Homilia Segunda-Feira da III Quaresma | Ano C

O que é um profeta?

Segunda-feira –  III Quaresma – C – 2 Re 5,1-15; Sl 41; Lc 4,24-30

“Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (Lc 4,24). E por quê? Eu acho que não se pode responder a essa pergunta se antes não se sabe o que é um profeta. Na verdade, profeta é qualquer cristão: esse homem ou essa mulher, pai ou mãe de família, jovem ou ancião, criança ou adolescente, que se veste normal, com amigos normais, em pleno uso de suas faculdades mentais e que, com a sua vida e com a sua palavra, anunciam Jesus Cristo no mundo de hoje no próprio ambiente. Profeta é você, profeta sou eu.

O profeta é uma pessoa que foi introduzida no Mistério de Cristo através do Batismo, que “viu” – com os olhos da fé – o Pai e o Filho e o Espírito Santo, e entendeu o plano de Deus para a humanidade e para cada ser humano. Depois dessa proximidade com Deus, o cristão-profeta se dedica a anunciá-lo convencido de que seguir o desígnio de Deus é o que realmente realiza o ser humano enquanto tal. Essa visão sobrenatural do profeta pode produzir, e de fato produz, verdadeiros choques na cultura atual cuja visão materialista, hedonista e naturalista se vê denunciada. No entanto, a denúncia é uma consequência do anúncio. Tenho por certo que não deveríamos descrever como tarefa principal do profeta a denúncia, mas o anúncio. Nós somos anunciadores e edificadores. O cristão não é um destruidor de coisas boas. Se um filho de Deus chega a destruir algo é simplesmente como consequência do anúncio de edificação. Como os fundamentos nem sempre estão prontos para receber o evangelho, eles caem, mas imediatamente se construirá e se fará um edifício muito mais forte e belo que o anteriormente edificado.

Neste sentido, entende-se a frase do Senhor quando diz que o profeta não é aceito na sua própria terra e, no entanto, Jesus não diz que isso tenha que ser sempre assim. O cristão, onde quer que esteja, deve procurar conquistar todos para Cristo com o seu humanismo, o anúncio do Evangelho e o poder da graça. E se o profeta e sua mensagem não forem aceitos? Pelo menos fez a sua parte. O cristão profeta não se dedicará a se sentir vítima dos demais e a reclamar; simplesmente “sacudirá a poeira” e se dedicará a outras pessoas. Além do mais, com paz, com serenidade e com um sorriso nos lábios, deixará o caminho aberto caso os que o rejeitaram queiram voltar a buscar a verdade de Deus junto a ele, o profeta de Cristo.

Uma última consideração: um profeta de Deus diz sempre a verdade. Procurará dizê-la sempre com graça humana e sobrenatural, mas a dirá! Uma coisa é a simpatia para dizer as coisas, outra é enganar. Desses últimos profetas estamos fartos: eles deveriam falar em nome de Deus e não falam, leigos que tem vergonha de dizer que são católicos, sacerdotes que não tem coragem de falar claramente sobre os pecados, jornalistas que disfarçam a verdade com meias mentiras. Não! Assim não se é profeta! Não podemos ser como cães que não ladram.

Padre Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta

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