O Reino já presente
Sexta, 3ª Semana do Tempo Comum – C – 2 Sm 11,1-17; Sl 50; Mc 4,26-34
Jesus apresenta o Reino de Deus como realidade pequena que cresce: uma semente ou um grão de mostarda (Mc 4,26-34). Inspirados por essas palavras, nós precisamos ver as nossas ações cotidianas como expressão da presença do Reino, ainda que em tamanho pequeno, porém destinado a crescer. Certamente, tudo isso deve ser visto em uma visão de fé.
Quais são essas ações cotidianas? As relações profissionais, o trabalho bem feito, a vida de família, as nossas diversões, o nosso tempo dedicado aos demais, o tempo de estudo, pegar um ônibus para ir ao trabalho ou dele vir, um sorriso, um aperto de mão, fazer uma comida gostosa para a família, rezar, fazer esporte etc. Tudo pode ser santificado, pois desde que o Filho de Deus assumiu a nossa humanidade tudo pode e deve ser elevado ao plano de Deus. Como gostavam de dizer alguns Padres da Igreja: o Filho de Deus se fez homem para que o homem se tornasse filho de Deus! E nós poderíamos continuar: o Filho de Deus assumiu a nossa humanidade para que tudo o que é da nossa humanidade possa ser santificado e oferecido ao Pai. Todo trabalho humano honesto e toda e qualquer outra atividade humana que um cristão possa realizar pode e deve ser santificada, oferecida a Deus.
Como é importante que façamos as coisas bem feitas e por amor a Deus. Não nos esqueçamos de que o nosso prestígio profissional é muito importante, não para alimentar o nosso orgulho, mas para sermos coerentes e autênticos. Uma pessoa que reza muito e trabalha mal não está sendo coerente com a sua fé. O cristão, no seu ambiente profissional, deve procurar ser o melhor. Essa competência profissional lhe permitirá conquistar um nome e uma posição que podem servir-lhe como uma espécie de isca de pescador. Ou seja, as outras pessoas verão nele um homem de bem, um bom trabalhador, competente, responsável e, ao saber que se trata de um católico, admirará cada vez mais o cristianismo que tem essa capacidade de formar homens e mulheres tão capazes. Isso atrai! E não pense o leitor só em profissões consideradas em maior estima pelas pessoas, mas em toda e qualquer profissão honesta. Nesse sentido, é muito importante que resgatemos também o valor do trabalho que realizam as esposas e mães no lar. É um trabalho feito com muito amor, desgastante, mas, sem essa presença feminina e acolhedora os nossos lares não seriam tão agradáveis e serenos. Resumindo: “Aí onde estão as nossas aspirações, o nosso trabalho, os nossos amores – aí está o lugar do nosso encontro cotidiano com Cristo. É no meio das coisas mais materiais da terra que nos devemos santificar, servindo a Deus e a todos os homens. Na linha do horizonte, meus filho, parecem unir-se o céu e a terra. Mas não: onde de verdade se juntam é no coração, quando se vive santamente a vida diária…” (São Josemaria Escrivá, homilia Amar o mundo apaixonadamente, 8-X-1967).
Padre Françoá Costa
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