Homilia Sábado-Feira X Semana do Tempo Comum | Ano C

Anúncio do Reino

Sábado, 10ª semana do Tempo Comum, C – At 11,21-26; 13,1-3; Sl 97; Mt 10,7-13

Joseph Ratzinger, em seu livro Jesus de Nazaré, faz notar que a pregação de Jesus é “Evangelho” (Boa Nova), conforme se lê, por exemplo, em Mt 4,23 e Mc 1,14. Essa palavra, “Evangelho”, era utilizada no contexto do Império Romano e do poder do Imperador que se fazia passar por Deus e, portanto, sua palavra era redentora e mudava o mundo. Quando os evangelistas dizem que a palavra de Jesus é Evangelho, querem dizer que “não são os imperadores que podem salvar o mundo, mas Deus” , isto é o homem-Deus, Jesus Cristo. O conteúdo do Evangelho é o Reino de Deus, que “está próximo” (Mt 10,7). O Reino está no centro da pregação de Jesus. De fato, as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de Marcos são um claro anúncio do Reino: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15).

O Catecismo da Igreja Católica faz girar todo o ministério público do Senhor depois das tentações e antes da Paixão em torno deste conceito, a esta realidade: o Reino de Deus. Sob esse aspecto o Catecismo fala-nos da universalidade da vocação a entrar no Reino (Cf. Cat., 543); dos pobres e dos pequenos, dos pecadores (Cf. Cat., 544-545); das parábolas: “Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas” (Cat., 546); dos sinais do Reino: os milagres, os exorcismos, a libertação dos males terrestres (Cf. Cat., 547-550); das “chaves do Reino” confiadas a Pedro (Cf. Cat., 551-553); da transfiguração como um antegozo do Reino (Cf. Cat., 554-556); da subida e da entrada de Jesus em Jerusalém como a manifestação do Rei e do exemplo do Rei (Cf. Cat., 557-560).

A quem deve dirigir-se a pregação de Jesus? Como ele mesmo afirma tantas vezes no Evangelho: primeiro, aos judeus; depois, aos pagãos (cf. Mt 15,24). Santo Tomás de Aquino explica que “a boa ordem exigia que o ensinamento de Cristo fosse feito primeiro aos judeus, os quais eram mais próximos de Deus pela fé e pelo culto do único Deus, e por eles fosse transmitido aos gentios” (S. Th. III, 42, 1c). É lógico: pelo menos desde mais de um milênio, Deus vinha preparando um Povo que acolhesse sua salvação; consequentemente, primeiro deveria entregar o Salvador a esse Povo, como de fato o fez: Jesus era judeu, nasceu em Belém de Judá, seus pais eram judeus e a partir dos judeus veio a salvação a todos, como afirma solenemente Jesus: “A salvação vem dos judeus” (Jo 4,22). É uma questão da ordem das obras de Deus: primeiro, os judeus; depois, os outros.

E, contudo, todos nós somos chamados ao Reino dos céus. Os doentes espirituais, os mortos no pecado, os leprosos da luxúria, todos são chamados ao Reino. Temos que anunciar o Evangelho do Reino a todos, com a nossa pobreza e simplicidade, com a nossa espontaneidade e correção doutrinal, e, em definitiva, com a ajuda do Espírito Santo, sem a qual nada acontecerá.

Padre Françoá Costa
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