Homilia Segunda-Feira da 5º semana do tempo comum | Ano C

Milagres acontecem

Segunda-feira, 5ª Semana do Tempo Comum – C – 1 Re 8,1-13; Sl 131; Mc 6,53-56

Impressionante! As outras pessoas “começaram a transportar os doentes em seus leitos, onde quer que descobrissem que ele [Jesus] estava” (Mc 6,55). Imagine a cena: os doentes sendo levados em suas próprias camas e colocados nas praças, os gritos de uma multidão que clama por socorro; enfermos com esperança de que Jesus permitisse que eles tocassem apenas a orla do manto dele; júbilo daqueles que ficavam curados; por todas as partes, curas, milagres, salvação.

Certa vez um amigo meu disse que, entre os pentecostais não católicos, curas e milagres acontecem porque trata-se de pessoas treinadas para acreditarem. Afirmou ainda que entre nós, os católicos, muitas vezes essas coisas não acontecem porque somos mais racionalistas. É como se estivéssemos diante da cachoeira da graça: nós, os católicos, estamos dentro da cachoeira, recebendo a força da graça diretamente, mas parece que estamos com uma armadura. Contudo, você já notou que quando estamos perto de uma cachoeira, a uns 100 metros, já ficamos completamente molhados por causa das gotinhas que saltam da água da torrente e que o vento ainda ajuda a levar. Parece-me que há pessoas que não são católicas, que estão a 100 metros da cachoeira, porém aproveitam as gotinhas que chegam até elas, são capazes de se abrirem a essas graças a tal ponto de ficarem totalmente molhadas. Enquanto o católico, que tem acesso total ao universo da graça, por vezes encontra-se embaixo da cachoeira com uma armadura, na qual pouca ou nenhuma água penetra.

Sejamos mais dóceis, pois o braço de Deus não está diminuído (Is 59,1), quiçá a nossa fé esteja menor. Lembro-me, por exemplo, daquele sacerdote que nem era exorcista e diante do qual apresentou-se uma senhora endemoninhada (assim parecia!). O pobre padre, sem ter o mandato episcopal para fazer o exorcismo, apenas rezou de maneira simples pela mulher encapetada e… aquela senhora ficou liberta, inclusive sem necessidade de ficar horas e horas em orações de exorcismo. Isso mesmo, apenas umas poucas orações, a fé humilde do padre e da senhora e… o milagre aconteceu.

Talvez não vemos tantos milagres mais porque cremos menos! Que o Senhor aumente a nossa fé, que também nós sejamos quais amigos dos doentes que os levam ao encontro de Jesus, nem que seja em suas camas e extremamente doloridos. Consideremos também que, frequentemente, nós somos os enfermos que precisam de cura. Deus pode fazer tudo isso, basta que tenhamos fé. Lembremo-nos também que as curas mais admiráveis são aquelas espirituais, que nos livram do pecado, do vício, da morte eterna.

Padre Françoá Costa

Instagram: @padrefcosta

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