Padre Françoá Costa
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