Homilia Sexta-Feira depois das Cinzas | Ano C

O sentido do Jejum

Sexta-feira depois das cinzas, Quaresma – C – Is 58,1-9; Sl 50; Mt 9,14-15

Como todos sabem, na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão, a Igreja obriga a todos os fiéis, de 18 a 60 anos, a jejuar. O texto do Evangelho de hoje também nos fala do jejum. Como jejuar? Há vários tipos de jejum, você pode escolher um entre os conhecidos ou… pode até inventar algum. Eu, no entanto, vou ensinar a você o mais clássico: entre as três refeições habituais – café da manhã, almoço e jantar – você faz uma refeição completa, as outras duas devem ser incompletas. Entre os intervalos das refeições, não se deve comer nem beber nada, exceto água e remédios.

Além disso, todas as sextas-feiras do ano são dias penitenciais: cada fiel pode fazer a penitência que quiser, por exemplo, não comer carne; pode, porém, fazer outra. Certamente, por mais que esse preceito não obrigue sob pecado mortal, não é questão de saber se é pecado ou não, mas de ter o espírito cristão bem aceso, como, por exemplo, São Paulo o tinha: “Completo o que falta às tribulações de Cristo em minha carne pelo seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).

O amor ao Amado Deus dá impulso para estar com ele não somente nos momentos de gáudio, mas também para acompanhá-lo durante as horas da Paixão, sofrendo com ele, acompanhando-o. Esse é o espírito cristão: estar com Cristo, identificar-se com ele, a tal ponto de ligar muito pouco para nós mesmos. Os projetos do nosso Pai do céu são nossos, por eles vale a pena sacrificar tudo, também o nosso corpo diante da possibilidade de fazer um sacrifício, uma penitência. Habitualmente as pessoas se sacrificam tanto para obter o corpo ideal; porém quando se fala do sacrifício para conseguir a alma ideal, pouco se faz. Certamente, uma mente saudável se encontra em um corpo sadio, mas também é verdade que um corpo sadio adoece se a mente não for igualmente saudável.

Pessoal, vamos ser mais corajosos e ter menos pena de nós mesmos. Certamente faremos tudo com equilíbrio, porém não podemos ser uns fracotes para a penitência. Coragem, cristão! Generosidade!

Não sei se deixei claro, mas o que eu quero dizer é que a penitência, também no caso do jejum, o importante não é sofrer, mas unir-se a Jesus sofredor em uma caridade solidária para com ele. Se você ama a Deus de verdade, não poderá tolerar pensar nos sofrimentos do Redentor e dizer simplesmente assim: que bom que ele já pagou tudo por mim, agora não preciso fazer mais nada. Não. Você deve ter a reação da Santíssima Virgem Maria, que quis acompanhar o seu Filho até o final do acontecimento da Cruz; como as demais mulheres santas que acompanharam o Senhor com suas lágrimas e sentimentos profundos; como João, o apóstolo da santa pureza, que padeceu no seu interior junto com o Salvador. Se você não pensa dessa maneira, simplesmente não sabe o que é ver a pessoa amada sofrendo e morrendo; não entende de amor; nada entende de solidariedade.

Padre Françoá Costa
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