Homilia Sexta-feira V Semana da Páscoa | Ano C

Vivência da caridade

Sexta-feira, 5ª Semana da Páscoa, C – At 15,22-31; Sl 56; Jo 15,12-17

O amor de Deus por nós é infinito e precede qualquer decisão nossa: “Não fostes que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16). O Catecismo nos diz que a maneira concreta de amar a Deus é viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade (Cat., 2086).

Quando a graça de Deus atingiu a nossa vida, nós, sendo o que somos, passamos a ser o que não éramos: filhos no Filho. Todo o nosso ser foi elevado à vida sobrenatural. A partir daquele momento, o Pai começou a gerar o seu Verbo (eternamente gerado) e a espirar o seu Amor (eternamente espirado) em nós, dentro de nós; nós passamos a ser templos de Deus, moradas do Altíssimo. Consequentemente, as nossas faculdades superiores também foram elevadas: a inteligência foi potencializada pela fé, a vontade foi fortificada pela caridade, e ambas foram revigoradas pela esperança. Se nós percebêssemos de verdade o que vale a nossa vida em Deus, não a trocaríamos por nada nesse mundo; as coisas temporais guardariam uma relação profunda com as realidades eternas. Talvez já seja assim, mas, caso contrário, pensemos no quanto estamos perdendo ao não buscar a intimidade com a vida íntima do Deus uno e trino. A essa intimidade podemos chamar de amizade: “Já não vos chamo servos, (…), mas vos chamo amigos” (Jo 15,15).

Amar a Deus inclui amar em Deus todas as pessoas: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12) e “Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39). Como? A essa pergunta se responde com os seguintes mandamentos: honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo e não cobiçar as coisas alheias. Como se pode ver, todos os mandamentos continuam válidos e o cristianismo sempre os ensinou. Não obstante, a vida cristã não consiste em cumprir mandamentos, mas em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Em que medida? Na medida de Cristo. A nossa moral, a nossa ética, não é uma moral de mandamentos, mas a vida nova em Cristo, moral de amor e de virtudes. De fato, diz o Catecismo: “Os mandamentos propriamente ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a Deus, instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à iniciativa amorosa do Senhor” (Cat., 2062). Dito de outra maneira, a nossa existência cristã é vida no amor de Deus cujas implicações são, basicamente, o cumprimento dos mandamentos.

Padre Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta

Facebook
Twitter
LinkedIn

Biblioteca Presbíteros