Medida generosa
Segunda-feira- II Quaresma – C – Dn 9,4-10; Sl 78; Lc 6,36-38
Impressionam essas palavras de Cristo: “Com a medida com que medirdes sereis medidos também” (Lc 6,38). Porém não apenas impressionam, mas são também um excelente programa de vida. Certamente, medir os outros com juízos misericordiosos, com perdão e generosidade preparam-nos não somente para o céu, mas também para termos uma vida feliz aqui nesta terra.
Efetivamente, uma pessoa que olha para os outros como filhos de Deus, dignos de honra e respeito, na verdade essa pessoa se permite ver as coisas com os olhos de Deus. Diante dessa atitude, Deus contempla essa alma, que tem olhos para ver verdadeiramente, com benevolência, porque é uma pequena criatura que já vê as coisas em Deus; essa alma torna-se agradável a Deus por semelhança para ele mesmo. Tem visão sobrenatural nesta terra e vive à espera da visão beatífica no céu. Deus mesmo deu a essa pessoa a capacidade de ver os outros como ele os vê. Como? Através da virtude sobrenatural ou teologal chamada “fé”. Vivamos de fé e vivermos segundo a maneira de Deus apreciar as coisas.
As pessoas que têm essa visão tão sobrenatural para com os demais seres humanos, especialmente para com aqueles com os quais convive frequentemente são queridas por seus semelhantes aqui na terra. De fato as pessoas verdadeiramente misericordiosas, bondosas, otimistas, transmitem uma atmosfera inspiradora e, consequentemente, são pessoas queridas das quais se deseja estar perto, pois a companhia delas muito nos agrada. Assim como é ruim viver com gente ruim, é bom viver com gente boa. Não olhemos, porém, apenas objetivamente, isto é, que alguém seja bom para conosco, mas também subjetivamente, nós podemos e devemos ser bondosos para com os outros.
Pensar bem dos outros, falar bem dos outros, agir bem com os outros… Tudo isso é caminho de felicidade já aqui na terra. Quando tudo isso é feito por amor a Deus, de maneira sobrenatural, merece uma recompensa: a vida eterna. Uma das obras da Quaresma é precisamente a “esmola”, a qual pode ser traduzida por “ajudar os outros de alguma maneira”. Ora, uma esmola que precisamos dar aos outros é precisamente esse bom ambiente do qual falávamos antes. Quantas famílias vivem divididas por brigas, discórdia e discussões. Não será precisamente por causa dessa falta de misericórdia? Quando é que vamos fazer aquele esforço verdadeiro para sermos cordiais, humildes, sinceros, alegres, caridosos, serenos, amáveis? Temos que fazer a vida alegre aos outros. Certamente com o passar do tempo virá o retorno.
Padre Françoá Costa
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