Homilia Sexta-Feira III Semana da Páscoa | Ano C

Realismo e adoração

Sexta-feira, III Semana da Páscoa, C – At 9,1-20; Sl 116; Jo 6,52-59

O discurso de Cristo é muito real: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53). Nesse sentido, houve uma obra muito importante no século IX que merece a nossa atenção, pois nos ajudará a ver melhor ainda o realismo das expressões de Jesus Cristo sobre o seu corpo e sangue no sacramento eucarístico.

Pascácio escreveu o “Livro sobre o corpo e o sangue de Cristo”(844). À pergunta se na Eucaristia se encontra a verdadeira carne de Cristo, Pascácio responderá que sim, mas de forma diferente como se encontrava na Palestina. Isto é, o mesmo Cristo, porém de forma diferente. Para ele, isso só é possível pelo poder miraculoso de Deus.

Como? As espécies, isto é, aquilo que vemos antes e depois da consagração permanecem, mas pela fé cremos que é Cristo, pois de fato aconteceu, pela consagração, uma mutação interior. Sendo assim, há verdadeira conversão, pois se mudam (transferatur) o pão e o vinho no corpo e no sangue de Jesus Cristo. A Eucaristia, portanto, é realidade e figura: realidade é Jesus Cristo verdadeiramente presente; figura é a própria hóstia enquanto que depois de consagrada me leva à realidade que contém a verdadeira carne de Cristo, porém em mistério. A realidade se expressa quando afirmamos que é a verdadeira e mesma carne de Jesus Cristo; a figura, no mistério que ela contém, pois é figura de uma realidade. Pascácio não entende, portanto, a presença de Cristo no Sacramento da Eucaristia de maneira cafarnaítica ou canibal, entendo como “cafarnaitísmo” o erro daqueles que entenderam que Jesus estava pedindo que comessem materialmente a carne dos seus braços ou das suas pernas. Não era isso! Na Eucaristia se encontra a mesma carne que nasceu de Maria, mas misteriosamente, espiritualmente, substancialmente.

Com a fundação do Mosteiro de Cluny e sua rápida expansão, a doutrina de Pascácio se difundirá rapidamente. Nos mosteiros de Bec e de Cluny, os monges começam a dobrar o joelho diante da Eucaristia e a incensar o Sacramento; começam também o costume de acender uma lâmpada diante do Sacrário. A partir do século XII começa o costume de elevar a Eucaristia após a consagração. Honremos sempre o corpo e o sangue do Senhor!

Padre Françoá Costa
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