Homilia Segunda-Feira X Semana do Tempo Comum | Ano C

Maria, Mãe da Igreja

Segunda-feira, 10ª semana do Tempo Comum, C – Gn 3,9-15.20; Sl 86; Jo 19,25-34

São Cirilo de Alexandria, chamado “o teólogo da encarnação”, em consonância com o Papa Celestino I, defendeu com inteligência e fervor que foi o Verbo, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, quem se fez carne e que Maria é, portanto, a Mãe de Deus. O Concílio de Éfeso (ano 431) ratificou essa doutrina e esclareceu que Maria é Mãe de Deus não porque “a natureza do Verbo ou a sua divindade tivesse tido origem da Santa Virgem, mas porque dela nasceu o santo corpo dotado de alma racional, à qual o Verbo uniu-se substancialmente, e assim se diz que nasceu segundo a carne” (DZ 251). Resumindo: em Cristo há uma só Pessoa, a divina, e duas naturezas, a humana e a divina; é a Pessoa divina quem se encarna assumindo assim a natureza humana. Por outro lado, não conheço nenhuma mulher que seja mãe da natureza humana em geral, mas de Antônio, Joaquim, Maria, etc., de pessoas concretas; as mães não são mães de naturezas abstratas, mas de indivíduos. Santa Maria também, ela é Mãe de uma Pessoa, do Verbo do Pai; logicamente, não porque ela tenha gerado a Pessoa divina na eternidade, mas porque ela a gerou segundo a humanidade quando chegou a plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4), ou seja, dela nasceu o Verbo feito carne, Jesus Cristo: ela é Mãe de Deus enquanto que o Verbo fez-se carne nela.

Quando o povo fiel soube que o Concílio de Éfeso proclamou que Maria é Mãe de Deus, encheu-se de grande júbilo. Nós também, em união com os cristãos de todos os tempos, alegramo-nos com essa verdade e damos graças a Deus porque ela também é nossa Mãe. Que bom começarmos um novo ano com uma celebração em honra de Nossa Senhora! Ela sempre nos leva a Jesus, o seu conselho para o ano que se inicia é este: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Se fizermos o que a nossa Mãe nos diz, seremos muito felizes durante esse ano e durante toda a vida, seremos guiados por uma Mãe tão boa e nos sentiremos seguros.

Maria é, portanto, Mãe de Deus; ela também é Mãe nossa, Mãe da Igreja. Creio importante explicar que Maria é Mãe da Igreja a partir da explanação de que ela é Mãe de Deus. De fato, o texto do Evangelho de hoje começa assim: “Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe” (Jo 19,25). Em primeiro lugar, Maria é Mãe de Jesus, o qual é perfeito Deus e perfeito Homem; depois, ele nô-la deu por Mãe: “Eis tua mãe!” (Jo 19,27). Nós, como são João, a recebemos do próprio Jesus: “A partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,27).

Essa memória litúrgica de Santa Maria, Mãe da Igreja, foi colocada no calendário da Igreja pelo Papa Francisco, no dia 11 de fevereiro de 2018. No decreto sobre a celebração desta memória, recorda-se que o “papa Paulo VI, a 21 de Novembro de 1964, por ocasião do encerramento da terça sessão do Concílio Vaticano II, declarou a bem-aventurada Virgem Maria “Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima” e estabeleceu que “com este título suavíssimo seja a Mãe de Deus doravante honrada e invocada por todo o povo cristão”. Que ela interceda por nós, especialmente pela Igreja nesses tempos difíceis.

Padre Françoá Costa
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