Homilia Segunda-feira da I Quaresma | Ano C

Obras de misericórdia

Segunda-feira – I Quaresma – C – Lv 19,1-18; Sl 18; Mt 25,31-46

É sabido por todo católico que fez a catequese que há obras de misericórdia: 7 são corporais, 7 são espirituais. O texto evangélico de hoje nos fala das corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nús, acolher os peregrinos, assistir os enfermos, visitar os presos, sepultar os mortos. A base dessas obras de misericórdia encontra-se, como já dissemos, em Mt 25,31-46. As obras de misericórdia espirituais são as seguintes: instruir os ignorantes, aconselhar os duvidosos, advertir os pecadores, suportar os que erram pacientemente, perdoar as ofensas de bom grado, confortar os aflitos, rezar pelos vivos e pelos mortos.

São obras de misericórdia porque vão ao encontro da miséria do próximo e são realizadas com o nosso coração, isto é, de bom grado. A misericórdia verdadeira é a que cura, que remedeia a situação do que sofre, seja espiritual ou corporalmente. Jesus vai nos julgar a partir delas. Aprendam todos aqueles que dizem que basta somente a fé para ser salvos que, a partir desse texto bíblico, não é exatamente assim: as obras também são importantes. Desde o século XVI temos visto essa disjuntiva: alguns dizem, mormente protestantes, que para ser salvo basta a fé e, a partir dessa teoria, rejeitam as obras; outros, em grande parte espíritas, afirmam que bastam as obras e rejeitam a fé. A Igreja de Jesus Cristo, ao contrário, afirma o equilíbrio: fé e obras. É preciso aderir ao evento salvador pela fé e pelos sacramentos da fé, mas também é preciso realizar obras que combinem com a justificação recebida, com a santidade infusa por Deus em nós. Este último será o campo da luta que todo cristão deve trabalhar para realizar neste mundo as obras de Deus, não as do egoísmo humano.

Há prêmio, céu; há castigo, inferno. Para os primeiros: “Recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo” (Mt 25,34). Para os últimos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25,41). Não, meus queridos indiferentes, o céu não é aqui, nem o inferno é aqui. Essa Terra é boa demais para ser inferno e é medíocre demais para ser céu.

Animemo-nos uns aos outros com palavras que edificam, que nos empurram para cima, que nos mostram a alegria da salvação. Desta maneira, consolados pelas palavras de Deus, sairemos ao encontro dos irmãos com a satisfação de quem se sabe sempre a serviço do próximo para conduzi-lo a Deus, ao céu. Se bem é verdade que não servimos a Deus somente por causa dos prêmios, certamente os prêmios de Deus são tão maravilhosos que o servimos também por causa dos presentinhos. Não me parece nenhum egoísmo que uma criança dê um abraço na mãe e pense que após o abraço terá algum doce para comer. Sejamos quais crianças: amemos a Deus, amemos os seus dons.

Padre Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta

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