Homilia Sexta-Feira da 3ª Semana do Advento | Ano C

Genealogia

Sexta-feira do Advento – C – Gn 49,2-10; Sl 71; Mt 1,1-17

O Evangelho descreve a genealogia de Jesus segundo a sua humanidade e começa com Abraão, Isaac e Jacó, os três grandes patriarcas desta nossa família de fé. De fato, há três blocos de genealogia, cada uma de “quatorze” gerações, que nem sempre são quatorze (Mt 1,17). Para entroncar Jesus na descendência de Davi, o evangelista fala de um dos filhos de Jacó-Israel, aquele do qual vem o povo judeu, Judá, porque Davi é da tribo de Judá e Jesus também o é. O texto da genealogia consta de três partes e nos oferece o nome de 40 homens genitores, 4 mulheres que geram por obra de seus maridos e 1 mulher que gera por obra do Espírito Santo: 1) de Abraão até Davi, no qual aparecem treze homens genitores e apenas três mulheres que geram: Tamar, Raab, Rute; 2) de Davi até o exílio da Babilônia, quatorze homens genitores e apenas uma mulher genitora, Betsabéia; 3) do exílio até Jesus, treze homens genitores e nenhuma mulher genitora na linha sucessória, porque Maria não concebe a partir de José.

A genealogia de Cristo sublinha que ele é filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1,1). Desta maneira nos diz que Jesus de Nazaré é judeu e universal ao mesmo tempo, pois Abraão foi o primeiro que acreditou. Abraão e Davi são muito importantes na genealogia de Jesus (Mt 1,1.2.6.17); ao mesmo tempo há que dizer que o acontecimento que marcou uma época foi o exílio da Babilônia (Mt 1,11.17), o quão também aparece no texto como divisor de águas. Abraão é um começo por ser o pai dos que creem; Davi é o rei de cuja descendência viria o Messias; finalmente, Babilônia foi um lugar no qual a necessidade de libertação se tornava patente. Fé e necessidade de salvação deixam o campo preparado para que Jesus Cristo faça a nossa santificação. 

“Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo” (Mt 1,16). A lógica aqui não é como nos versículos anteriores, pois José não gerou Jesus Cristo, de Maria. Como diz Lucas, Jesus foi gerado pela ação do Espírito Santo nas entranhas puríssimas de Maria (Lc 1,35). Ao deixar claro que José não gerou Jesus, o texto nos dá um argumento a favor da Tradição em torno da concepção virginal e também da virgindade perpétua de Maria. A vida da Virgem Maria está tão circundada do sobrenatural que não é absurdo afirmar que aquela que não precisou de um homem para conceber um filho (Mt 1,16; Lc 1,35), manteve sua virgindade no parto e depois dele; aquela que é Mãe de Deus (Lc 1,30-32), é também mãe dos homens; aquela que antecipou o primeiro  milagre de Cristo (Jo 2,1-12), teve o seu corpo ressuscitado e elevado ao céu por antecipação. No fundo, dentro de uma racionalidade que não exclui milagres, não se deve limitar o poder de Deus dizendo que pode umas coisas e não pode outras.

Padre Françoá Costa

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