Todo o bem
Sábado, 11ª semana do Tempo Comum, C – 2Cr 24,17-25; Sl 88; Mt 6,24-34
O importante é continuar lutando. Chega um momento na vida interior em que essa verdade faz-se cada vez mais patente. No começo do nosso encontro com Deus, as coisas pareciam mais fáceis: alegrias e consolações interiores, força de vontade para extirpar os maus hábitos, a convicção diáfana de que acertamos o caminho, o desejo de servir a todos, a posta em prática de uma tarefa evangelizadora que alcançava o maior número possível de pessoas. Com o passar dos anos, quiçá nós percebemos que os frutos foram escassos e, talvez, nesse momento, pôde ter vindo o desânimo: tantos anos lutando contra um determinado defeito, poucas pessoas se aproximaram de Deus, ainda existe o egoísmo e os defeitos dos membros da Igreja. O que o diabo quer é que desanimemos!
O nosso desânimo é vitória para o demônio. E nós não podemos conceder-lhe essa vitória. O desanimo poderia ser o começo de uma enfermidade que, de mal a pior, vai esfriando a alma a tal ponto de colocá-la numa situação de desespero que poderia levar ao abandono da própria salvação eterna.
É muito importante que tenhamos presente essas palavras do Senhor que nos estimulam a seguir adiante: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6,33-34). O que devemos buscar em primeiro lugar? O Reino de Deus. Esse reino inclui a glória de Deus e todo o bem que uma pessoa pode desejar para si e para os demais. Buscar o Reino também significa não preocupar-se com o dia de amanhã. Como? E a previsão das coisas? O Senhor diz que não nos preocupemos, mas não proíbe ocupar-nos. Claro que se pode ter certa previsão das coisas e atuar em consequência; não podemos, no entanto, ser consumidos pelas dificuldades da vida. Nem a nossa perfeição cristã deve preocupar-nos: vamos ocupar-nos em buscar a santidade, mas não nos preocuparemos, não vamos estar alienados com o tema. Não aconteça que ao buscar os bens de Deus nos esqueçamos do autor desses bens.
A vida cristã implica normalidade. Trata-se de que vivamos o hoje do nosso serviço a Deus, o hoje da nossa luta e o hoje do nosso serviço aos demais. O amanhã pertence a Deus que, desde a sua eternidade, não contempla passado e futuro, mas os une na sua visão clara do hoje eterno. Deus quis que fôssemos livres para amar, e para amar hoje. O que eu vou fazer no dia de hoje para viver melhor a caridade, para estar mais serviçal e generoso, para dar glória a Deus, para buscar a santidade, para dar alegria aos outros e para levá-los ao encontro com Deus? É isso o que importa! Hoje!
Padre Françoá Costa
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