Homilia Segunda-Feira da Semana Santa | Ano C

Urbanidade da piedade

Segunda – Semana Santa – C – Is 42,1-7; Sl 26; Jo 12,1-11

Parece que o ambiente é de despedida dos seus amigos: “Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde estava Lázaro” (Jo 12,1), Maria e Marta. De repente, uma mulher, cheia de amor espiritual por Jesus “tendo tomado uma libra de perfume de nardo puro, muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos” Jo 12,3). Era Maria, sobre a qual tendo a pensar que deveria ser a discípula mais querida de Maria Santíssima, a Mãe de Jesus. Assim como Jesus tinha um discípulo predileto, João; não me custa nada pensar que Nossa Senhora tinha nessa Maria sua discípula preferida, pois ela era como uma Eva arrependida, a qual Maria Santíssima veio ajudar.

Tanto dinheiro gasto com Jesus, nos leva a refletir na reverência que alguns seres humanos recebem nesta terra e no tímido respeito reverencial que, frequentemente, se concede ao Rei dos Reis e Senhor dos que Dominam no Santíssimo Sacramento do Altar.

Conheço alguém que, certo dia, visitou um ministro do Supremo Tribunal, em Brasília. Foi acompanhado de outras pessoas. Logo que chegaram, foram recepcionados por duas senhoras, elegantemente vestidas, as quais os cadastraram no sistema. Dois seguranças bem trajados também estavam preparados para ver se levavam consigo algo que fosse em detrimento da segurança. Subiram a algum andar do prédio e, ao chegarem lá, passeando por tapetes verdes, foram recebidos na recepção do gabinete do Senhor Ministro. Mais uma vez observaram o cadastro deles no sistema. Depois disso, foram novamente recepcionados por duas senhoras altamente educadas e nobremente trajadas que, depois do atendimento inicial, pediu-lhes que desligassem o celular. Finalmente, passaram à sala contígua, na qual um senhor, também de modais excelentes, ao que parece secretário mais próximo de Sua Excelência os conduziu a uma espécie de “sancta sanctorum”, onde estava o Ministro. Recebeu-os com distinção, porém por tão somente uns 15 minutos. Despediram-se polidamente e se foram da presença “quase majestosa” do Ministro. Claro que não puderam tirar uma foto, pois o protocolo não permite expor classe tão nobre do nosso País no Instagram e no Facebook de qualquer maneira.

Depois da narração anterior e do protocolo que recobre a Ilustríssima Pessoa do Ministro, essas liturgias desajeitadas são uma burla à Sua Divina Majestade, essas genuflexões mal feitas parecem coisas de bufões diante do Rei a fazer algum gracejo, essas roupas indecentes são um desacerto não menos irreverente, esses telefones a tocar durante a Santa Missa evidenciam uma desatenção grotesca, as conversas paralelas durante o Santo e Divino Sacrifício da Santa Missa são coisas de bárbaros antes de o cristianismo os batizar. Enfim, creio que a verdadeira piedade na Igreja realmente passa pela oração pessoal e pela oração litúrgica. Quando rezarmos a Missa bem e dela participarmos com proveito, quando adorarmos reverentemente o Senhor, então as reformas dos costumes acontecerão. Sem dúvida alguma, Jesus nos receberá com toda simplicidade e poderemos ficar com ele muito mais de 15 minutos!

Padre Françoá Costa

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